História Eu tô gostando de um menino aí - vsoo - Pra nós todo o amor do mundo

Era sábado de manhã quando Jisoo começou a planejar cada trajeto do dia, faria tudo normalmente, mas com certa pressa, por que a tarde tinha toda uma rotina de cuidados planejados para que chegasse na festa de Taehyung no auge de sua beleza e paz de espírito. Tinha combinado de todas as meninas irem para o apartamento que dividia com Jennie e se arrumarem lá no sábado, mas Jisoo precisava de no mínimo um dia a mais para ter certeza de que estaria impecável. Era sua chance de impressionar e dessa vez ia dar certo. Por isso, no dia anterior já tinha feito vários procedimentos de cuidados pessoais e hidratações capilares. Mas hoje seria o dia, precisava que hoje fosse melhor que ontem.

Assim que sua última tarefa do dia foi finalizada, correu para o estacionamento da faculdade para esperar Jennie sair de seu prédio, pois iam juntas como sempre, e somente a tarde Rosé e Lisa iriam para o apartamento. Era em torno de uma hora da tarde quando chegaram em casa, almoçaram e descansaram um pouco, as duas e meia da tarde suas amigas chegaram e começou toda a preparação, elas trouxeram máscaras faciais, perfumes e cremes, maquiagens, modeladores de cabelos, roupas, sapatos e tudo mais que uma garota precisa para estar irresistível. E isso somando mais ao que Jennie e Jisoo já tinham em casa era mais que o suficiente, Rosé iria retocar a raiz com ajuda de Lisa e Jennie faria a maquiagem delas, e Jisoo, como nos outros dias apenas iria focar em si pois não tinha nenhuma habilidade útil ali, e isso nunca foi tão conveniente, diferente dos outros dias em que apenas reclama do tédio enquanto as outras terminam de se arrumar ela se empenhou, fez hidratação de pele, as unhas das mãos e dos pés e hidratou novamente o cabelo, hidratação nunca é demais e por isso também bebeu bastante água o dia todo. Pediu para Jennie fazer a maquiagem cautelosamente e até deu seus toques no resultado final, escolheu sua roupa: um body vermelho com botões, e uma saia preta com seus inseparáveis coturnos, por que Taehyung valia muito mas seus pés também, então nada de salto alto. Prioridades.

A festa era às sete mas só ficaram prontas as oito e meia, e somente as nove que saíram de casa, por que Jennie ficou enrolando e no fim justificou que estava tudo bem, pois a festa só acontece de verdade depois das dez. Hoje quem ficaria responsável pelo carro foi Lisa, pois jogaram no pedra papel tesoura e foi ela quem perdeu, então nada de bebida para ela. 

Assim que chegaram na festa, Jennie pareceu estar certa, porque realmente não tinham muitas pessoas e o clima parecia estar bem parado por lá. Na verdade tinha o pessoal habitual, e uns amigos desconhecidos de Taehyung. Tinha um pessoal sentado no meio fio fumando e isso era o mais escandaloso, porque até o som da música estava meio baixo. Tocava Indie, o gênero favorito do aniversariante e ele ria na cozinha, com uma cerveja na mão em uma roda amigos. Tudo parecia estar em um clima bem agradável.

Assim que chegaram cumprimentaram a maioria do pessoal que já conheciam com um aceno de mão, e quando chegaram na cozinha abraçaram os amigos, obviamente haviam trazido presentes, então meio que formaram uma fila para entregá-lo a Taehyung e também abraçar o rapaz. Jisoo começou a conversar com Yoongi e Hoseok enquanto as outras três lhe desejaram felicitações e tudo mais.

— Hoseok, você não ia trazer uns amigos? — perguntou a ruiva ao moreno, ele sorriu de lado como se só esperasse por aquela pergunta.

— E vou minha rainha, só que eles, pra variar tão atrasados. Mas tudo bem, a festa só começa depois das dez — Ele explicou e Yoongi riu da empolgação e confiança do amigo ao dizer isso.

— O que você vai dar pra ele? — Yoongi perguntou apontando para Taehyung, ela não queria falar alto e correr o risco de estragar a surpresa, provavelmente ele só abriria os presentes no dia posterior.

Então se inclinou para o ouvido do amigo loiro.

— Gucci. — Não especificou o que era, mas era uma camiseta, mas só de dizer a marca Yoongi ergueu as sobrancelhas e olhou a ruiva, sorrindo.

— Caralho, você sabe dá presente em. Vou te convidar pra minha festa também. — Comentou e ela apenas riu.

Na verdade, não comprou apenas pela fama ou alto custo da peça, foram envolvidos vários dias de observação até notar que Taehyung usava muitas roupas dessa marca, então foi um presente pensado, e não apenas algo que foi comprado pensando apenas no valor material. Queria que ele gostasse de verdade do que estivesse ganhando e fizesse bom uso deste.

— Jisoo-ssi! — Taehyung apareceu do nada ao seu lado, sorrindo e ela sorriu de volta, apesar de ter quase certeza que ficou meio zonza com a aproximação repentina. 

Taehyung estava muito bem vestido, já tinha notado de longe, mas de perto era outro nível. Vestia uma camisa de seda vermelha, calças jeans pretas e sapatos da mesma cor, um relógio de pulso e seus cabelos estavam cacheados. Sabe, nunca ficou realmente perto dele, aquela era a maior aproximação que tiveram, então meio que estava um tanto nervosa.

— Eu te trouxe um presente — Esticou o pacote de cor dourada na direção do garoto, tinha tirado da embalagem original com o logo da marca e embalado novamente. — Espero que goste. 

Taehyung pegou o pacote, mas junto com ele, a puxou pelo pulso junto, trazendo-a para perto e a abraçando. Jisoo ficou um tempinho em choque por que isso foi totalmente inesperado, achava que Taehyung era daqueles tipos de pessoas que não curtiam muito toque e essa coisa de abraços, mas ele estava ali, a abraçando agora mesmo. Talvez tivesse bebido e estivesse mais solto que o normal. Então apenas se tocou da oportunidade e envolveu seus braços de maneira tímida nos ombros e pescoço dele, o fato é que ele a abraçou realmente com vontade, então ela ficou na ponta dos pés e se sustentou um pouco em seus ombros. Ele tinha um perfume tão bom, não era madeira como a maioria dos homens, era cítrico e viciante e talvez comprasse um daquele por que não aguentou segurar a vontade respirar fundo no ombro dele, e então se tocou do que fez e parou no meio do ato, se soltando de Taehyung e coçando o nariz com as costas da mão.

— Rinite. — Sorriu sem graça, e fingiu tentar não espirrar e Taehyung sorriu e concordou.

— Entendo, é um saco, né? — Perguntou e ela concordou, mesmo que nunca tenha tido rinite na vida, deveria mesmo ser um saco. — Chegou mais gente, vou ter que ir — Disse em um tom baixo mais audível, ela olhou por seu ombro e era um casal, provavelmente amigos do curso dele — Fica a vontade, tá? — Sorriu e saiu logo em seguida após sorrir também para Yoongi e Hoseok, que agora estavam encostados na parede conversando.

Ela ficou meio aérea, esse foi o maior contato, maior diálogo, maior tudo que já tiveram na verdade. Mas logo se recompôs, foi só uma conversa amistosa. Conversou um pouco mais com os dois amigos e depois foi atrás das garotas, precisava falar com Jennie.

A morena estava dançando na sala com Kai, um ex que agora era amigo, mais corriqueiramente atual porém nada sério já que agora ela estava saindo com um novo rapaz que ela dizia que pretendia levar a sério. Eles estavam dançando calmamente, um de frente pro outro apenas conversando.

— Preciso te falar uma coisa. 

Jennie entendeu pelo tom da amiga e se virou para Kai, se despedindo com um sorriso que ele entendeu e apenas saiu dali, elas então foram para cozinha, onde Jisoo sentou em uma das cadeiras da ilha e Jennie pegou uma cerveja na geladeira. Para a sorte delas a casa estava meio vazia ainda, e a cozinha não tinha ninguém perto o suficiente para escutar a conversa.

— O que foi? — Jennie interrogou assim que sentou na cadeira da frente com sua cerveja e Jisoo murchou, relaxando a posição e respirando fundo antes de tomar coragem.

— Lembra daquele carinha que eu falei? — Perguntou exitante. 

— Lembro —  arregalou os olhos — Ele tá aqui. — Era engraçado como ela conseguia ler sua mente. Mas assustador também.

Ela olhou fundo nos olhos da amiga, desejando que ela também adivinhasse quem era para não ter que dizer em palavras. Por que era tão vergonhoso?

— É, ele tá. — Enrolou mais um pouco, puxando o cabelo para trás para tirá-lo do rosto. — É o Taehyung — Contou com a voz baixa mas ainda mantendo o contato visual, Jennie abriu um sorriso enorme, do tipo que ela só abria quando ia buscar Kai e Kuma no pet shop depois do banho.

— Eu sabia! — Literalmente do nada Lisa surgiu atrás da morena, dando um susto tão grande na garota que ela quase caiu para trás no banco que estava sentada, mas a loira aproveitou a posição para lhe segurar. Jisoo também se assustou, mas não pelo fato de Lisa ter surgido do nada mas sim por que ela escutou a conversa.

— Lalisa! — Jennie gritou com a outra, se virando para lhe dar um tapa que foi desviado por ela, e em segundos ela já estava ao lado de Jisoo, lhe segurando pelos ombros com um sorriso gigante.

— Tá eu não sabia, mas eu desconfiava que era algum dos nossos amigos. São as únicas pessoas que você daria abertura o suficiente para chegar ao nível de paixão. — Lisa falou tudo muito rápido em uma animação palpável. Não dá pra julgar, desde que conheceu Jisoo nunca a viu minimamente interessada por ninguém. Fora que ela adorava uma boa novela.

— Primeiramente como você chegou a imaginar isso? Que eu saiba só eu sabia. — Jennie, já mais calma perguntou. Jisoo estava apenas acompanhando tudo com os olhos incapazes de superar o choque.

Veja bem, foi difícil contar até mesmo para Jennie, não esperava que Lisa também fosse saber. Contaria, é claro, mas não agora.

— Unnie, eu sou lerda mas não sou cega! E fala sério que você não percebeu naquele dia na praia? "Qual seu tipo ideal?" Só um tapado não perceberia. — Lisa proferiu enquanto checava suas unhas, ainda ao lado de Jisoo que ergueu os olhos ainda mais assustados olhando da loira para a morena.

Essa história acaba de tomar proporções assustadoras.

— Como assim? ‘Óbvio’? Meu Deus, quem mais sabe sobre isso? Era pra ser segredo, eu não tô pronta pra contar. Eu não acredito nisso. — A ruiva se virou no banco para a bancada, se debruçando lá em desespero. 

Meu pai amado, e se Taehyung também tivesse percebido? O fim dos tempos estava mais próximo do que ela pensava.

— Não, calma. Sem pânico!  — Jennie se levantou e chegou mais perto das amigas para alisar as costas da outra, lhe passando conforto. — A Lisa tá falando merda, ninguém percebeu nada. Você acha que ninguém teria falado nada se estivesse desconfiando? Todos temos intimidade para esse tipo de pergunta, então relaxa. 

A tailandesa abriu a boca para rebater, mas a segunda mais velha a olhou tão feio que a loira tremeu na base.

— É, é! Quer dizer, eu percebi sim, mas faz um tempo já, o pessoal já deve ter esquecido, você sabe que eu sou de ficar com as coisas na cabeça. — Tentou explicar da melhor forma que pode sob a pressão do olhar malvado da morena.

— Você acha? — A ruiva ergueu o rosto agora com um olhar esperançoso. 

— Claro. — Jennie então tomou cuidado com suas próximas palavras — Mas olha, o que a Lisa falou tem razão, eu percebi e o pessoal também, mas como não viram nada mais depois disso devem ter esquecido. Mas você não pode dar deslizes se não quer eles na sua cola. 

— Espera, você percebeu também? — Mas poxa ela era tão discreta!

Jennie relaxou os ombros e riu.

— Kim Jisoo! Você me subestima! Você sabe que a nossa conexão é mental! Eu sou a Rose da sua Lissa! — Jisoo a olhou com as sobrancelhas levantadas, mesmo que soubessem ler as expressões uma da outra, não chegava a ser telepatia. — Okay, e também… você dá meio na cara né, anjo? — Lisa concordou com um aceno de cabeça e a morena jogou os cabelos ondulados para trás — Ficava quietinha quando falavam dele, só escutando, quando ele chegava encolhia os ombros. O olhinho chega brilha! — gesticulou apontando para os olhos da ruiva, e logo depois fez uma cara sacana. — E aquela fungada ali, meu amor, pra cima de mim? Rinite é o caralho!  

A mente da ruiva deu uma pausa para observação, e finalmente se sentiu verdadeiramente aliviada desde algum tempo, pois agora sua melhor amiga e segunda melhor amiga sabem, e isso melhora um pouco as coisas.

— Eu dava tão na cara assim? Poxa, eu jurava que estava sendo discreta. — E jurava mesmo. Jennie deu de ombros com uma cara de "tadinha" e deu um gole em sua cerveja. — Mas e agora? 

— Agora o que? — Lisa perguntou distraída olhando as pessoas dançando logo à frente na sala. 

Jisoo demorou uns segundos para formular a pergunta.

— O que eu faço? Tipo, como eu… conquisto ele, sabe. 

— Conta pra ele? 

— Eu não quero chegar na lata e dizer as palavras, eu quero ter certeza de que existe uma chance de um sim antes. Mas eu não sei como fazer essa possibilidade sair de inexistente para "talvez, se eu tiver sorte". Mas também não quero dar na cara pra todo mundo ver, só quero que todos saibam quando estivermos pelo menos ficando ou sei lá.— Explicou e Jennie pensou rapidamente antes de virar para a amiga. 

— Eu entendi, mas olha, você precisa demonstrar. Ele não vai magicamente acordar um dia e pensar que você é interessante e que te observar seja legal, e aí cair de amores por você como num lindo acaso do destino. — Jisoo não soube como se sentir sobre isso, por que foi exatamente o que aconteceu com ela. — Sabe, faz charme, fica perto, tenta encostar, tenta manter contato visual, sorrir na direção dele e transmitir o que você quer. Pode ser só o básico, tipo no ensino médio, jogada de cabelo, roçar as mãos e criar a típica tensão. — Explicou calmamente para a outra, que anotava mentalmente.

— Tensão? Que tipo de tensão? 

— Ah, você sabe, tensão se- 

A moça foi cortada por um barulho alto, na verdade um som alto, tipo literalmente, uma música do Jay Park estourava caixas de som que pareciam vir de fora. As três se olharam em dúvida e seguiram para fora da casa junto aos outros convidados. Assim que chegaram no gramado viram duas caminhonetes abarrotadas de jovens, alguns que nem eram da mesma universidade que eles, pois mostravam claramente o uniforme de um internato conhecido da região. Hoseok tomou a frente assim que um loiro, forte e não muito alto desceu da caminhonete branca. Eles se cumprimentaram felizes.

— Jack! Quanto tempo, cara! — Hoseok fez um high five aparentemente exclusivo com — Jisoo reconheceu como sendo — Jackson.

— Ah, você não vai mais lá em casa, tive que vir atrás de você, sumido! — Ambos riram — Cadê teu amigo, tem que cumprimentar o aniversariante, né. 

Hoseok olhou para o pequeno aglomerado e chamou Taehyung, que estava olhando aquilo sem reação, mas assim que foi chamado caminhou até lá.

— Aí, cara! Feliz aniversário, parceiro! Eu sou o Jackson, a gente não se conhece, mas relaxa que pra tudo tem uma primeira vez. — Cumprimentou Taehyung com um aperto de mão e um sorriso amarelo. Ele realmente tinha uma energia caótica. — Hoseok que convidou, mas a festa é tua, a casa tua, então, ta suave pra ti se a gente ficar? — Perguntou e todas as pessoas na caminhonete olharam para Taehyung, até mesmo o som abaixou.

O garoto passou a mão no pescoço meio desconcertado pelos olhares. 

— Ah, pode. De boa. — Respondeu ainda um tanto desconfortável. Logo Jackson fez um sinal com a mão e o som aumentou novamente e todo o pessoal das caminhonetes começaram a sair, e Jisoo se perguntou como cabia tanta gente em duas caminhonetes e de onde elas vieram.

— Puts, esqueci teu presente bro. Mas sem caô, pega pra ti. — O garoto não coreano disse, tirando o relógio do pulso e entregando para Taehyung, que apenas pegou meio sem jeito. Aquilo era um Rolex? — Festa em Ipanema meu amor! — Jackson gritou e todo mundo gritou de volta, um cara de uns dois metros passou por eles com uma caixa de som enorme no ombro e Jisoo teve que dar um passo para trás para poder olhá-lo passar. 

A festa começou novamente, dessa vez mais animada. Na verdade muito mais animada, okay, talvez um verdadeiro caos! O som estava muito alto e a pista de dança improvisada estava lotada, tinha gente em todos os cantos da casa e Jisoo mal conseguia respirar de tanta vontade de ir ao banheiro, mas estava sendo difícil passar pelo amontoado de jovens. Quando finalmente conseguiu chegar nas escadas que davam para os quartos e o banheiro, correu escadaria acima, ainda esperou cinco minutos até duas garotas saírem do banheiro, e quando finalmente entrou e se sentou sentiu a felicidade lhe invadir. Pois além de estar fazendo o tão esperado xixi, sweater weather começou a tocar no andar de baixo, e o som no banheiro era um tanto abafado, então se sentiu nos vídeos que assistia desse tipo quando era mais nova. Se sentiu muito nostálgica naquele xixi, e teria continuado ali até a música acabar, mas uma barulheira junto ao som se fez presente. Eram gritos e jura ter ouvido algo quebrando, se limpou, deu descarga e foi lavar as mãos às pressas. Não estava acreditando que uma briga estava rolando enquanto ela estava no banheiro, só rezava para não ser um de seus amigos a estar envolvido. A barulheira findou e isso só significava duas coisas: ou a briga acabou ou alguém morreu. Ciente da segunda opção abriu a porta às pressas, pronta para chamar um médico, mas deu de cara com o vulto do que parecia ser Taehyung entrando em um quarto. Ficou lá parada com a mão na maçaneta, olhando para aquela direção. Mordeu o lábio, estava em dúvida do que fazer, será que Taehyung quem tinha brigado? Ele estava bem? Na verdade ele estava claramente nervoso com a velocidade que entrou no quarto e a batida de porta que veio em seguida, estranhou o fato de ninguém ter vindo atrás dele, para ver como estava ou sei lá. Deixou a porta do banheiro e caminhou a passos lentos até a porta na qual ele entrou, encostou o ouvido na porta, mas com a música ainda rolando lá embaixo seria difícil escutar algo, mesmo que agora tenha abaixo consideravelmente. Decidiu tomar uma atitude, estava realmente preocupada, poderia se preocupar com vergonha e timidez depois. Deu duas batidas na porta, mas ninguém respondeu.

— Taehyung? É a Jisoo, você tá bem? — Anunciou e continuou sem resposta, tentou abrir a porta mas estava trancada. — Abre a porta. Você tá bem? Eu estou preocupada. Abre a porta. — Insistiu.

Forçou a tranca mais uma vez, mas nada, estava pensando se ele queria conversar ou deveria mesmo ir embora e deixá-lo em paz. Decidiu que tentaria de novo, e estava prestes a abrir a boca quando sentiu na mão a fechadura mexer e percebeu que ele havia destrancado. Engoliu seco e se encorajou. Abriu a porta lentamente, num medo ridículo de alguma coisa que não fazia ideia, talvez de o encontrar. Fechou e trancou a porta assim que entrou e o viu.

Ele estava sentado na beira da cama, de cabeça baixa e as mãos nos cabelos cacheados, a respiração dele estava acelerada, percebe ao notar suas costas e ombros subirem e descerem rapidamente. 

— Você… — Parou no meio. Todos sabiam a resposta para aquela pergunta. — O que aconteceu? — se aproximou vagarosamente, parando a mais ou menos um metro na frente dele. 

Silêncio, ele estava quieto, apenas respirava alto, ele deveria querer conversar já que abriu a porta, mas não entendia o silêncio.  

— Eles… — Ele parou, e ela percebeu sua voz trêmula, na verdade notou também suas mãos em seus cabelos, que mesmo fixadas ali também tremiam. 

Rapidamente se aproximou da cama, sentando ao lado do garoto, ela estava em pânico ao notar que Taehyung realmente estava muito mal, e sequer sabia o que tinha acontecido, mas gostaria muito de dar uma surra nos responsáveis que o deixaram naquele estado. Será que ele tinha algum trauma relacionado a brigas?

— Ei, Tae. Tá tudo bem agora. — Ela colocou a mão suavemente nas costas dele, que pararam de subir e descer como antes. Parecia que ele tinha trancado a respiração. Ela se alarmou. — Eu estou aqui com você. — Ele não respondeu e ela se obrigou a levar as mãos aos braços do garoto, os tirando dos próprios cabelos e os deixando delicadamente no colo dele, que não apresentou resistência. Ele ainda olhava para o chão, então ela teve que levar às mãos, ainda meio excitantes, em direção ao rosto dele. Sentiu os cachos roçarem em sua mão, e continuou o trajeto o fazendo virar para ela.

Se assustou com o que viu, os olhos de Taehyung eram geralmente castanhos, castanhos muito bonitos e brilhantes, mas agora brilhavam em lágrimas, lágrimas que ele tentava segurar. Seu olhar era tempestuoso e assustado, como de alguém pedindo por ajuda em meio a uma chuva densa. Seus lábios tremiam e sua pele do rosto era quente, mas ele suava frio. Não sabia o que estava acontecendo, mas soube que ele precisava de algo, mesmo que não soubesse exatamente o que era esse algo, sua mãe sempre disse que tudo se cura com amor. E ela sentiu, naquele momento, que tinha todo o amor do mundo para ele. 

Se aproximou devagar, o abraçando da melhor maneira que conseguia naquela posição, tentando transmitir todo o sentimento que conseguisse e deixando o abraço antes tímido, agora apertado. Começou a deslizar as mãos pelas costas dele, e ao notar que ele não tinha reação, pegou seus braços e rodeou por sua própria cintura, o fazendo abraçar de volta.

— Pode confiar em mim. 

Imaginou que talvez ele estivesse com vergonha de chorar e ela fosse o julgar, mas nunca faria isso. E pareceu estar certa, por que logo em seguida sentiu o corpo dele voltar a tremer e os sons de choro serem audíveis. Sentia a respiração pesada bater em seu pescoço e sua roupa molhar, mas não se importava se isso o estivesse fazendo se sentir melhor. Taehyung chorou por longos minutos, minutos em que ela quis chorar junto a ele, mas como sempre, precisava ser forte por aqueles que precisavam de si. Quando o choro diminuiu, ela continuou o abraço, mas ainda queria saber o que tinha acontecido.

— Você consegue me contar o que aconteceu? Não precisa, se não quiser. — perguntou com cautela, não queria fazê-lo chorar de novo ou deixá-lo triste.

Ele respirou fundo e se soltou do abraço, então ela finalmente o olhou nos olhos que estavam vermelhos, mas não mais marejados.

— Briguei com o Hoseok, com a minha ex. Ela veio com o Jackson, mas acho que o Hoseok não sabia, ela tentou conversar comigo mas eu não queria, o atual dela apareceu e saí pra não me exaltar, ele veio atrás parecia alterado e a gente brigou, Hoseok entrou no meio e me levou para a cozinha — ele explicou com a voz ainda mais rouca por conta do choro, então ele pigarreou para limpar a garganta. — Eu ainda estava com raiva. A gente se desentendeu e ele foi… na verdade, eu fui um idiota com ele. 

Jisoo entendeu o motivo principal, pelo o que sabia, depois de Jimin, Hoseok era o que ele tinha de mais próximo de um irmão ou familiar, então era compreensível sua reação após a confusão. Principalmente por que tinha uma ex na jogada, não sabia que Taehyung tinha um término recente, ou talvez nem tão recente já que ela já tinha um namorado.

— Mas, o que aconteceu exatamente? 

Ele ficou em silêncio e Jisoo entendeu o recado. Ele provavelmente não queria falar disso agora e não seria ela a forçar a barra. Então apenas o observou com a expressão ainda abatida, mas não pior que antes. Só então notou um pequeno corte fino em seu queixo e olhou pelo quarto, não encontrou nada útil ali mas podia jurar ter visto uma caixa de Band aids no banheiro. 

— Eu volto em um segundo, não sai daí! — Avisou se levantando e deixando um Taehyung confuso, porém sentadinho na cama.

Correu ao banheiro agradecendo por estar vazio e ao entrar já viu os band-aids em cima da pia, pegou um papel higiênico e molhou uma ponta e correu novamente para o quarto. Encontrou Taehyung ainda na mesma posição, literalmente ainda olhando para a porta por onde ela saiu, obediente.

Se sentou na cama novamente e o fez virar para ela. Ele pareceu ainda mais confuso que antes.

— Você está com um corte... — Levou o papel higiênico molhado para a região e pressionou levemente, o fazendo apertar os olhos suavemente em provável dor. — Aqui.

— Eu nem tinha percebido. — Sorriu entre um suspiro. — Deve ser o sangue quente.

— Você tem sorte por eu estar aqui, então. Quando esfriar será mais doloroso para limpar. — Devolveu o sorriso mas rapidamente focou em limpar a pequena ferida, o sangue não tinha secado totalmente então foi fácil, logo em seguida abriu o band-aid e o colocou no local. — Pronto, remendando. 

Taehyung soltou um riso nasal — Obrigado por me remendar então.

— Disponha.— Deu de ombros como se fosse coisa pouca, mas logo o olhou séria — Você tem que descer, a festa é sua, e tem que conversar com Hoseok. — Foi direto ao ponto, não tinha detalhes, mas ele mesmo confessou que foi um idiota então tinham que no mínimo, trocar desculpas.

Ele suspirou.

— Você tem razão. Mas não queria que tivesse. — Ambos riram com aquilo, e após mais três suspiros por parte do moreno eles levantaram para sair do quarto. 

Ele abriu a porta e deu passagem, ela sorriu com o ato gentil mas antes que pudesse sair ele tocou seu braço gentilmente. — De verdade, obrigado. Você… foi a única que veio. É uma boa… amiga. — ele disse um tanto envergonhado, mas Jisoo estava mais. Por que além de receber um obrigado, foi chamada de amiga pelo crush.

Mas como diz o ditado: já estamos aqui mesmo. 

— Sempre que precisar de uma amiga pode me chamar. — disse e tentou piscar apenas um olho, mas acabou picando os dois, fazendo um eye smile vergonhoso, então apenas saiu andando em seguida sendo seguida pelo garoto.

Jisoo foi sincera com o que disse, não mentiria para ele, e além do que, Taehyung era mesmo seu crush, protagonista de seus sonhos, um pitel e tudo o mais. Mas só por isso não significava que não poderiam ser amigos, queria mesmo ter um contato maior, um namoro se possível, mas tudo bem por ela se ele a visse como uma amiga, alguém a confiar caso precisasse desabafar. Se esse era o tipo de relação que Taehyung precisava agora, ela ficaria muito feliz em cumprir esse papel. Fora que, tudo bem para ela se toda vez que Taehyung precisasse dela eles acabassem trancados em um quarto com ela cuidando dele e o "remendando".