1. Spirit Fanfics >
  2. Eu, você e os lobinhos >
  3. Ps: Eu amo (v)ôce

História Eu, você e os lobinhos - Ps: Eu amo (v)ôce


Escrita por: Analuaautora

Notas do Autor


Hello, it's Me 🐴🌿

Bom dia, boa tarde, boa noite ou boa madrugada! 🐴🌿

Acho que nesse capítulo vocês não vão precisar de terapia, de nada 🐴🌿

Vai ter uma "revelação" neste capítulo 🤭👉👶👈

E também uma coisinha que acho que vai deixar vocês felizes… 🐴🌿

Lá em baixo eu vou conversar um tico com vocês, eu quase nunca falo nada, acho que vou começar 🐴🌿

Boa leitura 🤠
#lobinhosdotaetae

Capítulo 13 - Ps: Eu amo (v)ôce


Fanfic / Fanfiction Eu, você e os lobinhos - Ps: Eu amo (v)ôce

Kim Hae-sook abraçava o filho, e beijava sua testa a cada dois minutos, como sempre fazia quando Taehyung era apenas uma criancinha. Sentiu tantas saudades de seu menino, que agora tudo o que queria fazer era mimá-lo, e o fez, permitindo que o ômega se deitasse em seu colo, levou as mãos até os fios ondulados do filho, iniciando um cafuné, antes de se inclinar, deixando um beijo quentinho em uma de suas bochechas.  

 

— Omma, eu te amo — sussurrou o Kim, fechando os olhos ao sentir os carinhos da mãe. 

 

— A omma te ama ainda mais, meu lobinho manhoso — confessou a mais velha, fazendo Taehyung esboçar um sorriso. 

 

Namjoon e Seokjin se olharam, sorrindo entre si, o primo estava mesmo precisando de carinho, e se Taehyung pensava que Jin era burro, estava muito enganado, o mais velho ouvia seu choro baixinho todas as noites, sentindo-se impotente por não conseguir fazer o primo sentir-se melhor.  

 

— Tia, posso deitar no teu colo também? 

 

A pergunta que soou na sala, assustou não somente Taehyung, como Seokjin, interrompendo seus pensamentos, virou o pescoço o mais rápido que pôde, olhando para o marido, com a boca aberta em total descrença. 

 

— Como é que é? — indagou, franzindo a testa.

 

— É que ela é tão fofa, benzinho, olha lá, parece um pãozinho — resmungou Namjoon, sentindo-se envergonhado. 

 

A mais velha sorriu, e gargalhou em seguida, quando Seokjin deu um soquinho no braço do alfa, o repreendendo. 

 

— Você ficou maluco, sua mula!? Ainda chamou ela de gorda! Deus me livre e guarde, desculpa essa besta que é o meu marido, tia — pediu Jin, mas a mulher não havia se importado, apenas negou lentamente. 

 

— Está bem, por que vocês dois não vem aqui, e deitam no colo da tia, hum? Sem brigas, meninos — advertiu a mulher, fazendo Taehyung rir baixinho, claro que ela trataria todos, como crianças. 

 

Seokjin olhou para Namjoon com reprovação, quando passou a caminhar na direção da ômega, rapidamente tomou um lugar no sofá, apoiando a cabeça na coxa livre da mulher, sorrindo faceiro ao receber carinhos nos fios castanhos e lisos. O alfa foi o próximo, mas como não havia mais espaço no sofá, sentou-se no chão, pertinho da mais velha, apoiando a cabeça na ponta do joelho da mulher. 

 

A senhora Kim revezava entre fazer carinhos nos cabelos de Taehyung, para fazer nos de Namjoon também, os três lobos crescidos, mais se pareciam com filhotinhos, no momento, ronronando baixinho, sentindo uma paz maravilhosa, junto ao cheirinho gostoso que a ômega emanava; como uma torta de maçã recém saída do forno. 

 

O momento em família foi interrompido, quando ouviram passos, e um arrastar de pés no chão. Após se recuperar das emoções de minutos atrás, Jungkook saiu de sua casa, precisava falar com os patrões, e também notou uma presença desconhecida, estava um pouco curioso, quando retirou o chapéu da cabeça, segurando entre as mãos, olhando para cada um dos lobos em volta da mais velha, se surpreendendo. 

 

Namjoon se levantou apressado e atrapalhado, ficando em pé, em uma posição estática, estava envergonhado. Seokjin se sentou devagar, e Taehyung fez o mesmo, franzindo um pouco a testa ao olhar para o rosto do alfa, seus olhos se encontraram por breves segundos, mas logo o Jeon os desviou, fazendo o ômega fitar as próprias mãos no colo. 

 

— Boa tarde — disse Jungkook, após limpar a garganta, respirando fundo para ter coragem.  

 

— Boa tarde… — respondeu a mulher, olhando para o filho cabisbaixo, e em seguida para o homem desconhecido novamente. — Não me diga que você é o Jungkook? — perguntou a ômega, abrindo um sorriso parecido com o de Taehyung, se levantando, e caminhando em direção ao alfa. — Ora, ora, então você é o namoradinho do meu Tae — disse animada, tocando os braços do capataz. — Você é muito bonito. — elogiou, deixando o alfa envergonhado. 

 

Jungkook sentiu as bochechas esquentarem com o elogio, sorriu acanhado, e levou uma das mãos até a nuca a coçando, agradeceu a mais velha, e se surpreendeu quando a mulher o puxou para um abraço apertado, sentiu o coração pesar no peito, e a garganta secar, engoliu a saliva com dificuldade, retribuindo o abraço, a mais velha era pequenina, e cabia perfeitamente em seus braços, abraçar a mulher lhe trouxe uma sensação boa. 

 

Quando se afastaram, a ômega se virou para olhar o filho no sofá, só então, percebeu a expressão no rosto dele, Taehyung parecia estar se esforçando para não chorar, as bochechas estavam rosadas, e suas mãos apertavam com força a calça que estava usando, a mulher olhou para os primos e todos tinham expressões tristes, até que se voltou para o capataz, e ele também tinha a mesma expressão. 

 

— O quê está acontecendo? — questionou a mulher, confusa, se afastando do capataz, indo em direção ao filho, e sentando ao lado dele no sofá. — Filho, vocês brigaram? — perguntou, enquanto retirava alguns fios de cabelos do Kim, de frente aos olhos. 

 

Taehyung negou, sentindo o coração apertado no peito, não conseguiu controlar a lágrima quente que escorreu por sua bochecha. 

 

— Ele… a gente… — murmurou o ômega, mas não conseguiu terminar, logo estava com as vistas embaçadas. 

 

— Terminou o namoro — anunciou o alfa, em um momento de coragem. — A gente não tá mais junto — concluiu, fazendo Taehyung derramar mais lágrimas. 

 

Os olhos da mais velha dobraram de tamanho ao ver o filhote chorando, seu peito se apertou com a cena, tudo o que fez foi abraçar Taehyung, embalando-o devagar. 

 

— Mas… por que? O quê aconteceu? — indagou a mulher, olhando brevemente para o alfa, franzindo a testa, não gostava nem um pouco de ver o filho sofrer. 

 

— Acho que isso é uma coisa que o Taehyung deve dizer pra senhora — disse o Jeon, colocando o chapéu na cabeça novamente, se recusou a olhar o ômega, mas conseguia ouvir claramente o seu choro. — Eu terminei as entregas, e já falei com os compradores dos potrinhos, se ocês não vão precisar de mim, eu vou visitar meus pais — informou o alfa, olhando para os patrões. 

 

Seokjin franziu a testa, e cutucou o marido para que ele respondesse, virando-se de costas, com raiva, antes que dissesse ou fizesse alguma besteira. 

 

— Pode ir, Jungkook — respondeu Namjoon, o mais novo concordou. 

 

— Até depois — falou o Jeon, olhando para a mais velha uma última vez, antes de sair. — Foi um prazer conhecer a senhora, apesar dos pesares — disse,  por fim, saindo da casa. 

 

Hae-sook tocou as costas do filho com uma das mãos, que agora secava as bochechas úmidas, respirando fundo, para se acalmar, lambeu os lábios salgados pelas lágrimas, olhando para mãe com a ponta do nariz avermelhada. 

 

— Quer conversar com a omma, querido? — perguntou a mais velha, recebendo um aceno positivo. 

 

— Vão lá pra cima, ficar a vontade, o Namjoon e eu preparamos a comida e chamamos vocês depois — disse Seokjin, os incentivando. 

 

— Certo, vamos lobinho — falou a mulher, ajudando o ômega a levantar do sofá. 

 

O casal ficou sozinho na sala, enquanto mãe e filho subiam as escadas lentamente. A mais velha ainda não havia nem colocado as malas no quarto que ficaria, quando adentrou o quarto do ômega, sentando com ele, na ponta da cama. Ajudou o filho a se deitar, arrumando os travesseiros para que se encostasse neles, e quando Taehyung já estava confortável, segurou uma das mãos do homem, fazendo um carinho com o polegar, enquanto com a outra mão retirava os fios castanhos da testa dele, para depositar um beijo quentinho. 

 

— Vamos meu amor, me conte como tudo aconteceu, a omma vai apenas te ouvir, depois conversamos, sim? — perguntou, e Taehyung apenas concordou. 

 

O ômega respirou fundo, soltando o ar, e levando as mãos até a barriga, fazendo carinho. 

 

— Lembra quando a senhora me ligou, dizendo que o Hoseok queria me encontrar, e eu concordei? — questionou, e a mulher apenas acenou positivamente. — Eu não contei ao Jungkook, ele me encontrou chorando na caminhonete, e perguntou o motivo, e tudo… tudo o que eu fiz foi mentir pra ele, eu disse que estava chorando por estar com saudades da senhora… então ele… ele me abraçou. 

 

O ômega parou de falar, sentindo os olhos arderem fortemente, sentiu uma das mãos da mãe sobre a sua, na barriga, fazendo carinho, e incentivando a continuar. 

 

— Eu fiquei com tanto medo e culpa, e não desmenti, eu não disse nada a ele, eu não consegui dormir naquela noite, com medo do que estava por vir, com medo da reação do Jungkook, mas principalmente, com medo da minha reação… — confessou, sentindo a primeira lágrima escorrer por sua bochecha. — Lembra quando a senhora me perguntou se eu amava o Kookie? E eu disse que ainda não sabia? — suspirou o ômega, mordendo o inferior, antes de continuar. — Acontece que eu fiquei com medo de ainda sentir algo pelo Hoseok, além da raiva, e da mágoa, e se eu sentisse, como diria ao Jungkook? Eu só… só queria fugir disso, queria fugir dos meus sentimentos confusos, eu só… 

 

O ômega soluçou, fechando os olhos e derramando muitas lágrimas de uma vez, sentiu uma das mãos da mãe em seu rosto, secando sua bochecha. 

 

— Shiu, continue, meu bem — pediu a mulher, passando os polegares nas lágrimas do filho. 

 

— Eu só não queria perdê-lo, mas no fim, foi isso o que aconteceu, e eu mereço, sabe… eu entendo — revelou, fungando com os lábios trêmulos. — Eu aproveitei cada segundo ao lado dele, mas ao mesmo tempo, me sentia culpado por não ter dito a verdade a ele, então quando o Hoseok apareceu… quando ele chegou na fazenda o Jungkook foi pego completamente de surpresa, omma. A expressão de dor nos olhos dele, eu não consigo esquecer, ele me defendeu, sabia? Disse que era o meu alfa, mas… depois… depois ele entendeu tudo errado, entendeu que o Hoseok e eu íamos voltar, ele não quis me ouvir, e fugiu. 

 

Taehyung parou de falar, para recuperar o fôlego, a mais velha agora apertava sua mão, se compadecendo da dor do filho, o ômega continuou: 

 

— Foi somente quando eu vi a expressão de dor em seu rosto, quando eu ouvi sua mágoa, quando ele fugiu despedaçando meu coração, que eu entendi… mamãe, eu amo o Jungkook, eu amo tanto, é a primeira vez que eu me sinto assim… com o Hoseok era diferente, era tudo tão mais intenso, turbulento, e doloroso. Agora eu entendo que não era amor, mas com o Jungkook é… é especial, é quente, é carinhoso, é tranquilo, eu me sinto tão bem quando ele me abraça, me sinto tão amado… eu… eu sinto tanta falta dele — desabafou, levando as mãos em frente ao rosto novamente, chorando. — Mas ele não quer me ouvir omma, quando ele voltou me disse coisas tão duras, ele disse que não podíamos ficar mais juntos, e me devolveu a aliança que comprou pra gente, eu o magoei muito, e ele não quis me perdoar, ele nem me deu a chance de dizer que o amo, eu perdi o homem que eu amo mamãe, eu sou um idiota. 

 

O ômega ficou em silêncio, apenas liberou as lágrimas pesadas, enquanto isso a mais velha balançava a cabeça lentamente, de uma forma positiva, compreendendo tudo, suspirou ao terminar seus pensamentos, chegando a uma conclusão, para aconselhar o filho. 

 

— Tae, primeiramente você precisa se acalmar, respirar, e repetir o processo. Depois você precisa dizer ao Jungkook que você o ama — falou, em um tom baixo, acariciando a barriga do filho. — Mesmo que ele não queira te ouvir, mesmo que ele dê as costas, diga a ele que você o ama, diga exatamente como se sente, confesse seus medos, não deixe que ele fuja, ele precisa ouvir isso, e se ainda sim, ele não quiser mais conversar com você, eu sinto muito lobinho, mas não terá mais nada a fazer, mas por hora, esse é o meu conselho, pequeno, faça ele te ouvir, mesmo que ele cubra as orelhas como uma criança — brincou, encontrando os olhos marejados do filho. — Mas no caso dele te rejeitar, siga em frente, por mais que seja difícil, eu sei que dói, mas você tem duas crianças lindas que precisam de você, e que ainda vão te dar muitas alegrias, não pode se deixar abater, nem deixar de viver por isso, lembre-se, a omma está aqui, e vai te ajudar com tudo, não se desespere, você é um homem forte assim como a omma, se lembra? 

 

Pela primeira vez nesse meio tempo, Taehyung sorriu, concordando. 

 

— Ah, omma, obrigado! — agradeceu, abraçando a mulher. — Eu vou tentar, vou conversar com ele. 

 

— Agora enxugue essas lágrimas, e me conte tudo sobre os meus netos, vamos nos distrair, sim? Mais tarde, se o Seokjin permitir,  a omma vai preparar aquela torta de maçã que você gosta, o que acha? Vamos esquecer um pouquinho o Jungkook — sugeriu, e lentamente o ômega apenas concordou.

 

— Está bem. 

 

Taehyung se sentiu muito mais aliviado após confessar seus sentimentos para a mãe, deitou-se novamente no colo da mulher, falando sobre os filhos, e isso fez com que seu coração acalmasse no peito. 

 

               1. [...] 

 

Assim que pisou na varanda de casa, Jungkook recebeu a mãe com um abraço apertado. A mais velha se surpreendeu, rindo, e acariciando as costas do alfa, antes de afastá-lo, e procurar por Taehyung, mas não encontrou o ômega em lugar algum, o que a fez ficar preocupada, franzindo a testa, ao notar o rosto entristecido do filho. A mulher segurou uma das mãos do mais novo, puxando-o para dentro, a casa estava cheirando a bolo e café, e isso trouxe uma nostalgia gostosa ao moreno, que se sentou no sofá, quando a mais velha o induziu a isso. 

 

— Filho… onde é que tá o Taehyung? Ocê tem alguma coisa pra contar? — perguntou, sentando-se ao lado do homem. 

 

— Nós terminamos o namoro — informou o alfa, fitando as próprias mãos no colo. 

 

A resposta foi como uma bomba jogada no colo da mais velha, que levou as duas mãos em frente à boca, em total surpresa, os olhos da ômega não demoraram para encher-se de lágrimas. 

 

— Mas por qual razão ocês fizeram uma coisa dessas, filho? — perguntou, levando uma das mãos até o peito, emocionada. 

 

— O minha mãe, não fica assim, se acalma — pediu o Jeon, tocando o rosto da mulher. — O Taehyung mentiu pra mim, essa foi a razão. 

 

A conversa foi interrompida quando a porta da frente se abriu, revelando o senhor Jeon, o homem partiu os lábios surpreso ao ver o filho no sofá com a esposa, retirou o chapéu da cabeça, deixando os fios grisalhos a mostra, antes de caminhar em direção ao alfa, que se levantou, se prontificando a abraçar o pai, estava com saudades da família, e nada melhor do que receber o carinho dos dois, neste momento. 

 

— Filho! Que surpresa das boas! — comemorou o homem, dando tapinhas nas costas do mais novo, se virou sorridente para a esposa, que secou uma lágrima rapidamente. — Uai, o que foi mulher? Quem morreu? 

 

Senhora Jeon levantou o rosto para o marido e o filho, com uma expressão triste. 

 

— O Jungkook e o Taehyung terminaram o namoro, bem — explicou, com pesar. — Eu gosto tanto dele… — confessou, fitando as mãos sobre o colo. 

 

— Mas como é isso? Ocê tá falando sério? — indagou o mais velho, Jungkook apenas concordou. — Não posso acreditar! Vamos conversar filho, me conta como foi isso daí, deve ter alguma explicação, e um jeito de consertar, pelo que eu vi ocês se gostam, bora, desembucha — pediu, sentando-se na poltrona. 

 

Jungkook suspirou, concordando, ao sentar-se ao lado da mãe, para começar. Ele contou tudo aos mais velhos, desde o fato de Taehyung ter mentido sobre o pai biológico dos lobinhos, até o momento em que o homem chegou na fazenda, como brigaram, e como fugiu depois para afogar as mágoas em um bar qualquer de beira de estrada, o alfa e a ômega ouviram tudo com atenção, até o momento em que o mais novo terminou com o Kim, terminando a fala, parou para recuperar o ar. 

 

O alfa estava com o coração apertado, e os olhos ardidos, queria chorar, mas conteve as lágrimas, para contar o último detalhe. 

 

— Hoje mais cedo, eu perdi o controle do meu lobo, eu quase marquei ele meu pai, fiquei tão assustado, que falei umas besteiras que tenho certeza, deixaram ele ainda mais triste — confessou, mantendo o olhar para o chão. 

 

— Pera um pouco… — disse senhor Jeon, se levantando da poltrona. — Ocê disse que quase marcou ele? 

 

Jungkook franziu a testa, concordando. 

 

— Pois foi. 

 

— E o lobo dele, recusou, ou aceitou tua marca? — questionou o mais velho, fazendo o Jeon mergulhar em suas memórias para se lembrar. 

 

— Ele… aceitou… ele pediu por ela — sussurrou, se dando conta do fato. 

 

— Uai, mas se for esse o caso filho, ocês são a tampa da laranja um do outro — comemorou o homem, sorrindo para a esposa. — Ocê ouviu isso, mulher!? Nosso cabritinho já cresceu o suficiente pro lobo dele escolher um parceiro! E não demora a vir os filhotes! — sorriu, ajudando a ômega a se levantar do sofá. 

 

— É verdade filho, se os lobos de ocês se escolheram não há mais nada a fazer! — comentou, entusiasmada. 

 

O alfa estava confuso, não havia parado para pensar nessa possibilidade. Mas agora, até fazia sentido, seu coração se apertou no peito, enquanto balançava a cabeça negativamente. 

 

— Mas a gente terminou, não tem mais volta — comentou, se assustando quando o senhor Jeon veio em sua direção, com uma das mãos levantadas, lhe deu um cascudo na cabeça. 

 

— Deixa de ser teimoso, filho! Ocê nem escutou o que o coitadinho tinha pra dizer, precisa conversar com ele primeiro, para de procurar cabelo em ovo, só ele pode lhe dizer a verdade — garantiu o mais velho, vendo o filho resmungar pelo cascudo. 

 

Senhora Jeon tomou partido, afastando o marido, e ficando em frente ao filho, ajoelhou-se, para ficar na altura de seus olhos, enquanto segurava suas mãos. 

 

— Filho, esquecendo essa coisa toda dos nossos lobos, ocê ama o Taehyung? Mas ama mesmo, do fundinho do coração? Lá da alma, sabe? — perguntou, acariciando a pele do alfa. 

 

— Claro que sim minha mãe, eu amo — respondeu Jungkook, com o coração apertado. 

 

— Então ocê tem que dar a oportunidade dele falar, bem. Eu sei que ocê tá chateado, mas faz um esforço — aconselhou, ignorando a testa franzida do filho, para continuar. — Eu sei que ele gosta de ocê, da pra ver nos olhinhos dele, e nos seus também, eu te conheço meu filho, quando ocês tão juntos, seus olhos brilham mais que as estrelas lá do céu, então escuta ele, e também pede desculpa pra ele… 

 

— Mas foi ele quem mentiu pra m… 

 

Jungkook foi interrompido, quando sentiu mais um cascudo em sua cabeça, dado por seu pai, que observava tudo de perto, repreendendo-o. 

 

— Deixa ela falar, resmungão — advertiu, fazendo o alfa se encolher no sofá. 

 

— Vai deixar seu orgulho falar mais alto mesmo, ocê não sente falta dele? Não quer estar com ele? Já pensou se ele vai embora? Ocês nunca mais vão se ver… 

 

Somente em pensar na possibilidade, o coração do Jeon doeu no peito, não suportaria ver o mais velho partindo, seu único alento era vê-lo de longe na fazenda, todos os dias. 

 

— Eu não quero que ele vá embora não — confessou o alfa, sentindo a garganta apertada, derramando algumas lágrimas. — Eu tô morrendo de saudade dele — continuou, com as vistas embaçadas. — Mas é difícil, ele não confiou em mim, e mentiu, e depois eu também disse umas coisas ruins pra ele, talvez ele nem queira falar comigo… eu praticamente expulsei ele da minha casa, ele estava lá aninhando na minha cama e… 

 

Outro cascudo fora dado na cabeça do Jeon, que resmungou, tocando-a, já estava começando a doer. 

 

— Não acredito que ocê fez uma crueldade dessas, filho! O ômega do coitado deve estar desolado, pobrezinho… — comentou o mais velho, balançando a cabeça em reprovação. 

 

— O meu alfa também está, uai — reclamou Jungkook, se encolhendo quando o mais velho levantou um dos punhos para lhe dar outro cascudo, mas foi impedido por sua mãe. 

 

— Bem, deixa eu conversar com ele, nosso filho também tá sofrendo — pediu, e o senhor Jeon se deu por vencido, sentando novamente na poltrona. — Cabritinho, ocê cresceu tão rápido, até parece que foi ontem, que era apenas um bebezinho, pesado feito uma mula — ressaltou a mulher. — Mas um bebezinho, meu filhotinho querido — disse a mulher, com uma voz mais suave. — Agora ocê é um homem feito, e quero que seja muito feliz, então ouve o conselho da sua mãe, pede desculpa pro teu ômega, escuta o que ele tem pra dizer, conta pra ele seus medos, e seus motivos pra ter ficado magoado, conversem e se ainda houver amor entre os dois, se resolvam, não custa nada dar uma chance dele se defender, tá bom? 

 

Jungkook suspirou, esticando as palmas sobre a calça, lentamente concordou com a mulher. 

 

— Eu tô com medo mãe… — confessou, formando um singelo biquinho nos lábios rosados. — Dele me dizer que vai voltar pra cidade, pra ficar com aquele cabra, pra criarem os cabritinhos, tô com medo dele não me querer mais… mesmo que o ômega dele tenha escolhido meu alfa, ele ainda pode dizer não, pode me trocar por aquele homem… 

 

— Shiu — interrompeu a mais velha. — Ocê tá procurando pelo em ovo outra vez, só conversa com ele, escuta o que ele tem pra dizer, e se por um acaso, o que eu duvido muito que aconteça, ele volte com esse tal homem, ocê pode contar comigo, com teu pai, com seus amigos, ocê não vai estar sozinho filho, todos nós vamos te apoiar, bem. E é só correr para os meus braços, que eu cuido de ocê com todo amor do mundo — completou, sorrindo carinhosamente, o que fez Jungkook sorrir também. 

 

— O minha mãe, muito obrigado — agradeceu, puxando a mais velha para um abraço. — Eu vou fazer tudo do jeitinho que ocê me aconselhou, pode deixar — completou, beijando a testa da mulher, em um carinho. 

 

Os dois ficaram abraçadinhos no sofá, senhor Jeon olhava para os dois desconfiado quando Jungkook esticou uma das mãos, chamando o mais velho para se juntar ao abraço em família. 

 

— Chega mais meu pai, eu sei que ocê quer — pediu, fazendo o alfa resmungar, mas logo o homem estava caminhando na direção dos dois. 

 

O mais velho se juntou a eles, ficando nesse grande abraço de um urso por um bom tempo, até os ânimos se acalmarem. Como há muito tempo não fazia, Jungkook pediu para passar a noite na casa dos pais, pela manhã voltaria para fazenda, e conversaria com Taehyung, mas por hora, precisava pensar e se acalmar. O ciúme e a insegurança ainda o atormentavam, então queria pensar muito bem no que diria ao ômega, precisava de tempo. 

 

Após o jantar subiu até o quarto, deitando em sua cama, fechou os olhos por alguns segundos, recordando dos momentos que teve com Taehyung, os beijos que trocaram, os cheiros mesclados, a vontade absurda que sentiu de marcar o mais velho, os olhinhos castanhos com as pupilas dilatadas pedindo por isso, seu coração ficou apertadinho no peito, enquanto levou as duas mãos em frente ao rosto, envergonhado com a lembrança. 

 

Balançou os pés no colchão, e a cabeça de um lado para o outro no travesseiro, em seu estômago havia uma sensação tão boa, só de pensar que Taehyung era o seu ômega, borboletas voavam soltas em seu interior. 

 

— Meu ômega — sussurrou, retirando as mãos de frente ao rosto, levando-as até o peito. 

 

E assim ficou, em silêncio, e na escuridão de seu quarto, pouco a pouco, adormeceu, em um sono tranquilo, como há alguns dias não tinha. 

 

                                2. [...] 

 

Yoongi ainda estava com os cabelos úmidos quando desceu as escadas, estava com um conjunto simples e confortável, composto por uma calça preta de algodão, e uma blusa com a mesma coloração, folgada nas mangas, que o deixou com uma boa sensação. Puxou a maçaneta da porta, ao ouvir a campainha, havia dispensado seus empregados mais cedo, e todos estariam dormindo, a essa altura. Visualizou o Jung parado, segurando uma garrafa de vinho nas mãos, quando levantou a garrafa, sorrindo, notando os fios platinados caídos de uma maneira fofa em frente a testa do ômega. 

 

— Você está lindo hoje — elogiou, balançando o corpo para frente, e para trás, visivelmente nervoso. Isso fez com que o Min esboçasse um sorriso. 

 

— Eu sou lindo — corrigiu Yoongi, fechando a porta quando o alfa entrou, pedindo licença. 

 

Hoseok riu, mas concordou, se virando para olhar o ex-marido. 

 

— Posso elogiá-lo, ao menos uma vez? — resmungou. 

 

— Está bem… — Yoongi suspirou, sentando-se no sofá. — Obrigado pelo elogio. 

 

O alfa concordou, sorrindo. Mergulhou a garrafa de vinho em um balde com gelo, que o mais velho preparou para ocasião, tomando um lugar ao lado do ômega no sofá, ambos ficaram em silêncio por um tempo. Era um pouco estranho estar novamente naquela casa depois de quase três meses sem pisar no local, o Jung engoliu em seco, enquanto o Min levou as mãos até os joelhos, igualmente nervoso, mas aliviado, quando Hoseok tomou o impulso necessário para puxar um assunto consigo. 

 

Haviam combinado de recomeçar desde duas noites atrás, e o ômega sugeriu que começassem aos poucos, portanto, acabou convidando o alfa para um jantar na sua casa. 

 

— Hum… como foi o seu dia hoje? — questionou, e para surpresa do ômega, era uma pergunta simples, mas também, uma pergunta que a tempos não faziam, um ao outro. 

 

— Quer mesmo saber como foi o meu dia? — indagou, ainda incerto, unindo as sobrancelhas em dúvida. 

 

— Claro, Yoon — respondeu o Jung, se mexendo desconfortavelmente no sofá, fazendo o outro concordar. 

 

— Bem, como sempre foi cansativo, mas confesso que ultimamente me sinto um pouco mais leve, está um pouco mais suportável — confessou, olhando para o ex-marido, se recordando de como as conversas, no intervalo de almoço, com Kihyun, estavam lhe fazendo bem, ocultando esse detalhe. — E o seu dia como foi? 

 

— Para mim o dia foi ótimo, mesmo com muitas coisas para resolver, passei a maior parte dele pensando nesse jantar, e em você, então foi maravilhoso — disse, com um singelo sorriso no rosto, que fez Yoongi sorrir também, balançando a cabeça negativamente. 

 

— Okay, vamos jantar — chamou, se levantando. 

 

Os dois caminharam em direção à cozinha, o ômega havia pedido para sua cozinheira preparar algo para os dois, e a mulher fez questão de preparar o prato preferido do alfa quando soube de sua presença. O Jung caminhou lentamente pela cozinha, Yoongi não havia mudado nada, a casa ainda estava igual quando a deixou, mas notou em meio á mesa de jantar um pote de vidro, e que dentro dele havia um saquinho com um único biscoito. 

 

Aproximou-se curioso, enquanto Yoongi pegava alguns copos no armário, abrindo o pote e retirando o biscoito do saco, notando que se tratava de um pequeno vampirinho que o fez sorrir. 

 

— Esse biscoito parece gostoso, posso comer? — perguntou, levantando o biscoito a altura dos olhos do ômega. 

 

Yoongi se assustou com a pergunta, e rapidamente se virou, deixando os copos sobre o armário. 

 

— Não! — disse, tentando resgatar o biscoito das mãos do alfa, mas ele ergueu o braço, fazendo o ômega ficar na ponta dos pés para alcançar. — É sério Hoseok, me devolve esse biscoito, ou eu vou chutar você da minha casa! — ameaçou, raivoso, fazendo com que suas bochechas corassem, o mais novo riu. 

 

— Calma, é só um biscoito, por que toda essa violência? Até onde eu sei você não gosta tanto assim de doces… — resmungou, franzindo a testa. 

 

O ômega bugou, respirando fundo, tentando controlar seu nervosismo. 

 

— É somente um presente, está bem? Eu ganhei e quero guardar, justamente por isso não comi, coloque de volta no pote e vamos jantar — pediu, virando-se e voltando a pegar os copos, levando-os até a mesa. 

 

Hoseok permaneceu no lugar com o biscoito na mão, ao ouvir a palavra "presente", um desconforto surgiu em seu interior, Yoongi não era uma pessoa de aceitar presentes. 

 

— Presente? De quem? — questionou, formando um semblante fechado, que fez Yoongi arquear as sobrancelhas, descrente.  

 

— Está com ciúmes? — indagou, fazendo o alfa suavizar a expressão, e desviar o olhar por alguns segundos, antes de tossir um pouco, para disfarçar ter sido pego em flagrante. 

 

— Talvez… um pouco — concordou, mantendo o olhar baixo, deu de ombros. 

 

— Olha Hoseok, eu não quero discutir essa noite, portanto, coloque o biscoito de volta, sente-se, e vamos jantar em paz. 

 

— Não vai me dizer quem te deu? 

 

Yoongi fechou os olhos, respirando fundo novamente, e contando até dez, antes de encarar as orbes pretas do alfa mais uma vez. 

 

— Ganhei de uma criança de seis anos, filha do meu secretário, satisfeito? — vociferou, puxando a cadeira para sentar, já estava perdendo a paciência. 

 

— Hum… me desculpe — respondeu o Jung, sentindo-se tolo, mas também desconfortável ao mesmo tempo. — Sinto muito Yoongi, eu acho que não tenho direito de sentir ciúmes de você… 

 

— Está tudo bem, apenas sente-se — interrompeu Yoongi, arrumando o guardanapo no colo. 

 

O alfa concordou, mas antes guardou o biscoito dentro do pote novamente, deixando Yoongi um pouco mais tranquilo. O ômega estava se esforçando muito para não perder a paciência, e Hoseok notou isso, deveria aproveitar ao invés de ficar irritando o mais velho, apenas praguejou baixinho, enquanto pensava que já havia começado muito mal a noite com ele. 

 

Os dois jantaram em silêncio, e com toda a tranquilidade do mundo. Até que o Jung se levantou, arrastando a cadeira, e chamando a atenção do ômega, que o olhou curioso, ainda mais quando ele perguntou se já havia terminado a refeição, e ao receber uma resposta positiva do Min, Hoseok apenas pegou os pratos e copos, levando-os até a pia, enquanto puxava as mangas da camisa para não molhar. 

 

Yoongi se virou na cadeira, ainda surpreso, e se levantou, ficando ao lado do alfa na pia. 

 

— Hãn... você sabe, temos lava-louças — disse, apontando para a máquina. 

 

— Eu sei, mas não demora, eu já vou, pode ir abrindo o vinho se quiser. 

 

— Desde quando você lava louças, Hoseok? 

 

— Eu acabei lavando quando passei a noite na casa de um ômega, e gostei… — explicou o Jung, colocando um dos pratos no escorredor, só então se virando para encontrar o mais velho com os olhos arregalados, percebendo o que havia dito. — Não é o que você está pensando! Eu só dormi, literalmente dormi, deitei, fechei os olhos, e dormi, eu juro! — disse apressado, vendo Yoongi com uma expressão nada boa. — Eu não fiz nada, eu… tive que ir conversar com o Taehyung, e não tinha onde ficar, então aceitei a ajuda de alguns amigos dele, apenas isso. 

 

Ao ouvir o nome do ômega, o coração de Yoongi sobressaltou, olhou para o ex-marido, franzindo o cenho, tentando controlar uma raiva crescente em seu corpo, engoliu em seco, virando-se de costas. 

 

— Eu vou abrir o vinho — informou, saindo o mais rápido que conseguiu da cozinha. 

 

O alfa suspirou, derrotado, não havia dado um dentro desde que chegou. Apenas terminou de lavar as louças, desligando a luz da cozinha quando voltou para sala, encontrou o ômega sentado com as pernas cruzadas, e uma taça de vinho quase vazia nas mãos, Yoongi relaxou um pouco após beber o álcool, mas ainda estava com raiva. 

 

— Yoon, me desculpe, mas precisamos conversar sobre isso — comentou, observando enquanto o mais velho enchia a taça novamente com vinho. — Eu fui conversar com o Taehyung, porque você sabe, eu vou participar da vida dos meus filhos e… 

 

— Não quero falar sobre isso — disse Yoongi, bebendo mais um pouco. 

 

— Yoon — chamou o Jung outra vez, tocando a taça que o mais velho segurava, tirando-a de sua mão, colocando na mesinha. — Me perdoe, você não merecia ouvir esse tipo de coisas… mas essa é minha realidade agora, e você disse que quer dar uma chance a nós dois, então precisa saber que eu vou ter dois filhos, e que vou conviver com eles — continuou, retirando alguns fios claros dos olhos do Min. — Você não precisa conversar comigo sobre isso, mas quero que esteja ciente de tudo, e que no futuro… bem… 

 

— Quer que eu aceite os seus filhos com outro ômega? Fruto da sua traição, não acha que é pedir demais? — questionou o mais velho, irritado, seus olhos começaram a arder. 

 

— Não… apenas que compreenda, terão vezes em que vou visitá-los e… — pediu o alfa, com o coração apertado.

 

— Por favor, podemos falar sobre outra coisa? Qualquer coisa, pelo menos hoje, não quero falar sobre esse assunto — insistiu o Min, deixando uma lágrima escapar, escorrendo rapidamente por sua bochecha. 

 

Hoseok concordou, passando os polegares pelas bochechas do ômega, um toque simples, mas que fez seu coração ficar agitado, fazia bastante tempo que não se tocavam tão intimamente. Yoongi fungou, respirando fundo para se acalmar, e se surpreendeu ao sentir o mais novo puxá-lo para um abraço. O alfa manteve o mais velho contra o peito, apoiando o queixo no topo de sua cabeça. 

 

Yoongi fechou os olhos, segurando o tecido da camisa do Jung, inspirando o cheiro do alfa, aproveitou a sensação de estar não braços dele novamente, sussurrando: 

 

— Não é cômico? A mesma pessoa que me magoou, é a que me consola — falou, fazendo Hoseok paralisar, por alguns segundos. 

 

O peso da culpa em seus ombros era grande, fechou os olhos, praguejando baixinho, enquanto apertava o ômega contra seu corpo, aspirando o cheiro docinho que emanava, iria aproveitar. 

 

— Por favor… pode não jogar isso na minha cara sempre que nos encontrarmos? Eu sei, você não precisa me lembrar. 

 

— Hum… desculpe, eu vou tentar, só não posso prometer nada… entenda, é difícil pra mim. 

 

— Tudo bem — respondeu Hoseok, abraçando mais forte o ex-marido. 

 

Ficaram abraçados por alguns minutos, até que Yoongi se mexesse, se afastando, para olhar o ex-marido de perto, seu coração acelerou um pouquinho, ainda mais quando o Jung esboçou um sorriso de canto, acariciando sua bochecha, ainda amava esse homem, apesar de tudo, então tomou a iniciativa de inclinar na direção do alfa, beijando seus lábios de leve, apenas um selinho. 

 

Era boa a sensação, e ao mesmo tempo estranha, a última vez em que se beijaram estavam em uma confusão de sentimentos, e euforia, mas agora os toques eram leves, calmos, e doces. Yoongi suspirou, antes de se afastar do homem, levantando o olhar para seu rosto, o Jung sorriu, notando a coloração rosada das bochechas do ômega. 

 

— Yoon… você realmente não se lembra de um motivo para ter se casado comigo? — perguntou, tocando nas palavras do mais velho, de meses atrás, o que fez o coração do Min sobressaltar. 

 

— Eu… me lembro… — confessou, se envergonhando, a fala fria de antes, fora dita apenas em um momento de raiva e mágoa, mas era uma mentira. — É claro que eu me lembro, Hoseok. 

 

E essa resposta encheu o alfa de esperança, e felicidade. 

 

— Eu também me lembro — completou, aquecendo o coração do mais velho. — Com certeza você se apaixonou por mim pelo meu belo sorriso — comentou o Jung, dando de ombros, olhando de relance para o mais velho, com os lábios partidos em surpresa. 

 

— Não foi apenas por isso, seu idiota… — resmungou o Min, se dando conta logo após. 

 

O ômega ruborizou encolhendo os ombros, Hoseok sorriu, alargando o sorriso cada vez mais, feliz. 

 

— Ah, é? Me conte mais sobre isso — pediu, ainda com o sorriso faceiro no rosto, o Min bufou, cruzando os braços. 

 

— Deixe de ser sem graça, sabe que não sou bom com essas coisas melosas — reclamou, ouvindo o alfa rir, um pouco mais alto. 

 

— Não me importo amor, só quero ouvir você dizer — pediu, chamando a atenção de Yoongi. 

 

Fazia um bom tempo que o Jung não o chamava de amor, então se assustou, no entanto, já havia dito, não tinha mais como voltar atrás. 

 

— Você me chamou de amor… — sussurrou, ainda impactado. 

 

— Chamei… tudo bem? — indagou, um pouco receoso, mas ansioso. 

 

— S-sim. 

 

A resposta do Min deixou Hoseok com um sorriso de orelha a orelha, tomou a liberdade de se inclinar sobre o ômega no sofá, fazendo Yoongi se deitar, com os punhos erguidos em frente ao corpo, a cabeça no encosto, em uma posição de defesa que fez o mais novo rir, se não estivesse disposto a revelar seus sentimentos mais verdadeiros, estes em que a muito tempo não tocava. Ao estar com ambas as palmas ao lado do corpo do Min, e entre as pernas do mais velho, se inclinou novamente, deixando um beijo na testa do platinado, voltando a olhá-lo de perto, mas afastado, o suficiente para o ômega observar suas expressões.   

 

— Se lembra do dia em que nos conhecemos? — questionou, com o timbre suave, o ômega concordou levemente. 

 

É claro que se lembrava, lembrava de tudo. Por isso era tão difícil se desprender das memórias, e de seus sentimentos, que nos últimos anos ficaram adormecidos, mas que agora, estavam frescos como uma tela recém pintada, por essa razão, era tão difícil deixar de amar Hoseok. 

 

Seul — Coréia do Sul — 10 anos atrás. 

 

O ômega estava atrasado. Tinha uma reunião com outros colegas do mesmo ramo, mas perdeu a hora,  confiando que os "só mais cinco minutos" seriam o suficiente para descansar. Vestiu-se apressadamente passando a camisa social azul marinho pelos braços, subindo o zíper da calça preta, e calçando os sapatos pretos brilhosos. Estava pronto, apenas mexeu com os dedos nos fios escuros, ainda sem resquícios de química, saindo. Não poderia chegar atrasado na reunião, mas ainda teria que passar na lavanderia em busca de seu paletó, amaldiçoou seu sono por isso. 

 

Destrancou o carro, colocando o cinto antes de dirigir pelas ruas movimentadas de Seul, o trânsito estava uma loucura, seu dia havia começado uma loucura, uma completa… 

 

— Merda! — praguejou, enquanto tocava a buzina, fazendo outros motoristas reclamarem. 

 

A sua sorte era que a lavanderia ficava próxima do local onde deveria ir, portanto estacionou o carro na empresa, seguindo a pé em direção à lavanderia. Estava apressado, não perdeu muito tempo cumprimentando, apenas pegou seu pertence, pagando, e saindo o mais rápido que pode. Ligou para sua secretária na época, dizendo para que ela acalmasse os outros Ceos. até sua chegada. A empresa estaria uma loucura também, com a chegada de novos estagiários, realmente não tinha paciência para essas coisas, desligou a ligação, aproveitando para olhar algumas mensagens, o sol estava forte, então quase não conseguiu ler nada, e também, não prestou atenção na rua quando foi atravessá-la, somente quando ouviu vozes e uma buzina alta, levantou o olhar, no entanto, já era tarde demais. 

 

Sentiu um forte aperto no braço, as coisas a seguir aconteceram mais rápido do que conseguiu distinguir, o carro passou raspando em sua perna, quase o atingindo em cheio, seu coração sobressaltou no peito, acelerando dolorosamente com a adrenalina, sentiu algo macio e quente, e também batidas aceleradas de um coração, que não era o seu, havia algo úmido entre os corpos, e um cheiro suave de cravo. Tudo ficou silencioso por alguns segundos, até Yoongi levantar o rosto, encontrando um preocupado, olhando para si, com as sobrancelhas franzidas, enquanto dizia algo, não ouviu muito bem. 

 

— Você não sabe que deve olhar para os dois lados antes de atravessar? Aish, você quase morreu, sabia? — perguntou o homem desconhecido, olhando para os lados, o ômega apenas conseguia olhá-lo confuso. — Está em choque? Meu Deus, tudo bem, eu ainda tenho vinte minutos — disse o moreno, puxando o Min consigo. 

 

Yoongi sentiu-se sendo arrastado pela calçada, ainda estava confuso pelo susto, mas agora conseguia ouvir, e visualizar bem o homem um pouco mais alto que si, o puxando para dentro de uma cafeteria, quem ele pensava que era para puxá-lo dessa forma?

 

Franziu a testa, puxando o braço com força quando pararam em frente ao estabelecimento. 

 

— Ei! Quem você pensa que é? Como sai arrastando desconhecidos assim? — vociferou, só então notando que sua camisa limpa, estava com uma mancha marrom, provavelmente de chocolate. 

 

— Desculpe, eu estava comendo uma rosquinha, ela ficou amassada quando eu tive que salvar você de ser atropelado, de nada — sorriu, concluindo a fala. 

 

— Não me lembro de ter pedido sua ajuda — arqueou as sobrancelhas, bufando, enquanto tentava limpar a mancha. — Mas que caralh… 

 

— Vamos entrar, e tentar limpar isso — interrompeu o rapaz, empurrando as costas do Min com uma das mãos, enquanto abria a porta com outra — A propósito, meu nome é Jung Hoseok. 

 

O ômega ainda estava aéreo, e muito irritado quando sentou-se em uma das cadeiras, observando ao longe, o tal Hoseok conversar com uma das balconistas, o homem estava usando uma camisa social preta, na verdade, o conjunto todo era dessa coloração, o Min olhou para o plástico onde seu paletó estava, um pouco amassado, e grunhiu, agora teria que usá-lo com todos os botões fechados, se não quisesse passar vergonha em frente aos outros empresários. 

 

O Jung voltou minutos depois, com um pano úmido em mãos, e uma caixinha com alguns macarons. Seria seu primeiro dia como estagiário, então estava ansioso, queria causar uma boa impressão, por isso comprou a caixa com doces, sentou-se em frente ao desconhecido, esticando o braço em uma tentativa de limpar a camisa do homem, que arrancou o pano de suas mãos, com raiva, tentando se limpar sozinho, Yoongi fixou o olhar em um ponto específico, um crachá, com o nome do Jung, e da empresa. 

 

— Desculpe ter sujado sua camisa, eu não pensei muito na hora — disse, envergonhado, observando o olhar do homem para si. 

 

— Você é um dos novos estagiários? — perguntou o ômega, fazendo o moreno arquear as sobrancelhas. 

 

— Sim! — respondeu, animado. — Você também é um? 

 

— Err…

 

— Que legal! Cara eu estou tão nervoso! De quem é esse paletó que você está segurando? — questionou, olhando para a peça na cadeira ao lado do Min. — Não me diga que é para um dos caras grandes lá dentro? Eu ouvi falar muito mal de um deles, sabia? 

 

Yoongi franziu a testa, negando, mas juntou as mãos em cima da mesa, curioso. 

 

— Quem? Quem sabe eu não conheça… 

 

— A um tal de senhor Y, dizem que ele vive de cara fechada, que é muito crítico, e que em algumas horas do dia se parece muito com um vampiro sedento por sangue dos seus funcionários — O Jung abraçou o próprio corpo, em uma brincadeira, que fez Yoongi partir os lábios, indignado. 

 

— Escute aqui… talvez ele não seja tão ruim assim, e outra coisa, não deveria ficar dando ouvidos ou espalhando fofocas, isso pode te deixar muito mal lá dentro, novato — concluiu, levantando da cadeira com uma expressão irritada. 

 

Então era isso que seus funcionários pensavam sobre si? 

 

— Espera… posso saber seu nome? — indagou o Jung, antes que o homem desconhecido saísse, ele andava rápido. 

 

— Você já vai descobrir — respondeu, com um sorriso largo no rosto, que deixou Hoseok confuso por alguns segundos. 

 

Mas logo depois, o jovem estava com uma das mãos levantadas, acenando, e sorrindo de orelha a orelha, um sorriso muito bonito, por sinal. 

 

— A gente se vê daqui a pouco! 

 

Yoongi revirou os olhos, abrindo, e fechando a porta antes de murmurar um: 

 

— Que idiota. 

 

O ômega sorriu com a recordação, levantou as mãos até tocar as bochechas do alfa, engolindo em seco, Hoseok compartilhava dos mesmos sentimentos, principalmente, da saudade que sentia de um tempo que não voltaria nunca mais. O alfa acabou se aconchegando na curvatura do pescoço de Yoongi, aspirando seu cheiro bom, o mais velho levou as mãos até suas costas, passando os braços em volta do corpo do ex-marido, em um abraço apertado, queria poder manter momentos assim para sempre. 

 

— Ah, Hoseok… como chegamos a esse ponto? — perguntou, não recebendo uma resposta do mais novo. 

 

O Jung permaneceu em silêncio, apenas queria aproveitar a presença do ômega, também fez a mesma pergunta a si mesmo,  durante muitos anos, sem nenhuma resposta. 

 

                              4.  [...] 

 

Taehyung encheu as bochechas com a torta de maçã, que sua mãe preparou após o almoço, estava feliz. Nem parecia que algumas horas atrás, estava aos prantos, por causa de seu término com Jungkook. Após apresentar a mais velha aos seus bichinhos, que a deixaram surpresa, e também apaixonada, principalmente por Bé, e sua mania de pular de um lado para o outro, subindo nas escadas, e também em algumas pedras. Foram todos comer o doce, enquanto observavam Maximus comer um pouco de grama, balançando o rabo de um lado para o outro, afastando alguns mosquitos que insistiam em incomodá-lo, o cavalinho já um pouco crescido, gostava de passar as tardes correndo em círculos pela grama. Já Oinc apenas se esfregava na lama, junto aos outros porcos, desde que descobriu o local, nunca mais quis sair, fazendo com que Jungkook ou Taehyung tivessem que dar banhos diários nele. 

 

Estavam sentados no balanço, observando os animais, cada um segurando um prato, com um pedaço de torta. Já estava escurecendo, e Jungkook não havia voltado, isso fez com que Taehyung se sentisse melancólico, deu a última mordida na torta, antes de lamber os lábios adocicados, sentindo uma sensação estranha, a princípio causou um desconforto, mas não chegava a ser uma dor, olhou para mãe assustado, e isso deixou a mulher em alerta, novamente sentiu a sensação, e então as mãos foram em direção à barriga, se dando conta de algo, a palma estava sobre a camisa, quando sentiu novamente uma movimentação, chegando a uma conclusão, que fez seus olhos encherem de lágrimas rapidamente, emocionado; seus filhos estavam se mexendo. 

 

— Meu amor, está sentindo alguma coisa? — perguntou a mais velha, deixando os pratos na parte vazia do balanço. — Tae, está tudo bem, filho? Diga para a mamãe — pediu, tocando o rosto do filho. 

 

O ômega estava com os olhos brilhantes, repletos de lágrimas, quando olhou para mãe, segurando uma das mãos delas, a mais velha logo compreendeu o que estava ocorrendo, e o sorriso em seu rosto foi impossível de controlar, quando sua palma tocou a barriga redonda do filho. 

 

— Shiu, sente — Taehyung pediu silêncio, enquanto segurava a mão da mãe sobre a barriga, ela apenas assentiu. 

 

Um novo movimento foi feito, possibilitando que a mais velha sentisse ao toque seus netos se movendo, não suportou a emoção. 

 

— Estão… eles estão mexendo! — falou, com a voz embargada, ao mesmo tempo entusiasmada. 

 

— Sim! — exclamou o Kim, eufórico, várias lágrimas já escorriam por suas bochechas. — Mamãe, meus filhos, eu consigo senti-los — chorou, respirando fundo, para se acalmar. — Essa é uma sensação incrível! 

 

— Sim, meu amor, vocês são incríveis! — elogiou a mulher, acariciando a barriga do filho. — Parabéns, filhote! 

 

— Obrigado, omma — agradeceu o Kim, derrubando mais algumas lágrimas. — acariciou a barriga, alisando-a, na esperança de sentir mais um pouco de seus bebês, no entanto, não sentiu mais nenhuma movimentação, o que fez com que formasse um biquinho nos lábios. — Eles pararam de se mexer… 

 

Hae-sook riu, acariciando a barriga do filho também, antes de deitar a cabeça no ombro do ômega. 

 

— É assim mesmo, meu bem, logo você vai senti-los outra vez. 

 

O Kim suspirou, concordando, logo um sorriso faceiro seu lugar ao seu biquinho, estava feliz, e com o coração quentinho, sentir seus lobinhos foi a melhor coisa que lhe aconteceu na vida. 

 

Queria contar a Jungkook a novidade, o mais rápido possível, mas somente de pensar no alfa, sua felicidade foi diminuindo, dando lugar a uma expressão triste em seu rosto, sua mãe percebeu a mudança, quando olhou para o filho. 

 

— Ele vai ficar feliz também — disse a mais velha, pegando o ômega de surpresa. — Vai dar tudo certo, filho, você vai ver. 

 

O mais novo concordou, relaxando novamente. Após o jantar, tomou um banho refrescante e subiu até o quarto, onde a mãe já arrumava os lençóis da cama para dormirem, convenceu a mulher a dormir consigo, exatamente como ela fazia quando era apenas um lobinho, Hae-sook estava vestida com um de seus pijamas, quando o ômega entrou, também usando o seu, para sua sorte a roupa era números maiores que seu corpo normal, e o tecido estica, pois sua barriguinha ficava bem visível nele, sentou-se na cama, notando a mãe arrumar os travesseiros, e suspirou. 

 

— Ele não voltou pra casa, acho que quer passar um tempo longe de mim — murmurou, brincando com a barra do pijama, deixando seu joelho visível. 

 

— Meu amor, todos nós precisamos de um tempo de vez em quando, ele deve ter ficado envergonhado depois de me conhecer, não pense muito nisso, sim? — argumentou a mulher, sentando-se na cama. 

 

— Sim, omma — respondeu o Kim, suspirando, antes de puxar os lençóis, deitando ao lado da mãe. 

 

Logo o ômega se virou de lado, não conseguia dormir muito bem de barriga para cima, lhe dava alguns enjoos, então sempre dormia de lado, era a posição mais confortável que encontrou para dormir, devido ao tamanho de sua barriguinha, mas sentia muita falta de dormir de bruços, com as pernas abertas, ou em posições que o deixariam com dores de coluna no dia seguinte. 

 

A mais velha se aconchegou logo atrás dele, fazendo alguns carinhos em seus fios castanhos, que deixaram o rapaz com um sorriso bobo no rosto. 

 

— Omma, canta pra gente aquela música que você costumava cantar quando eu era pequeno… — pediu, fazendo um biquinho fofo enquanto falava, sua mãe sorriu com o pedido. 

 

— Claro meus amores, fechem os olhos — conversou com os três, o que fez Taehyung sorrir. 

 

A ômega limpou a garganta, continuando os carinhos no filho, seu coração aqueceu ao recordar da música que costumava cantar ao seu lobinho, antes de dormir, a letra trouxe nostalgia, assim que começou a cantá-la: 


 

" Brilha, brilha, estrelinha. 

Quero ver você brilhar.  

Lá no alto, lá no céu 

Num desenho de cordel.

  Brilha, brilha, estrelinha.

Quero ver você brilhar. 

Lá no alto, lá no céu

Num desenho de cordel… "

 

  — Marcos Patrizzi Luporini. 


 

Após alguns minutos cantando, a mais velha notou a respiração do filho um pouco mais alta, e pesada, relaxando. Sorriu, enquanto fechava os olhos, se aconchegando um pouco mais ao ômega, amava demais seu menino, e faria tudo ao seu alcance para vê-lo feliz, não demorou muito para que a mulher adormecesse também, estava cansada. 

 

5. [...] 


 

Jungkook despertou bem cedo, com suas energias renovadas, e determinado a resolver sua situação com Taehyung, amava demais o mais velho, e passou boa parte da noite pensando nos conselhos dos pais, daria uma oportunidade a ele, de explicar tudo, também pediria desculpas por suas atitudes grosseiras, e se o Kim ainda sentisse o mesmo por si, ficariam juntos novamente, estava tão ansioso. 

 

Pediu a bênção a sua mãe assim que chegou na cozinha, seguindo para o pai e fazendo o mesmo, se juntou a eles para o café da manhã. E antes de ir embora, deu duas cenouras para Pocotó, o cavalo passou a noite no quintal da família, se despediu dos pais, ganhando novamente a bênção da mãe antes de montar no cavalo, com um sorriso largo no rosto. 

 

— Vai que é tua, meu filho! — incentivou o pai — Agarra teu ômega, e não solta mais! — continuou, deixando o mais novo um pouco envergonhado. 

 

— O meu pai, não vamos contar com o ovo no fiofó da galinha, ele ainda pode dizer não… — resmungou, tocando a nuca com uma das mãos. 

 

— Deixe de ser escandaloso bem — Senhora Jeon interrompeu, tocando o ombro do esposo. — Que Deus abençoe ocê, boa sorte filho — desejou a mais velha, com um sorriso terno no rosto. 

 

— Obrigado minha mãe, a gente se vê — respondeu Jungkook, causando um barulhinho com a boca, fazendo Pocotó se mover. 

 

Seus pais ficaram abraçados em frente à casa, enquanto observavam o filho cavalgando cada vez mais rápido, fazendo a poeira da estrada levantar com sua partida, e quando desapareceu na estrada, os mais velhos apenas voltaram para casa, desejando ao filho toda a sorte do mundo. 

 

Taehyung estava nervoso, sentado na sala de espera do pequeno posto médico, tinha uma consulta marcada, e ao invés de Jungkook, sua mãe era quem estava o acompanhando, suas pernas tremeram em ansiedade, embora a mais velha tentasse fazê-lo se acalmar, o caso é que nessa consulta, descobriria o sexo de seus lobinhos, não conseguia controlar a emoção, seus filhos estavam crescendo tão rápido, só queria poder ter o alfa ao seu lado, para comemorarem juntos. 

 

— Paciente Kim Taehyung, o doutor te espera — disse uma enfermeira, sorridente, que saiu da sala do médico. 

 

Assim que entraram na sala, o doutor levantou-se da cadeira, cumprimentando Taehyung, e também sua mãe. O homem perguntou sobre Jungkook, e sem graça, tudo o que o ômega disse foi que o alfa estava ocupado, apresentou a mãe ao mais velho, antes que ela se sentasse, observando enquanto o filho sentou-se na maca, deitando em seguida, enquanto o doutor ajustava a mesma. 

 

— Pronto? — perguntou o doutor, enquanto calçava as luvas. 

 

— Eu não sei… estou muito ansioso, doutor — falou o Kim, sorrindo. — Parece que meu coração vai explodir. 

 

O mais velho riu, concordando com a cabeça, antes de segurar o frasco, e o aparelho que usaria para o ultrassom. 

 

— Se acalme, vamos ver como estão seus bebês primeiro — comentou o mais velho, segurando o frasco com gel. 

 

Taehyung ainda sentia como se fosse ontem, que descobriu estar grávido, mordeu o lábio inferior com certa força, enquanto sentia o líquido ser despejado em seu abdômen, e em seguida, o aparelho deslizando por sua barriguinha redonda, e grande, seu umbigo estava estufado. Seu coração bateu fortemente contra a caixa torácica, quando o doutor exclamou um: "olhem eles aí" os olhos do ômega rapidamente arderam, era sempre emocionante ver seus lobinhos, gostava muito de realizar as ultrassonografias, se sentia um pouquinho mais perto dos dois. 

 

Olhou para mãe, agora já em pé, ao seu lado, a mais velha olhava para tela emocionada, com uma das mãos no coração, e a outra, segurando a mão do filho com força. 

 

Lágrimas quentes escorrerem pelas bochechas do Kim, não era sua primeira vez vendo os filhos, nem ouvindo seus corações batendo, mas era sempre emocionante da mesma forma. Para sua mãe então, foi uma das coisas mais bonitas que já ouviu, apertou a mão do filho com mais força, beijando a testa do ômega, agradecendo-o por isso. Suas vistas estavam turvas pelas lágrimas, enquanto permaneceram em silêncio, aproveitando o som dos pequenos corações batendo. 

 

O doutor deslizou o aparelho sobre a barriga do ômega, melhorando a formação das imagens dos bebês, para poder olhá-los melhor. Repuxou os lábios pensando, enquanto tentava identificar seu objetivo, logo partiu os lábios surpreso, em seguida sorrindo. Taehyung ainda estava entretido com os filhos, quando virou o rosto para o homem, e o pegou sorrindo. 

 

A ultra durou em torno de quinze minutos, antes que o mais velho retirasse o aparelho, e pedisse para que o Kim fechasse a camisa, e sentasse á sua frente. Hae-sook sentou-se na cadeira ao lado, igualmente nervosa com o resultado. O médico folheou os exames feitos pelo ômega da última vez, lendo-os com atenção, antes de retirar os óculos do rosto, cruzando as mãos em cima da mesa, olhando para paciente e sua acompanhante. 

 

— Seus bebês estão saudáveis, senhor Kim, está tudo certo com seus exames, eles cresceram bastante — acalmou o ômega, fazendo-o sorrir, contente. 

 

— Doutor, ontem os bebês se mexeram! — contou ao mais velho, entusiasmado, fazendo sua mãe rir. 

 

— Ele ficou muito animado — comentou a mais velha, tocando os cabelos do filho. 

 

— Fico feliz em ouvir isso senhor Kim, é comum que os bebês se movam com dezessete semanas, muitas vezes antes, se prepare, pois seus lobinhos irão se mexer um pouco mais daqui em diante — sorriu o médico ao terminar, enchendo o coração de Taehyung de alegria. 

 

— A sensação foi um pouco estranha no início, mas depois eu gostei — murmurou, acariciando a barriga. 

 

O comentário fez com que o mais velho sorrir, mas logo o homem adotou uma expressão um pouco mais séria. 

 

— O senhor está pronto para saber o sexo dos seus bebês? — perguntou, deixando o ômega em alerta. 

 

Seu coração sobressaltou no peito, enquanto encolhia os ombros, olhando para mãe, com um sorriso de puro nervosismo, a ômega tocou seu braço, o incentivando, enquanto sorria para si amavelmente, sussurrou um: "vai filhote" o mais novo assentiu, olhando para o doutor novamente. 

 

— Tá, eu tô pronto — disse, colocando um pé em cima do outro, ansioso, enquanto brincava com os dedos. 

 

— Bem… 

 

— Não, não! Espere… — pediu, sentindo o rosto esquentar em vergonha, o doutor riu, concordando pacientemente. 

 

O Kim puxou o ar para os pulmões, estava muito ansioso, então segurou a mão da mãe com mais força, soltando o ar devagar pela boca, um sorriso quadriculado se formou sem esforço, quando fechou os olhos determinado. 

 

— Pode dizer, doutor — sussurrou, esperando pelo resultado. 

 

Os segundos que se passaram desde o médico tossir, limpando a garganta, até Taehyung ouvir o resultado pareceram horas, mas assim que ouviu as palavras, o misto de sentimentos em seu coração não pode ser descrito. 

 

— São: um menino e uma menina, meus parabéns, senhor Kim.  

 

Jungkook demorou mais ou menos uma hora para chegar na fazenda, levou Pocotó até a baía antes de seguir para casa grande, determinado. Retirou o chapéu da cabeça assim que chegou á porta da cozinha, Seokjin estava sentado, segurando uma caneca de alumínio, quando ouviu os passos do capataz, arqueou as sobrancelhas antes de responder o "bom dia" que o alfa lhe desejou. 

 

— Olha só, quem é vivo, sempre aparece não é mesmo? — comentou, terminando de beber o leite em sua caneca. 

 

— Eu acabei dormindo na casa dos meus pais… — explicou, coçando o queixo, envergonhado. — Ocê sabe me dizer onde o Taehyung tá? — perguntou, juntando coragem para fazê-lo. 

 

— Por qual razão quer falar com meu primo? — indagou Jin, franzindo a testa, enquanto cruzava os braços em frente ao corpo. — Não foi você quem fugiu dele, igual o diabo foge da cruz? 

 

Jungkook engoliu em seco, brincando com o chapéu que estava nas mãos, nervoso, mordeu o lábio inferior, balançando o corpo para trás, e para frente, antes de continuar. 

 

— Eu quero pedir desculpa pra ele — disse, esperando alguma reação do ômega, e quando não veio, prosseguiu. — Quero conversar com ele, eu sei que ocê tá bravo comigo, mas me ajuda, é por uma boa causa — garantiu, e dessa vez Seokjin riu. 

 

— Você só pode estar de brincadeira… — murmurou, levantando-se e parando em frente ao capataz. — Você tem alguma noção do quanto fez o primo sofrer? Nessas semanas, e com as suas patadas? Agora quer conversar? Não queria nem escutar um "a" do coitado até ontem, me explica isso daí. 

 

O alfa suspirou, abaixando os ombros, enquanto umedeceu os lábios secos. 

 

— Ocê tem razão… eu fiz isso tudo, mas eu preciso falar com seu primo, então ocê me dá licença, eu vou ter que subir — informou o Jeon, passando por Seokjin, indo em direção às escadas, iria até o quarto de Taehyung para conversarem. 

 

No entanto, o alfa parou no terceiro degrau, ouvindo a madeira rangir abaixo de seus pés, e a voz de Seokjin dizendo algo que causou um desconforto enorme em seu peito, e uma vontade absurda de chorar, seus olhos rapidamente encheram-se de lágrimas. 

 

— O Taehyung foi embora — disse Seokjin, sem peso na consciência, apenas para ver a reação do mais novo. 

 

O alfa paralisou, tocando o corrimão da escada, deixando os nós de suas mãos brancos, seu coração disparou no peito, e não demorou a sentir uma lágrima escorrendo por sua bochecha, se virou para olhar o mais velho, e o rosto de Seokjin não demonstrava que ele estava brincando, pelo contrário. 

 

— Como… por quê? — sussurrou a pergunta, com a voz embargada pelo choro. 

 

— Talvez tenha cansado de esperar sua boa vontade — respondeu Jin, dando de ombros. — Ele disse que estava cansado de tudo, então pediu pro Nam levar a tia e ele até a estação de trem, para que eles voltem pra casa, na minha humilde opinião, ele está mais do que certo — disse o ômega, virando-se de costas para Jungkook, mas sendo virado novamente, pelo mais novo, que segurou seus dois braços, puxando-o para perto, fazendo seus olhos dobrarem de tamanho. — Ui, que isso em? Endoidou foi, seu bronco!? 

 

Jungkook não conseguia enxergar muito bem pelas lágrimas transbordando em seus olhos, então manteve o mais velho ali, balançando-o para frente e para trás, desesperado. 

 

— Por quê ocê deixou ele ir? Me fala onde eles moram, que eu vou atrás dele! — pediu, atordoado, Seokjin engoliu em seco. 

 

— Hum… Jungkook, primeiro, me solta — pediu, começando a sentir uma pontinha de culpa, o alfa concordou, fungando, e soltando os braços do ômega, usando as mangas da camisa para secar suas lágrimas.

 

— Me fala, por favor, Seokjin… — falou, entre soluços. 

 

— Eita nóis, acho que exagerei na dose — comentou o ômega, coçando a nuca. — Jungkook, eu tenho que te contar uma coisinha, mas vê se não fica bravo, viu?

 

— Que coisinha? — perguntou o Jeon, utilizando novamente a manga da camisa para secar suas lágrimas. 

 

O ômega arqueou as sobrancelhas, enquanto brincava com a barra da camisa, sorrindo um pouquinho, antes de jogar a bomba no colo do capataz. 

 

— O Taehyung não foi embora não, seu bobo, ele foi na cidade examinar os lobinhos, você é tão besta Jungkook, caiu que nem um patinho! — exclamou o Kim, se curvando e batendo em um dos joelhos, não contendo a gargalhada. 

 

Jungkook piscou os olhos repetidas vezes, o coração ainda estava acelerado, e lágrimas escorriam por seu rosto, quando se deu conta, e ouviu as gargalhadas do mais velho, seu sangue ferveu nas veias. 

 

— Ocê acha engraçado brincar com a cara dos outros, não é mesmo? — disse o alfa, sorrindo sem humor. 

 

O riso se Seokjin foi cortado, dando lugar a uma expressão preocupada quando Jungkook começou a caminhar em sua direção. 

 

— Tá chegando mais perto por quê? Fica ai! — falou, afastando-se, indo em direção à porta. 

 

— É melhor ocê correr — informou Jungkook, com um sorriso zombeteiro no rosto. 

 

O ômega não esperou muito mais para correr, gritando a todo pulmões, assustando alguns pássaros que estavam no quintal, Jungkook foi logo atrás, e quando estava quase agarrando a camisa do patrão para puxá-lo para trás, ouviram o som de uma caminhonete, e em seguida puderam notar o veículo azul chegando, Seokjin suspirou aliviado, prendendo a respiração ao mesmo tempo em que o alfa parou ao seu lado, olhando-o com a testa franzida, ergueu as mãos em rendição. 

 

Namjoon foi o primeiro a saltar da caminhonete, notando a movimentação no quintal, Seokjin não perdeu tempo em correr em direção ao marido, passando os braços em volta da cintura do alfa, enquanto se escondia atrás de seu corpo. 

 

— O quê tá acontecendo, benzinho? — questionou, e Seokjin adotou um semblante triste, respondendo. 

 

— O Jungkook está brigando comigo benzão, não deixa ele me pegar, eu sou inocente, eu juro! — disse o ômega, beijando os dois indicadores. 

 

— Inocente uma ova! — respondeu o capataz, indignado. 

 

— Se meu benzinho disse que é inocente, é porque ele é Jungkook, ele é quase um santo, deixe de implicar com ele — falou Namjoon, abraçando seu ômega, mantendo-o seguro em seus braços. 

 

— Obrigado, benzão — agradeceu Jin, retribuindo o abraço do alfa, sorrindo faceiro. 

 

O Jeon revirou os olhos, fechando um dos punhos, e levantando até a boca, mordendo, indignado. A mão livre foi para cintura, enquanto tentava normalizar a respiração, pode observar a senhora Kim saltando da caminhonete, e em seguida, Taehyung descendo também, tendo a ajuda da mãe no processo. Seu coração saltou no peito, e toda a raiva que estava sentindo antes, deu lugar a um frio gostoso no estômago, as mãos suadas, e a felicidade de ver Taehyung outra vez. 

 

O Kim também se surpreendeu ao ver Jungkook, a expressão do capataz estava diferente a fria dos últimos dias, isso fez seu coração sobressaltar no peito, e sua respiração tornar-se descompassada, principalmente, quando o alfa passou a caminhar em sua direção, a passos firmes e decididos. 

 

Hae-sook se afastou do filho, ficando um pouco ao lado, observando toda a cena de perto. 

 

Taehyung engoliu em seco, e prendeu a respiração assim que o Jeon parou a sua frente, parecia um sonho, não sabia o que pensar, apenas sentir quando o alfa tocou seu rosto com ambas as mãos, fechou os olhos, partindo os lábios surpreso, e os abriu novamente, quando ouviu o capataz dizer algo que fez não somente, o seu coração parar de bater por alguns segundos, como também seus olhos encherem de lágrimas, escorrendo quentes por suas bochechas em seguida. 

 

— Eu amo ocê, leitãozinho — sussurrou o Jeon, um pouco antes de beijar o mais velho. 

 

Beijo esse que fez com que o mundo ao redor do ômega, desaparecesse, por alguns minutos, existiam apenas os dois ali, envoltos em seus sentimentos, verdadeiros demais para serem ignorados. 


Notas Finais


Eai, gostaram? Já dá pra relaxarem agora, né? Eu disse que tudo fica bem no fim, igual nos filmes da Disney…

Tenho alguns pontos que preciso comentar com vocês aqui.

1 - A gestação do Taehyung vai durar menos que uma gestação humana.

2 - Vai durar por volta de 28 semanas, que equivalem a sete meses de gestação. Por quê? Justamente para diferenciar de uma gestação humana comum, já que eles são lobos também.

3 - Se fosse uma gestação humana, os bebês seriam prematuros, mas como não é o caso, tenham em mente que eles vão nascer saudáveis, com o peso certo, o tamanho certo, e etc… e não vão ficar na incubadora.

4 - Os nomes dos bebês começam com Y, alguém se arrisca?

Bom é isso, quando eu tiver data definida para o próximo capítulo, eu aviso vocês.

Até uma próxima att 🐴🌿


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...