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História Eu vou só conhecer os pais dela - Entrevista (parte 2)


Escrita por: Renan_Shoujista

Capítulo 3 - Entrevista (parte 2)


O irmãozinho da Luíza distraiu um pouco a mãe com alguma conversa sobre um brinquedo, eu estava meio ansioso pra prestar atenção nisso. O pai se atentou à televisão por um momento. O Jornal Nacional ainda não tinha acabado e estava noticiando algo ruim envolvendo o presidente, o que o fez resolver abaixar o volume até ficar praticamente mudo, pois ele nitidamente não gosta que outras pessoas ouçam coisas ruins sobre o presidente Bolsonaro.

- Vai fazer 16 esse ano? – perguntou ele.

- Não, só ano que vem.

Eu não menti, mas se minha resposta fosse afirmativa o coroa teria ou perguntado se eu pretendia votar em alguém, ou tentando me puxar pro lado dele. Que inferno seria ter que fingir que ligo pra essas coisas. E os que ligam costumam ser os que menos sabem.

- Bem, pode dizer um pouco mais sobre como surgiu essa afinidade entre vocês? – quis saber a mãe, que talvez tivesse ouvido meu estômago roncar e resolveu me torturar mais ao invés de aprontar a janta.

- Ah, a gente chegou a fazer uns trabalhos em grupo, temos alguns amigos em comum então a gente também se falava com alguma frequência no recreio. – sim, me pareceu que dizer recreio ao invés de intervalo seria uma boa pra não ficar óbvio que eu queria parecer mais adulto, até porque eles provavelmente veem ela como meio infantil ainda.

- É, a gente troca uma ideia, mó legal. – foi dizendo ela – Apresentando bandas um pro outro, nosso gosto é meio parecido.

- Ele também ouve aqueles coreanos? – perguntou o pai dela, com tom zombeteiro de quem quer tirar alguém do armário.

- Menino não ouve essas coisas. – disse o pequeno Breno, enquanto mexia num joguinho portátil.

- Tem muito menino que ouve sim! – disse Luíza, inconformada. – Mas não, ele não ouve muito isso, pelo menos não as boy bands, mas tem umas músicas soltas em coreano que ele gostou também. De resto a gente ouve muita coisa em comum.

- Ah, seu pai e eu éramos assim também. A gente emprestava CD direto, ia nas festas e parava de conversar quando tocava alguma música que a gente gostava.

Estava achando que finalmente tinham dado uma pausa nas perguntas. Eu tinha ensaiado até pra se fossem perguntar o tamanho do meu “instrumento”. Acho que não teria problema em admitir 13cm porque não achariam que eu ia machucar ela, mas também iam pensar que tinha chance de crescer mais caso achassem que a filha ia prefe... argh, um jovem ansioso pensa muita merda inútil. De qualquer forma, não parou por aí.

-  Você é bom de matemática que nem a Luíza? Ou prefere outras matérias? – perguntou a mãe.

- Ah, em matemática eu sou normal. Não sou dos melhores nem dos piores. – respondi, lembrando que como 70% da turma eu ficava de recuperação todo semestre, mas não todo bimestre.

- Negócio dele é mais educação física, redação... – disse Luíza.

- Nessas eu era bom também. – disse o pai, pra minha felicidade.

- Ah, história também. – respondi, ao lembrar do dia em que a Luíza comentou que a mãe era fanática pela história do Brasil.

- Hmm, que dia o Brasil foi descoberto? – perguntou a mãe, sorrindo, mas claramente em tom de desafio.

- Em Abril de 1500. Acho que dia 20... e algo.

- 22 de Abril. É, até que sabe.

Ela provavelmente achou isso do mesmo nível de não saber com exatidão o dia da independência. O sorriso cínico só podia ser por ter me encurralado. Quem diz que loiras são burras se engana. Eu não podia deixar ela me testar mais.

- É, mas acho que toda matéria tem coisas boas que dá pra tirar delas. – disse eu, tentando não falar com voz trêmula.

- Pretende ser o quê quando cresc...

- Pai, quando a gente vai comer?! – perguntou o gurizinho, impaciente, interrompendo a pergunta do pai.

- Logo mais eu acho que a gente já pode, né?

- Tem razão. Vamos aprontar isso então.

Pedi licença pra ir ao banheiro. Eu já tinha feito xixi antes de sair de casa, eu não estava realmente com vontade. Entretanto, eu não podia lembrar daquele dia como algo que me deixava puramente ansioso. A simples derrota seria o fim, e a simples vitória talvez não compensasse toda a tensão e o tempo perdido me preparando. Não se enganem pelo meu jeito contido e metódico, ainda sou um jovem que busca fortes emoções. Eu precisava de uma lembrança emocionante, e ia concretizá-la no banheiro.

Eu tinha que ser rápido, ou levantaria suspeitas. Tinha me aproveitado da distração dos velhos pra olhar um pouco para o corpo da Luíza, corpo esse que me mesmo conhecendo apenas vestido, me fascinava, e cuja vaga lembrança já tinha me feito em outros dias ter fantasias que me distraíram temporariamente de crises existenciais. Estava prestes a me sentir um fora-da-lei, explodindo uma discreta granada em território inimigo. Fechei a porta do banheiro e, sentindo os hormônios cada vez mais fervendo, rapidamente peguei o celular, acionando o cronômetro enquanto abaixava as calças com a outra mão.

Não vou descrever com muitos detalhes o resto. Apenas deixei minha imaginação trabalhar e, em menos de um minuto (de acordo com o cronômetro), meu trabalho estava feito. Eu ainda estava tenso, tentando conter o som da minha respiração, além de reprimir uma risada, enquanto começava a eliminar as evidências. Encarei com um meio-sorriso o redemoinho parcialmente esbranquiçado que se formava na privada durante a descarga, e rapidamente fui lavar minhas mãos duas vezes seguidas. Ainda bem que eles usavam sabonete líquido.

Saí como se nada tivesse acontecido, torcendo pra ninguém da casa ter cronometrado e percebido que fiquei quase 3 minutos lá dentro. Pelo menos não era suficiente pra alguém sequer suspeitar que fiz algo que poderia alterar o cheiro do recinto. Com cara de santo, retornei para a sala.



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