História Even the Sun sets in Paradise - Confusões...

As horas passaram e logo deu 22:00h e o Restaurante estava praticamente vazio. Só restava o meu grupo.
Fui ajudando a arrumar, limpar e montar as mesas para o dia seguinte e fui petiscar qualquer coisa na cozinha. Depois voltei ao salão e fiquei no bar a arrumar tudo.

Logo Lucas chamou-me.

-Faça o favor?- disse eu.

-Parece que já tá fechando e a gente tá atrapalhando vocês, né? Traz a conta por favor? Dá pra pagar com o cartão?- perguntou ele.

-Dá, eu já trago.- respondi e fui tirar a conta e buscar o MB.

Voltando a mesa, entreguei a conta a Lucas. Ele logo entregou-me o cartão e eu fiz o pagamento entregando-lhe o MB para que pusesse o código.
Assim que foi aprovado entreguei o talão e o cartão a Lucas e voltei a caixa para tirar o talão detalhado com o pagamento já feito .
Voltei a mesa com o nosso livro da praxe com a conta já detalhada dentro e agradeci afastando-me.
Voltei para a caixa e comecei a fazer o fecho da noite.
Quando Voltei a olhar para a mesa eles já lá não estavam, então apercebi-me de um borburinho que vinha da receção. Era Albert despedindo-se deles, ao que parei e fui lá despedir-me e agradecer a noite.
Assim que saíram fui limpar a mesa deles que faltava.
Ao guardar o livro, verificamos sempre se este está vazio e pronto para a próxima utilização. Quando levantei o deles ao verificar vi que tinha um envelope dentro com o meu nome… Guardei-o.
Eram 23:00h quando saí do restaurante. Tinha meia hora para chegar ao Pub, mas como? Olhei em volta e decidi que o melhor era esperar pelo autobus, assim ainda ficava com dinheiro suficiente para voltar para casa de táxi.

Cheguei atrasada cinco minutos mas Alex não se importou. Vesti a farda e maquiei-me.
Ao sair para a zona de clientes esta estava tão cheia. É costume encher as sextas mas hoje estava o dobro do costume. Logo que consegui agarrar uma bandeja e um pano fui dar uma volta e limpar mesas.
Apos isso tudo ainda recolhi pedidos de umas 10 mesas e uns 3 clientes no balcão.

Logo Alex veio chamar-me para ir fazer aquilo para que fui contratada a principio. A meia hora de musicas retro cantadas ao vivo. Lá fui eu para o meu cantinho. E durante meia hora “vomitei” musicas dos anos 60, 70 e 80.

Quando ia começar a cantar a última após ter saído uns 5 minutos, quando me sentei olhei em volta e dei de caras com ele… ou melhor … eles, Leandro e Lucas, sozinhos sentados na mesa junto a janela. Lucas não parava de olhar para mim e eu sinceramente também não conseguia desviar o olhar. Fiquei tão envolvida que a musica tocou e eu fiquei muda. Só o pontapé do guitarrista é que me acordou.
Lá começaram a toar de novo e eu fiz o meu trabalho. Uma musica bem old school, mas com um novo swing.

“You're just too good to be true
I can't take my eyes off you
You'd be like heaven to touch
I wanna hold you so much
At long last love has arrived
And I thank God I'm alive
You're just too good to be true
Can't take my eyes off you

Pardon the way that I stare
There's nothing else to compare
The sight of you leaves me weak
There are no words left to speak
But if you feel like I feel
Please let me know that is real
You're just too good to be true
I can't take my eyes off you

I love you baby
And if it's quite all right
I need you baby
To warm the lonely nights
I love you baby
Trust in me when I say

Oh pretty baby
Don't bring me down I pray
Oh pretty baby
Now that I've found you stay
And let me love you, baby
Let me love you”

“Meu Deus com tanto bar nesta cidade eles tinham logo que vir aqui parar?”- esta frase pairava na minha cabeça.

Quando a musica ao vivo acabou voltei ao serviço de mesa.
Fui ao bar buscar uma bandeja e um pano de novo e voltei a limpar as mesas e levantar os copos vazios. Depois de limpas, fui tirar alguns pedidos.
Logo acabei por chegar a mesa onde eles estavam sentados.

-Oi… vão querer alguma coisa?- perguntei enquanto limpava a mesa.

-A sua companhia era ótimo, mas parece que este também é seu lugar de trabalho.- disse Lucas sorrindo.

- É, como eu disse no restaurante,tenho que pagar casa contas e propinas.- respondi.

-Mas será que isso não é demais pra você? Ainda por cima você também estuda.- disse ele um pouco mais sério.

-É mas tem que ser. Tenho casa e contas para pagar, comida para comprar, propinas para pagar. Acredita, mesmo com dois trabalhos muitas vezes passo dificuldades. Por isso sei que é apenas o que é necessário.- respondi.- Mas agora digam lá… vão querer alguma coisa?- perguntei.

-Eu quero uma vodka.- disse Leandro.

-Pensava que não bebiam álcool.- disse eu elevando as sobrancelhas.

-Isso é aí com o meu irmão… mas ele já vai bebendo qualquer coisa.- Respondeu ele fazendo caretas para Lucas.

-Pow cala a boca caçula, ta me zoando?- disse Lucas dando um pequeno tapa na cabeça de Leandro.

-E o Senhor Lucas?- perguntei rindo.

-Senhor tá lá no céu… Trás aí uma vodka também!- disse ele sorrindo.

-É pra já.- respondi afastando-me.

Tava difícil passar por aquela multidão, ainda mais com uma bandeja cheia de bebidas e sem ninguém se preocupar para não esbarrar. Lá consegui fazer a minha ginástica milagrosa e furar aquela multidão. Após servir as outras três mesas lá fui servir os manos. A minha cabeça estava a mil… os pensamentos não paravam.

“Será que Deus esta pondo-me a prova? Já passei por tanto nesta vida, já sofri tanto já confiei em tanta gente acabando por magoar-me cada vez mais. Já perdi e já ganhei tanto nesta via, já aturei as coisas mais absurdas… Mas afinal o que se passa comigo? Marla, Marla… volta ao trabalho e esquece o resto que é melhor! Maneias com as coisas e depois da em merda!”

Assim que me aproximei da mesa sorri e entreguei as bebidas.

-Desculpem a demora, é que o Pub hoje está mais cheio que o normal e tá difícil passar pela multidão.- disse sorrindo.

-Não faz mal… mas me diz aí, você sai a que horas?- Perguntou Lucas.

-Normalmente as 02:00h mas hoje penso que vou sair mais tarde para ajudar a arrumar o Pub. Ou seja até fechar as 04:00h.- respondi afastando-me.

-Não faz mal, a gente espera… não vai embora sem a gente tá?- disse Lucas logo que me agarrou no braço.

-Mas esperar-me porquê? Pra quê?- perguntei.

-Pra te levar a casa e falarmos um pouco… mas sem atrapalhar seu trabalho.- respondeu ele.

Fiquei sem reação… apenas sorri e fui embora para o bar.

“Este gajo é tão chato… meu Deus que chato e insistente!”- pensava.

De repente fiquei presa no meio de uma briga.

“A sério? Dois bêbados com garrafas partida?”- pensei em modo estátua.

Eu não podia deixar aquilo continuar, ainda alguém se matava ali. Joguei a bandeja feito um Frisbee acertando a cabeça de um deles. OI outro já ia em cima dele e eu corri e meti-me a frente agarrando e puxando a garrafa partida da mão dele. Resultado? Óbvio, cortei-me toda, mas ainda consegui dar um murro no gajo apagando-o. Mesmo, com aquela bebedeira não era para menos. Agarrei na bandeja, mas ao andar para trás tropecei num deles e caí em cima de um monte de cacos e cortei o braço fundo. O reboliço foi tão grande que Alex logo chegou ao pé e ajudou-me a levantar. Fui para a área de serviço.
Estava a passar o braço e a mão por agua para retirar qualquer vestígio de vidros que pudessem estar entre os cortes, e logo fui buscar o soro a caixa de primeiros socorros para lavar as feridas devidamente quando Alex se aproximou de mim.

-O que foi que se passou ali? Deixa lá ver essa merda!- disse ele puxando-me o braço.

-EI, tem calma aí… tá feio mas não te importes não te vou dar despesa.. vou ao hospital sozinha.- respondi, pois sabia que apesar de o contrato me dar direito a seguro Alex era demasiado mão de vaca para aceitar pagar a taxa de acidente.

-Ainda bem!!! Preciso de ti aqui amanhã!!! E sabes muito bem que quem se armou em Rambo foste tu, ninguém teve culpa dessa merda muito menos eu! A inconsequente foste tu!- disse ele aos berros com o dedo enfiado na minha cara.

-ACABOU!!! Faz o que quiseres amanhã, porque agora vais é fazer as minhas contas!!! – disse ao gritos.

-Tás louca? Quero-te aqui amanhã!!!- disse ele enfiando novamente o dedo na minha cara.

-Pensas que me metes medo? Sei muito bem que o contrato que me fizeste é ilegítimo, posso lixar-te se bem entender!!!- respondi em baixo tom. Indo buscar as minhas coisas.

Logo saí para a frente bar e enrolei uma toalha no braço e mão.

-Mas tu pensas que estás a ameaçar quem?- disse Alex aos berros agarrando-me no braço e levantando o seu pronto a bater-me.

Robert e Flávio logo o agarraram sem deixar que me tocasse. Gerard o gerente, deu-me um envelope com £500 e um cheque com £3500 pois era muito para dar em mãos.

-Vamos sentir a tua falta… Aparece para te vermos de vez em quando.-disse Robert.

-Vais para o JAMM’S?- perguntou Gerard.

-JAMM’S, Camelion, FOCU’S! O que não falta são ofertas para ela escolher.Burro é este idiota!- disse Flávio.

-Calma, eu não vou desaparecer…nem esquecer ninguém. Não se preocupem eu apareço. E depois aviso da concorrência Gerard.- respondi.- Agora tenho que ir, já tou a ver que vou ter que levar pontos.