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História Every Day - 00:05


Escrita por: stopbitchin

Capítulo 6 - 00:05


* Adam P.O.V *

- O cérebro dela está com a atividade cerebral normal. - Melody disse enquanto brincava com os meus dedos.

- Hum - disse.

Um mês inteiro se passou desde que nos falaram sobre o aumento da atividade cerebral dela. Durante este mês, a Melody tem estado mais tempo comigo. 'Para não te perderes nos pensamentos' ela dizia sempre que lhe perguntava o porquê de tanta atenção. Acabei por desistir de a afastar uma semana depois. Mesmo que eu não falasse com ela, ela passava o dia comigo. Embora nunca entrasse comigo no quarto da Char. Achei isso estranho mas nunca disse nada.

Melody era a melhor amiga da Charlotte. Embora não estudassem juntas, sempre que o tempo o permitia, estavam juntas. Lembro-me de deixar a Char em casa dela depois de um dos nossos encontros e a Melody estava lá em casa. Charlotte disse-me que elas se conheceram no dia da morte da mãe da Melody. Nunca perguntei mais pormenores sobre esse assunto com a Char. Muito menos com a própria Melody. 

- Eles dizem que... - ela suspirou e parou o que estava a fazer para se afastar de mim e me encarar. - Eles dizem que a probabilidade de ela acordar é muito maior agora que há duas semanas que ela respira sozinha. - ela parou de falar, provavelmente à espera que eu dissesse algo: coisa que não fiz. - Mas ainda estão preocupados com os danos. 

Eu não disse nada novamente. Não me interpretem mal, eu estava no sétimo céu com a possibilidade dela acordar. Só não achava que conseguisse. A culpa que me consumia lentamente passou a consumir-me muito depressa com o pensamento de a ter de volta.

- Não estás feliz por isso? - ela perguntou depois de se voltar a encostar a mim e continuar a brincar com os meus dedos.

- Estou - disse simplesmente. Encarei as mãos dela que se entretiam com os meus dedos da mão direita. - Tenho saudades dela. - admiti.

O corpo dela ficou tenso e, com um pigarreio, afastou-se de mim levantando-se à minha frente.

- Eu também - ela disse rapidamente. - Devíamos ir andando para o hospital. - Ela disse quando se virou de costas para mim. 

Este foi um dos momentos em que Melody me convenceu a sair do hospital. 

Levantei-me rapidamente, apoiando-me na relva macia e desencostando-me da árvore que tinha atrás de mim. O parque estava cheio, o que diminuiu para zero  a nossa possibilidade de nos sentarmos num dos bancos de jardim. 

- Está tudo bem? - perguntei quando Melody não disse nada o caminho todo. Ela era o tipo de pessoa que tem sempre algo a dizer, independentemente da ocasião. Às vezes o que ela dizia nem fazia sentido mas deve ter sido isso que manteve a minha mente sã estes últimos dias.

- Sim, claro! - ela disse e sorriu logo depois. - Eu quero um gelado, queres? Apetecia-me uma pastilha mas como alí há gelado com sabor a pastilha, assim é mais divertido! - ela disse. Vêm o que eu disse? 

- Claro, vamos lá - disse a rir.

Depois de um grande gelado de morango para mim e de pastilha para ela, fomos diretos ao hospital. 

Entrei no quarto habitual. Embora este seja o quarto de sempre, parece muito maior. A ausência da máquina respiratória, que era a maior, abriu o espaço, tornando o quarto mais amplo.

Sorri ao ver a minha menina deitada na cama. Ela já não tinha aquele tubo azul na boca. Essa tem vindo a ser a coisa que eu mais noto quando entro no quarto. Ela tem respirado sozinha e isso era um ótimo sinal. Ela parecia estar a dormir. Nada diria que ela estava em coma. Quer dizer, se não olhássemos para o grande ecrã cheio de ondas no canto esquerdo do quarto. Este era agora o ecrã que eu mais prestava atenção. O ecrã dos batimentos cardíacos fazia o habitual barulho a cada batida. 

O sentimento de culpa atingiu-me novamente. Ela não merecia nada disto. 

- Sim, vamos só observar... - o Doutor Curtis disse para alguém atrás dele e parou quando me viu. - Ah, boa tarde. - ele disse.

- Boa tarde Doutor. - eu disse. Posso sair se estiver a interromper. - acrescentei. 

- Não, tudo bem! - ele disse e sorriu fraco - Vínhamos só verificar como estava tudo por aqui. - ele disse.

- Pode entrar se quiser, eu cheguei à pouco tempo - disse quando ele não entrou.

- Tudo bem, pode ficar, nós estaremos no quarto ao lado se precisar de alguma coisa! - ele disse e olhou feio para quem quer que estivesse do outro lado da porta. 

- Está bem. Obrigada doutor.

O médico sorriu e saiu, fechando a porta. Pude ouvir sussuros do raspanete que alguém estava a levar do outro lado. Ri-me sozinho.

Olhei novamente para a minha menina.

- A tua mãe disse que as tuas mãos já não estão tão frias. - disse baixo ao aproximar-me dela.

Há muito tempo que tinha parado de lhe tocar. As mãos que antigamente estavam sempre quentes (independentemente da temperatura exterior) tinha-se tornado frias. 

Sentei-me na poltrona que estava ao lado da cama. Ao pegar na mão dela, uma lágrima escorreu pela minha cara: as mãos dela estavam novamente quentes. A circulação dela estava de volta ao normal. Limpei rapidamente a cara e peguei na mão dela com ambas as minhas mãos.

- Eu tinha tantas saudades de te dar a mão. - disse ao entrelaçar os nossos dedos. Um arrepio percorreu o meu corpo com os pensamentos que invadiram a minha cabeça. Decidi ignorá-los e continuar. - Eles disseram que provavelmente já me consegues ouvir.

Embora não estivesse a obter nenhum tipo de resposta, falar com ela trazia-me algum tipo de paz. Saber que a qualquer momento ela podia voltar para mim e eu tinha a oportunidade de me redimir por tudo. Encostei a minha cabeça às nossas mãos e fechei os olhos. 

Sem perceber que estava demasiado cansado, deixei-me adormecer levado pelo som do coração dela. 



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