História Every Time You Lie - -J

Acordei assustada, o sol penetrara no quarto deixando ele iluminado o suficiente para qualquer pessoa acordar, Chris ainda dormia, fui preparar o coquetel de remédios, era ridículo, demais.

Entrei no quarto ele ainda dormia, isso era normal era sete da manha, o acordei com calma e ele abriu o olho com um pouco de dificuldade por conta da luz, eu ri fraco e lhe dei dois comprimidos e um copo d’agua, peguei meus seis comprimidos, eram vitaminas, para a gravides e pra mim, todos eram capsulas, e tinha também, um fraco com um liquido marrom que o medico me mandara tomar, mas eu nem me ousaria a tocar algo daquela cor nojenta.

Fechei as cortinas e o deixei dormir mais um pouco. Já nas escadas já notava o maravilhoso cheiro do pão com queijo sendo queimado, o cheiro era tentador, logo o segui, no meio do caminho fui abordada por uma mulher um pouco mais baixa que eu e com os cabelos pretos, ela disse que me mandaram um envelope e eu deveria abrir com urgência, ela teria o colocado em cima da mesa no escritório, agradeci, a proposta me atentava, fui até o escritório, e lá estava um enorme envelope.

Sentei-me e o abri com a ajuda de uma pequena adaga que eu mantinha em um comprimento secreto da mesa, lá havia vários papeis transparentes, talvez pra não quebrar algo, ou sei lá.

A primeira coisa que vi foram alguns dinheiros, desconhecidos, talvez Brasileiro, por ser ‘Real’, coloquei as varias notas do lado da caixa, e lá havia uma passagem, pro Rio, uma carta que coloquei junto com o dinheiro e a passagem, e um celular, um BlackBerry simples, porem com um chip brasileiro, nos contatos só haviam dois números, um com o qual o nome era “J” e o outro era “G”, estranho mas tudo bem.

Agora a caixa estava vazia, peguei a carta e comecei a ler.

“Selena,

 Sei que faz tempo que não nos vemos, e sei também, que sinto falta de você.

Bom, sem cerimônia, quero lhe convidar pra algo que sei que não faz desde que encontrou a pirralha naquele galpão, estou no Brasil, e eu quero que você me ajude, não recuse, eu lhe darei uma boa razão para vir, confie em mim, você vai adorar.

 Estou lhe aguardando, um jato vai ser enviado pra ti quando mandar um ‘Sim’ pro ‘J’ que esta no celular que esta na caixa, eu espero que venha...

Obs: Te garanto muita grana!

-J“

Eu não sabia oque fazer, aceitar era tentador, mas e minha família, o Chris, esta doente, e eu também, eu não posso deixa-lo por causa de uma caixa.

Sem pensar duas vezes mandei “Não, obrigada”, deixei o celular em cima da mesa, e sai da sala, quando iria fechar a porta o mesmo tocou, uma mensagem, nela dizia “Tudo bem, esteja pronta em uma hora, o jato vai te esperar no Aeroporto internacional de Toronto, vou lhe mandar um motorista, traga roupa, e comida, o suficiente pra sobreviver uma semena”.

Oque eu via, era que eu não tinha escolha, admito, estava com saudades de uma aventura, mas nem tanto, tenho família agora, isso nem sempre é seguro, ainda mais com a gravidez.

Fui à cozinha, comi pensando na proposta, quando terminei engoli o resto do suco e subi devagar, seria algo que traria mais dinheiro, as empresas não estão lucrando como lucravam antes, e eu nem falo com o pessoal que armava os roubos ou coisa do tipo.

Entrei no quarto e ele acabara de sair do closet.

– Chris – Ele ainda estava um pouco exausto – Quero falar contigo!

– Diga – Ele arqueou uma das sobrancelhas.

– Bom, me mandaram um envelope que tá mais pra caixa, mas isso é detalhe. – Me sentei em uma das poltronas que havia perto da janela – Eles pediram minha ajuda, algo que envolve algum roubo ou coisa do tipo, e eu não sei devo aceitar...

– Não – Ele se levantou e saiu andando

– Chris! Não sai andando sem mais nem menos, quero uma opinião, um conselho ou qualquer merda.

– Selena, quase perdi você recentemente, e você tá gravida, e não, eu não posso deixar que você vá, mesmo que seja ali na esquina – Ele estava tentando se controlar pra não explodir, eu podia sentir isso – Onde é mesmo?

– Rio de Janeiro – Bufei – Desculpa, eu sabia que depois de tudo oque aconteceu você não deixaria, eu concordo, eu amo você e concordo com tudo oque você diz, mas Chris, eu realmente preciso de um tempo, não estou conseguindo me manter firme, não com você nesse estado, eu tento ser forte, tento, quando não estou perto de ti eu choro mais do que tudo, você acha que eu não ligo, cara, olha o jeito que você está, eu amo você, e ambos sabemos que isso me faria esquecer tudo isso de eu desmaiar por dias e tudo mais...

– Desmaiar por dias? Foi isso que o medico lhe disse? Selena, você entrou em coma, em coma por afundar em uma agua, como se fosse só isso, você teve parada cardíaca, você morreu e voltou umas três vezes, e ainda ficou três semanas em coma, não foi só um desmaio de gravidez, uma gravidez de risco, depois do que aconteceu você acha que eu ficaria como? Eu não comi direito nas três semanas, o máximo que comia era algum salgado naquela merda de cantina de hospital, e olhe lá, eu esta sim desidratado, mas eu não te culpo, eu me culpo, por ter ficado ao teu lado vinte e quatro horas por dia, não estou fazendo drama não, eu só não quero que você vá pro sul do continente correr perigo, eu te amo, mais do que tudo, mas você não pode ir, por favor, não vá.

– Chris – Eu tentava engolir as lagrimas que eram como laminas na minha garganta – Desculpa – Ele respirou fundo e sai do quarto, olhei pra cima tentando evitar o choro, tentando e tentando, me levantei e fui até a porta, a tranquei e me joguei na cama, me cobri até a cabeça e comecei a chorar, sem para.

Fique meia hora chorando até o maldito celular apitar, era outra mensagem, algo como me cobrando o tempo, não conseguia ler direito pelo fato das lagrimas e de que o visor estava claro demais pra quem estava chorando.

Me descobri e me sentei na cama, respirei fundo, joguei o cabelo pra traz e o prendi em coque, fui até o closet, peguei uma mala grande, coloquei roupas confortáveis e flexíveis, botas, de preferencia botas, um biquíni por ser o Brasil eu teria que ir a alguma praia, alguns casacos, e uma pequena bolsa com algumas maquiagens simples e coisas necessárias pra minha higiene, coloquei os remédios dentro dela e a fechei, coloquei na mala e fechei a mesma.

Desci até a cozinha, fui direto a ele, disse tudo oque estava guardado, disse minhas incríveis habilidades, e que eu não me machucaria, não além do que estou me machucando aqui, vendo ele mal e tudo mais, ele aceitou a minha oferta, que voltaria em um mês no máximo, e que quando voltar minha barriga já estaria maior, talvez, e ai poderíamos cuidar do nosso bebe, eu e ele, nos.

Um carro preto chegou, eu me despedi de todos, disse que mandaria mensagens para o Chris quando desse, e quando eu chegar eu ligaria.

Entrei no carro e o silencio dominou o tempo todo, o jato típico particular estava no aeroporto me esperando, eu iria sozinha, digo sozinha pelo menos onde eu poderia ver, por que havia seguranças escondidos no jato, eles me alertaram, que qualquer coisa que acontecesse eu deveria dizer ‘bilybob’ e dois seguranças apareceriam e tudo mais.

Me sentei em uma poltrona ao lado de uma janela, peguei o celular e lá havia uma mensagem dizendo ‘Obrigado por vir’ e um sorriso, aquele ‘J’ era tão, não sei, estranho, por que ‘J’, poderia ser qualquer outra letra, reli a carta, duas vezes, ai sim percebi.

Pirralha? Aquela curva estranha no ‘J’ e a caligrafia, era reconhecível em qualquer lugar, era dele. Era o Justin.