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História Everything - Timeless


Escrita por: Xodott564

Notas do Autor


Olá, seja muito bem-vindo para mais um capítulo!
Começando por aqui, esta é, particularmente, a minha parte preferida da fanfic. Acho que isso se deve ao fato de eu ter colocado muito de mim mesma nela.
Mas bom, chega de enrolação, não é?
Boa leitura, querido!

Capítulo 5 - Timeless


Fanfic / Fanfiction Everything - Timeless

Okay, talvez o Mark estivesse exagerando quando disse que não tinha conversado com Jisung e Haechan pela eternidade. Eu não lembro em que local ouvi isso, mas, sempre internalizei o fato de que "para sempre" é algo muito forte. Determinar um ponto em uma linha temporal é coisa demais. Muita responsabilidade. Não sei se já ficou claro, mas ele é alguém irresponsável. Do tipo que diz que quer voar; do tipo que sente que quer ser amado e que quer dar amor, para alguém de outra dimensão.

Eu achava Mark um maluco sem escrúpulo algum. Totalmente desprovido de sabedoria mínima ou licenciamento conceitual para estar vivo. E isso não é um exagero, eu realmente penso desta forma. E Chenle, nem me diga. Ele é, sem sombra de dúvidas, a pessoa mais maluca que eu já tive o desprazer de conhecer, de cruzar o caminho. Ele era idiota até ao falar. Quando eu ouço que ele pediu o Jisung em namoro sem nem ao menos saber se o que estava sentindo era real, eu tenho vontade de socar seu rosto bonito até que fique inconsciente. De novo, não é um exagero.

Eu não tenho muito o que dizer sobre Jeno. Ele seria o tipo de estereótipo perfeito para um filme clichê de contos-de-fadas. Em outros casos, eu era apaixonado por ele desde que me lembrava dos meus atos. Com Jaemin era a mesma coisa. Eu não vou entrar em detalhes, estou muito adiantado na história.

Me chamo Huang Renjun. Nasci em Plutão, planeta considerado anão pelos astrônomos especializados da Terra. As vezes eu me pergunto, porque, em todas as dimensões iguais e diferentes, justo na minha nós tivemos que ser obrigados a morar na Terra. Aquele planeta era a própria encarnação do inferno, se é que isso existe. Talvez você pense que eu estou exagerando, mas, ao tentar respirar a atmosfera do planeta azul e sentir cheiro de poluição, eu só pensava em voltar para o meu tão amado Plutão.

"Anão" é uma palavra muito forte. Alguns dizem que ele foi "rebaixado" à essa classificação, por não ter tamanho o suficiente para fazer parte dos principais planetas do Sistema Solar. Eu só quero deixar claro que não sou responsável pelos meus próximos comentários daqui em diante, o espírito de ódio que existe em mim precisa falar. Tudo o que senti no momento em que aquela notícia devastadora chegou aos meus ouvidos foi o mais puro e sincero arrependimento. Por que arrependimento? Porque sim.

Isso apenas pelo fato de eu não ter me mudado de dimensão quando tive a chance. Eu estaria feliz, saltitando de alegria enquanto cantava alguma cantiga famosa entre povos não conhecidos em meio ao universo. Eu poderia ter feito isso. Mas não, me derreti pela forma que Jeno e Jaemin chamaram meu nome e desisti de tudo, prometendo ficar ao lado deles em todos os momentos. Diria que aquele foi o pior dos meus piores erros. Lá eu percebi que não importa o que acontecesse, eu sempre voltaria para eles.

Sempre seria atraído de forma espontânea até seus braços confortáveis, procurando por algo que eu não fazia ideia na época. Hoje eu faço. Era correspondência. Correspondência ao sentimento terrível de sentir o coração bater mais rápido ao ver um sorriso. Ou tremer por sentir peles se tocarem, o que era normal antes.

Eu não sabia e nem queria saber do que aquilo se tratava, só abri mão de tudo por eles, e me senti feliz. Só isso que importava. E por que eu digo que foi um erro? Porque não teria doído tanto vê-los chorar por algo que nós não poderíamos ter impedido. Porque eu poderia ouví-los pedir abraços de mim por simplesmente quererem. Mas não, nós só precisávamos estar perto, saber que estávamos bem. Não era muito legal ser apertado pelos dois e gostar, porque eu os ouvia chorar, dizer que sentiam saudade de casa.

Eu também sentia saudade de casa, por isso foi tão difícil saber da decisão dos humanos com relação à Plutão. Era o lugar onde eu tinha nascido, onde eu tinha dado meu primeiro passo, falado a primeira palavra, sentido o carinho de Jaemin e Jeno pela primeira vez. Eu só queria voltar lá, talvez dizer "adeus"? Levar uma lembrança?

Com o tempo eu esqueci tudo sobre o meu planeta; tudo sobre ver o pôr do Sol em Saturno; tudo sobre querer ir para Netuno e sentir frio. Ou apenas observar tudo aquilo do vácuo do espaço, longe de tudo e qualquer coisas. Eu, sinceramente, só queria ter voltado lá, naquela dimensão, com os olhos dos humanos atentos, o que com certeza aconteceria já que eles são curiosos ao extremo, e dizer, em alto e bom som, que eu odiava a Terra.

E não era pouco. Uma richa qualquer que você tem com uma pessoa que lhe fez mal. Não. Eu odiava a Terra com todas as minhas forças. Não me importava nem um pouco com o que os derivados de seres da Terra, chamados terrivelmente e com má fama, de humanos, estavam fazendo com toda a bonita biodiversidade lá. Eles eram destruidores, egocêntricos, egoístas, e tudo o que eu mais abominava em qualquer ser vivo. Seriam capazes de qualquer coisa para ser donos da maior parte do que é o tudo. Isso me fazia querer gritar, explodir em raiva e xingamentos.

Quando eu engoli em seco, aceitando que os humanos tenham insultado meu planeta daquela forma, o suspiro seguinte saiu como vapor. Meu sangue parecia estar fervendo. E não, desgraçado, a pessoa que colocou na sua cabeça que alienígenas têm sangue azul, ou com modificações anormais ao seu, não estava certo. Ele não sabia do que estava falando. Mesmo que eu não seja um alienígena.

Eu apenas subi até o terraço da nossa casa, em silêncio para que ninguém me notasse e, acabei percebendo que não dava para ver as estrelas de onde eu estava. Porque as luzes noturnas, artificialmente criadas pelo ser humano, ofuscavam o brilho dos astros luminosos. O Sol ainda estava em vantagem, ele tinha todo o gigantismo que os seres da Terra deixavam claro que meu planeta não tinha.

E não é um real insulto que o planeta em que eu vivia tenha sido considerado um planeta-anão. É um orgulho, na verdade. Ser relacionado à Ceres, Haumea, Makemake e Éris, de alguma forma, é uma honra. O problema é eles serem considerados anormais por terem algo que os difere dos outros. Esse é o único e exclusivo problema que me atingiu naquela noite. Jaemin e Jeno já estavam dormindo, estavam sempre cansados por passarem tempo demais trabalhando e/ou estudando. Eles tinham sonhos, apesar de estarem num beco sem saída.

Ciências exatas eram a especialidade de Jaemin. Ele passava horas e horas contando sobre o que tinha descobrido. Normalmente eram coisas que nós já sabíamos desde muito cedo e que os humanos conseguiram muito tempo depois. Porque a ganância de viver separados e alcançar tudo sozinhos, os impediam de ter qualquer coisa que os ajudasse como sociedade. Nós fomos justo para o único lugar onde não existia qualquer risco de bons costumes ou boas práticas.

Jeno estudava para ser defensor da lei. Algo que os humanos chamavam de segurança, que se consistia controlar pessoas e fazê-las pagar pelos crimes que foram feitos por alguma causa ou motivo que refletia totalmente no que era a Terra. Nos outros planetas não tinha isso e não deveria ter em qualquer lugar que fosse. Os habitantes da Terra se importavam demais com a normalidade de não fazer coisas normais ou de ser normal. Normal para eles era não ter algo normal.

Eu passava a maior parte do meu tempo escrevendo enquanto ouvia meus dois companheiros de vida falarem por muito tempo sobre seus dias cheios e agitados na cidade grande. Escrever virou uma paixão e também uma necessidade, depois que eu percebi que precisava de algo para não enlouquecer. Não virar um doido de pedra que fica falando com as paredes, como os humanos dizem. Talvez eu devesse ter escrito menos e prestado mais atenção no que estava fazendo.

Talvez eu devesse ter observado em como Jaemin parecia ter dificuldade para respirar. E isso não foi algo repentino, mas que aconteceu gradativamente. Tudo se tornou claro para mim, no momento em que notei que nós estávamos longe um dos outros. E eu não digo fisicamente, mas, era como se eles não estivessem ali para mim e eu não estivesse ali para eles. Talvez parte disso tenha sido culpa minha. Porque eu me fechei até para mim mesmo com a notícia sobre meu planeta. Porque eu queria apenas descontar minha raiva e frustração num silêncio exagerado e não típico da minha pessoa.

Numa noite, estava eu sentado no sofá lendo algum livro de histórias desinteressantes escrito por algum humano sem sabedoria alguma, Jaemin abriu a porta da frente. Seus olhos estavam baixos, o copo de café quase cheio descansava em sua mão, como em todos os dias, e ele tinha aquele bico nos lábios que só fazia quando estava realmente mal. Eu podia não estar bem, mas não deixei de perceber aquilo. Ele só deixou um beijo em minha bochecha e subiu as escadas de nossa casa, devagar, passos leves e ao mesmo tempo pesados. Eu nunca tinha o visto daquela forma.

Ele sempre estava sorrindo, distribuindo abraços e beijos onde quer que estivesse. Sempre estava afobado e energético. Senti uma pontada forte no peito ao lhe ver cruzar o corredor e sumir na escuridão. Ele amava a luz, tinha medo de escuro. Por quê?

– Jaemin... – O chamei, subindo as escadas rápido, queria respostas. Ele não me respondeu, também não adiantou empurrar a porta de seu quarto, estava trancada. – Jaemin, pode abrir a porta? – Perguntei, quase que em um desespero mascarado. Encostei a cabeça na madeira, vi a fresta por baixo da porta apenas mostrar que a luz do quarto tinha sido acesa. Qualquer um poderia achar que aquilo era um avanço. Não era.

– Pode me deixar sozinho? – Por muito pouco eu não consegui ouvir sua voz. Estava tão baixa e tão ressentida, tão diferente. Jaemin não gostava de ficar sozinho, dizia que tinha medo da solidão e de tudo que acompanhava ela. Ele não parecia ter medo naquele momento. Ou talvez estivesse com mais medo do que poderia controlar.

Eu apenas me afastei da porta, andando para trás até bater com as costas na parede. Minhas mãos tremiam, eu queria chorar. Talvez fosse por ver que nada estava bem, normal. Talvez fosse por sentir que eu fiz tudo errado. Eu não conseguia sequer chamar mais por seu nome, minha garganta ardia, meu coração estava apertado. Uma sensação esquisita no estômago fazia eu querer esmurrar aquela porta até derrubá-la; dizer para Jaemin que estava tudo bem, mesmo que não estivesse. Era tudo sobre mentiras, de novo.

Fechei os olhos, me sentei no chão, esperei. Calado. Ver a sombra dele se mover pelo quarto só me deixava mais preocupado. Eu sabia que precisava e que queria fazer alguma coisa. Dor. Tudo doía. Do mais pequeno dos meus cílios, até os principais membros do meu corpo. Respirar doía. Puxei meus próprios cabelos como se aquilo fosse amenizar a ansiedade crescente em mim.

A porta do quarto se abriu apenas muitos e muitos minutos depois. Ele tinha olhos pequenos, parecia ter chorado. O café não estava mais em suas mãos e vestia apenas uma calça folgada, o tipo de roupa que nós fomos obrigados a aprender usar. Os cabelos estavam molhados, pingavam gotas grossas de água em suas costas e ombros. Tudo nele parecia tão lindo.

– Nana... – Aquilo foi tão involuntário que eu nem percebi no momento em que falei. Cada ação, por mais mínima que fosse, aparentava ser demais. Jaemin se aproximou, parecia arrastar os pés descalços, como se aquilo fosse muito difícil, como se também doesse. Se ajoelhou em minha frente e descrusou minhas pernas com suas mãos fortes, mas carinhosas. Ele se colocou entre elas e me abraçou, como se anseasse por aquilo. Eu apertei seu tronco, só queria protegê-lo de toda a maldade naquele mundo. De todas as coisas terríveis que existiam na Terra.

– O que houve? – Nós dois sentimos os braços fortes de Jeno nos abraçar também. Ele estava atrás de Jaemin e parecia aproveitar a maravilha do que era o cheiro do garoto com os cabelos molhados. – Por que você estava chorando?

Ali eu percebi que Jeno podia ser mais observador que eu, e que poderia prestar mais atenção em nossas reações e atitudes, do que eu. Nascido em Plutão e famoso por ser alguém que sabe tudo o que acontece à sua volta. Percebi que eu só sabia do que estava acontecendo em mim, na minha mente. Eu me senti um monstro.

– Estou com saudades de Saturno. – Jaemin respondeu com a voz baixa de novo, me apertando mais contra seu peito, parecia procurar por conforto. Jeno me encarou, consegui ver pelo canto do olho. O que Jaemin falou não era a completa verdade. Dava para perceber, notar que ele estava mentindo. Não era aquele o real motivo de suas lágrimas.

– Hey... – Chamei e segurei em seu rosto com as duas mãos, recebendo a total atenção deles dois. – Sabe que se nós descobrirmos a verdade por outro alguém ou em outro momento, vai ser pior para você, não é? – Aquilo não era uma ameaça, eles sabiam disso. Era só um alerta.

– Você é malvado. – Respondeu, quase no mesmo momento. E depois, sorriu, com todas as partes do tudo que aquele idiota trazia.

– Ele é, não é? – Jeno compartilhou de seu comentário, um tom irritante de pura provocação. –  Você deveria ser um pouco mais delicado, Injun.

– Cale a boca, Jeno. Vocês é quem deveriam ser mais transparentes, porque eu não sei o que está acontecendo.

– Isso nem faz sentido. – Jaemin murmurou, beijou minha testa.

– Eu sei. – Sussurrei e encarei Jeno de novo, ele sorria, como se não soubesse de todas as reações que causava na porra do meu corpo. Beijou uma parte dos ombros desnudos de Jaemin e eu o senti estremecer, suspirando.

– Eu amo vocês. Se algo acontecer comigo, não desistam um do outro.

Nós não conversamos mais depois daquilo, porquê ele me beijou forte, cheio de desejo. As coisas se desenrolaram mais rápido do que eu esperava e quando percebi, nós já estávamos na cama. Sem mais detalhes, minhas bochechas queimam de vergonha quando eu me lembro do que aconteceu. E não de uma forma ruim, aquela foi uma das melhores noites da minha vida. Porque era só nós três e a lembrança de um algo que duraria "para sempre". Sem tirar nem pôr.

 

Determinar um tempo em uma linha temporal é coisa demais. Mas, e determinar um tempo em todas as linhas temporais, de todos os universos e realidades possíveis? Eu sei, é tão demais que ultrapassa os limites. E, mesmo criticando tudo relacionado a esse caso, eu o fiz, sem medo de errar. Sem medo de que algo acontecesse de errado. Sem medo de perder. Talvez eu devesse ter ficado com medo. Talvez eu não devesse ter dito "sim". Não pensei quando apenas fiz o que quis, não olhei para o futuro. Não pensei que veria o "fim do meu mundo".

– Não... – Eu e você. Isso que eu pensei, só isso. Não tinha mais o "s" no final de "você". Só eram duas pessoas. Só eu e Jeno. Sem ele. Sem um dos maiores motivos do meu sorriso. O alguém por quem eu entregaria metade do meu tudo, entregaria a outra metade para o outro idiota que me fazia sorrir igual um otário. Porque eu era um otário por eles.

Porque falar "não" repetidas vezes não faria ele voltar. Não faria eu voltar ao passado e ir contra tudo, levar Jaemin até o espaço. Ele só precisava estar longe do oxigênio, ficar longe de um pouco do que os humanos precisavam para sobreviver. E, só de pensar muito nisso, eu sinto vontade de chorar mais e mais por repetidos dias, apenas tentando acabar com a dor. Ouvir falar de Saturno me doía e não ouvir Jaemin falar também me doía. E porquê tudo no mundo parecia estar se relacionando à ele? Era só eu e Jeno. Só eu e ele.

O horizonte era nosso, todas as marés eram nossas e a natureza era dos humanos, só restavam em nossas memórias. Tinha muita coisa para ver lá fora.

– Jeno, ainda se lembra como viajar interdimensionalmente? – Eu não estava mais pensando quando lhe fiz aquela proposta. Foi num dia comum, Jeno só estava sentado fazendo anotações para o trabalho, e eu cheguei gritando do nada. E era ele quem normalmente fazia aquilo.

Antes de pensar naquela possibilidade, eu estava na cozinha, bebendo suco de limão, enquanto me lembrava de Jaemin e do sorriso dele. E eu fazia aquilo de propósito, suco de limão sempre ajudava a lembrar só dos momentos bons. Suco de limão ajuda em tudo e quem discorda está errado. Infelizmente, só existem limões na Terra e, com minha proposta, eu nunca mais beberia suco de limão, isso era terrível. Por que eu estou falando sobre suco de limão?

– Quer me matar do coração, desgraçado? – Ele me interrogou exclamando, com uma caneta na mão como forma de arma. Ele era fofo.

– Não, Nono. – Respondi, e me sentei no lugar onde ele estava. E, antes de começar a narrar o que eu disse pra ele, vou contar de onde saiu essa ideia maluca. Poucos dias terrestres antes, uma notícia tinha sido espalhada sobre um homem que desapareceu após uma luz ofuscante tomar seu quarto. Ninguém soube o que houve, mas eu e Jeno sim. Se chama viagem interdimensional. E não, eu não estou inventando.

Nós poderíamos viajar entre os tempos, universos, dimensões, e muito mais, se apenas usássemos a matemática. Para você, que disse que nunca iria usar a matemática, você estava errado. Eu decidi que tentaria, ao menos tentaria, voltar ao passado. Eu disse que dizer "não" repetidas vezes, não me faria voltar ao passado. Mas, fazer algumas outras coisas, me ajudaria. Ajudaria à mim e à Jeno.

"Nós podemos tentar voltar para essa mesma dimensão, apenas mudar o número, do "hoje", não funcionaria?" – Jeno me olhava estranho, parecia tentar entender o que eu estava dizendo. – Eu quero dizer, talvez não seja possível. Mas, quero tentar. O Jaemin disse para nós não desistirmos um do outro, eu também não quero desistir dele. – Ele suavisou a expressão, sorriu, seus olhos se fecharam e eu me senti perdido de paixão.

– A forma como você diz algo desse tipo é linda. – Ele comentou e fechou o caderno onde estava escrevendo. Me puxou pelas mãos, para a frente do espelho enorme que o Jaemin tinha colocado na sala. Sorrriu de novo, passou um dos braços por meus ombros, tirou o cabelo dos olhos, ele era lindo. – Pense no número seiscentos mil setecentos e três, com os olhos fechados. Agora, circule o segundo número zero e grife o seis. Toque no espelho e pense no número três acima de uma galáxia. – Parou por um tempo. Era só aquilo? Só concentração? – Se isso não der certo, quero que, antes de tudo, saiba que eu te amo. 'Tá bom? – Olhou pra mim, com as duas mãos sobre as minhas próprias.

– Eu também te amo. – Selamos nossos lábios. E, por mais que aquilo fosse maravilhoso, a falta que o outro idiota que nos completava fazia, era dolorosa, acima de tudo. – E nós amamos o Jaemin. – Murmurei, fechando os olhos e apertando a mão de Jeno.

Ele ficou em silêncio, nós fizemos o que tinha que ser feito e, antes de entrar no portal que se abriu no espelho, ouvi a voz de um dos meus amores, longe. – Nós amamos o Jaemin.

Não vou dizer que não foi algo desesperador sentir o chão sob meus pés ceder. Como se tivesse sumido. Eu me senti flutuar, senti frio. Sobre tudo isso, eu só quis voltar ao passado de novo e ter tomado decisões diferentes. De novo.

Não senti mais a mão de Jeno junto à minha, não senti mais o cheiro de Jaemin, que ainda predominava em todos os cômodos da nossa casa, como se ele estivesse lá. Eu senti medo de abrir meus olhos, senti medo do que aconteceria a seguir. Por isso que eu digo que queria ter sentido mais medo, ter hesitado mais. E feito menos. Mas, talvez não ter medo tenha sido algo bom no final.

Abri os olhos, devagar, receoso do que veria quando o fizesse. E, tudo o que eu fiz depois disso foi sorrir, grande e verdadeiro. Como não fazia à muito tempo, não desde que Jaemin nos deixou. Coloquei as duas mãos sobre a boca, queria chorar, desta vez de felicidade. Porque parecia que tinha funcionado. Eu só não sabia onde estava o Jeno.

Desci até cruzar a barreira da atmosfera de Saturno. E não, não era uma alucinação. Eu senti bem o "queimar e congelar" que aquela ação fazia sentir. Quando bati os pés no chão e vi a poeira levantar, me senti libertado. De certa forma, sentia que podia voar. O que anula totalmente as minhas críticas contra o Mark e o Chenle. Mas, eu sabia que não tinha acabado ali.

Lá, naquela realidade para onde o Jeno tinha me mandado, os planetas ainda funcionavam da mesma forma. Aparentemente, o ano era o mesmo que em nossa dimensão e o que mudava era a dimensão ser diferente. Confuso, mas possível de entender.

Eu só fui até onde sabia ter um memorial aos povos que praticavam viagens interdimensionais. Se tudo fosse igual ao que era antes, seria muito fácil fazer o que eu queria. E vale ressaltar que não era algo do tipo normal. Me lembrava da maioria das coisas a medida que andava pelo planeta, quase saltitando de alegria. Puta que pariu, qualquer um que me visse com aquele comportamento exagerado poderia me comparar com o Haechan. Isso sim seria o fim dos tempos. Mas, eu estava feliz com o resultado. E, sim, estava mesmo comemorando antes de saber se realmente tinha dado certo. Não me julgue.

Sorri grande de novo ao ver todas as informações sobre todas as dimensões conhecidas naquela realidade, lá, expostas, grudadas em uma das paredes de pedra como se não fosse importante. Aquela era a coisa mais importante para mim naquele momento. Eu não estou exagerando. Após obter tudo o que precisava, fui até o último lugar que estivemos antes da mudança, com um pequeno espelho em mãos e o tudo na mente. Vinte mil trezentos e oito. Circular o oito, cobrir o dois, não pensar em galáxias.

– Não, Jeno, você não fez isso! – Ouvi a voz de Jaemin gritar, o vi encarando o moreno como se quizesse o matar. Tinha dado certo? Toda aquela merda tinha dado certo? Driblar os defensores do tempo e criar várias novas linhas temporais, tinha funcionado?

– É idiota, eu ganhei. Você vai ter que fazer o almoço por três semanas. – Jeno exibiu sua conquista, apontando os indicadores para Jaemin, que estava vermelho e parecia contar até dez para não cometer um crime.

– Porra, funcionou mesmo? – Sussurrei, atônito, chocado, sem acreditar. Eles notaram minha presença e, do nada, correram e me abraçaram, como se aquilo não fosse nada demais. – Ah... – Falei, não sabia como agir. Tipo, e se eu fizesse algo errado e fosse dizimado por algum ser de outro universo? Aquela atitude era justificável. – O que houve?

– Não brinca. Você é um péssimo ator, Injun. – Jaemin me explanou, sem nem ao menos dar-me chance de contestar. – Obrigado por não desistir de mim, você é incrível. Jamais conseguiria te agradecer por completo. – Continuou a falar, enquanto me apertava junto a Jeno como se suas vidas dependessem daquilo.

– Sim. Obrigado por pensar em algo tão maluco e fazer dar certo. – Jeno completou, me beijando em todas as partes do rosto, frenético.

– Onde você estava, Jeno? – Eu me referia ao fato de ter ido sozinho para Saturno da outra dimensão. Ele parecia se lembrar de tudo, inclusive, Jaemin parecia saber do que tinha acontecido, mas eu não conseguia ler o tudo do Lee; e só quis criar esperanças. Ser um pouco mais feliz do que eu era antes da mudança.

– Numa dimensão onde a Terra foi invadida pelos "Victorians". Tinham duas pessoas boas demais para morrer lá, e, eu só quis ajudar. Aproveitei sua ideia maluca para concretizar um desejo que tinha à muito pensado. Obrigado. – Respondeu e me agradeceu, eu sorri. Jaemin só riu, me puxando para mais perto como se aquilo fosse possível.

– Você é a luz nos nossos mundinhos, Injun. – Sussurrou, beijou minha bochecha, tocou minha mão. E eu senti meu mundo parar quando nós três decidimos tentar nos beijar. Porque parecia mais real do que a própria realidade. Parecia mais um pouco do que era o meu tudo. Era só eu e eles. Eles.

Se você percebeu que em momento algum eu falei que aquela ideia ridícula tinha dado certo, parabéns, notou algo que nem eu tinha notado. – Vocês infringiram a lei de viagem entre tempo e dimensão. Devem vir conosco para um julgamento conceitual. – Aquela era o idioma dos Victorians, na voz de um Victorian, em tudo sobre os Victorians.

Eu não disse que tinha funcionado.


Notas Finais


Nós terminamos o capítulo intermediário entre a primeira e a última partes! Eu escrevi essas palavras ouvindo "Fim do Mundo", do Jão repetidas vezes enquanto bebia copos e mais copos de suco de limão. São duas paixões que eu descobri enquanto escrevia isso aqui e eu amo esse fato na história dessa fic. Frieza à parte, eu agradeço ao comeback incrível do Nct Dream com Hot Sauce, que apesar de não ter muita semelhança com o assunto aqui, foi grande inspiração para tudo relacionado à esse capítulo.
E claro, sobre o título, eu ainda não consegui tirar a letra de Timeless da minha mente. Porque, por mais que já tenham se passado três anos desde que ela foi revelada, ainda é muito importante pra mim.
Obrigado por ter lido, meu amorzinho. Isso é muito importante e me deixa imensamente gratificada. Tenha um ótimo dia, tarde ou noite. Seja ótimo!


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