História Evidências - Amnesia

   "I drove by all the places
   We used to hang out getting wasted
   I thought about our last kiss
   How it felt, the way you tasted"

  Cara, eu tô surtando. Arrancando meu cabelos. O coração tá acelerado. Só falta fazer um buraco no chão de tanto que eu ando de um lado pro outro.
   É hoje que sai o teste das audição pro Superstar K2. (S/N) está aqui comigo e com meu pai e meu irmão. Ela diz estar calma, mas eu a conheço ela está surtando como eu mas quer parecer calma e controlada.
   Sei que por fora ela está apenas batendo a perna no chão e roendo as unhas. Mas eu sei que por dentro ela está gritando feito uma louca, querendo socar a cara de todo mundo e quebrar a casa de nervoso.
   Minha mãe foi buscar o resultado e ela já está chegando. Quando ela abriu a porta eu dei pulo para o lado dela.
   — E então? Eu passei? Me fala logo, por favor! — eu já estava desesperado, eu precisava saber o resultado.
   — Não sei ainda! Trouxe fechado para abrirmos juntos. — minha mãe me entregou o envelope. Minhas mãos tremiam muito naquele momento.
   Tremiam muito mesmo! Porque eu não estava conseguindo abrir aquela merda.
   — Me dá isso! Eu vou abrir já que você está mal de parkinson¹. — Junghyun tomou o envelope da minha mão e o abriu. Seu olhar sarcastico mudou pra triste em poucos segundos. Meu coração acelerou muito e eu prendi a respiração. — Sinto muito Jungkook, mas... — fez uma pausa dramática quase me fazendo ter um infarto. — VOCÊ PASSOU!!! — me mostrou a folha.
   Todo mundo comemorou e começou a me dar os parabéns. Eu passei nem consegui acreditar naquilo.
   Eu realmente cantava bem, eu realmente tinha talento. Dá pra acreditar nisso tudo? Não, não dá.

   *****

   "And even though your friends tell me
   You're doing fine
   Are you somewhere feeling lonely
   Even though he's right beside you?"

 (S/N) ficou muito animada, assim como eu, e me levou a um lugar que ela tinha descoberto.
   Era lindo! Era como aquelas, sem viadagem, florestas de contos de fadas. Era um lugar mais afastado e tinha muitas árvores bem altas e com as polpas bem verdes. Ela me levou até uma clareira e lá ficamos conversando.
   — Cara estou tão feliz que você passou! — (S/N) estava, digamos assim, "exalando purpurina".
   — Sim! Vai ser incrível! — a garota me abraçou bem forte e me beijou de surpresa.
   Se eu fiquei meio parado no início? Imagina. Nem um pouco! Okay, talvez um pouquinho. Mas logo retribui seu beijo com as mãos em sua cintura.
   Esse foi nosso primeiro beijo. Mas você não disse que estavam namorando? Sim! Mas eu também disse que era um namoro mais infantil. Era apenas pra dizer pras pessoas que estavamos namorando. Tinha sentimento? Claro. Mas não tão intenso como um namoro de pessoas mais velhas. Eramos apenas crianças, fala sério!
   Nos separamos do beijo com alguns selinhos. Olhei em seus olhos castanhos e percebi como eles eram encantadoramente lindos. Essa garota é maravilhosa.
   Ela havia ficado um pouco sem graça pelo o que acabara de fazer e se afastou com o rosto meio rubro.
   — É melhor voltarmos... — desviou os olhos do meu rosto. Ela estava sem-graça, mas fazer o quê? Eu também estava.
   Fomos andando lado a lado até a casa de meus pais. No caminho peguei em sua mão e entrelaçei nossos dedos. Sorri pra ela que retribuiu docemente. Ela era tão fofa!

   *****

 "When he says those words that hurt you
   Do you read the ones I wrote you?"

Chegamos na esquinha da minha casa e (S/N) foi pra casa dela. Meu pai que estava sentado no sofá veio falar comigo.
   — Jungkook-ah! Você nem vai acreditar. — o sorriso do meu pai era tão grande que era contagioso, logo eu estava sorrindo como ele.
   Minha mãe saiu do quarto onde estava assim que ouviu a voz de meu pai.
   — Acabaram de telefonar pra gente, era de uma empresa chamada Big Hit Entertainment. Eles acharam você muito talentoso e te chamaram para ser um trainee. — minha mãe disse com um sorriso no rosto.
   — Treinee? Isso é incrível! O dia está ficando cada vez melhor! — eu já estava explodindo de felicidade. As notícias só melhoravam.
   — Mas tem um porém... — meu pai falou calmamente, como se evitasse alguma reação minha. — A empresa é em Seul, então teriamos que ir morar lá.
   — Ainda não demos a resposta a eles. Deixaremos você pensar Jungkook-ah, decida o que seu coração mandar. — minha mãe veio até mim e beijou minha testa.
   Concordei em pensar, era realmente uma grande oportunidade.

*****

  "Sometimes I start to wonder
   Was it just a lie?
   If what we had was real
   How could you be fine?
   'Cause I'm not fine at all"

 Eu não sabia o que fazer! Ir pra Seul e seguir meu sonho de ser cantor era tudo que eu mais queria na vida.
   Mas ir pra Seul não significava apenas seguir meu sonho e ser feliz. Ir pra Seul significava deixar toda a minha antiga vida pra trás.
   Ir pra Seul significava deixar (S/N), significava deixar Daekyun, significava deixar todos os meus amigos e minha namorada. 
   Ir pra Seul significava jogar a minha felicidade na lata de lixo e seguir meu sonho atrás de uma nova felicidade.
   Abandonar tudo o que tenho aqui para seguir meu sonho de ser cantor, mas abandonar o sonho que eu e (S/N) sonhamos de ficar juntos pra sempre.
   Iria ser difícil mas eu tinha que fazer isso.
   Desculpe (S/N)! Mas eu vou ter que abrir mão da nossa paixão de criança para começar a pensar no meu futuro.

*****

  "I remember the day you told me you were leaving
   I remember the makeup running down your face
   And the dreams you left behind
   You didn't need them
   Like every single wish we ever made"

 Respirei fundo e entrei no quarto de (S/N), ela estava mexendo em seu notebook com fones de ouvido de costas para a porta.
   Sentei ao seu lado e esperei ela me notar ali. Demorou uns 3 minutos mas ela percebeu que eu estava bem ao lado dela.

— Ahhh!!! — quando ela percebeu gritou tão alto e tão agudo que acho que furou os meus tímpanos. Mas a cara dela foi hilária, começei a rir muito. Ela estava com a mão no peito e tentando controlar a respiração acelerada. — Quer me matar do coração Jungkook?!

— Não! — limpei a lágrima que estava escorrendo do meu olho de tanto rir. — Eu vim fazer outra coisa. — fiquei sério de repente.

— O que? — ficou confusa.  

Eu a beijei. Aquele seria nosso segundo e último beijo. Eu já sentia saudade dela, a falta que ela faria na minha vida seria enorme. Pra sempre a memória dela ficaria em meu coração.

Quando terminamos o beijo eu não queria me separar de seus lábios. Meu olhos já estavam cheios de lágrimas que caiam sem minha permissão, meu coração doia muito.

— Por que estás chorando Jungkook? O que houve? — (S/N) me olhou preocupada e me abraçou mesmo sem saber que ela era o motivo de minhas lágrimas. Apenas chorei em seu ombro.

— Eu tenho que te contar uma coisa (S/A). — me separei de seus braços e me ajeitei em sua cama.

— Pode contar, o que houve. Por que estás chorando? — se sentou ao meu lado e acariciou a minha perna.

— Eu vou embora. — olhei pra baixo sem conseguir encarar seu rosto.

— Como assim? — ela perguntou meio relutante com medo de minha resposta. — O que quer dizer com isso?

— Eu vou pra Seul! — falei com o rosto apoiado entre minhas mãos.

— Mas é claro! Você vai pra Seul por alguns meses para participar do programa. — ela não estava entendendo nada, não a culpo, eu também não estaria em seu lugar.

— Não! — ela me olhou com seus olhinhos confusos. — Eu vou morar permanentemente em Seul, eu não vou voltar mais.

A garota a minha frente prendeu a respiração e olhou para outro lugar que não fosse meu rosto. Balançou a cabeça e murmurou umas coisas que eu não entendi.

— Por quê? O que mudou? — falou em um sussurro. A está altura eu não era o único chorando.

— Me chamaram pra ser treinee em um empresa em Seul. Eu sempre quis ser idol, então eu estou indo pra lá depois de amanhã. — tentei reprimir as lágrimas sem sucesso.

— Tudo bem... é o seu sonho! Vá em frente. — (S/N) levantou e enxugou sua lágrimas virando de costas pra mim.

— Tem certeza? — me aproximei e pensei em colocar minha mão em seu ombro, mas desisti no meio do caminho.

— Só vá embora! Por favor! — sua voz estava com timbre de choro e tudo o que eu queria era lhe abraçar e dizer que tudo ficaria bem. Mas por hora, isso não seria verdade.

Eu entendi que ela não se referia apenas a eu me mudar para a capital, mas para eu ir embora de sua casa, de sua vida. Então apenas saí.

Depois que fechei a porta de seu quarto fiquei um segundos olhando tudo pela última vez. E ouvi uma voz sofrida.

— O que foi que eu fiz?

"I wish that I could wake up with amnesia

Forget about the stupid little things

Like the way it felt to asleep next to you

And the memories I never can escape

 'Cause I'm not fine at all"