História Evolução - Capítulo 12

Dor e angústia, era a que se resumira Bra nos últimos dias, não dormia, comia nem bebia praticamente nada, consumida por sua própria dor, seu irmão, seus amigos, seu amor, ela não sabia o que havia acontecido, temia pelo pior, e ao mesmo tempo preferia já saber, mesmo que lhe matasse, afinal morrer não lhe parecia uma má idéia. Na madrugada de seu aniversário testemunhara a cena mais aterrorizante que poderia sequer imaginar. Bra estava completamente deprimida, abatida e havia emagrecido, quando olhava para seu relógio as memórias vinham com toda força como facas cortando sua carne. Todos tentaram ajudá-la, mas ela não contava o que havia ocorrido, nem sequer permitia que Bulma visse o relógio. Na manhã do quarto dia, quando a menina abriu os olhos seu coração parou por um pequeno instante, seu relógio piscava, ela o observou nervosa por um instante, achava que estava sonhando,mas ela apertou o botão e na tela apareceu o rosto de Goten, ele parecia cansado e estava bastante machucado, mas vivo.

            -           Bra!

Bra não conseguia emitir um som, ela apenas tremia, e ouvia a voz de Goten ecoar em sua cabeça.

            -           Bra, sou eu, responda por favor. – disse ele aflito ao vê-la tão abatida

            -           Goten. – murmurou ela.

            -           Bra, sou eu...

            -           ... – ela não conseguia formular suas frases, ver Goten vivo era uma emoção tão forte que ela não conseguia administrar.

            -           Bra, o comunicador quebrou, agora que conseguimos...

            -           Goten,eu... eu estou muito feliz em ver você. – disse ela não contendo o choro.

            -           Eu também meu amor, não chore, acalme-se. Sobrevivemos, e 18 foi destruída. – disse ele sorrindo orgulhoso fazendo-a sorrir um pouco aliviada, porém o semblante de Goten entristeceu-se e tornou-se sombrio. – Mas...

            -           Mas... – novamente a dor voltou a pairar no peito de Bra que estremeceu.

            -           Gohan, Videl, Trunks, Mai e Yui estão gravemente feridos. Minosh e eu estamos cuidando deles, mas nossas câmaras de regeneração foram destruídas, estamos nos virando com as medicações e equipamentos que temos, mas eles só pioram, Minosh está se esforçando muito, mas sem uma câmara, o que aprendemos com o tio Raditz não parece ser o suficiente...

            -           Venham pra cá! – disse ela em tom de ordem quase como por reflexo.

            -           O que? Está louca? Isso seria...

            -           Tio Raditz poderá ajudar, tem vários médicos aqui, o que você, eu ou mesmo Minosh sabemos de medicina? Sabemos fazer as máquinas funcionarem, mas... Eu vou buscar a todos, a máquina está completamente carregada, dá pra ir e voltar até duas vezes se...

            -           Bra, você indo já causou mudanças severas demais, Gohan jamais aprovaria tamanha loucura! O passado...

            -           Ele não pode opinar, nem meu irmão. Droga Goten eu não...

            -           Eu não vou permitir que faça uma sandice dessas. Você pode arruinar o futuro dos que estão aí. Não pensa neles? Não se importa com eles?

            -           Eu penso em vocês! – disse ela meio chorosa.

            -           Eu não posso permitir.

            -           Tente me impedir! – disse ela dessa vez muito atrevida transformando-se em super sayajin pra mostrar que estava disposta a tudo. – Se tentar me impedir de salvar meu irmão e meus amigos Goten, eu juro que acabo com você. – disse ela friamente. Do outro lado Goten irritou-se, se transformou também:

            -           Você pode tentar. – respondeu ele imponente deixando-a furiosa e num ímpeto ela desligou o comunicador. Bra não podia negar o alívio que estava sentindo em saber que seus companheiros estavam pelo menos vivos. Mas ela olhou para a cápsula que era sua máquina do tempo e começou a pegar suas coisas. Sim, ela iria cometer uma loucura, e ela colocaria tudo a perder, mas precisava tentar salvar seu irmão e seus amigos.

Pouco tempo depois na sala do trono todos estavam sentados em uma mesa de reuniões que havia lá...

            -           Por que será que Iarim nos reuniu aqui? – perguntou Bulma a Vegeta que estava furioso.

            -           A pirralha atrapalhou nosso treino, tem de pelo menos ser importante. – resmungou ele.

Nesse momento Bra entrou, se posicionou no centro da sala frente a mesa de reuniões e reverenciou o rei e a rainha.Usava seu uniforme de batalha sayajin e pela primeira vez colocara sua capa com o símbolo da realeza, estava completamente nervosa. Todos a olharam admirados, mas ao ver alguém que não era sequer um sayajin usando aquele símbolo rei Vegeta ficou furioso.

            -           O que significa isso menina insolente? – vociferou ele.

            -           Eu... Eu vou explicar tudo...Eu vou contar tudo... – respondeu ela com as palavras saindo trêmulas. – Eu preciso muito da ajuda de vocês. – disse ela já com as lágrimas rolando por sua face.

Nesse momento Bulma levantou-se de onde estava e a abraçou. Bulma estava mais sensível com a gravidez, e desde o dia que vira Bra desesperada com algo que ela não contava e a depressão que se assolou sobre ela a cientista não tinha mais paz. A menina apesar de muito surpresa aceitou o abraço e chorou com mais intensidade e Bulma disse:

            -           Acalme-se querida, nós vamos ouvir você.

Bulma a ajudou a sentar a mesa. Bra olhava para todos muito assustada, o que estava pra fazer era extremamente irresponsável, pensava em seu irmão, em Gohan, em Goten.

            -           Explique-se menina. – dissse o rei de forma áspera fazendo o príncipe Vegeta rosnar, ele não sabia explicar, mas ver Iarim chorando o incomodava tanto quanto ver Bulma, talvez pela semelhança das duas.

            -           Comece Iarim, vamos lhe dar total atenção, e tentaremos ajudar. – disse a rainha calmamente, mas incomodada com as vestes da menina.

            -           Como sabem meu planeta foi destruído,  mas eu, meu irmão e mais 6 amigos conseguimos fugir, estávamos sendo perseguidos pelos androides, os mesmos que... – ela suspirou, estava complicado explicar. – Há quatro dias atrás a nave que os transportava foi atacada pelos androides, um deles foi derrotado, mas o outro ainda vive. Parte dos meus companheiros e meu irmão foram muito feridos nesse confronto e estão entre a vida e a morte, mas nossa tecnologia médica foi destruída e eles estão piorando muito, não temos médicos, somos só nós e... Eu queria pedir para trazer eles aqui para serem tratados. – disse ela triste.

            -           Isso não explica sua falta de respeito em roubar as roupas da família real e vestir-se com elas. – disse o rei impaciente. – se apenas quer tratamento médico aos seus amigos era só pedir! Você nos ajudou muito e não nos custaria retribuir o favor. Nossa tecnologia médica com outras espécies evoluiu muito após os estudos com o híbrido, filho de Goku e... – disse ele.

            -           Eu não roubei nada, essas vestes são minhas. – interrompeu ela brava. – E eu sou uma sayajin, não precisam criar métodos para outra raça. Preciso que entendam que podem haver terríveis consequências em trazer eles para esse planeta.

            -           Fedelha não nos faça rir, olhe pra você, é praticamente humana com essa cor de olhos e cabelos... - disse o príncipe arrogante e debochado.

            -           Vegeta. – interrompeu a rainha.

            -           Não Mai. - retrucou o rei - Sua força é espantosa e realmente sua transformação lembra a de Goku, mas os únicos sayajins que existem estão nesse planeta e...

            -           Eu não sou uma sayajin pura majestade. – disse a menina o interrompendo-o e respirando fundo, ela estava se complicando cada vez mais, não haveria volta dali, ela tomara sua decisão.

            -           Que seja, soldados de classes baixas se deitam com qualquer vagabunda por esse universo, uma hora um híbrido fora daqui iria aparecer mesmo!

            -           Vegeta! – brigou a rainha. Mas o rei levantou-se e já começava a se retirar da mesa aborrecido com aquela conversa toda quando Bra vociferou levantando-se e batendo na mesa:

            -           Não sou filha de uma vagabunda, não se atreva a falar isso da minha mãe. Sou sua neta! Sou filha do príncipe Vegeta e de Bulma! Sou princesa desse planeta e vim de um futuro catastrófico pra ajudar vocês a salvar o seu futuro!

Todos ficaram perplexos, mas quem falou foi o príncipe Vegeta, que parecia fora de si.

            -           Como se atreve a falar tamanho absurdo menina, já sabemos que o filho que Bulma carrega é um menino!

            -           O filho que ela carrega é meu irmão mais velho, Trunks.

Bulma e Vegeta a olharam em estado de choque, como ela poderia saber que Bulma havia escolhido aquele nome para o filho.

            -           Mas você disse que... – disse Nara se pronunciando.

            -           Eu disse que o filho que ela carregava não era eu.

            -           O planeta será destruído? – perguntou Chichi preocupada acalmando Gohan que começava a chorar. Bra olhou para o menino e seu coração apertou. Gohan estava quase morto em sua realidade e ela precisava salvá-lo.

            -           Por que decidiu nos contar isso agora Iarim? – perguntou Raditz confuso.

            -           Bra, meu nome é Bra – corrigiu ela tristemente. Como eu disse meus amigos e meu irmão estão gravemente feridos, e não temos como salvá-los, em meu tempo só sobramos nós, não temos médicos. Mas trazer eles traria graves consequências para essa realidade. Na minha realidade o planeta foi destruído e vocês... Bem, nenhum de vocês existe mais. – disse ela de forma sombria e com muito pesar na voz. - Os androides acabaram com tudo e... Desde a minha chegada a história dessa realidade já foi completamente modificada, se eu trouxer eles, eu não sei que tipo de coisas podem acontecer, talvez nós até deixemos de existir, ou tudo fique muito pior do que está agora... Mas eles estão morrendo e eu não sei mais o que...

            -           Traga-os! – disse Goku seriamente. – Vemos as consequências depois, traga-os imediatamente, eles vão morrer se você não os trouxer.

Todos olharam para Goku, mas viram que o olhar dele se dirigia apenas a uma pessoa naquela sala, seu filho. E Chichi levantou-se e apoiou o pedido de Goku, assim como Raditz, Nara, Tarble e Lunch, mas Bra olhou para Vegeta e Bulma, ela realmente queria a aprovação deles, mas Vegeta apenas levantou-se e saiu da sala furioso, e Bulma foi atrás logo em seguida sem sequer olhar para a menina. O rei e a rainha observavam a menina, e a rainha disse por fim:

            -           Você deve salvá-los.

Mas Bra olhou para ela com lágrimas nos olhos e respondeu:

            -           Eu posso ter acabado de matar a mim e todos eles. Mas eu precisava tentar , são as únicas pessoas que eu tenho.

No quarto de Vegeta:

            -           Mas que droga Vegeta! Nossa filha precisa de nossa ajuda! – vociferou Bulma.

            -           Filha? Você está maluca? Essa menina vem e fala esse monte de absurdos e agora ela vira nossa filha? Achei que você fosse mais inteligente!

            -           Você acha que ela está mentindo? Você mesmo criou a teoria de que ela era do futuro...

            -           Uma teoria absurda segundo você! Não existem viagens no tempo! Essa menina...

            -           Bra! O nome dela é Bra. Você não se importa com o que ela disse sobre Trunks estar machucado?

            -           Trunks ainda não nasceu, pare de incentivar essa maluquice. – berrou ele.

            -           Não te incomoda saber pelo que nossos filhos passaram? Que estão sozinhos no espaço? Que o futuro deles está ameaçado? Que o nosso futuro e desse planeta...

            -           Quer parar com todas essas bobagens sentimentais e focar em coisas mais lógicas? Você é uma cientista, por que não se comporta como uma?

Nesse momento Touma bateu na porta e entrou pedindo licença e reverenciando o casal:

            -           Desculpem incomodar, mas alteza a menina Bra quer falar com vocês.

            -           Mande-a entrar - pediu Bulma.

            -           Está louca? – esbravejou ele. - Diga que estamos ocupados e que falaremos com ela mais tarde Touma.

            -           Sim senhor. – respondeu o sayajin já se retirando.

            -           Ela queria nossa aprovação pro que pretende fazer. – disse Bulma magoada ao ver Vegeta agir daquele jeito.

            -           Que desapareça ou que exploda por aí. Já cometi uma loucura uma vez fazendo uma droga de um filho com uma terráquea maluca, jamais faria tamanha bobagem novamente. – esbravejou ele e Bulma o olhou incrédula. Lágrimas desceram pelo delicado rosto dela e ela apenas se virou e foi para a porta.

            -           Onde pensa que vai? Não terminamos aqui! – disse ele arrogante, mas completamente arrependido do que havia dito.

            -           Vou cuidar dos meus filhos. – respondeu ela ríspida abrindo a porta e retrucando. –Terminamos exatamente aqui. – e dizendo isso ela saiu e bateu a porta com força. Vegeta a observou sair e apenas suspirou cansado e falou para si mesmo:

            -           Merda Vegeta, por que não se calou?

Bra estava no jardim e já acionava a máquina do tempo quando Bulma chegou quase correndo e disse:

            -           Bra, faça uma boa viagem e volte com todos. – e lhe deu um abraço. – Vegeta e eu estamos aqui por vocês.

Bra apenas sorriu grata, entrou na nave e após essa levantar no ar desapareceu. Em poucos instantes ela surgia em uma plataforma de lançamento bastante danificada, percebia-se que a batalha havia sido muito intensa. Bra saltou e voou rapidamente para a ala médica da nave e lá encontrou Minosh debruçado sobre uma câmara de regeneração tentando concertá-la.

            -           Minosh! – e ela correu para abraçá-lo.

Ele a observou, sorriu e a recebeu com um abraço, porém ele gemeu de dor.

            -           Você está bem Minosh? – disse ela soltando-o preocupada.

-           Quebrei umas costelas na batalha. Mas está tudo bem.

            -           Eu sinto muito não ter estado aqui pra ajudar, deveria ter voltado naquele momento... – disse ela começando a chorar, mas o menino apenas sorriu.

            -           Eu estou muito feliz em vê-la.

            -           Como estão todos? – perguntou ela se entristecendo.

            -           Trunks e Gohan estão em estado muito grave, eles se desestabilizam com facilidade, Mai e Videl apresentaram alguma melhora, mas não saíram do coma, mas pelo menos estão estáveis. Yui... – ele apenas ficou mudo.

            -           O que aconteceu? – perguntou ela apavorada com a resposta.

            -           Eu não consegui protegê-la, ela foi atingida em cheio tentando me proteger e... Ela está em um estado extremamente grave por causa das extensas queimaduras, está instável, mantemos ela completamente sedada. Não estamos conseguindo hidratá-la. – disse ele deixando que as lágrimas escorressem por seu rosto machucado com alguns arranhões e três grandes hematomas.

Bra se dirigiu para a ala de internação, tudo estava bastante destruído e desarrumado por causa das batalhas e de todas as tentativas desesperadas de Goten e Minosh para salvar seus compaheiros. O menino a seguiu, mas ficou parado na porta.

            -           Você acha que devemos levá-los ao passado? – perguntou ela observando-os, estavam extremamente feridos, desacordados e cheios de tubos ligados a aparelhos bastante barulhentos.

            -           Sua ida causou muito impacto na história. Eu não consigo imaginar as consequências se formos todos. Podemos causar um desastre temporal.

            -           Mas eles vão morrer. – respondeu ela chorosa.

            -           Talvez seja assim que deva acontecer. – disse ele triste.

Bra o observou pensativa. Nesse momento Goten entrou na sala a tirou de seu raciocínio, seu coração pareceu parar por um breve momento, mas ele a olhou sem qualquer emoção, algo que ela nunca havia visto nos olhos dele quando se dirigiam a ela.

            -           Cumpriu sua missão ou foi só tentar destruir nossas famílias? – disse ele a desafiando ríspido.

            -           E os androides? Já estão derrotados?  - devolveu ela.

            -           Você não é uma deusa Bra, não pode brincar com o tempo! – respondeu ele irritado. – O que Gohan e Trunks pensariam desse seu plano idiota?

            -           As decisões aqui são tomadas por votação, você não é o líder por ser o mais velho. Minosh terá de decidir. – disse ela olhando-o, ele observava os dois pensativo e cansado, imaginou que aquilo viraria um circo.

            -           Minhosh é consciente, sempre foi um dos mais inteligentes, ele não colocaria nossos pais em risco! – disse Goten olhando-o e pedindo apoio.

            -           Você vai deixar a Yui morrer Minosh? – perguntou Bra apontando para a cama onde a menina estava.

            -           Que golpe sujo! – vociferou Goten. – Não há dúvidas de que você é filha do Vegeta mesmo!

            -           Lave a boca antes de falar do meu pai! – respondeu ela furiosa.

            -           Se ele tivesse eliminado o doutor Maki quando teve a chance...

            -           Calem-se! – berrou Minosh. – Parem de se atacar, não é disso que precisamos agora! Precisamos pensar no que fazer e rápido!

Os bipes dos aparelhos os estava enlouquecendo, Bra e Goten estavam sentados no chão, cada um em uma área da ala de internação, vigiando os amigos, sabiam manipular as máquinas. Minosh havia ido descansar um pouco, o que provavelmente não conseguiria pelo tamanho da decisão que iria precisar tomar. Bra observava Trunks, Gohan e Yui, já Goten olhava Mai e Videl. Foi quando ele finalmente se levantou e aproximou-se, sentando-se ao lado de Bra e a puxou para um abraço apertado, ela pôde sentir as lágrimas dele caindo em seu ombro e ela retribuiu o abraço. A dor era enorme para os dois.

            -           Não é justo. – choramingou ela.

            -           Não. – disse ele.

Os dois permaneceram assim por mais um tempo, fazia meses que não se tocavam, estavam com saudades, mas algo havia mudado, havia um abismo entre eles, a decisão. Goten a soltou e olhou para a internação quando viu que os monitores de Yui começaram a apitar de forma frenética, ambos levantaram-se e correram para os equipamentos e para as caixas de medicação, Yui estava morrendo. Nesse momento Minosh entrou correndo na sala e os ajudou. Demorou para estabilizá-la, o susto foi grande para todos.

            -           Se ela parar não teremos como trazer ela de volta sem usar as medicações dos outros, vamos ter de escolher... – disse Minosh trêmulo.

            -           Não, não podemos escolher entre nenhum deles. – disse Goten assustado.

            -           Você tem alguma outra idéia? – perguntou Minosh meio ríspido.

            -           Sim. – respondeu ele. – Bra, prepare a máquina do tempo e abra todo o espaço que puder.

Bra olhou para Goten sem compreender muito, em seguida olhou para Minosh que concordou e ela foi para a plataforma de lançamento, a nave de viagem no tempo era grande o suficiente para 8 pessoas sentadas, Bulma fizera dessa forma pensando nas crianças, Bra começou a colocar os equipamentos de terapia intensiva portáteis para levar a todos, pensava em como mantê-los estáveis sentados, pensava em hemorragias e tudo mais, mas ela teria de contar ali com um pouco de sorte. Tudo estava pronto em poucas horas, e eles posicionaram os amigos e os equipamentos, foi necessário tirar as cadeiras dos três para que tudo coubesse e eles iriam presos a cintos apenas. Quando todos estavam na nave e Bra estava prestes a acionar o mecanismo:

            -           Bra, como vamos explicar? – perguntou Minosh nervoso.

            -           Não vamos. – disse ela acionando o mecanismo.

A nave reapareceu no jardim do palácio e Bra chamou os guardas que acionaram a equipe médica e levaram os feridos para as câmaras de regeneração, Goten e Minosh também foram levados para tratamento dos ferimentos, e se recuperaram muito rapidamente, mas seus amigos inspiravam mais cuidados. Bra, Goten e Minosh aguardavam por notícias na sala de espera, até que um médico saiu e disse ao ver os meninos:

            -           O estado de todos é crítico, houve muita demora para fornecer o tratamento adequado, mas estamos fazendo o possível. – disse ele friamente e se retirou, os três permaneceram tensos.

            -           Nossos pais não vão aparecer? – perguntou Minosh um pouco ansioso.

            -           Eu não sei. – respondeu Bra calmamente, mas a porta se abriu quase como se estivesse sendo arrombada e Bulma, Nara e Chichi adentraram praticamente correndo. Bulma correu e abraçou Bra que ficou completamente desconcertada com a situação. Chi se aproximou de Goten o olhando curiosa e Nara fez o mesmo com Minosh.

            -           Qual o seu nome? – perguntou Chichi para Goten. Ele olhou para Bra assustado e ela deu de ombros. Goten não era criativo como a namorada então limitou-se a dizer:

            -           Goten.

            -           Você parece com o meu Goku. – disse Chi carinhosa e sorrindo. Goten não pode conter as lágrima ao rever o sorriso da mãe e ele a abraçou surpreendendo-a, ele lembrava dela morrendo pelas mãos de 18, ele se tornou super sayajin naquele momento e conseguiu tirá-la das mãos da androide e ela tocando seu rosto disse o quanto ele parecia o seu Goku.

Nara olhava Minosh com uma curiosidade quase infantil, e sorrindo disse:

            -           Nossa, você parece muito comigo, meu filho é bem bonitão. – disse ela sorrindo animada. Minosh ficou vermelho como um pimentão fazendo Bra rir, afinal nada o deixava constrangido. E ele foi pego de surpresa por um abraço de Nara que o deixou mais sem graça ainda. – Quantos anos você tem? – Minosh olhou para Bra, mas ela apenas balançou a cabeça negativamente.

            -           Desculpe, eu não posso...

            -           Você é igual seu pai pra pedir desculpas. – interrompeu Nara.

            -           Onde estão os outros? – perguntou Chichi preocupada.

Os três se olharam tristes e apontaram para a porta que dava para a sala de internação. Depois que elas haviam conversado com os médicos Tarble e Lunch chegaram, diferente das mulheres ali eles estavam um tanto confusos, afinal aqueles garotos eram praticamente da idade deles. Mas não puderam deixar de se incomodar ao ouvir sobre o estado de saúde de Yui e Videl, e Lunch sentiu quase uma dor física ao ver Yui tão desfigurada na câmara de recuperação.

Depois de um tempo Goku e Raditz apareceram e olhavam Minosh e Goten com curiosidade. Goku gostou de ver que Goten era tão parecido com ele, ego de pai, já que Gohan era praticamente igual a Chichi. Já Raditz ficara curioso com Minosh e Mai, cada um parecia com um.

Bra percebera que Vegeta não ia aparecer e viu que Bulma não sairia da frente da câmara de Trunks então decidiu ir procurá-lo. Ela não precisava sentir a energia dele para saber onde estava, e ao chegar a porta da câmara de gravidade ela simplesmente a abriu de uma vez, a gravidade desligou automaticamente e Vegeta bateu contra o teto e caiu no chão. Levantou-se completamente furioso e olhando para a menina parada na porta o encarando séria, a mesma expressão de Bulma.

            -           O que você quer? – perguntou ríspido.

            -           Saber se você não vai ver o Trunks. – respondeu ela calmamente.

            -           Trunks ainda não nasceu e não é dia de avaliação. Não posso vê-lo.

            -           Você entendeu. – resmungou ela.

            -           Não vou ver seja lá quem você trouxe sabe-se lá de onde pirralha.Agora vá embora e feche a droga da porta. – vociferou ele. Mas ela apenas o olhou e fechou a porta e seguiu até próximo a ele.

            -           Você nunca perdeu ninguém? – perguntou ela entristecida.

            -           Pirralha insolente eu já disse que...

            -           Eu perdi, meus avós, pais, tios, minha casa, meu planeta, só restou o meu irmão e meus amigos. E no fim, talvez nem isso me reste ao final desse dia.

            -           E você quer que eu tenha pena de você? Pode esquecer!

            -           Com todas essas perdas, eu aprendi a lutar com todas as minhas forças, e superar cada limite meu. Eu só espero que pra você superar os seus você não precise perder ninguém.

            -           Você acha mesmo que me comove?

            -           Não. Só é um aviso mesmo. Eu já perdi quase tudo, e não tenho medo, mas você, tem muito a perder ainda. – e ela saiu sem dizer mais nada. Ao sair acabou dando de encontro com Touma do lado de fora da câmara.

            -           Senhorita, - disse ele com uma pequena reverência. - o príncipe está na câmara?

            -           Sim. – respondeu ela. Ele a reverenciou novamente e foi em direção a porta para bater.

Desde então duas semanas se passaram. Mai e Videl foram as primeiras a despertar recuperadas, seguidas por Yui poucos dias depois. Bra as recebeu com muita alegria e alívio assim como Minosh e Goten. Trunks e Gohan despertaram apenas ao final das duas semanas, mas recuperados. E foram recebidos pelos amigos com euforia. E os oito descendentes decidiram se reunir para conversar sobre tudo, sem os pais, o que não deixou de gerar revolta, mas eles conseguiram.

            -           Eu não vou questionar o que fez vocês três nos trazerem para cá, mas...

            -           Entendemos que haverá consequências Gohan, mas a idéia foi do pai. – respondeu Goten.

            -           Eu sei, imagino que a decisão não deve ter sido fácil. Mas precisamos voltar imediatamente, antes que tudo piore.

            -           Mas e Freeza? E os androides? – perguntou Bra.

            -           Como vão os treinos dos nossos... Bem...

            -           São nossos pais. – respondeu Minosh. – Goten e eu somos mais fortes, pois nos transformamos, mas eles são bem mais poderosos do que eram em nossa realidade, o que nos fez concluir que a transformação deles será mais poderosa que as nossas também, eles estão no limite dos seus poderes, mas a transformação exige emoção, e eles não conseguem. A tia Bulma fez uma câmara de gravidade que alcança mais de 8 mil Gs, eles estão treinando em 2 mil, e são muito bons. Goten, Bra e eu aguentamos os 2 mil Gs, mas Yui, Mai e Videl não conseguiram ainda sair do 800.

            -           E nossas histórias? – perguntou Trunks meio desconcertado.

            -           Mamãe está grávida de você, Gohan é um bebê fofinho, daí pra frente com a nossa presença aqui tudo se complicou. Papai não me aceitou. – disse ela com um tom triste na voz.

            -           E o traidor? – perguntou Gohan.

Mas nesse momento Vegeta entra na sala bufando e aos berros seguidos pelos guardas cercando a todos:

            -           Onde estão Bulma, Chichi e Gohan?

Todos se olharam assustados, como poderiam saber?

            -           Estávamos aqui o tempo todo, como poderíamos saber. – respondeu Trunks assustado. Mas Vegeta foi até Bra rapidamente e a pegou pelo pescoço encostando-a em uma parede próxima a levantando.

            -           Maldita fedelha você me ameaçou dias atrás, se algo acontecer com Bulma ou com meu filho eu... – Não houve tempo para cocluir aquela frase, Vegeta foi atingido com um forte chute de Trunks e Bra foi solta e caiu no chão. Todos se levantaram e posicionaram-se para luta, e Vegeta não se deteve tentando chegar a menina que estava sentada em choque no chão, mas Goku e Raditz saíram do meio dos soldados e seguraram o sayajin furioso.

            -           Me soltem seus vermes insolentes eu vou matar todos esses malditos fedelhos! – berrou Vegeta, mas Goku acabou se transformando e segurando Vegeta que se acalmou e a transformação se desfez, Goku conseguiu se transformar por sua vontade afinal.

            -           Escutem, Bulma, Chi e Gohan estão desaparecidos, foram vistos pela última vez indo para o jardim, mas não chegaram lá. – disse Raditz sério. – Todos estão procurando por eles e gostaríamos de contar com a ajuda de vocês. Os jovens apenas se olharam, exceto Bra que ainda parecia em choque. Todos começaram a se retirar, Goten tentava tirar Bra do transe que ela parecia estar com ajuda das amigas, mas lágrimas desciam pelo rosto da menina e ela sequer emitia qualquer som, seu pai havia realmente tentado machucá-la, e Trunks se aproximou de Vegeta juntamente com Gohan.

            -           Mamãe sempre me disse que você era difícil e que eu tinha de ter paciência com você papai, e eu sempre tive. Mas se tocar nela dessa forma novamente eu mesmo me encarregarei de acabar com o senhor. – disse Trunks furioso. Vegeta rosnou e ia responder sendo interrompido por Gohan.

            -           Nós vamos embora. – anunciou ele chamando a atenção de todos. – Agradecemos a ajuda em nos curar, mas temos de voltar, temos um androide para derrotar e uma vida pra seguir. Está mais do que claro que não pertencemos a esse lugar – disse ele olhando para as marcas que as mão de Vegeta haviam deixado no pescoço da amiga, logo dela, que sempre idolatrara o pai.

            -           Gohan, sua mãe e...

            -           Vocês devem cuidar da história de vocês, estão fortes pra isso, Bra fez muito bem o seu trabalho. – respondeu ríspido. – Nunca deveríamos ter vindo de qualquer maneira. Tia Nara e tio Raditz sempre tiveram razão nisso.

Dizendo isso Gohan saiu seguido por seu irmão e amigos.

Continua...