Escrita por: Star-chuawn
— Então, é o seguinte. Eu me chamo Natsu, não sei se me conhece. — Ele ergueu os braços, como se quisesse mostrar que estava indefeso. Carregava somente um bloco de notas e caneta. — Estamos gravando um vídeo para o meu canal, meus amigos estão me ajudando com a câmera, luz, o roteiro, maquiagem. Por isso eu tô com essa cara horrível e meus vídeos estão ruins pra caralho!
A garota com quem falava começou a rir, fazendo maneios negativos de uma forma radiante.
Eles estavam na sombra de uma árvore no meio da praça central da cidade de Magnolia. O clima do final de tarde permanecia agradável e quando os ventos fortes chacoalhavam os galhos, levavam consigo as folhas pintadas pela época do outono.
— Vai se foder. — Reclamou o moreno que estava gravando.
— Cara, não é jeito de falar frente da menina. — O rosado mostrou seu dedo do meio ao colega e pediu com gestos para que a garota ignorasse os idiotas. — Posso saber como você se chama? E a sua idade. Bem, eu tenho dezessete.
— Lucy. Tenho dezesseis. — A Heartfilia não sabia muito como lidar naquele momento, seu coração batia forte por diversos motivos. Nunca foi abordada por tantos garotos antes. Nunca se sentiu em um palco de gravação e principalmente, jamais imaginou que o acaso faria seu caminho cruzar justo com ele.
Se o conhecia? Claro! Só uma garota realmente séria ignoraria o famoso Salamandra. Seu canal no youtuber estava longe de ser um dos dez mais populares, porém, ele se mostrava tão solto e engraçado, falando sobre temas idiotas e às vezes mais sérios. Situações que jovens populares e nerd’s viviam. Mesmo ela que não ligava para esses tipos de famosos não pôde resistir. Era uma fã. Muito. Fã. Dele.
— Luce... Belo nome.
— O-brigada. — Tentou disfarçar seu rubor.
— Então, Luce. Eu fui praticamente forçado a realizar essa brincadeira.
— Deixa de mentir. — O amigo debochou. — Só assim pra falar com uma mina.
— Cara não precisa ser amigo da mãe Joana. Fifi! — Chutou algumas folhas na direção do outro e logo após virou até a jovem, que por um milagre não havia ido embora ainda. — Você vai pensar em uma frase, qualquer uma. — A viu assentir, achando graça. — Eu vou escrever exatamente a mesma coisa, nesse bloco. — Natsu mostrou o que tinha em mãos e ela não aguentou.
Lucy sorriu mais abertamente, tentando esconder com suas palmas. Aquilo era impossível afinal. Ele conseguiria ver através de sua mente? Clara que não!
— Se você topar e ganhar, vai levar cem reais para casa. — Natsu notava o constrangimento da outra e interiormente achava graça. Ela parecia tão delicada, era estranho, mas conseguia sentir algo diferente naquela menina de longos cabelos loiros e olhos castanhos. — Mas se você perder, eu ganho um beijo seu.
— C-Como assim...? — Lucy tremeu. Um beijo? Não conseguia acreditar que tinha ouvido certo. — B-Beijo na b-boca? — Quando ele confirmou com um sorriso fofo, ela corou mais ainda. — É... Que...
— Você não é obrigada, tá? — Foi logo se explicando. — Só queria deixar claro que estamos a quatro dias andando para cima e para baixo, eu mal consegui dar quatro beijos e hoje já levei até uma tapa na cara. Eu fui perseguido por dois policiais! Soltaram até os cachorros na gente. Levei a pior queda da minha vida e quase não sinto meu bumbum, na boa.
— Liga não loira, é assim mesmo. — O terceiro presente no local se pronunciou. — Por isso não arruma namorada. Esse drama broxa. — Riam.
— T-Tudo bem, eu aceito. — Murmurou meio baixinho. — Embora eu duvide que consiga acertar.
— YES! — Natsu deu um pulo cheio de alegria. — Beleza, você já sabe qual frase usar? — Ela assentiu. — Certo, se eu escrever exatamente a mesma coisa. Se não errar nenhuma palavra, eu venço. Posso começar? — A viu assentir de novo e em poucos instantes começou a escrever.
Não demorou nem um minuto para Natsu terminar a escrita e manter o bloco abraçado no peito, tentando protegê-lo dos olhos curiosos que começavam a penetra-lo. Ele prosseguiu.
— Então, qual frase você pensou. — Sentiu que ela ficou receosa, provavelmente por ele está ali, todo sorridente e confiante.
— Foi... “Não tenho medo de mostrar meus sentimentos e de fazer coisas imprudentes, pois acredito que o que não se mostra não se sente. Coisa que talvez surpreenda muito a você, pois os seus sentimentos são tão guardados que parecem não existir realmente...”.
Entreolharam-se durante toda a citação, a voz dela era calma e doce, chegava até ele com um impacto suave, mal sabia que mais tardar os fragmentos o intoxicaria.
— Olha só, uma romântica. — Estava sem jeito depois daquilo. — Você tem cara de quem passa o dia todo lendo. — Confessou e ela corou. — Sabia! Quando vejo gente assim me sinto até com vergonha de ser um desculpado. — Ela riu novamente, mas a curva nos lábios durou pouco. Natsu virou o bloco de notas e deixou que Lucy conferisse, logo depois ela levou as mãos na boca e o fitou de olhos arregalados.
Exatamente a mesma coisa estava escrito ali. Não sua citação. Era: Exatamente a mesma coisa.
— Mas que... — Pareceu pensar no que diria e deu uma tapa fraca no braço dele. — Pilantra. — Falou achando graça. — Não acredito que eu caí nessa.
— Agora né. — Ele deu um passo adiante. — Alguém me deve um beijo. — Sorriu sapeca, entretanto acabou parando seus movimentos, ela estava recuando e parecia pensar no que tudo significava. — Ah, você não quer mais?! — Fez cara de cão sem dono. — Só um beijinho?! — Encostou o indicador nos lábios.
— É... Que, eu... — Lucy começou a fitar os amigos do youtuber rosado, um era algo com cabelos escuros e o outro, que filmava tudo, também era moreno.
— Você não precisa se preocupar com a câmera. — Natsu fez sinal de repúdio. — Finge que eles não estão aqui, é só eu e você.
— É que... Tem uma coisa... P-Posso te dizer algo no ouvido?! — Suas bochechas queimavam, mas ela conseguiu aproximar os lábios da orelha esquerda ele e falar. — Eu nunca fiz isso... — Ele entendeu o motivo do nervosismo e estava prestes a dizer que poderia aceitar de boa um beijo na bochecha, mas ela prosseguiu. — Eu posso não saber direito. — Sussurrou.
— Ah. — Se afastou um pouco. — Ainda aceita receber um beijo meu? Seria uma honra. — Lucy concordou e Natsu rebolou o bloco de notas nos amigos antes de tocar a cintura dela com calma.
Ele sorriu terno enquanto permitia que Lucy tivesse uma melhor visão de seus orbes. Talvez naquele instante a mesma tenha notado que não eram pretos, mas sim um tom escuro de verde. Ela fechou os olhos pouco depois entreabrindo os lábios a espera do primeiro toque na sua região macia.
Quando o recebeu com delicadeza, realmente as palavras do rosado fizeram sentido. Tudo sumiu, existiam apenas eles dois e diversas folhas amareladas os rodeando com a rajada de vento.
Separaram-se por um segundo. Natsu a Fitou como surpresa e descoberta. Era estranho, algo tão palpável emitia em si que teve de engolir a própria saliva.
A beijou desta vez com uma prensa maior, moveu a boca para um lado e recebeu reciprocidade, ele segurou os lados do rosto delicado para dar um suporte enquanto saboreava o gosto da boca morna.
Lucy quase despencou quando a língua dele pediu passagem e concedeu. Tocou com as pontas de seus dedos o queixo do Dragneel, sentindo os músculos da região se contrair durante os movimentos e seu coração pulsava em ritmo lento. Queria que aquele momento durasse para sempre.
Separaram-se com uns últimos selinhos e Natsu agindo por um impulso que nem ele mesmo pôde entender, depositou um beijo na testa dela.
— Er... Isso foi... Meio... — Ele não sabia com agir depois daquilo. — Estou sem palavras. — Lucy assentiu. — Espero que tenha gostado... — Sussurrou em seguida. — Do seu primeiro beijo.
— Não vou me esquecer. — Confessou a ele. — Então...
— É... — Coçou a cabeça sem jeito. — A-Até mais... Luce. Obrigado por participar.
— Até, Natsu. Foi um prazer.
Deram as costas um para o outro, enquanto Lucy se afastava com passos desajeitados, ele observava disfarçadamente por cima do ombro esquerdo e quando cessou o contato, foi vez de Lucy o olhar enquanto seguia com os amigos, ele se destacava bastante devido as mechas róseas e acabou lembrando, não havia dito que o seguia no canal.
Alguns dias depois: Internato Fairy Hills
Lucy estava vivendo um tipo de conflito interno. Nunca passou tanto tempo com o celular na mão como permaneceu durante aqueles dias. Estava ansiosa para ver a nova postagem do Dragneel, ao mesmo tempo se perguntava como seria vista depois disto. Não conseguia esquecer aquele momento e a sensação de tê-lo beijado, mas não conseguia falar com ninguém sobre aquilo.
Não era solitária da escola, longe disso. Possuía grandes amigas e uma confidente de cabelos castanhos, mas nem a Cana era capaz de receber esta notícia. Talvez falasse com ela depois de ficar evidente a quem quisesse ver.
No momento a loira estava deitada em sua cama, sozinha no quarto, tentando se concentrar no livro que lia quando o aparelho ao lado deu sinal de notificação.
Ela ergueu-se tão rápida que quase caiu da cama. Pegou o celular destravando a tela. Seus olhos abriram ao receber a confirmação do canal dele.
— Ah. Calma sua idiota! — Brigou consigo mesma.
Quando o vídeo começou a carregar, Lucy assistiu a breve apresentação do quadro, entretanto quando Natsu começou com abordagem em outras garotas, seu estômago retorceu e quis jogar o celular na parede.
Precisou respirar fundo e jogar aquele resquício de ciúmes ao lado, sabia que ele havia feito isto. Nem era namorada ou conhecida.
— Não seja ridícula. — Revirou os olhos.
Ela pulou as cenas, queria logo ver a sua, mas seus olhos pararam no tempo de duração que faltavam poucos segundos até o término. Ela não havia aparecido.
— Ele... Me cortou? — Não entendeu. Por quê? Nada parecia responder. Foi tudo tão engraçado não é? Ela foi a quinta que o beijou, mas Natsu retirou apenas ela.
Murchou de imediato imaginando todas as piores coisas. Odiou beijá-la. Detestou o jeito sem sal dela. Não possuía outro motivo sensato. Natsu pareceu inalcançável e certamente não faria falta nenhuma perder um seguidor, ou melhor, uma seguidora loira que lhe dera seu primeiro beijo.
Um tempo depois. Colégio das fadas, 17h: 15min.
— Tô te dizendo, aquela garota mexeu com ele. Virou o miolo que ele tem no lugar de cérebro. — Gray fuxicava a uma colega de classe, na verdade, era bem próxima de ambos.
— Deveria ter visto o beijo que deram, foi quase dez minutos. — Gajeel parecia calcular o tempo que passou assistindo ao último pega do rosado. — Sim, quase dez minutos.
— E vocês só me falam sobre isto hoje? Depois de quase vinte dias? — Lisanna puxou a orelha de ambos, sem demorar a largá-los. — Ele não fez mais nenhum vídeo depois disto. Vocês já viram como está o twitter do Natsu? Ou o facebook? — Cruzou os braços — Estão até inventando que ele teve um tipo de morte causada por beijar aquelas garotas.
Os rapazes seguraram o riso de deboche.
— Em nossa defesa. — Gajeel começou. — Foi ele que nos fez jurar não tocar no assunto com ninguém.
— Ué, por quê? — A Strauss ficou confusa.
— Vai entender, ele não quis dizer nada. — Gray fitou Natsu no final da sala, totalmente perdido na paisagem que lhe era permitido ver pela janela. — Mas eu tenho uma péssima notícia, essa cara tá apaixonado e quando ele perceber isto... Será o apocalipse.
— Eu nem o conheço. — O Redfox disse frio e cruel.
— Não falem assim, o Natsu só... É...
— Tagarela? Dramático? Exagerado? Extremamente tagarela dramático e exagerado?
— Tá bom Gray, já deu. — Lisanna deu uma cotovelada no moreno.
— Você que o conhece há mais tempo. — Começou Gajeel. — Fala com ele.
— Tudo bem irei tentar.
— Nós vamos dar uma saída. — Gray foi escapando junto do outro. — Até mais.
Presentes na sala estavam apenas à albina e o rosado. O período letivo daquela manhã já havia terminado e por isto, eles poderiam conversar mais sossegados. Todos os outros colegas estavam nas atividades dos clubes.
— Yo. — Lisanna puxou uma cadeira para sentar frente do amigo.
Natsu apenas suspirou com ar pesado nos pulmões, ato que fez aquela diante de si paralisar pelo espanto.
— Oi.
— O que tá pegando? Sabe, você precisa dar as caras nas redes sociais de vez em quando.
— Não tô afim. — Suspirou de novo, desta vez apoiando as costas na cadeira. Estava nitidamente cabisbaixo. — Não consigo parar de pensar nela. Acha que estou apaixonado? — Lisanna assumiu uma expressão de choque. — Eu me sinto tão sozinho, tipo, parece que falta algo sabe. Eu estou sonhando acordado com ela... Mas é esquisito, tem como se apaixonar só com um beijo?
— N-Na verdade, o beijo é uma parte bem importante... Talvez tenha rolado uma química entre vocês e você foi percebendo aos poucos...
Natsu sentiu sua boca secar com as palavras da amiga. Era o fim. Definitivamente estava fodido. Se apaixonou por uma desconhecida.
Residência dos Dragneel. 18h: 38min.
— Eu vou morrer! Estou definhando direto ao abismo... — Estava jogado na cama bagunçada usando seu pijama e com uma xícara de chocolate quente entre as mãos. — Por que isso tinha que acontecer comigo? — Ele parecia o cara mais desolado do mundo, qualquer desconhecido veria esse semblante no Dragneel.
— Não seja dramático, menos, por favor. — Lisanna pedia enquanto recolhia todas as roupas espalhadas pelo cômodo e as jogava numa cesta.
— Seria tão mais fácil gostar de uma garota da nossa sala, tipo você. Pelos menos eu sei onde te encontrar. — Murmurou.
— Natsu, no dia que você se apaixonasse por mim, pegaria o primeiro voo para marte sem data para voltar. — Aquilo o acertou diretamente.
— Essa doeu Lisanna, eu estou sofrendo e você pisa ainda mais no calo. Que amiga hein?! — Falou emburrado e a Strauss piscou, se divertindo. — Deve ser por isso que ela sumiu.
— Fala sério... Você é um cara legal... E já dizia mamãe, pra toda panela existe uma tampa. — Ela a olhou com cara de tédio. — Seja positivo, existem tantas seguidoras no seu canal, uma delas deve ser doida o bastante para se apaixonar por ti.
Natsu bebericou o chocolate.
— Você não está me ajudando...
— Por que eu não comecei a ajudá-lo ainda. — Estalou a língua no céu da boca. Lisanna tinha em mãos o celular do amigo e assistia pela terceira vez a cena que ele se recusou a incluir. — Achei tão fofo você não ter exposto o beijo com ela. — Analisava bem os traços de Lucy.
— Eu não pude. Era o primeiro beijo dela, e eu queria mesmo era manter só comigo... — Corou.
— Mas pelo jeito que ela fala, tenho certeza que mora em nossa região, talvez ela seja da mesma cidade seu bobo.
— Eu já voltei naquele parque diversas vezes e fiquei esperando. Mostrei uma foto dela no vídeo para algumas pessoas, ninguém conhece. — Choramingou. — Ela sumiu do mapa.
— Ah Natsu, você tem a melhor arma em mãos e não usa. — Lisanna o fitou com uma sobrancelha erguida. — Faz um vídeo explicando a situação, você tem as cenas, pode tirar uma foto. Dizer o nome dela e pedir ajuda.
Desta vez o rosado que a encarou com repreensão, sua amiga não havia entendido.
— Lisanna. — Seu tom foi mais firme. — Eu não quero expor a imagem dela dessa forma. Imagina como ela ficaria ao ser apontada nas ruas. Iriam caçar a menina como se ela fosse um Pokémon raro!
— Tem razão, se você me expusesse desta forma, eu te odiaria. — Novamente uma flecha atravessou o rosado. — Chegou mensagem do quatro olhos. — Conferiu. — Loke diz nunca ter visto ela na cidade. — Tremeu de tanto espanto. Como assim uma garota tão linda não estava na lista de Loke? Era surreal!
— Por um lado me sinto feliz... Mas o outro me diz que é caso impossível. — Perdia a cor.
Entretanto Lisanna parecia muito mais analítica que o comum, algo nela dizia que a loira morava sim em Magnolia. Lá no fundo, bem no fundo mesmo, seu interior apontava ter visto ela em algum lugar, aquele tom de cabelo, o contorno dos olhos.
— Posso passar o vídeo para mim? — Perguntou de forma trivial, mas Natsu ficou em alerta.
— Para quê? Olha, não quero que ninguém mais veja! — Ele derramou um pouco do líquido quente no colchão.
— Não se preocupe, minha intuição feminina está me dizendo que vamos acha-la. — Sorriu animada. — Até lá vê se você se cuida. Tira essa barbicha e toma um banho decente porque talvez seu fedor que esteja espantando a garota.
— Minha melhor amiga... Ela é minha melhor amiga...
— Estou de saída Natsu, qualquer coisa eu te aviso. — Apontou em direção a ele. — Avisa pras lunáticas que você tá vivo! Eu não mandei ficar famosinho em youtuber. — Bateu a porta do quarto dele para dar um efeito de mandona e logo após concentrou-se naquela missão. — Eu já vi essa Lucy em algum lugar, tenho certeza. — Murmurou, não queria dar falsas esperanças ao amigo.
Residência dos Strauss. 19h: 17min.
Lisanna assistia pela quinta vez toda a interação entre seu amigo e a Lucy misteriosa. Eles juntos, seus diálogos, a forma que a garota o olhava.
— Kyah! Eu já os shippo! — Largou o celular na mesa e cruzou os braços, pensativa. — Como ficaria a união dos nomes? — Sorriu. — Nossa, faz tempo que não fico perdendo tempo com essas coisas... NaCy? NaLuc? Ou... NaLu. — Bateu as palmas. — NaLu é perfeito!
Permanecia tão perdida que acabou sem conseguir notar sua irmã mais velha adentrando a casa, depositando seus livros no sofá e indo até ela, sorrateiramente, divertindo-se com os murmúrios animados que Lisanna dava.
Mirajene permaneceu detrás da menor e levou suas mãos em forma de garras, atacando a cintura da mais nova que chegou a cuspir e engasgar-se pelo susto e risada forçada.
— P-Pare, pare. — Ria e precisou levantar-se da cadeira.
— Te peguei de guarda baixa. — Ela se sentou no lugar que antes Lisanna estava. — Chegou agora?
— Sim, estava na casa do Natsu e — Foi interrompida pela mais velha.
— Ora, não me diga que é o Natsu e a Lucy? — Mira pegou o celular da irmã, assistindo o restante do vídeo sem se dar conta de como a outra estava estagnada.
— C-Como assim?
— Essa é a Lucy não é? Não sabia que vocês se conheciam.
— Como você a conhece, Mira-nee?
— Ela é minha aluna. — E naquele instante Lisanna recebeu o estalo que faltava. — Como mora no internato, é uma surpresa para mim.
— É claro, o internato! — A agarrou sua irmã, dando-lhe um beijo na bochecha. — Então ela é sua aluna. — Fazia todo o sentido agora, o fato de Lucy não ser reconhecida nas redondezas, principalmente, Loke não a conhecer. — Ela está lá há muito tempo? — Mira concordou.
— Desde bem nova. Os pais dela são empresários que viajam por todo o mundo, raramente estão na cidade.
— Que triste...
— Talvez, mas ela é bem alegre. Tem várias amigas, inclusive... — Sorriu. — Você se lembra da Cana?
— Ai. Meu. Deus. — Largou a irmã e pegou seu celular. — Eu vou ao meu quarto.
— Tudo bem, vou esquentar o jantar.
[...]
Lisanna procurava nos contatos o número da Alberona, uma antiga vizinha na época da infância. A garota acabou sendo transferida por motivos de família e pelos seus cálculos, passaram-se mais de seis meses desde a última conversa.
No histórico das mensagens havia uma foto que não era mais disponível no dispositivo, provavelmente porque a Strauss deletou, mas conseguia ver pelo embaçado, uma parte amarelada.
— Será? — Retorceu a boca.
Viu que Cana estava online, mas certo receio atravessou o interior da albina. Se a antiga conhecida guardasse a mesma personalidade brava, certamente jogaria na sua cara o fato de tê-la esquecido.
— E-Estou com medo... — Não tinha coragem nem de olhar o nome dela. — M-Mas... É pelo NaLu. — Reuniu coragem e digitou:
— Olá, Cana. Faz um tempo né?
— Estou alucinando ou a falsane se lembrou de mim?
— Eu já imaginava sua delicadeza...
— Qual o favor que tu queres? Só assim para me procurar.
— Continua com aquele temperamento forte, hein...
— Claro meu amor e quanto mais ele aumenta, a paciência diminui.
— Calma. Antes de tudo eu gostaria de saber se você conhece uma loira chamada Lucy?
Cana parou diante daquela pergunta. A morena acabava de sair do banho, ainda permanecia com o corpo coberto pela toalha e com o celular em mão, observou Lucy deitada na cama ao lado da sua, de fone no ouvido e pensamentos em júpiter. Ela respondeu:
— Lucy Heartfilia?
— Uma loira de olhos castanhos? Poderia me mandar alguma foto dela, só para eu confirmar?
— É minha colega de quarto. — Cana enviou uma foto recente com a loirinha. — O que você quer com ela?
— Meu deus, esse mundo é mesmo pequeno. Cana, o que diria se eu dissesse que essa Lucy, conquistou meu melhor amigo? Notou algo diferente nela nessas últimas semanas?
— Eu sei que nós estamos em um colégio interno, só temos permissão para passear de quinze em quinze dias. Essa Lucy jamais estaria em um romance. — Porem a Alberona trouxe a si o jeito distante no comportamento da amiga. — Mas se quer saber, ela está meio pra baixo, talvez...
— Ela beijou meu melhor amigo.
Quando Cana leu aquilo, virou-se em direção da garota que ainda sonhava acordada. Parecia um robô ao tentar expressar incredulidade. Aquela Lucy? Beijando um garoto? Por que não lhe disse nada?
A morena não sabia se estourava de perguntas à loira, ou a albina.
— Algum problema? — A Heartfilia perguntou depois de notar que era secada.
— Nada, pode usar o banheiro agora. — Viu a colega concordar, voltando a dar atenção para Lisanna:
— Brotou com a corda toda hein. Explica logo isso.
— Espera um pouco, farei melhor. Vou te mostrar.
[...]
— Quem diria que você ia ser amiga de um cara tão idiota, Lisanna.
— Quem diria que você seria amiga de uma idiota que gosta desse meu amigo.
— Lucy não é idiota, é apenas melosa demais.
— O Natsu é idiota e dramático demais.
— Até que o clima foi palpável entre eles.
Naquele momento a Heartfilia saiu do banheiro, já vestida com seu pijama e pronta para se enfiar na cama novamente.
— Ei, Lucy.
— Sim?!
— Vai sair amanhã? — Viu a loira negar.
— Vou ficar dormindo o dia todo. — Se jogou de corpo e alma no colchão.
— Ah não, vamos passear, eu e você. — Sugeriu e notou-a pensando sobre aquilo.
— Não tô com muito ânimo... Mas... Tem planos?
— Tenho sim, ótimos planos. — Cana sorriu e visualizou a nova mensagem da albina:
— Pode me passar o número dela para eu dar ao Natsu?
— Você acha mesmo que depois de séculos, vai chegar pedindo favor de boas e eu vou aceitar? Tá brincando né?!
— Sabia... O que vai querer?
— Não vou fazer isso por você ou pelo seu amigo. Eu já desconfiava que Lucy fosse fã dele, mas agora tenho certeza. Darei a ela uma chance de escolher.
— O que vai fazer?
— “Um encontro é acaso, mas um reencontro é o destino”. Já ouviu isso? É a cara da Lucy.
— C A N A.
— Que tal nós duas sermos o “destino”?
Continua...
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