Fui para a escola com o Peter, não mencionei o que aconteceu na noite anterior sem nenhum motivo específico, só não cheguei no assunto. Alex passou por perto de mim e eu parei ele.
— Obrigada por ontem.— Eu falei.
— Sem problemas. Está tudo bem?
— Sim. Obrigada.— Ele só balançou a cabeça e saiu.
— O que aconteceu aqui?— Perguntou o Peter e eu expliquei para ele.— Você está bem?
— Sim.
— O Alex te defendeu?
— Sim. E eu ainda estou muito confusa.
— Eu também. Sabe, desde que você veio para cá, você nunca fez nada tradicional do Texas né?
— Nope.
— E se hoje a gente for em um "bar" cheio de cowboys e com um touro mecânico?
— Você basicamente falou o estereótipo do Texas.
— Sim. Mas se você for para os lugares certos. É exatamente assim. A gente vai?
— É terça-feira.
— Isso faz diferença?
— Sim.
— Vamos, vai ser legal. E talvez eu te compense por eu não estar aqui com você ontem.
— Você não precisa me compensar. E tudo bem, eu vou.— Ele sorriu.— Amanhã tem mais um jogo de basquete.
— Você ainda é líder de torcida?
— Sim. Você ficou fora só três dias, não três anos.
— Nesses três dias você e o Alex viraram amigos.
— Não foi pra tanto Peter.
— Se você está dizendo. Vamos para aula?
— Sim.
Nós fomos para aula e eu dormi bastante. Fui para casa depois da aula e dormi um pouco mais. Peter apareceu em casa e nós fomos para o lugar que ele falou, era tipo um bar, tinha um touro mecânico e um bando de gente de chapéu de cowboy.
— Você já subiu em um touro mecânico?— Perguntou o Peter.
— Sim, quando eu era criança, e você?
— Já. Você montaria naquele?— Ele apontou para o touro e ele era bem agressivo.
— Você montaria?
— Não é a primeira vez que eu venho aqui.
— Não achei que você fosse do tipo de pessoa que vem em um lugar desse.
— Meu irmão vinha bastante e me trazia, a maior parte das pessoas aqui ter envolta de dezesseis anos. Não é um bar comum, é tipo um café country que abre apenas de noite. Então, você vai tentar montar no touro?
— Posso tentar.
— O máximo que alguém conseguiu ficar nele antes de ser jogado para o colchão foi 7 segundos.
— Então eu acho que consigo uns dois segundos, três no máximo.
— Você consegue mais. Agora vai.—
Ele colocou um chapéu na minha cabeça que ele pegou de uma pilha de chapéus na entrada que estava escrito para as pessoas pegarem. Fui no touro e consegui ficar seis segundos, até que não foi tão ruim.
Quando eu caí, levantei sem problema nenhum, mesmo estando com uma bota de salto. Saí do colchão e quando estava voltando para onde o Peter estava tropecei um pouco e bati minha costela em uma cadeira, o lugar estava meio cheio então ninguém viu.
Sou o tipo de pessoa que se tiver algum machucado vou ficar batendo ele em qualquer lugar, sem querer. E como sou tão pálida quanto um vampiro, sempre que eu bato em algum lugar, fica roxo.
— Você morou sua vida inteira no Brasil né?— O Peter perguntou quando eu sentei na mesinha que ele estava.
— Sim, por que?
— O que é diferente lá e aqui?
— As pessoas falam português.
— Isso eu sei.
— As pessoas não gostam de serem chamadas de hispânicas. Não falamos espanhol.
— Isso eu também já sabia.
— As pessoas comem pizza com garfo e faca.
— As pessoas fazer isso normalmente, tipo, é comum?— Eu ri com a surpresa dele.
— Sim.
— O que mais?
— Não tem ovos, ou panquecas, ou bacon no café-da-manhã da maioria das pessoas, ovo é um pouco mais comum, mas bacon é bem raro que alguém coma, pelo menos onde eu morava era.
— Isso é estranho.
— E quase não se compra coisas semi-prontas, tipo mac n cheese de caixinha, a coisa mais comum desse tipo que as pessoas comem é macarrão instantâneo (miojo).
— Você prefere as comidas daqui ou de lá?
— Minha mãe é estadunidense, ela só mudou para o Brasil depois que ela conheceu meu pai. E como tudo que meu pai sabia fazer de comida era churrasco, cresci comendo uma comida meio brasileira e meio estadunidense. Mas a comida da minha avó é minha favorita, minha avó do Brasil.
— Estadunidense?
— América é um continente. Têm vários países na América, e todos que moram neles são americanos, vocês são estadunidenses. Aceitem porquê todo o resto do mundo já aceitou.
— Tudo bem.
— Ah, e a comemoração da independência no Brasil é bem diferente da comemoração daqui.
— Como assim?
— Quase ninguém comemora a independência, têm alguns desfiles mas não é tão exagerado quando o 4 de Julho.
— Interessante. Você falou pra Meggy o que aconteceu ontem depois do jogo?
— Sim.
— O que ela falou?
— Ela nem ligou para a parte que eu falei sobre o Alex, o que me surpreendeu.
— Sobre o Alex, você já me disse que gosta dele, você vai fazer alguma coisa sobre isso?
— Não, estou tentando ignorar a coisa na minha cabeça que fica me falando que eu gosto dele, talvez ela pare.
— Fui o último que ficou sabendo sobre o que aconteceu?
— Sim.
— Você falou pra Meggy e não para mim?
— Ela me ligou, aí eu acabei falando. Não ia te ligar só para falar disso.
— Tudo bem. Você está bem?
— Acho que sim. Assim, não aconteceu nada, graças ao Alex, mas ainda estou meio tensa sobre o que aconteceu, sei lá.
— Ok.— Depois de um tempo ficamos com fome então pedimos comida.
— Porquê isso chama asinhas de búfalo? Pelo que eu saiba, búfalos não têm asas. Você já viu um búfalo?— Eu perguntei.
— São asinhas de frango com um molho diferente, foram criadas em Buffalo, Nova York. E sim, eu já vi um búfalo.
— Ah. Como você sabia disso? Todo mundo aqui sabe disso?
— Não. Eu pesquisei no Google uns anos atrás.
Qq— Faz sentido.— Depois de algumas horas fomos de volta para casa, fiquei um tempo no sofá com a minha mãe e depois fui dormir.
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