POV Payne
Era madrugada. O crepúsculo estava escondido no céu, nuvens densas e negras ao seu redor. Um vento gélido e cortante me fez apressar o passo. O prédio ficava num cruzamento de uma boca de fumo e uma boate do outro da rua e tremi dos pés a cabeça ao sentir os olhares em cima de mim. Não havia nenhum porteiro ou segurança na entrada e subi o lance de escadas lenta e pavorosamente.
Número 21. Toc. Toc. Um rangido e a porta abre.
Ela estava impecável. Roupas escuras e coladas a pele; saltos alto e o cabelo preso num rabo de cavalo. Beleza Negra nunca esteve fora do lugar, nem mesmo quando era para estar morta.
— Pontual... Ponto para você, cobaia.
Entro no apartamento. Luzes em cores de vermelho e azul se cruzam e uma cortina de contas entra no meu caminho. Todo o lugar cheira a álcool, cigarros e perfume. Ela indica o sofá. Me sento e a vejo sentar-se na mesa de centro a minha frente, as pernas entre abertas enquanto seus cotovelos repousam sobre seus joelhos.
Me forço a falar:
— Ele anda um pouco distante e só estamos nos falando por telefone ultimamente. — começo. — Me parece perturbado. E ontem me ligou ensandecido, algo sobre proteger a Royal.
— É tudo que tem a me dizer? Eu achei que fosse mais eficiente.
Edline está diferente. Sua voz, seus olhos, seu corpo; tudo nela denuncia a mudança. Mas o que... Não...
— Você... Você está apaixonada por ele? — gaguejo, não conseguindo acreditar no que minhas suposições indicam.
Não poderia ser verdade. Ela é uma doente. Uma psicopata. Não sente. Como seria capaz? Não, deveria ser outra coisa. Mas antes que eu consiga entender, sinto suas unhas em minhas bochechas, seu corpo inclinado sobre o meu, seus olhos queimando em mim.
— Eu acho melhor você começar a falar algo útil, cobaia. São três segundos para eu arrancar sua cabeça e colocar num espeto de enfeite para a minha mobília. — sinto ela apertar ainda mais. — Eu quero saber cada passo que ele dá, com quem ele está, o que está fazendo, o que está dizendo e o que está pensando. — ela me solta.
Acaricio a região em que ela machucou, sentindo uma camada fina de pele que foi arrancada. Puxo minha bolsa para o meu colo e abro-a, retirando de dentro tudo que consegui. Estendo em sua direção.
— O que é isso? — ela pergunta irritada quando observa os documentos.
Me levanto do sofá e fico a sua frente, encarando-a tão de perto e tão corajosamente que temo vacilar.
— São cópias de todas as provas que Rick Grimes tem contra você, Edline. Ele não tem mais qualquer prova que você esteja viva. — ela me encara, certamente surpresa. — Eu consegui. Tudo por você, Edline.
Ela joga os papéis com força sobre o sofá e me agarra pelos ombros me empurrando até a parede e me prensando ali. Meus cabelos são as vítimas de sua agressividade e são puxados com força.
— Onde estão as originais? ONDE ESTÃO?! — grita.
Ela está tão furiosa... Está em chamas de tanta raiva.
— Eu quero um pagamento. Um pagamento pela minha ajuda. — começo e sinto minha boca seca, mas não vacilo diante dela. — Ou você dá o que eu quero ou entrego você para a polícia e tenho certeza de que não irão te deixar escapar dessa vez.
Eu sei que meus olhos e minha voz estão ousados, que estou indo longe demais e o perigo está bem a minha frente, com as mãos em mim, com a faca em punho. Mas não me importo. Estou de frente para Beleza Negra e é delicioso ver até que ponto sua falta de sanidade vai.
E diferente do que achei que seria sua resposta, ela relaxa. Sorrir de lado e aproxima seu corpo do meu, sua mão que estava em meu cabelo vai até até minha nuca e repousa ali. Sua boca aproxima-se da minha e sua voz é sedutora. Minhas pernas tremem.
— E qual seria esse pagamento?
Minha ousadia e luxúria explodem.
— Você.
Ela sorrir tão diabólica e sedutora que sinto meu estômago esfriar de tanto tesão. Num momento ela me encara e no outro, sua boca cola na minha num beijo fervente e selvagem. Suas mãos espalmam-se por dentro do meu cabelo e as minhas são rápidas e apressadas em puxar sua blusa para cima. Nos separamos e tiro sua blusa, jogando-a para longe.
Começamos a nos afastar, caminhando até o sofá e minha boca agora desliza pela sua pele quente e macia, minha língua deixando um rastro de saliva pelo seu pescoço. Aperto seus seios com as minhas mãos.
Ela me joga no sofá e sobe em cima de mim, uma perna de cada lado e me encara superior. Minha intimidade pulsa e me sinto completamente molhada, meu corpo eletrizado. Seus olhos são famintos e sua boca está inchada, vermelha; num movimento rápido, suas mãos tiram minha blusa e meu sutiã e ela morde os lábios e inclina-se, me chupando. Gemo e toco sua bunda, apertando-a contra meus dedos.
Sua boca para nos meus seios e vai subindo lentamente, lambe meu pescoço e meu lóbulo, para no meu ouvido e tudo que escuto é seu sussurro:
— Você não dá as ordens, putinha.
Arregalo os olhos. Quando a encaro, tudo que vejo é o brilho contra a luz vermelha e a dor na minha perna. Grito alto. Ela sai de cima de mim, deixando a faca presa na minha carne. Ela leva os dedos sujos de sangue até a boca e os lambe lentamente.
Gemo de dor e sinto as lágrimas molharem meu rosto; tento me sentar, tento esticar minhas mãos para retirar a faca, mas não consigo, tudo dói e parece rodar.
— Por quê fez isso? — esganiço, encarando-a com raiva, chorosa, com medo. — Sua maluca!
Ela me dá as costas, totalmente relaxada. Veste a blusa mais uma vez e some do meu campo de visão rebolando. Choro e gemo e tento mais uma vez me levantar, mas não consigo. Estou impossibilitada de me mover e presa àquele sofá. Onde estava com a cabeça? Ela vai me matar.
Um minuto se passa até que ela volte. Está segurando um canivete e senta-se ao meu lado no sofá. Tremo e tento me afastar quando ela o aproxima de mim, mas é impossível. Grito de dor. O metal está quente e ela o desliza no meu seio direito, chamuscando, queimando, cortando a pele. Esganiço, tento espernear, tento empurra-la para longe de mim; dois minutos depois ela para.
Me olha e só então entendo que ela não está apaixonada. Só está mais doente. Seus olhos azuis esborram de loucura e insanidade e ferocidade. Ela é o próprio diabo. Tudo nela queima em maldade e crueldade e me sinto uma tola por não perceber isso.
— Isso é para você entender que me pertence. Eu mando, você obedece. Faça o que eu digo e talvez eu te poupe de um fim tão doloroso. Não tem mais para onde fugir, cobaia, a morte está apenas há um passo de distância. Agora... — toca meu cabelo, acaricia-o vagarosamente. — Onde estão os papéis?
Eu não consigo falar. Minha boca está seca e as palavras sumiram.
Ela suspira e o canivete aproxima-se da minha boca. Ela o desliza pelos meus lábios e os sinto se abrir com o corte. Choramingo. Seu rosto aproxima-se do meu e ela range os dentes.
— Onde estão os papéis?
Me forço a falar e tudo em mim está apavorado, tremendo, acanhado.
— N-o... No... No meu escritório. Estão n-a, n-a... Na gaveta de baixo. As chaves estão atrás de um porta retrato. — consigo finalmente dizer.
Ela sorrir fracamente e acaricia minha pele.
— Boa garota.
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