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História Êxtase - Imagine Jeon Jungkook - Vagão


Escrita por: Pchwax e Bellwax

Notas do Autor


OIOIOIOIOI
B O A
L E I T U R A 💞🍑
DEPOIS CORRIJO

Capítulo 11 - Vagão


Fanfic / Fanfiction Êxtase - Imagine Jeon Jungkook - Vagão

V A G Ã O 

***

Yoongi jogou a mala sobre o ombro e fechou a porta do seu quarto com cuidado para não fazer nem um barulho e acordar os nossos tios. Era cinco da manhã e eu estava o espiando entre a minha porta esperando‐o passar para me revelar. Eu já estava pronta, com o meu melhor vestido , meu melhor chapéu e as malas prontas, ansiosa para a nossa fuga. 

Quando ele passou pelos corredores na ponta dos pés, saí de onde estava e parei na frente do meu primo que tampou a boca com a mão pelo susto que lhe dei. Yoongi estava de olhos arregalados.

Dei um sorriso amarelo e mexi em uma mecha do meu cabelo.

— Estou pronta. — Anunciei, como um sussurro, mal movendo os lábios.

— Você não vai! 

Ele passou por mim, não me levando a sério. O segui na ponta dos pés com a cara contorcida e indignada.

— Jungkook deixou… — Optei pela mentira. Mordi os lábios e lancei o meu melhor sorriso. — Então…

— Tchau, prima. — Com um abraço rápido e brotando um beijo em minha testa, ele desceu pelas escadas, ignorando quaisquer palavras que saíssem da minha boca. 

Ele não podia fazer isso comigo. Era injusto, depois da nossa aventura na floresta pensei que Yoongi ia ficar do meu lado e iria me incluir mais na sua vida pessoal. Mas pelo visto, eu estava enganada. Jungkook o convenceu de fazer isso, de me deixar para trás. Porém, eu não ia permitir. 

A escolha era minha. 

Jungkook estava se mostrando igual aos meus tios; estava tentando me dar ordens, mas eu sabia que a sua causa era uma coisa nobre e era para me proteger, mas eu não queria ser o tempo todo protegida e esquecida de lado só porque não tinha um poder sobrenatural.

Desci as escadas correndo, tentando não fazer muito barulho. Joguei as malas no chão e após ouvir meus passos pesados, Yoongi se virou, ficando de frente. Então eu o abracei, me jogando de uma só vez em seu corpo grande e magro. Escondi meu rosto em seu peito coberto pela camiseta branca, escondendo meus olhos marejados. 

— Você tem que me deixar ir. — Minha voz saiu abafada e chorosa. Apertei seu braço com os dedos. — Não posso ficar, vão me obrigar a casar com Sebastian e aposto que não é isso que você deseja e nem mesmo Jungkook.

Senti os dedos magros afagando meu cabelo enquanto descia para as minhas costas. Meu primo fez círculos sobre meu vestido, me apertando com a outra mão. Ele respirou fundo antes de falar.

— Sinto muito — Ele não me olhou quando tirei a cabeça encostada do seu peito. — Melhor casar com Sebastian do que ser morta.

Então ele me soltou pegando sua mala. Passou pela porta sem olhar para trás. Me deixou sem mais uma palavra.

Não. Não. Não. 

Tirei o chapéu da cabeça e o joguei no chão, já sentindo as lágrimas quentes molhar minhas bochechas. Funguei fundo, passei as mãos embaixo dos olhos e foi então que tive uma ideia. Às pressas, peguei as malas e corri para fora da mansão tomando o maior cuidado para não ser pega por criados do meu tio. Corri na direção oposta de Yoongi, peguei um atalho mais rápido que dava na mansão de Bast.

Ele era minha única chance. 

Eu tinha uma casa em Londres, mas meus pais estavam em Nova York. Os cervos que tomavam conta da casa iriam desconfiar se me vissem chegando sem meus tios ou meus pais. Não. Ir para Londres e ficar hospedada na minha própria casa era muito arriscado, por isso precisava de Bast. Como futuro duque, ele tinha mais de uma casa no centro de Londres.

Além de tudo, eu não tinha dinheiro para pagar o trem. 

Era uma situação perigosa e eu sabia que se alguma coisa acontecesse com Bast a responsabilidade seria minha. Eu estava fazendo planos sem antes saber se minha única solução aceitaria fugir de casa para tomar um caminho sem sentido por mim. No entanto, tinha certeza que Bast aceitaria, por mim ele aceitaria tudo. Pelo menos era o que eu achava e o que ele demonstrava. 

Se eu fosse rápido o suficiente, chegaria a tempo de pegar o mesmo trem que Jungkook e Yoongi. 

Ofegante, terrivelmente suada, com o vestido amassado e a meia calça suja, cheguei na mansão de Bast. A princípio minha respiração estava pesada e meu coração batia como um tambor. Me apoiei em meus joelhos por alguns segundos, depois arrumei meus cabelos e bati na porta, ciente que era umas cinco da manhã e que praticamente todo mundo estava dormindo. 

Uma criada que dava laço em seu avental me atendeu e eu a reconheci do dia do baile e do aviso que ela me deu a mando de Sebastian. Ela pareceu surpresa ao me ver, mas então me dei conta que ela estava assustada com a situação que eu me encontrava.

— Senhorita, MacGyver, o que faz aqui a essa hora?

— Preciso falar com Bast.

— O senhor Sebastian está dormindo. Creio…

Não deixei ela terminar. Empurrei seu corpo pequeno para o lado e passei por baixo do seu braço apoiado na porta. Marchei escada acima sendo seguida pela criada que gritava meu nome em desespero. Ignorei sua voz, ocultei dos meus ouvidos. Mas parei no meio do corredor me perguntando qual seria o quarto de Bast, se era nesse corredor ou no outro. 

A criada parou com a gritaria de olhos arregalados e pálida. Com certeza com medo que eu causasse problemas para ela.

— Senhorita, por favor…

— Onde é o quarto de Bast? — Perguntei, olhando para as portas de madeira branca. A criada engoliu em seco e antes que choramingasse continuei: — Juro que vou ser rápida e ninguém vai saber que pisei aqui.

O olhar dela estava grudado em uma das portas no final do corredor. 

— É aquele o quarto? — Arqueei uma sobrancelha.

Baixando a cabeça como se estivesse culpada, ela assentiu.

— É sim. — Murmurou, contra sua vontade. — Mas, por favor, não comente nada. Se a duquesa souber que a senhorita esteve aqui sem ela saber, vai cortar minha cabeça.

Apesar de só imaginar, uma tremedeira percorreu pelo meu corpo. Porém, tentei me manter calma.

— Pode deixar, minha boca é um túmulo. 

Ela saiu sem dizer mais nada.

No final do corredor, pensei primeiro em bater na porta, mas me pareceu chamar muita atenção. Então peguei a maçaneta e a empurrei para frente, agradecendo mentalmente que a porta não estava trancada.

Bast estava enrolado em um edredom branco, parecendo uma lagarta no casulo. Seu cabelo estava espalhado para os lados e eu fiquei surpresa em saber que ele não dormia com o cabelo cheio de gel. Seu rosto amassado era fofo juntamente ao seus lábios que formavam um bico. Tranquei a porta atrás de mim e avancei para cima da cama, jogando minhas malas no chão.

— Bast, — Balancei seu corpo para os lados. Ele nem se mexeu com o meu contato. — Acorda… Bast… Pelo amor de Deus, acordaaaa…

Ele resmungou mudando de posição, sequer abriu os olhos.

— Sebastian acorda. — Envolvi minhas mãos na lateral do seu rosto e o sacudi com mais força. Balançando seu cabelo comprido para os lados.

Seus olhos finalmente se abriram, com a visão opaca do resto do quarto escuro. Fui em direção a janela e abri as cortinas brancas, deixando a luz solar invadir o quarto de Bast que até então, parecia confuso e estava tentando se acostumar com a claridade inesperada no momento.

Ele passou a mão nos olhos e bocejou enquanto se mantinha sentado na cama e se desenrolava do edredom grosso. 

— ______, — Murmurou meu nome, com a voz grogue e os olhos baixos. — Estou sonhando?

Sem enrolação, fui direto ao ponto.

— Preciso da sua ajuda. — Eu disse, voltando a sentar na cama. Em seguida, o garoto à minha frente arregalou os olhos e engoliu em seco.

— O que faz aqui? Não sabe que não pode entrar no quarto de um homem que não é nada seu?

— É urgente, acredite. Se não fosse, eu não teria entrado no seu quarto sem a sua permissão.

— Fiquei surpreso com a sua visita. Já tem alguns dias que não nos vemos. — Mudou de assunto de uma forma bruta, limpando a garganta. Cravou os lindos olhos azuis em meu rosto e eu baixei os olhos, assentindo com ele.

— Desculpe por isso. Aconteceu umas coisas que você não entenderia se contasse agora. — Falei depressa. — Bast, você se importa comigo? 

Minhas bochechas queimaram, mas eu me recusei a ficar envergonhada. 

Sebastian não estava diferente de mim, o pomo-de-adão subiu e desceu rapidamente em uma forma nervosa. Ele levou os dedos até a gola do pijama e o puxou um pouco para o lado, como se estivesse sufocado.

Antes de me responder ele se recompôs empinando o queixo. 

— Claro que sim! — Confessou, os olhos frios suaves e ao mesmo tempo aquecidos de intensidade. — Me importo mais com você do que comigo mesmo.

Um sorriso largo transbordou meus lábios.

— Preciso que fuja comigo para Londres. — Disparei, a voz pesada em nervosismo e ansiedade martelando meu peito.

— O-o que? — Balbuciou, mal mantendo a  voz firme. Seus olhos ficaram assustados junto a sua cara pálida como um cadáver. — Por que?

— Conto no caminho, mas preciso que venha comigo. Não posso ficar em Salem. — Me aproximei, tomando suas mãos com a minha. Mas as soltei no mesmo momento. — Não vai ser para sempre. Vamos ficar apenas um tempo lá. Sei que você tem mais de uma casa em Londres.

— Você também.

— Seria o primeiro lugar onde meus tios iriam me procurar.

— É tão urgente assim? — Indagou.

Claro que era, senão eu não estaria aqui.

Não disse nada, apenas assenti com um olhar tristonho. Soltei um suspiro desanimado, vendo Sebastian terrivelmente confuso se deveria ir ou não. Eu realmente não queria colocar ele nessa, mas era minha única opção e eu não tinha tempo de pensar que estava sendo egoísta com ele. Afastei esse pensamento da minha cabeça.

Fui despertada dos pensamentos com a voz dele, clara e alta.

— Tudo bem, eu vou. — Num salto, ele pulou da cama e jogou o edredom de lado. — Não olhe para trás, irei trocar de roupa.

— Bast, você vai mesmo fugir comigo? — Indaguei, inacreditada. Apesar que uma parte de mim já sabia que Bast aceitaria, eu ainda estava surpresa.

Barulho de roupas sendo retiradas eu ouvi, imaginando um Bast sem nada atrás de mim. Além das minhas bochechas, minhas orelhas pegaram fogo com vergonha. 

— Sim! 

Logo ele estava vestido com um dos seus ternos. 

— Não vou precisar de malas, tenho roupas em Londres. 

— Tudo bem, mas precisamos de dinheiro para o trem. 

Me virei de frente para ele. Bast estava lavando o rosto na jarra cheia d'água ao lado da cômoda. Depois ele partiu para o cabelo, jogando um bocado de gel nas madeixas escuras e longas que batiam em seu nariz. Ele pegou sua carteira cheia de dinheiro. Quando ele ficou pronto e estávamos quase avançando na porta, eu o parei.

— Espera. Seria melhor se deixasse um bilhete avisando que ia resolver algumas coisas. Para a sua família não ficar preocupada.

Ele assentiu, pegando caneta e papel de dentro da gaveta.

— Você deixou um bilhete? — Começando a escrever, ele quis saber.

— Não. — Falei a verdade. — Acho que Yoongi deixou, então vão pensar que estou com ele.

— Yoongi fugiu? — Ele não perdeu o foco. 

— Sim, mas conto tudo no caminho. — Dei de ombros e ele terminou, colocando o bilhete sobre a mesinha de centro. — Uma carruagem seria mais que necessário agora.


ههههه


Contei tudo para Bast, do começo ao fim. 

A única coisa que não comentei foi sobre eu ser a companheira de Jungkook. Se contasse isso a Bast, ele daria a volta e me deixaria sozinha no meio da estrada. Mas no fim das contas, ele pareceu acreditar na minha história sobre lobos. Contudo, era notável que estava confuso e que precisava processar muita coisa. 

Ele não ficou nada feliz em saber que Jungkook ia para Londres com a gente, mas também não comentou mais nada que envolvia Jungkook no meio. Quando chegamos na estação, vimos que o trem ainda estava parado. Descemos da carruagem e Bast pagou o dobro para o cocheiro para manter a boca calada caso ele fosse visto com a gente.

Duas figuras semelhantes estavam paradas perto do portão do trem de Londres.

— Yoongi, Jungkook. — Corri na direção deles e abracei os dois ao mesmo tempo.

Ambas as mãos me empurraram para trás. Ao encontrar meus olhos, meu primo e Jungkook grunhiu em raiva. 

— O que faz aqui? — Jungkook perguntou, praticamente gritando.

— E como veio sem dinheiro? — Yoongi indagou, da mesma forma que Jungkook.

Soltei um sorriso anasalado, dando um passo para trás.

— Eu vou ir com vocês. — Avisei convicta. Jungkook fechou os punhos e virou de costas, passando a mão no cabelo escuro e bagunçado. A princípio, eu não tinha notado, mas quando o avaliei direito, percebi que Jungkook vestia um terno vermelho por cima de uma camisa social preta. A calça era a mesma de sempre.

Ele estava tão bonito e diferente das outras vezes. Meu olhar se demorou nas pernas de Jungkook. Uhh, não tinha percebido o quanto suas coxas eram grossas e bonitas naquela calça que o marcava perfeitamente. Depois que ele revelou tudo sobre eu… nós sermos companheiros, comecei a vê-lo com outros olhos. 

Yoongi estalou a língua no céu da boca, preocupado.

— Vim com Bast. — Falei antes que meu primo começasse com a discussão. 

De imediato, Jungkook ficou de frente para mim com os olhos arregalados. Em seguida fechou a expressão.

— Você não devia ter feito isso. — Ele disse, tentando ficar calmo. — É perigoso. Principalmente porque talvez o garoto que estamos procurando esteja aqui.

— Está?

— Ontem não saiu nem um trem para Londres. Todos atrasados. Então é bem provável encontrarmos ele por aqui.

— Entende o tamanho do perigo que você está? — A voz era de Yoongi, mas eu estava olhando para Jungkook. — E ainda colocou outra pessoa nessa. Você contou sobre nós?

— Contei, ele precisava saber. — Revirei os olhos, não entendendo toda aquela preocupação. — Eu sei me cuidar e Bast também. Vamos ficar bem.

Jungkook bufou, se aproximando do meu corpo. Ele agarrou minhas mãos e as beijou, com toda delicadeza.

— Volte, por favor. — Suplicou, na tentativa de me convencer.

Sem chances.

— Onde está Sebastian? — Yoongi rolou os olhos pela estação.

— Comprando passagens. — Avisei e me soltei das mãos de Jungkook. — Eu posso ajudar e Bast também. Ele tem mansões em Londres! Por acaso acham que o dinheiro de vocês vai dar para pagar uma estalagem?

Eles se entreolham, e o último a se render foi meu primo.

— Ela tem razão. Não vai ser da noite para o dia que iremos pegar o garoto. — Pude ver que ele odiou dizer isso. — Ela já tem dezoito anos, toma suas próprias decisões.

Eu sorri ,e Jungkook estragou tudo.

— Não. — Ele rosnou.

— Ela é boa de briga. — Yoongi tentou mais uma vez.

— Sou sim.

Então, Sebastian voltou, parando ao meu lado com duas passagens na mão.

— Que foi? — Ele perguntou, estranhando nossas reações. 

Dei de ombros e peguei minha passagem da sua mão.

— Não podemos voltar, — Falei para Jungkook, balançando a passagem no ar. — Ele já comprou as passagens.

Com um rosnado amedrontador, Jungkook puxou minha mão, assim fazendo meu corpo ir para o seu lado. Um homem passou por nós anunciando a partida do trem, então todos fomos andando para as nossas cabines depois de entregar as passagens para o guarda ao lado do portão.

— Se o garoto estiver realmente aqui, ele vai sentir meu cheiro e vai se transformar. — Jungkook explicava enquanto me sentava ao seu lado. — Ele não sabe se controlar e a primeira pessoa que ele vai atacar será eu ou você.

— Por que eu? — Perguntei, olhando para Sebastian que guardava minha mala, depois sentou ao lado de Yoongi à minha frente.

— Ele sabe que você é minha…

Antes que ele terminasse a frase, o calei com um dedo em seus lábios. 

Bast franziu o cenho sem tirar os olhos de mim e Jungkook.

Me inclinei para o lado e sussurrei no ouvido do moreno.

— Bast não sabe que sou sua companheira.

— Por que não? — Jungkook ficou um tanto aborrecido, se afastando do meu corpo e olhando diretamente para Bast.

— É melhor assim. — Comentei em voz alta.

Emburrado, Jungkook não falou nada. 

O tempo passou e o trem entrou em movimento. Nos aconchegamos em nossos assentos tentando tirar uma soneca. Não foi difícil pegar no sono, todos acordamos muito cedo, o sono ainda estava presente deixando nossos corpos moles e cansados.

Yoongi encostou sua cabeça no assento enquanto Bast estava encostado na janela de olhos fechados. Jungkook estava dormindo ao meu lado, sua cabeça sobre meu ombro. Sua respiração era leve e suave, batendo contra meu pescoço. A boca entreaberta o deixava fofo juntamente ao cabelo caído em cima dos seus olhos. O cabelo de Jungkook era lindo e parecia tão sedoso. Batia em suas bochechas, quase do mesmo tamanho do de Bast.

Não consegui me controlar, acabei afundando meus dedos nas madeixas lisas e escuras. Esperava que Jungkook não me pegasse assim, seria um tanto constrangedor. Logo minhas mãos tomaram iniciativas próprias, começando a afagar todo o cabelo, depois descendo para o rosto marcante e bonito. Meu peito bateu contra minha pele, forte como uma martelada. O cheiro extremamente bom invadindo minhas narinas. 

Encostei minha cabeça na dele, olhando cada detalhe perfeito do seu rosto. Foi inevitável não sorrir nesse momento. Então eu fiz uma coisa, beijei a bochecha do moreno e sorri mais uma vez, controlando a terrível vontade de beijar seus lábios rosados, macios e convidativos.

Eu não consegui dormir.

Depois de meia hora, Yoongi , Bast e Jungkook acordaram. Bast se remexeu no seu assento contorcendo a cara, odiando está dormindo em um banco de um trem. Claro que ele preferia sua cama macia, eu não o julgava, também preferia a minha. Mas era um caso de quase vida ou morte. Era a missão de Jungkook e se era importante para ele, era importante para mim também.

— Quando vamos chegar? — Perguntou Bast, olhando para mim.

— Não falta muito. — Falei, não sabendo exatamente quantas horas faltava. Mas não faltava muito. Uma viagem de Salem para Londres não levava o dia todo.

— Meu corpo tá travado. — Ele reclamou, mudando os olhos para a janela. Então soltou um longo suspiro pesado e depois um muxoxo, se remexendo no banco.

Deixei escapar uma risada, e Bast sorriu ao encontrar novamente o meu olhar.

Mas Yoongi estalou a língua no céu da boca, com uma certa raiva.

— Pare de reclamar. — Pediu, ignorando Bast.

E quando o futuro duque ia se pronunciar, eu intervi.

— Não está com fome? — Indaguei, arqueando a sobrancelha para Sebastian. — Eu estou morrendo. Poderia pegar um pedaço de bolo para mim? 

— Claro. — Ele arrumou o terno rapidamente e se levantou, me lançando um enorme sorriso antes de sair da cabine.

Yoongi suspirou, relaxando no banco. 

— Estão sentindo o cheiro do tal garoto? — Olhei para Jungkook antes de voltar para Yoongi. 

— Não. — Jungkook respondeu, franzindo o cenho, perdido em pensamentos.

— O cheiro dele é fraco quando está na forma humana. — Meu primo disse. — Ele é muito diferente da nossa espécie. — Senti uma pitada de orgulho quando ele falou nossa espécie. — Por isso é chamado de sangue sujo. 

Assenti, entendendo.

— Se ele estivesse ao nosso lado, conseguiriam sentir?

Yoongi não soube responder, assim deixou para Jungkook.

— Sim, e se estivesse na cabine de trás também, ou na outra. 

— Ele está deixando nossas vidas complicadas. — Resmunguei, apoiando meus pés no banco de Bast. 

— Foi você quem quis vir. — Yoongi me lembrou, jogando as palavras na minha cara.

Mas não era disso que eu estava reclamando. Se o garoto não fosse um lobisomem sangue sujo, Jungkook não precisaria ir atrás dele e pegar o trem para ir a Londres. Eu gostava quando estávamos em Salem e dos nossos encontros às escondidas da minha família. Parecia que Jungkook não tinha outra missão além de me conquistar. No entanto, pensando direito, se esse lobisomem não tivesse sido mordido, talvez Jungkook nunca teria ido para Salem e eu não o teria conhecido.

De qualquer forma, sou grata por conhecê-lo.

E pensar que poderia ser diferente, um arrepio subiu até minha espinha espalhando calafrios.

Eu gostava de pensar no futuro e em como seria o futuro se eu tomasse uma decisão incerta, como se eu me casasse com Bast, o que iria acontecer? Eu iria ser feliz? Acho que ninguém saberia dar essa resposta, nem mesmo eu. Mas particularmente e agora, eu dizia que não seria.  

Porque eu não gostava dele do jeito que ele queria.

Empinei o queixo e mostrei o dedo do meio para Yoongi, que gargalhou com a minha ousadia. Mas ele não disse nada, nem Jungkook que estava rindo ao meu lado.

— Estou indo atrás de Bast. — Avisei, me levantando. 

— Ah, claro. Do jeito que ele é, bem capaz de ter se perdido.

— Você é insuportável. — As palavras saíram raspando os dentes. Yoongi não tinha limites.

— Eu vou com você, ruiva. 

Concordei, saindo da cabine.

Fomos para o fundo do vagão procurar por Bast que não estava em lugar nenhum. Passamos por uma porta que dava para outra parte do trem. Olhamos ao redor e vimos uma figura familiar com uma bandeja na mão enquanto a recheava perto de um carrinho cheio de comida. Era Bast. Eu só tinha pedido um pedaço de bolo, não uma bandeja cheia de bolo. 

Marchei até ele e tomei seu braço com um pouco de força, o que fez um dos pequenos bolos cair da bandeja. Ele olhou para o bolo do chão assustado, mas quando seus olhos encontraram meu rosto, ele suspirou e sorriu.

— Por que fez isso? — Ele perguntou, apontando para o seu braço e depois para o bolo.

Ao meu lado, Jungkook revirou os olhos bufando alto.

Eu o ignorei e Bast também.

— Você demorou, — Comecei, tentando não aumentar meu tom de voz. — Eu pedi um pedaço de bolo. 

— Eu sei, mas pensei que todos estivessem com fome. — Ele disse, e eu peguei um bolo da bandeja.

— Tanto faz. — Jungkook se pronunciou. — Só vamos voltar para a cabine. É mais seguro.

Voltamos ao corredor do nosso vagão, em silêncio. Eu estava muito ocupada comendo o bolo de chocolate que roubei da bandeja de Bast, enquanto ele tentava equilibrar a bandeja em seus braços. Não era uma coisa difícil, mas para Bast era um monstro de sete cabeças.

Jungkook tentava segurar o riso com a mão cobrindo a boca, no entanto, não mudava nada. Conseguimos ouvir sua risada de longe. 

Bast tentava ignorar a provocação. Porém, não deu muito certo.

— Você é um idiota. — Ele disse entredentes. 

Era notável sua raiva.

— Eu sou idiota? — Dessa vez Jungkook não cobriu a boca para sorrir. — Não sou eu que estou apanhando de uma… Oh, me perdoe…

Um garoto de cabelo ruivo e rosto comprido esbarrou o ombro em Jungkook. 

Quando o garoto colocou os olhos no moreno ao meu lado direito, sua respiração ficou pesada e rosnados sem sentido saíram da boca dele. Jungkook me empurrou para trás do seu corpo e foi então que fiquei sabendo que aquele era o lobisomem que estávamos procurando. 

O garoto se jogou no chão, ficando de joelhos enquanto colocava as mãos na cabeça e fechava os olhos com força, emitindo um som estrito e agudo. Barulhos de ossos estalando se tornaram presentes.

Meu Deus.

Ele estava se transformando no corredor de um trem.

O próximo a querer se transformar foi Jungkook, começando a tirar seu terno vermelho.

— Não. — Coloquei a mão em seu peito. — Você tá louco?

— Tem homens nesse vagão que estão armados. — Disse Bast, que jogou a bandeja com bolos no chão,  dando passos para trás,  sem tirar os olhos do garoto se transformando. — Vão atirar nos dois.

— É verdade. 

— Então, o que vamos fazer? — Ele perguntou atordoado, tentando não soar preocupado.

— Nos esconder. — Falei e Bast assentiu.

— É um ótimo plano. 

— Tudo bem. — Jungkook concordou.

Então, voltamos para o fundo do vagão, correndo antes que o garoto se transformasse e fosse atrás da gente. Mas era tarde demais. Ele já estava transformado e parecia bastante esperto. Nos seguiu sem fazer barulho para chamar a atenção dos outros passageiros.

— Não podemos levá-lo para a multidão. — Jungkook gritou enquanto mudava de direção.

Sebastian e eu assentimos ,e o seguimos sem reclamar. 

Do outro lado do vagão tinha uma porta, mas quando a abrimos, demos de cara com o vento e a paisagem rural ao nosso redor. Um barulho agudo de ferro se arranhando nos chamou a atenção. O lobisomem vinha atrás da gente sem pressa, raspando as garras na parede do trem. Tive que encolher os ombros com aquele barulho perturbador. 

Do meu lado, tinha uma escada que dava para cima do vagão e que levava para o outro vagão da frente. Sem esperar, subi a escada e os outros dois me seguiram, gritando e dizendo que era perigoso. Eles tinham razão, mas era nossa única opção. Se Jungkook ficasse para lutar, ambos acabariam mortos. E enquanto estávamos com os corações ameaçando sair para fora e as pernas bambas, Yoongi estava na cabine relaxando sem saber o que realmente estava acontecendo.

Bast me ultrapassou, engatinhando sobre o trem devagar e com cuidado. Jungkook fechou a porta de cima da escada e foi para o meu lado, da mesma forma que Bast. Engatinhando e vendo se eu estava bem. Eu não conseguia ouvir nada direito, o vento atrapalhava. Meu cabelo que antes estava arrumado ficou todo bagunçado. O de Bast não era diferente. O gel se desfez do seu cabelo e logo as madeixas compridas ficaram rebeldes.

Minhas pernas tremiam de medo, meu vestido subia e voava para o lado, minhas mãos cravadas no ferro não eram o suficiente para me segurar. Jungkook tentou me colocar na sua frente. Eu era a mais lerda entre eles. E mais a frente, tinha uma porta e uma escada que dava para o corredor que Yoongi estava. 

O apito do trem soava alto, o vento forte raspava meu rosto como garras, a altura que estávamos me fazia perder o foco. Eu estava enjoada. Não conseguia me mover de onde estava. Sob o trem tinha um lago ao lado, e parecia fundo. Uma queda do trem até lá embaixo… era a morte certa.

— Ruiva, — Escutei a voz de Jungkook, abafada pelo vento. — Você está quase lá. Vem mais…

— Eu não consigo. — Gritei e fechei os olhos. 

Algo quente e peludo agarrou meu tornozelo, o puxando para trás. Perdi o equilíbrio e caí de barriga no teto do vagão. Meus olhos se abriram em desespero e virei o rosto para trás vendo aquele lobisomem medonho me puxando em sua direção.

— Jungkook… — Minha voz quase não saiu.

Em seguida, Jungkook voltou e agarrou minha mão, começando a me puxar para frente. Bast estava na escada do vagão, nos esperando. Tentei chutar o lobisomem que me segurava, mas foi em vão. Então Jungkook rosnou em raiva e ele já estava de pé, ignorando o trem em movimento. 

O lobisomem cinza tentou rasgar o peitoral de Jungkook com as garras, porém não conseguiu. Jungkook se esquivou e pisou na pata peluda, que de imediato se soltou do meu tornozelo e Jungkook me puxou para cima. O lobo deu passos rápidos para frente, então sua pata traseira escorregou no metal do teto do vagão e ele rolou até cair completamente no rio.


Notas Finais


Espero que tenham gostado!!
Até o próximo ❤❤🥀


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