FÁBRICA DE BONECAS - CAPÍTULO ÚNICO
"BONECA DEFEITUOSA".
Todo dia uma boneca nova, seja de pano, plástico ou porcelana, alguns muito resistentes, outras que se quebram facilmente. Haviam duas fábricas para meninos e para meninas, uma para os descentes do Ken e outra para as descendentes da Barbie. A fábrica de Barbies era toda cor-de-rosa e a fumaça que produziam era azul celeste, mas ali não entravam Ken’s, nem tampouco existia cor além do rosa.
As bonecas eram brancas como a neve e os cabelos dourados como ouro, que eram esticados até que ficassem lisos e sedosos, raramente via-se bonecas de cabelos castanhos, os fabricantes permitiam, desde que sua pele não fosse queimada demais e não houvesse melanina em seus olhos. Algumas bonecas choravam, mas logo calavam sua boca colando seus lábios com batom vermelho, esticando-os até que se forme um sorriso, para que não questionem nada. Os vestidos eram caros e todos da mesma cor e modelo, ai de quem optasse por algo diferente.
As bonecas com defeito eram deixadas de lado, ninguém gostava delas porque iam contra todas as regras de comportamento que a fábrica programava em suas bonecas.
Ai de mim, que por muito tempo tentei me passar por boneca comum, enganando a mim mesma, construindo uma imagem semelhante à que eles queriam. Mas nunca gostei do rosa, seduzida pelo brilho do azul, embora este não fosse nem mesmo a cor dos meus olhos. Quebrei a maior regra da fábrica de bonecas, onde era proibido pensar, esse foi o meu maior pecado.
Gritaram-me: “Boneca defeituosa!”, depois as Barbies lançaram-me no incinerador, fizeram-me de lenha e assistiram-me queimar até que meu corpo se transformasse em nada mais do que cinzas. Foi assim que a minha fumaça azul subiu da chaminé da fábrica.
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