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História Faces de um só. (Drarry) - Capítulo 22


Escrita por: TheMOBfanfics

Notas do Autor


Boa leitura 💚💚💚

Capítulo 24 - Capítulo 22


 

POV. Draco

 

 

 

 

 

Sabe quando se usa químicos psicoativos e isso coage seu sistema nervoso a mudar seu humor, sua percepção, até mesmo sua consciência? 

 

Quando se está tão absorto em seus próprios pensamentos mas ao mesmo tempo sua mente esta em branco e o tudo, parece nada? 

 

Era exatamente assim que minha cabeça se encontrava, meu corpo agia no automático enquanto meus pensamentos estavam longe, no meio do nada. 

 

Nesse momento Potter andava de um lado ao outro ocupando cada espaço em sua reta. Granger ponderava enquanto sentada em uma das poltronas do escritório e o Potter mais novo, cujo seja o motivo de meu choque atual, estava da mesma forma mas também pensando longe. 

 

Por Merlin que estava até então tentando ao menos digerir o que tinha acontecido a algumas horas. Aquele momento em que a adrenalina passa, o efeito da nicotina cessa e a realidade cai como uma bomba encima de você. 

 

Eu beijei Harry Potter. 

 

A porra do Harry Potter me beijou. 

 

E por mais incrível que pareça, enquanto estávamos voltando para aquele apartamento, me toquei de que realmente era real. Não estava sonhando ou um delírio causado por sei lá que parte do meu subconsciente, mas sim, aquilo realmente aconteceu e eu me condeno desde então. 

 

Eu me condeno por ser fraco, por agir sem me conter e ser impulsivo, indo além do que meus pré-pensamentos pudessem evitar. Mas me condeno mais pelo fato de que eu queria, e Merlin como eu queria.... 

E o outro fato de ter me colocado em um complexo problema, estava mexendo mais ainda com a minha cabeça. 

 

E agora?

 

E aqui pra frente? Seria o nada? 

 

É óbvio que sim Draco, estaria sem seu completo juízo se pensasse amais. 

 

Mas poderia....Até quem sabe......

 

Óbvio que não seu imbecil! 

 

Seria a mais completa loucura.....mas não foi como se o mundo tivesse se explodido e milhões de vidas fossem extintas....mas ainda sim era muito estranho. 

 

Errado de tantas formas...mas porra! Ter me arrependido não era a palavra, querer voltar atrás e desfazer o que foi feito seria o certo.....não?

 

Independente, tenho certeza de que tinha caído em completa loucura e enfim terminado minha própria cova. 

 

 

Mas.....não me lembro de ter sentido tantas sensações em apenas um beijo........ Me sentir aceso, eufórico e extasiado ao mesmo tempo, em uma onda tão quente e a surpresa por cada toque. 

 

Meus olhos vagaram por minha mão repousada ao braço da poltrona, me trazendo flashes de que em algum momento atrás, se emaranhava naqueles cabelos negros e sentia os pelos ouriçados de sua nuca emanando calor de sua pele mais que o normal. Sem nem notar, subiram a aquele rosto perdido as janelas de vidro atras de Potter. 

 

Por que me afeta tanto? 

 

Por que um completo ogro, desleixado, impulsivo e inconsequente me desestabiliza tanto? 

 

Por que caralhos eu penso tanto em você que me chega a sufocar a ideia de ter o perdido tão fácil, sem nem ao menos ter sido meu em algum momento?

 

E por que inferno eu estou pensando que o quero tanto para mim?!

 

Parecendo ter sentido meu olhar queimando em si, os olhos do mesmo cruzaram a sala caindo direto aos meus. Seus lábios se entreabriram levemente e eu pude enxergar o misto de curiosidade com os milhões de pensamentos em si, ele me analisava apenas por meus olhos. 

 

E aquela sensação de formigamento percorreu meu corpo novamente, era sempre assim o choque com o peso de nosso olhar. 

 

Mas bem ali eu soube de uma coisa. 

 

Observando o contraste da pele rosada com os cabelos mais escuros que a noite e os olhos irritantemente verdes. Exatamente quando seu olhar encontrou o meu e eu pude ver aquele mesmo brilho que só aparecia em seus momentos mais puros. 

 

Ali pude ver que Harry Potter sempre seria a pessoa mais irritante do mundo, pois independente de quem o fizessem ser, sempre seria o mesmo, e independente da imagem que o pintassem, ao menos para mim, sempre voltaria a forma mais pura de si quando o desestabilizava. Potter sempre seria o motivo de minha angústia por nunca chegar a ser metade do que é. Me irritar e me levar ao insano por nunca precisar de muito para conseguir ser perfeitamente bom. 

 

Bem ali eu tive a certeza de que meus lábios ainda formigavam para não me deixarem esquecer. 

 

 

 

Você é meu maior erro Harry Potter, minha imperfeição, meu defeito, meu fraco.....

 

 

O meu problema.....

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

— Espera, vamos recapitular as coisas então.— Potter contornou a mesa de madeira se recostando a mesma logo após.— Malfoy se enfiou em uma puta de uma enrascada mesmo eu dizendo DESDE DE O INÍCIO PARA TOMAREM CUIDADO, coincidentemente Zabini e Harry estavam no lugar errado, ou “certo”, na hora errada, ou “certa”, onde ouviram e tiveram conversas reveladoras, resultando em um com pequenos ferimentos internos e o outro, para premeditar o pior, voltou à aquele caldeirão de bruxos de magia possivelmente negra, impedindo que o terceiro “mosqueteiro” fosse sequestrado por uma suposta gangue adoradora dos antigos Comensais, liderados por sua ex maluca e seu projeto de gárgula humano.— 

 

— Olha, você conseguiu resumir tudo de forma bem porca. Parabéns!— 

 

Brandei sorrindo sarcasticamente, o mesmo levou dois de seus dedos em cada mão, massageando suas próprias têmporas. 

 

— Me poupe dos seus chiliques Malfoy, agora não!— 

 

Revirei os olhos observando Potter respirar fundo parecendo cansado, aviam nos abordado assim que chegamos ao apartamento, devendo ser altas horas da madrugada. 

 

— Tem alguma coisa acontecendo Potter, você deveria ter visto, aquela criatura não era desse mundo. Era tão bizarra.— O Potter mais novo atraiu nossa atenção.

 

— Pelo que disse talvez pudesse ser só de uma espécie rara ou reservada como os centauros.— 

 

— Creio que não.— Granger sobrepôs o Potter mais velho.— Claro, existem muitas coisas de que ainda não sabemos, mas a descrição de Harry bate com uma criatura que me lembro ouvir sobre, quase todas as noites. Meu pai era um grande fã de mitologias e consequentemente me induziu a desenvolver curiosidades pelas mesmas. Sempre foi um homem cortês, mas obcecado pela história.— 

 

— Agora sabemos quem puxou...— 

 

Uma voz esganiçada adentrou a sala, não precisava me virar para reconhecer a mesma, e muito menos tinha vontade de ver seu dono. 

 

Zabini se sentou no pequeno sofá ao lado da porta com a ajuda de Weasel. 

 

— Rony...— Granger o chamou.— Luna e Parkinson?— 

 

— Ela não quer sair do quarto então Luna disse que ficaria com ela.— 

 

Bufei revirando os olhos sem nem ao menos perceber. Tão patético, eu era a vítima daquela situação e Pansykin se faz de louca. 

 

— Zabini, se sente melhor?— 

 

O Potter mais novo se direcionou ao mesmo que lhe respondeu com o acenar do rosto e um sorriso um pouco sofrido, sendo retribuído com outro logo em seguida.

 

Mas o que......

 

Meu punho havia se serrado assim como meu maxilar sentindo aquele mesmo incomodo de noites passadas. 

 

Isso me corroía por dentro. 

 

— Hermione, pode prosseguir por favor.— Potter a solicitou.

 

— Bem continuando, isso me fez desenvolver bastante curiosidade por esses tipos de história. Uma de suas favoritas era uma Grega onde, na teogonia hesiódica, Urano era a personificação do céu e Gaia a Terra. Nessa história Urano foi o primeiro a assumir o “controle do universo”, gerando ciclopes, centimanos e depois os titãs.—

 

— Como aqueles nos Cards de Bruxos famosos?— Weasel perguntou recebendo um aceno de Granger.

 

— Continuando, Urano nunca teve afeição pelos filhos e  com sua tirania os obrigava a permanecerem presos na terra. Contanto, um dia Gaia se rebelou com a ajuda de Crono, o filho mais novo que odiava o pai, assim o fez uma noite, castrando Urano.— 

 

— Ai....— Weasel grunhiu assim com os outros homens na sala imaginando a dor que poderia ter sido. Granger riu contida logo continuando. 

 

— Enfim, depois de decepar o membro do pai, Crono o jogou ao mar, libertando todos seus irmãos pondo fim a angústia de Gaia.— 

 

— Ainda não entendi o que isso tem haver com a criatura.— Potter questionou. 

 

— Bem, quando o membro de Urano foi lançado ao mar, diz a história que as gotas de seu sêmen que caíram no mar, deu fruto a Afrodite, e as de sangue que caíram na terra, deram fruto as ninfas, gigantes e por fim, erínias. E é aí que entra aquela criatura Harry.— Brandou.— O que você viu bate perfeitamente com o perfil de uma erínia. Erínias eram a personificação da vingança, puniam os homens que infringiam a moralidade.— 

 

— Mas isso é apenas um conto, não?— Weasel questionou com sua típica falta de percepção. 

 

— Rony amor, até os onze anos de idade eu acreditava que magia existia apenas em contos de fadas. Hoje tenho dezoito e já vi Trasgos, Dragões, Unicórnios, Testrálios, Sereias, Centauros além de um Cébero que Hagrid chamava de Fofo e coincidentemente também existe em meio a esses “contos” grego mitológicos.— 

 

O ruivo engoliu seco enquanto o Potter mais novo prosseguia.

 

— Então por isso disse aquilo antes de tentar me capturar.— 

 

— Creio que sim. Teve bastante sorte Harry, erínias são bem amarguradas, se topar com ela novamente fará picadinho de você.— 

 

— Se Astória tem aquela garota como arma em mãos, fica tudo mais difícil. — Zabini comentou o óbvio.

 

— Separando por tópicos concluímos o que já sabemos, os Comensais realmente estão arquitetando voltar e o tempo é curto para finalizarem. Astória Greengras possui muitos recursos e parece que controla uma criatura poderosa na palma da mão.— Granger arquitetou.— Mas  uma coisa é fato....— Voltou seu olhar a mim.—.....precisam de algo ou alguém para concluirem o plano, e é precisamente bem específico.— 

 

— Quando Zabini e eu nos esgueiramos a janela daquele quarto, Astória disse que queria “o Malfoy”, não especificou qual, o que nós deixa um leque aberto de opções.— Potter pensou alto.— Lucius Malfoy está exilado nesse ano, Narcisa Malfoy....está com ele, como tinha dito.— Potter vacilou por um segundo, logo continuando.— E a mesma disse que Malfoy, no caso o Draco...— Pressionei meus dedos contra um de meus anéis na tentativa de disfarçar a forma como me afetou, meu nome saindo de forma receosa de seus lábios.— Está desaparecido.— 

 

Meu cenho se franziu ao ouvir aquela informação. 

 

Eu? Desaparecido? 

 

— Sabe de alguma coisa com relação a Malfoy esse ano Potter?— O mais novo perguntou ao outro que no mesmo instante, levou uma de suas mãos a cabeça.— Pelo que vimos, o mesmo desapareceu, Greengras está perto de o encontrar e......— 

 

— Harry...— Granger o interrompeu atraindo a atenção de todos ao mais velho no lugar. 

 

Potter ofegava apoiado a mesa com uma de suas mãos a cabeça. 

 

— Potter ta tudo bem?— Weasel foi o primeiro a perguntar, causando uma pequena revolta dentro de mim.

 

— Claro que não seu idiota, por acaso é cego?— Me levantei abruptamente. 

 

— Vai se ferrar Malfoy!— Meu sangue começou a ferver quando Granger também se levantou e se pos entre nós. 

 

— Calem a boca vocês dois! Mesmo com dezoito anos nas costas são completos imbecis, conseguem levar algo a sério pelo menos uma vez na vida!— 

 

A mesma se exaltou enfurecida, fazendo-me desviar o olhar e o ruivo encolher seus ombros. Não que eu abaixasse a cabeça para situações assim, mas algo em mim dizia que devia muito a Granger e com o tempo fui descobrindo ser grande parte do meu arrependimento guardado.

 

Um grunhido chamou nossa atenção e o que pode ser visto quando me virei, foi Potter perdendo a estabilidade nas pernas. O mesmo ia de encontro ao chão se o Potter mais novo não tivesse se lançado de joelhos para previnir que se machucasse.

 

— Harry NÃO!!!— Granger gritou mas antes que pudesse entender o motivo, assim que o pegou em seus braços, seu rosto se inclinou para cima e suas íris ficaram totalmente brancas. Seus lábios se entreabriram e sua pele se empalideceu. 

 

Meus olhos se arregalaram ao mesmo tempo e meu corpo tremeu sozinho. No minuto seguinte, seu corpo desfaleceu ao chão começando a se debater, sua coluna se curvava um pouco e seus olhos se reviravam a medida que uma espuma saia de sua boca. 

 

 

 

Desespero foi o que me possuiu aquele momento. 

 

 

 

 

 

 

POV. Harry 

 

 

 

 

 

 

 

Sabe a sensação de formigamento logo após se levar um choque?

 

Pois então, meu corpo inteiro parecia ter levado uma descarga elétrica bem carregada. Dava inúmeros espasmos até perder a consciência, mas o que aconteceu logo após foi um tanto curioso. 

 

Quando abri os olhos, o ambiente estava em uma penumbra clara, era tudo branco mas a sensação era reconfortante. Senti um movimento ao meu lado logo me dando conta de que estava deitado, meus olhos desceram primeiramente reparando ao redor, era um quarto mobiliado e bonito, tudo em paletas claras. Logo após desci ao meu corpo, me encontrava deitado em uma cama macia, não vestia nada do peito para cima e acredito não poder ver muito pelo lençol na altura da minha cintura. Ouvi um murmúrio ao meu lado logo virando o rosto em sua direção, então eu vi ele.  Seu corpo albino e desnudo, me permitindo ver os inúmeros desenhos em sua pele, estava deitado de bruços naquele colchão. Seus braços flexionados os músculos, sumiam por baixo do travesseiro que repousava seu rosto e os fios loiros bagunçados para todos os lados. Suas orbes azuis estavam centradas em mim, pareciam me observar a pouco tempo, mas ainda sim eram tão indescritíveis. Um sorriso adornou aqueles lábios finos, distante de todos os que estava acostumado, era doce e apaixonante. Não me lembro como ou quando foi, mas tive certeza ali de que Draco sempre me encantaria cada vez mais. 

 

— Harry...— 

 

 

Sua voz soou distante, saindo de meus pensamentos reparei que aquela visão se escurecia.

 

 

— Não se esqueça de mim...— 

 

 

 

 

 

 

...

 

 

 

 

 

Meus pulmões se contraíram com tanta força que meu corpo ficou estático enquanto estabilizava minha respiração. 

 

— Harry!— Assim que minha audição voltou pude ouvir a voz de Hermione, mas em seguida uma dor pouco forte no braço. 

 

— Ai!— Grunhi ao sentir o beliscão da mesma.— Hermione!—

 

— Eu disse pra nunca tocar em Potter, não disse?!— Perguntou retoricamente cruzando os braços.

 

— M-mas ele iria cair.— 

 

— E entre isso e ter um colapso temporal você preferiria o segundo?— A mesma respirou se acalmando.— Tudo bem, eu entendo você, mas precisa entender que isso é muito perigoso Harry. Você teve uma convulsão!— 

 

Arregalei um pouco meus olhos em surpresa. 

 

— Potter desmaiou e Rony esta com ele no quarto de vocês dois. Isso não pode acontecer de novo, o corpo de vocês pode não aguentar a descarga de energia e....—

 

— Hermione....— A interrompi.— Quanto tempo fiquei inconsciente?— 

 

— Algumas horas, acredito que seu corpo ficou sobrecarregado não só pelo conflito. Você não vem dormindo direito, não é?— Hermione me olhou com o semblante preocupado. 

 

Desviei o olhar da mesma suspirando fundo, a preocupação com Malfoy estava me matando aos poucos. 

 

— Harry sabe que não pode ficar assim.— 

 

— Eu sei Hermione, vou resolver isso.— Voltei a mesma tocando em sua mão que agora estava encima do grande colchão.— Eu prometo.— 

 

Aliás, franzi o cenho fitando o lugar a minha volta. 

 

— Onde estamos?— 

 

— É o quarto de Zabini e Malfoy.— Olhei a mesma que me encarou de relance. — Assim que Malfoy conseguiu te estabilizar eu....

 

— Espera, Malfoy?— Perguntei confuso e a mesma assentiu.

 

— Ele foi o primeiro a se dar conta do que tava acontecendo, correu na sua direção, tirou sua cabeça do chão e virou seu corpo de lado. Ele parecia bem eficiente mas eu vi suas mãos tremendo, o ajudei a cuidar de você. Depois ele te carregou a contragosto do Rony e te colocou aqui.— 

 

Minha boca se entreabriu enquanto senti meu peito ficar pequeno demais para portar as batidas um pouco mais aceleradas. Sem nem perceber meu rosto se corou sozinho e Hermione me fitava.

 

— Foi bem estranho e surpreendente na minha percepção mas, se não tivesse agido talvez você se machucasse.— 

 

A mesma arqueou uma de suas sobrancelhas enquanto eu viajava em meus pensamentos só notando quando grunhiu.

 

— Tem alguma coisa que queira me contar Harry?— 

 

— Não! — Engoli seco me sentando no colchão. 

 

Péssima ideia.

 

Senti uma tontura horrível e minha visão se escureceu logo em seguida. Senti o toque de Hermione em minhas costas e outro em meu ombro. 

 

— Vai com calma Harry, sua pressão ainda não está muito estável.— 

 

— Que horas são.— Murmurei esperando a tontura passar. 

 

— São cinco e vinte da tarde.— 

 

— Eu dormi o dia inteiro?— A mesma assentiu com o rosto. 

 

— Vou a cozinha pegar algo pra você comer, não faça algo estupido antes de eu voltar.— Hermione brincou mas eu sabia que tinha um fundo de seriedade, e eu não era louco de contesta-la. 

 

Logo quando saiu voltei a me deitar naquela cama espaçosa, respirando fundo pude sentir o cheiro de Malfoy empregando no travesseiro do lado direito. Encarando-o por alguns segundos, meus braços se fecharam envolta do mesmo o apertando contra meu peito e enfiando o rosto naquele enchimento macio. 

 

No mesmo instante que meus olhos se fecharam a noite passada veio sorrateira em meus pensamentos, a visão tão tentadora de Malfoy naquele estado. Esse mesmo perfume que eu tenho certeza ser afrodisíaco fez meu corpo se arrepiar no momento em que me lembrei daquele beijo. O gosto dos seus lábios antes gélidos assim como sua pele, foram como um choque térmico contra os meus, seus cabelos eram bem mais macios quanto pensava e porra.... 

 

Eu estava ficando excitado novamente...

 

Mas eu não podia evitar, era tão recente, tão vívido, me sentia quente e instigado a ir mais a fundo. Tocar seu corpo mesmo que acima de camadas de tecido, foi como a realização de sonhos a muito tempo reprimidos por mim. Não me lembro de ter me sentido assim com Gina e isso não me surpreende mais a um tempo.

 

Não que eu não a ame. Eu amo sim, amo muito! 

 

Mas o amor por Gina é algo protetor, meu sentimento pela mesma era algo como um irmão sente por outro assim como o que tenho por Rony e Hermione. 

 

Mas o que senti aquela noite...

 

Por Merlin...Achei que meu coração iria sair pela boca.

 

 

Fiquei por mais algum tempo ali, só perdido em minhas próprias lembranças enquanto ouvia apenas o ressoar de minha respiração. Estava tudo tão pacato e silencioso, pela primeira vez me vi calmo, meus músculos relaxavam e meus olhos fechavam lentamente envolto aquele cheiro que me apaziguava. 

 

Em um momento me lembrei do que parecia ser um sonho em meio ao tempo que fiquei inconsciente. Poderia ser apenas algo bobo se não soubesse que pode ser ligado a Potter. 

 

Mas Malfoy estava tão....

 

 

Acordei de meus pensamentos abrindo levemente os olhos ao ouvir o barulho da porta se abrindo. Malfoy a fechou atras de si enquanto segurava uma pequena bandeja em mãos, o mesmo se aproximou notando que estava acordado enquanto intercalava seu olhar entre mim e o travesseiro que agarrava. Desviei o olhar sentindo que poderia corar a qualquer minuto. 

 

— Granger está ocupada com Potter, pediu para que trouxesse isso.— 

 

Inconscientemente ri atraindo sua atenção. 

 

— Ironia não acha?— Malfoy arqueou uma de suas sobrancelhas.— Draco Malfoy ajudando uma nascida trouxa a cuidar de um mestiço que representa tudo aquilo que mais despreza além ser seu “inimigo declarado”.— 

 

Fitei seu rosto inexpressivo.

 

Até onde iria sua mania de me evitar....

 

— É um “traidor do sangue”?— Perguntei retoricamente. 

 

Senti seu olhar ainda sobre mim. O loiro deixou a bandeja no criado mudo ao meu lado logo foi se virando para ir embora. 

 

Eu não podia deixar ele ir, essa era minha chance. Sentia que tinha tanta coisa guardada que uma hora podia explodir, e explodir com Malfoy nem sempre poderia ser libertador, as vezes transformava uma uma bomba pequena em uma explosão nuclear. 

 

Me sentei abruptamente segurando seu pulso, Malfoy parou no mesmo instante virando apenas seu rosto comumente inexpressivo. 

 

— Por favor não vai.— Supliquei desviando o olhar do seu.— Fique aqui....— 

 

Fechei o cenho me sentindo estupido pela forma como aquilo estava me afetando, se ele rejeitasse eu me sentiria um idiota e se ele ficasse eu me sentiria três vezes mais por não saber o que fazer. 

 

Malfoy não disse nada então apenas afrouxei o aperto em seu pulso o soltando logo em seguida. Ainda não tendo coragem de o olhar, só percebi que o mesmo havia ficado quando ao invés do barulho da porta, o mesmo se sentou na poltrona perto da janela ao lado esquerdo da cama, bem distante de mim diria. Me arrumei na mesma me recostando a cabeceira acolchoada, peguei a caneca fumegando com um líquido escuro, ao tomar reconheci o gosto da cafeína com chocolate. Me lembraria de agradecer Hermione mais tarde pelo frio que fazia. 

 

Ainda sem coragem de olha-lo explicitamente, o fitei rápido por cima da caneca enquanto bebia o cappuccino. No mesmo instante corei ao ser flagrado enquanto o mesmo me encarava fixamente. Desviei o olhar para a bandeja em meu colo, peguei um dos pequenos biscoitos levando direto a boca, me deliciei por finalmente comer algo. Quando estava terminando percebi que não conseguiria adiar mais e aquele silêncio estava desconfortante, respirei fundo tirando a bandeja de meu colo, finalmente tomando a devida coragem de encarar Malfoy. 

 

— Você....está bem? Acredito que dormi na sua cama, deve estar cansado.— Iniciei um pouco receoso recebendo apenas uma confirmação com o rosto. 

 

Ainda inexpressivo.

 

Porra....O que quer de mim Malfoy? 

 

— Sua orelha e.....suas costas...melhoraram?— Perguntei logo franzindo o cenho quando o mesmo sorriu pequeno. 

 

— Já estiveram melhores.— Iniciou.— Mas o que são algumas cicatrizes a mais.— Comentou enquanto cruzava suas pernas e brincava com um de seus anéis, o que descobri ser uma mania do mesmo. 

 

— Você....tem mais cicatrizes?— Receoso perguntei, o mesmo inclinou o rosto para o lado expandindo seu sorriso. 

 

— Mesmo quando se livra de um Sectumsempra, as marcas sempre ficam pra te lembrar da dor de uma quase morte.—  

 

No mesmo momento engoli seco, senti o gosto da bile em minha garganta. Ele estava realmente trazendo aquilo de volta a tona. 

 

— Malfoy eu já pedi desculpas por isso, não fazia ideia do que aquele feitiço fazia.— Sentia o remorso por aquela noite todos os dias. Uma leve irritação começou a me corroer ao ouvir um pequeno riso sarcástico do mesmo. 

 

— Claro.— 

 

Aquela feição debochada e a pose arrogante me enfureciam rapidamente e ele sabia disso. 

 

— Você é tão desnecessário.— Comentei vendo o mesmo cruzar os braços singelamente.

 

— Então quer dizer que só tem graça quando você não é o alvo do comentário inconveniente?— 

 

Abria e fechava a boca várias vezes não conseguindo lhe dar uma resposta. O mesmo arqueou uma de suas sobrancelhas me irritando ainda mais. 

 

Eu quero que se exploda, me dispunha tão cauteloso com medo que o mesmo fugisse de mim quando só estava transformando aquilo tudo num entretenimento engraçado apenas para ele. 

 

— O que quer que eu diga? Eu já pedi desculpas, já disse que me arrependo e que a culpa me assola até hoje. Eu nunca machucaria você daquela forma!—

 

Me exaltei vendo seu sorriso se desfazer, dando lugar a um semblante sério. 

 

— Não diga coisas que não pode cumprir Potter.— 

 

Meu nome saiu de forma severa e cuspida como sempre o fazia.

 

— Quer que eu diga o que então Malfoy? Que sou um idiota impulsivo que faz as coisas sem pensar? Me desculpe mas eu nunca tive tempo pra isso em toda minha vida.— 

 

— Que você não pensar já havia percebido assim que me trocou pelo pé rapado do Weasel, mas você admitindo isso em alto e bom som é gratificante.— 

 

Meu sangue começou a ferver. 

 

Ele ainda remoía aquilo. 

 

— Você ainda com esse mesmo assunto?! Nós éramos crianças! Eu não tinha que escolher nada!— 

 

— Mas escolheu, sem hesitar. E em momento algum depois disso tentou mudar de opinião.— 

 

— Você infernizava a minha vida e das pessoas que eu amo! O que queria que eu fizesse?— 

 

— Entendesse que eu também era apenas uma criança!— 

 

Percebi que Malfoy perdeu um pouco se sua postura ao parecer irritado. 

 

— Oh me desculpe se eu não amadureci rápido o suficiente pra reparar que o valentão mimado só queria atenção!— 

 

Brandei sarcástico me ajoelhando no colchão um pouco mais próximo de Malfoy enquanto abria os braços em uma falsa rendição. O mesmo se levantou abruptamente com semblante extremamente fechado e as bochechas vermelhas. 

 

— Talvez eu quisesse, talvez eu quisesse muito a sua atenção, talvez eu precisasse, talvez eu sentisse que se fosse o foco da sua vidinha fantástica nem que fosse só pra quebrar a sua cara, só talvez eu não me sentisse um inútil por ter sido trocado por tão pouco. Porque é isso Potter!— Exclamou.— É isso que você me causa, eu não suporto a ideia de não ter sido eu, de ser tão sem valor que qualquer coisa tomou o meu lugar, de saber que nunca faria parte das suas escolhas. O mais surpreendente era que tudo bem não ser perfeito pra todo o mundo por mais que tentasse, tudo bem o que diziam ou pensavam, as pessoas não tem nada haver com a minha vida, mas você não. — O mesmo brandou sarcasticamente enquanto me encontrava estático.— É claro que Harry Potter tinha que ter tanta influência sobre mim. É claro que a porra da sua atenção tinha que me importar tanto, é claro que saber se tinha te tirado do sério com alguma provocação era o ponto alto dos meu dias. Mas o mais importante!— O loiro gesticulava enquanto ficava cara a cara comigo boquiaberto.— É claro que a pessoa por quem eu possuo uma obsessão cruciante tinha que me beijar e foder a porra da minha cabeça por inteiro! Mas tudo bem, tudo bem me sentir uma bola de frustrações e pensamentos sem fundamento algum, afinal eu 

mereço enlouquecer por ter sido um completo escroto a vida inteira! Tudo bem eu não fazer parte da sua vida como queria mas agora nem se tornou tão importante assim, é mais fácil resistir uma Imperius que tentar entender tudo isso que estou sentindo.— 

 

Meu coração batia cada vez mais forte, sentia que pudesse arrebentar meu peito a qualquer hora. Minhas respiração estava entrecortada e minha boca entreaberta assim como meus olhos arregalados em uma completa surpresa. Eu não sabia o que estava sentindo, mas tinha certeza de que as palavras de Malfoy me caíram como bombas. O mesmo parou olhando para o teto parecendo tentar se conter inutilmente. Quando voltou a me fitar pude ver seus olhos azuis mais próximos a cor do mar, marejados mas sérios. 

 

— Fui criado para achar que você seria um bruxo das trevas ainda mais poderoso que Voldemort, que seria e faria tudo que o mesmo não foi competente o bastante para realizar. Me aproximar de você era só mais uma ideia para o persuadir a me tornar um aliado forte.— O mesmo sorriu triste negando com o rosto.— Mas é claro que Harry Potter era bom demais para sucumbir a magia negra.— Malfoy voltou a mim fitando-me agora sem sua pose meticulosa ou seu ar arrogante. Apenas....ele mesmo....— Eu nunca suportei a ideia de não ser nada para você, então faria de tudo ao meu alcance para provar que seria mil vezes melhor em tudo, mas como sempre nada supera o “Santo Potter”. Hoje em dia acho que apenas não suporto o fato de ainda não significar nada e ser lembrado apenas com sequelas do que minha infância, minha criação, minha família, aquela guerra, TUDO! Me causou....— 

 

O mesmo olhou para o chão respirando fundo logo voltando a mim. 

 

— M-ma......Draco.....— Balbuciei sentindo um nó terminar de se formar em minha garganta. 

 

Minhas mãos tremiam em misto do frio com a sensibilidade. Estava estático, meus neurônios não conseguiam trabalhar para formular uma palavra sequer. Eu sabia o olhar como se tivessem me dito a coisa mais absurda do mundo inteiro, mas ao mesmo tempo tocado em uma ferida que a tempos só crescia amargurada dentro do peito. 

 

 

O mesmo levantou a mão para que não continuasse, então apenas encarou meus olhos com a mais profunda angústia antes de se virar se retirar do quarto.

 

 

 

 

— Eu nunca vou superar o fato de você ser tudo o que  não há de bom em mim.—


Notas Finais


SÓ DEDO NO CU E GRITARIA!!!

Gente o que foi esse cap, demorei um tempão pra esquematizar essa discussão de forma que desse início ao desenvolvimento do relacionamento dos dois. Esse vai pra mais um dos caps que me fazem chorar um tiquim kkkkk.

Bem anjos, eu venho demorando muito pois por mais que eu tenha a história inteira já arquitetada, eu ainda tenho q desenvolver acontecimentos e diálogos que compõem a história pra não parecer algo vago. De vez em quando eu vou ter uns bloqueios e vou demorar um pouquinho a destravar porque não quero entregar um cap meia boca só pra dizer que postei algo.

Por isso pra mim é muito importante saber o que acham da fic, o que imaginam com ela ou em relação os personagens, me ajuda muito a desenvolver partes que eu não consigo destravar.

Amo muito interagir com vocês, são meus momentos de viagem mais satisfatórios.

Bem terminando aqui, peço que não se esqueçam de votar e comentar para me ajudar, não custa nada e o dedo não vai cair. :)

Mais um avisinho rápido, assim que terminar o próximo cap, irei postar junto com uma oneshot hot/ABO (omegaverse) Drarry que estou fazendo.
Ela se passa em uma noite de Halloween numa festa da Comunal Sonserina. Teremos Blasiron, Pansyone, Linny e etc.

Interajam por favor. :3

Bjs da TheM 💚


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