História Fairy Tale - Aniversário e briga.

Fairy Tale

 

 

Capítulo 8.  – Aniversário e Briga.

 

 

[…]

 

 

— Surpresa! - Gritaram todos em uníssono.

 

Com o grito em conjunto dos principais amigos da família, Minato, acompanhado de Naomi, ficou abismado com a cena. As luzes da casa se acenderam e mostraram a tudo e todos: a excelente organização que Hinata havia se empenhado para fazer e aqueles preciosos amigos que estavam ali, tais como a família Uchiha, Nara, Akimichi, Hyuga, Kakashi e Iruka. Todos ali para festejar consigo. Ao se dar conta de sua própria emoção, Minato que já tinha o nariz avermelhado e os olhos cheios de lágrimas até tentou falar, mas não conseguiu:

 

— E-Eu, p-pessoal… - Minato tentou, mas nada saiu além disso.

— Feliz aniversário, filho! - Falou Hinata beijando a bochecha do menor.

— Filho, parabéns! - Naruto falou esfregando a mão na cabeça do garoto.

— Parabéns Minato! - Naomi diz o abraçando por trás.

 

O gesto de Naomi fora motivos de risadinhas de todos presentes, inclusive a mãe da mesma que observava a cena sorrindo de forma meiga. Depois do “parabéns” de Naomi, os demais foram cumprimentar o garoto, que os recebeu com empolgação. Recebendo o presente de todos, Minato parecia envergonhado. Estava bastante acanhado e olhava a todo instante para o chão, a fim de esconder sua emoção. Até que, em um impulso, o menino levanta o rosto e tenta agradecer:

— Eu nem sei o que dizer! - Minato estava surpreso ainda.

— Não precisa! - Disseram Naruto e Hinata, felizes que seu menino estava tão contente.

— “Nii-san”! Parabéns, é seu dia, fica tranquilo! - Grita Himawari pulando no pescoço do irmão, que a abraça.

 

Com o gesto de Himawari, sorriso surgiram, afinal era lindo o amor que a garota sentia pelo irmão mais velho. Todavia, uma pessoa estava bastante incomodada: Naomi. Todas as mulheres e garotas que cumprimentaram Minato foram alvo dos olhares assassinos da pequena ruiva, que a todo instante tinha sua atenção chamada por sua mãe, que dizia para se controlar. A menina não parecia ouvir sua mãe, pois a cada segundo que Himawari, mesmo sendo irmã, ficava com Minato, era um respirar “pesado” da ruivinha.
 

— Boruto! Não vai falar nada? - Pergunta Hinata ao ver o filho distante, como se não fosse da família.

— Estou bem onde estou. - Fala Boruto virando o rosto para a mesa de doces e salgados.

— Tudo bem, mãe. Ele está aqui, comigo. Isso que me importa mais! - Minato fala sorrindo para o irmão.

— Viu? Já sou bom demais! - Boruto sorri desconcertado, logo retomando a sua atenção para a mesa.

— Obrigado por tudo, pessoal! - Minato agradece enquanto cumprimenta seus amigos.
 

Com os devidos agradecimentos, festa começou, animada e barulhenta, com as “musiquinhas” que Hinata havia preparado. O que foi motivo de protestos do aniversariante, que logo pôs sua “playlist”, cheia de metal, para tocar, assustando sua mãe e animando a maioria dos adultos ali, que começaram dançar imitando guitarras elétricas. Dessa forma a festa seguiu: com alegria. Boruto se manteve quieto, comendo as guloseimas e perto de seus amigos. Não que achasse errado essa história de festa, muito pelo contrário. Sua relação com o irmão estava até melhorando, mas que está, de fato, incomodando-lhe é o jeito que o seu pai estava a tratar Minato. Não era totalmente ciúme e sim a inveja de todo aquele tratamento que incomodava o loirinho. Naruto havia falhado com o filho mais velho e estava compensando com o mais novo, era o que o rapaz pensava, martirizando-se.

 

Com todos já devidamente alimentados, com os pratos que lhes foram servidos, a hora final da festa havia chegado: Cortar o bolo de aniversário. Todos se posicionaram ao redor da pequena mesa a que estava posto o bolo. Minato, que ficou entre seus pais, preparou-se para cortá-lo e, enfim, fatiou aquele delicioso bolo de doce de leite, uma iguaria que o garoto simplesmente amava. Direcionou a primeira fatia do doce para Naomi, que ficou toda boba com a ação do amigo. Logo após Naomi recebê-lo, Hinata rapidamente tratou de cortar o restante para os demais convidados, afinal de contas ela era a mais hábil com uma faca de cortar bolos ali. Depois disso, Naruto se posicionou novamente ao lado do filho que acabou de comer seu “pedacinho” de bolo, e se preparou para falar:

— Filho não sei bem o que falar, mas posso dizer que você é o filho que todo pai gostaria de ter! Agora finalmente você está crescido e um adolescente. Um estudante dedicado que em breve vai se formar e se tornar um ninja. Com todo o esforço que você vive a sua vida, eu espero muito de você. - Naruto discursa.

 

Naruto, a cada palavra, observava a felicidade de seu filho ao ouvi-lo. Entretanto, o que lhe passou despercebido foi que, além de Minato que, a cada palavra, se emocionava mais, Boruto observava incrédulo todas as falas de seu pai. Era perceptível que o loirinho sentia o coração rachar. Pouquíssimas pessoas notaram, Sarada, Naomi e Hinata ficaram profundamente incomodadas com o discurso de Naruto.

Observando a reação das pessoas, o Uzumaki agachou-se diante do filho aniversariante e estendeu um pequeno objeto para ele: uma caixinha simples, de veludo e branca.:

 

— Aqui seu presente. - Naruto entrega para o garoto.

 

Dentro da caixa havia um cordão de ouro, com o brasão da família Uzumaki pendurado. Cheio de brilho, a joia emanava e simbolizava um laço importante: o familiar. Muitos ficaram surpresos, final sabiam quem já havia sido dono daquele objeto.

 

— Ele já pertenceu a Mito Uzumaki, e posteriormente pertenceu à minha mãe, Kushina Uzumaki. Ele faz parte de uma simples e pequena coleção que recebi do “Sandaime no jii-chan”, ainda jovem. Decidi te dar esse, espero que goste! - Naruto proclama empolgado.

— P-Pai, é lindo! - Minato disse enquanto tocava delicadamente o cordão/colar.

— Então é assim… - Sussurrou Boruto com deboche.

 

A última reação de Boruto realmente chamou atenção. Alguns dos presentes, como Kakashi e Sasuke observavam o garoto, sendo rapidamente seguidos por Naruto, que logo montou uma expressão de desaprovação. Com isso, após sua fala, todos bateram palmas para eles. Naruto se levantou e abriu espaço para que sua esposa entregasse o seu próprio presente.
 

— Filho, que você tenha muitos anos de vida! Tome seu presente. É simples, mas “de coração”. - Falou Hinata também entregando seu presente.

 

Quando recebeu das mãos de sua mãe, Minato pôs-se a abrir afoito como uma criança, o embrulho enfeitado que cobria o objeto. Ao literalmente trucidar a linda embalagem, listrada de branco e lilás, um lindo robe branco foi avistado pelas pequenas pérolas do garoto. Em seguida, ele rapidamente esticou seus braços com a peça delicada que recebeu. Quando teve uma visão ampla da vestimenta, os olhinhos brilharam ao observar com atenção cada detalhe de forma minuciosa. Cheio de adornos e desenhos listrados, com o tronco “liso” na região frontal, ou seja, sem detalhamento, o robe destacava em seus ombros o símbolo do Clã Hyuga no ombro esquerdo e o Uzumaki no ombro direito, tendo, por fim, um emblema, entalhado nas costas, de Konoha. Certamente era a roupa para o garoto usar quando se formar.

 

— Mamãe, ele é lindo! Perfeito! Maravilhoso, cintilante, pomposo e … - Minato começou a elogiar de forma tão extravagante que fora interrompido.

— “Tá, tá”. Já chega, onii-san. Aqui, receba o meu, por favor. - Himawari entregou um embrulho.

— Obrigado, maninha. - Minato recebeu e abriu logo em seguida.

— Espero que goste, eu não sou exatamente boa com isso, mas eu tentei. - Himawari diz envergonhada.

— É lindo, Hima. - Minato observa o desenho que continha todos os membros da família.

— Te amo irmão! - Declara Himawari.

— Também te amo Himawari! - Minato responde alegre.

— Não vai falar nada filho? - Pergunta Hinata a Boruto.

— Minat…- Boruto ia começar, mas foi interrompido.

— Não! Ele não vai! - Naruto não deixa Boruto terminar a sua frase.

— Naruto, o que está fazendo? - Repreende Hinata.

— Vou sim, mãe! - Fala Boruto com raiva.

— Boruto, Não! - Naruto insistiu, chamando atenção dos convidados.

— Você “tá” com medo de quê, pai? - Pergunta Boruto com deboche.

— Boruto! Pare de teimosia. - Naruto repreende mais rígido.

— Medo de que eu fale e o que eu penso, ou melhor, o que eu vejo? - Boruto expressava indignação.

— Vá para o seu quarto, agora! - Naruto ordena.

 

Com a discussão que se iniciava, rapidamente Kakashi e Sasuke pareciam se aproximar, todavia ambos foram interrompidos por Sakura, que sinalizou com as mãos para parar, como se fosse “não se metam”. Depois disso, ambos se aquietaram novamente e retomaram suas atenções para a briga em família que acontecia ali, enquanto todos os viam. Uma rápida olhada em volta e podia-se perceber o verdadeiro vexame.

 

— Não! Para mim já chega! Chega de fingir! Para o inferno você e essa sua falsidade! - Grita Boruto.

— Boruto olha como fala! Eu sou seu pai! - Naruto aumenta o tom de voz também.

— Pai? - Boruto rebate rindo.

— Ora, seu! - Naruto pareceu ficar furioso.

— Naruto-kun, pare com isso! - Hinata tenta parar o marido, que avançou um passo.

— Hinat… - Naruto foi interrompido.

— Que pai? Você nunca foi um pai para mim! Não o que eu sempre precisei! - Boruto esbravejou com os olhos cheios de água.

— Você querendo ou não eu sou o seu pai, então me respeite! - Fala Naruto dando a volta na mesa e ficando de frente para o filho.

— Antes se dê ao respeito! O que você está fazendo é… - Boruto fora interrompido por algo inesperado.

 

Naruto olhava para mão que ardia pela força que pôs para bater em Boruto, logo em seguida olhou para as pessoas ao redor que o olhavam muito assustadas. O homem se surpreendeu com a sua própria ação, enquanto Hinata gritou para a discussão encerrar. Nesse momento Sasuke vira o rosto para o lado, expressando sua incredulidade, e Kakashi apenas balança a cabeça em negação. Todos os amigos de Naruto ficaram incomodados com a cena e o homem teve a visão de Minato arregalando os olhos em surpresa. Um silêncio se instaurou no local e Naruto, que se sentiu abatido naquele momento, quebrou-o:
 

— Boruto me desc… - Naruto ia se desculpar, mas foi interrompido.

— Pai! O que você está fazendo?! - Minato chega mais perto da discussão.

— F-Filho… - Naruto percebeu as lágrimas grossas de Boruto e as singelas lágrimas de Minato.

— Onde você estava no meu aniversário de seis anos? E no de sete? De oito? De dez? Deste ano? - Boruto perguntava olhando o pai nos olhos.

— E-Eu… - Naruto não tinha uma resposta satisfatória.

— Você sabe o que eu ganhei de você, como presente, neste ano? - Boruto abaixou a cabeça e falou baixo.

 

Naruto, nesse momento, calou-se e abaixou a cabeça. Realmente não lembrava o que havia comprado para o filho. Estava tão ocupado com problemas da administração que nem passou pela sua cabeça o aniversário do filho. Decerto, o homem havia sido jogado contra a parede. Os olhos de todos os seus amigos, de seus familiares, de seus filhos que o fuzilavam com os olhos, tudo aquilo estava pressionando o loiro. A garganta de Naruto secou, parecia que seu chão ia desaparecendo a cada segundo que se passava.

 

— Não sabe, “né”? E qual a razão de você não saber? Porque você nem sequer lembrou! Minha mãe comprou e pôs o seu nome! MINHA MÃE! - Boruto grita a última parte.

— Filho, pare com isso! - Hinata estava sem saber o que fazer.

— Não mãe, deixe-me falar! Ele agora vem com essa de bom pai. Nunca foi e nem vai ser o pai que eu preciso! Que a Himawari precisa! Você viu o que fez com ela hoje? Você nem se deu ao trabalho de perguntar se ela estava bem. Você só fez o que faz sempre: cuida do que é importante para você; o seu cargo e o Minato! Um filho que nem é seu! - Boruto começa a falar sem pensar.

 

Nesse momento, Boruto sem nem perceber as reações dos irmãos, não nota Minato olhando para o teto e caindo de joelhos, chorando, em seguida. A única pessoa que o acudiu fora, justamente, a amiga que estava sempre ao seu lado. Rapidamente Hinata se dirigiu ao seu encontro, passando as mãos em sua cabeça, na tentativa de acalentar o choro do garoto. Algumas pessoas em respeito, como Shikamaru, Ino, Chouji, começaram a sair da casa, permanecendo apenas Sasuke, Sakura, Kakashi e Sarada.

 

— BORUTO! O que está dizendo? - Grita Hinata.

 

A mulher não suportava mais escutar tudo o que seu filho estava falando, mesmo sabendo que era verdade. Sua preocupação sempre fora a família, como um todo, una e inseparável. Pobre Hinata. A mulher sabia que aquele vínculo estava sendo atacado de formas irrecuperáveis naquele momento. Feridas de anos estavam sendo reabertas e sangravam como nunca.

 

— Eu só estou tentando ser um bom pai! - Naruto tenta contra-argumentar.

— E está conseguindo! Para o Minato! Porque para mim, ou para a Hima, você continua sendo o mesmo pai ausente de antes, o mesmo pai que me esqueceu na escola, o mesmo que esqueceu de quase todos os meus aniversários, o mesmo que faz um discurso dizendo que o filho adotivo é o filho que sempre quis ter, enquanto bate na cara do filho que tem, o que é realmente seu! - Boruto fala com nojo na voz, quase cuspindo na cara do pai.

 

Todos os convidados restantes, como Shimi e Sakura, estavam pasmos com todas as afirmações de Boruto. Ninguém esperava tudo isso de Naruto, aquele menino brincalhão e extrovertido que sonhava em ter uma família e ser o Hokage. Até mesmo Sasuke, que era um pouco ausente com Sarada e Hayato, sempre dizia que Naruto trabalhava demais, mas não tinha ideia do quanto aquilo estava afetando a vida do amigo. O homem estava preocupado com o seu amigo, quase um irmão, mas sabia que não tinha como intervir, estava ali para ver a resolução de tudo aquilo. Não por curiosidade, mas para ter uma noção do que fazer dali em diante, com Minato e com Naruto.

Em outra perspectiva, Minato ouvia as exclamações de Boruto muito assustado. Nunca imaginou que seu irmão o tratava daquela forma por causa de seu pai, jamais pensaria que ele era o causador de tanto sofrimento para seu amado irmão. Sempre tentou ser o mais obediente e menos invasivo quanto fosse possível, para nunca incomodar Boruto e ser aceito. Entretanto, nunca nada dava certo. Depois de refletir sobre isso, enquanto Boruto estava encarando, agora com os olhos marejados, Naruto, que estava bem sério e com a aparência de alguém cansado e arrependido, Minato, ao ponto em que vê Boruto se dirigindo às escadas que levavam aos quartos, sai correndo na direção dele.

 

— “Nii-san”! D-Desculpa, eu não queri… - Minato tenta se desculpar, chorando.

 

No momento em que Minato tenta se aproximar de Boruto, o garoto loiro se vira esmurrando fortemente no abdômen do albino que se curva e cai no chão. Agora sim, o “gran finale”. Todos se assustaram e se aproximaram, mas foram interrompidos pela fala de Boruto:

 

— Vocês não entendem, não é mesmo? - Boruto fala com as safiras gélidas para Minato.

— Boruto, você não pode bater nele, é seu irmão! - Kakashi tenta argumentar, enquanto notava a falta de ação dos pais.

— Você não entende! Desde quando ele chegou, o idiota do nosso pai só tem olhos para ele! - Boruto grita cheio de dor e raiva.

— N-Não é verdade, filho! - Naruto tenta se aproximar.

 

Minato, que estava caído, levanta-se a muito custo, erguendo-se sobre os joelhos dobrados. Sangue escorria de sua boca, seus olhos estavam cobertos pelos seus cabelos desarrumados e caídos sob a testa. Quando enfim levanta o rosto, e suas lágrimas tornaram-se bem visíveis, finalmente os adultos se afastam. Queriam ver como eles resolveriam. Talvez não fosse uma sábia decisão, afinal as crianças são mais sinceras quando trata-se de sentimentos, principalmente a raiva. Minato não queria o ódio de seu irmão, mas já estava cansado de todo aquele tratamento destinado a ele. Enquanto isso todos estavam estáticos observando a tudo.

 

— Boruto, e-eu realmente queria saber o porquê de tanta raiva que você tem contra mim. Parece que eu finalmente soube, mas não esperava isso. - Minato trincou os dentes.

— Não esperava? Porque você é um idiota. Gaba-se por ter esses olhos, como os da mamãe, mas se nega a enxergar aquilo que está escancarado na sua cara, idiota! - Boruto grita com Minato.

— EU REALMENTE SINTO MUITO! EU NÃO QUERIA QUE NADA DISSO ACONTECESSE. EU JAMAIS ME VI SENDO FELIZ ÀS CUSTAS DOS OUTROS! PRINCIPALMENTE DE VOCÊ E DA HIMAWARI, AFINAL EU AMO TANTO VOCÊS! - Minato Simplesmente berrou com todas as suas forças, sentindo uma dor imensurável em sua garganta.

— Eu não me importo com o seu amor! Se você queria ser amado pelos nossos pais, pois bem, vá em frente! Mas quanto a mim… Eu não te suporto, o que de fato eu queria era que você desaparecesse! Você nunca devia ter vindo para essa casa! - Boruto grita para seu irmão.

 

Todos ficaram bem mais assustados do que já estavam com a cena a seguir. Minato deu um tapa no rosto de Boruto, mas um tapa carregado de raiva. Ele realmente merecia todas as palavras que seu irmão proferiu? Seu tão amado irmão?! Hinata não suportou e caiu em lágrimas, sendo acudida por Shimi, que estava ao seu lado…

 

— Como você pode me dizer algo assim, eu sempre fui sincero contigo! Sempre me dediquei para ser um bom irmão e nunca invadir seu espaço! - Minato, nesse momento, fecha os olhos em tristeza.

— M-Minato-kun… - Naomi estava triste, pois sabia dos sentimentos de Minato.

— Seu desgraçado! Vai me pagar por esse tapa! Você não é ninguém para me bater! - Boruto avança na direção de Minato.

 

Minato e Boruto começaram a trocar golpes ali mesmo: Minato com as palmas abertas e Boruto com socos e pontapés. Quando Sasuke, Kakashi e Naruto estavam por apartar a briga, visto que ninguém parecia que ia fazê-lo, mesmo querendo, Boruto acerta o rosto de Minato com um novo soco, que vai para trás, desnorteado, seguido por um chute potente de esquerda na barriga que o fez literalmente voar na direção de Naruto. Rapidamente Kakashi e Sasuke imobilizam Boruto, enquanto que Naruto literalmente recebeu Minato nos braços.

 

— Pare com isso agora, Boruto. - Kakashi proferiu.

— Eu já terminei, Kakashi-jii-chan. - Boruto falou como se tivesse terminado um dever.

— Tem noção do que fez? - Sasuke o repreendeu.

— Ele mereceu, culpa dele! - Boruto esbraveja.

— Você deveria pensar melhor nos seus atos, criança tola. - Sasuke responde.

— Filho, você está bem? - Naruto chama por Minato, que parecia tonto.

— S-Sim. - Minato responde sem pensar muito.

— Aprenda de uma vez: Você pode ser o filho perfeito, mas eu nunca vou deixar você se aproximar de novo! - Boruto fala com total desgosto.

 

Dessa forma, com sua fala final, Boruto é solto pelos mais velhos e corre para o seu quarto. Em lágrimas, muito provavelmente choraria a noite toda. Não conseguiria esquecer o que seu “pai” fizera. Sua mãe não o defendeu, mas não culpava ela, ela tinha aquele jeito dela silencioso e meio submisso, mas ela o apoiará, era o que esperava, afinal sua mãe sempre fora dedicada consigo.

Naruto, Hinata, Naomi e Himawari se aproximaram de Minato. Certamente, preocupados, os mais velhos tentaram ver como Minato estava, afinal ele mais apanhou do que bateu. Poderia estar ferido. Porém, algo acontece, deixando-os muito mais chocados do que estavam. A incredulidade tornou-se mais pesada, pois algo bem inesperado, talvez até previsível, tomou forma.

 

— Filho está tudo bem? - Pergunta Hinata preocupada com os ferimentos do albino.

 

Minato não respondeu e continuou com a cabeça baixa, até ser erguido por Naruto. Parecia um boneco, não sabe-se dizer se pelos ferimentos, ou pelo impacto em sua alma pelo ocorrido. Naruto o balançou, mas não teve resposta.

 

— Ei “filhão”, como você está? - Naruto estava preocupado, sabia como Boruto era forte.

 

No entanto, Naruto fica surpreso ao ser empurrado por Minato, se afastando e quase perdendo o equilíbrio pelo empurro. O garoto lhe empurrou forte, com raiva. Os mais velhos logo notaram a diferença na aura que Minato emanava. Era perigosa, transmitia sentimentos ruins. Himawari e Naomi recuaram dois passos, impressionadas com aquela “energia” ruim que emanava de Minato.

 

— Filho o que você está fazend… - Hinata é interrompida por um olhar gélido de Minato.

 

Minato olhava para seus pais com um olhar de extrema raiva e o que mais assustavam eram os seus olhos. Seus olhos até então brancos, marca de sua “família”, o Byakugan, que outrora ficava sempre estampado em seus olhos, contrastando com a delicadeza de seu rosto, já não estava mais ali. Substituído ou, talvez, superado por algo hostil e sombrio. Todos que o olhavam de perto se assustaram com os olhos manchados de vermelho: a íris estava em um vermelho vibrante e sangrento, brilhante e sedento, com quatro desenhos, como três vírgulas ao redor de uma pupila negra. O “Sharingan”.

Nesse momento Minato desdobra os joelhos, ficando ereto, permanecendo com uma postura imponente, como uma “divindade assassina”. Aqueles que conheciam aquela diferença estavam chocados; aquele garoto que agora a pouco estava chorando, em seguida brigando, agora estava com uma pose majestosa. O susto ainda não havia desaparecido de suas retinas, observavam Minato com olhos curiosos que apenas foram ignorados e o jovem apenas deu atenção para quem lhe interessava no momento: Himawari. A moça, até então estava com o rosto vermelho e ainda fungava, estava no colo de sua mãe, estava muito assustada. Naomi estava ao lado de sua mãe, ambas chocadas com toda a mudança dos ares que ali estava, até mesmo com Minato, que nesse momento mais parecia um assassino prestes a matar seu alvo.

Minato estava sentindo dores em todo o seu corpo. Andava tentando ignorá-la, mas a dor insistia em abatê-lo. Não imaginava que era tão meramente inferior ao seu, até então irmão. Não conseguiu se defender e não pôde atacar o que queria; estava decepcionado de toda forma. Nesse momento, Minato pára de pensar no acontecimento de poucos minutos e se dirige à chorosa Himawari no colo da até então sua mãe. Preocupado com a irmã, que era sensível o suficiente para tomar as suas dores para si, Minato se abaixou na altura dela, enquanto era observado pelos demais.

 

— Vem comigo Himawari, vamos para o quarto. - Minato pede sem olhar nos olhos da irmã.

— Tu-Tudo be-bem, Nii-san. - Himawari responde ainda bastante chorosa.

 

Minato, ignorando a todos os olhares preocupados, de seu pai, padrinhos, mãe, tia Shimi, também se vira para Naomi. Certamente, o garoto precisava de sua melhor amiga nesse momento difícil. Ela era, naquele contexto, seu único apoio, afinal sua irmã estava bem abalada e ele bem machucado. A única pessoa em quem pensou para ajudá-lo.

 

— Naomi-chan, pode dormir aqui em casa hoje? Preciso de ajuda. - Minato pede sério.

— Você deixa, okaa-san? - Naomi pergunta para sua mãe.

— Claro, filha. Minato-kun vai precisar. Pode ficar com minha filhinha, ela vai te ajudar, meu garoto. - Shimi responde carinhosa.

— Espe-pera, filho. Você não prefere que eu… - Hinata é interrompida pelo penetrante e gélido olhar do Sharingan direcionado a ela.

— Não preciso de sua ajuda, você precisa ajudar o seu filho. Ele sim precisa de ajuda, eu já tenho quem preciso. - Minato responde rígido.

 

Hinata arregala os olhos e abaixa a cabeça chorando, Naruto se assustou também, jamais pensou que Minato falaria dessa maneira com Hinata, ou consigo.

 

— Minato, ela é sua mãe, respeite ela! Será possível que até você vai ficar rebelde? - Naruto pergunta nervoso e já impaciente.

 

Minato se vira para Naruto repentinamente, apertou os olhos (Like Uchiha) e começou a falar:

 

— E você? Você precisa arrumar a sua vida! Seu filho chora enquanto você se preocupa todo com um “desconhecido”, alguém que nem sequer tem seu sangue!- Minato fala sem pensar, estava amargurado.

— F-Filho… - Naruto arregala os olhos em descrença.

 

Dessa forma, após sua fala odiosa, Minato sobe com a ajuda de Himawari e Naomi, as escadas de sua casa. Ele esperava não encontrar com Boruto pelo caminho. Achava difícil, mas poderia acontecer. Subiu devagar, enquanto sentia dores abdominais, sendo ajudado a cada degrau por sua irmã e sua amiga. Elas caminharam em silêncio junto de si, embora alguns ruídos de choro de Himawari ainda fossem audíveis.

 

Na sala, todos estavam mirando Naruto, o mesmo estava de olhos arregalados depois das palavras de Minato. Abalado e aparentemente nervoso, o homem arfava enquanto se mantinha estático. Bem capaz de ter um colapso nervoso ali mesmo. Naruto, não aguentando mais aquela situação, foi em direção à porta de saída da casa e foi correndo para seu escritório. Kakashi e Sasuke até tentaram seguí-lo, mas foram segurados por Hinata e Sakura.

 

— Deixem ele um pouco sozinho. - Hinata pediu, com a voz ainda embargada.

— Hinata, você não pode aliviar para aquele imbecil! - Sasuke estava indignado.

— Sasuke-kun, leve as crianças para casa, por favor. Eu vou ficar com a Hinata aqui. - Sakura pediu.

— Por favor, Sakura. Hinata vamos tentar conversar com o Naruto, espero que aquele “baka” me ouça. - Kakashi proferiu.

— “Arigato”, Kakashi-sensei. - Hinata agradece.

— Vamos, meninos. - Sasuke chama por Hayato e Sarada, que estavam quietos, sem querer se meter na cena.

 

 

Alguns minutos depois.

 

 

Sakura tratou de organizar com Hinata rapidamente a bagunça da sala e lavou a louça junto com a morena. Depois disso, a rosada abraçou Hinata pelos ombros e a levou para o sofá. Lá, deitou a perolada em seu colo e tentou acalentá-la, visto que Hinata a cada minuto ainda permanecia chorosa, certamente estava sendo uma barra muito pesada para ela.

 

— Calma, Hinata, vai ficar tudo bem! - Sakura fala enquanto fazia um cafuné em Hinata.

— Como posso permanecer calma, Sakura-chan? Eles são meus filhos, os dois, não aguento essa situação! O Naruto, eu sei que ele não fez por mal, mas, também, não sei bem como agir. Não tenho a quem culpar e também não tenho um lado para defender! - Hinata termina com uma fungada.

— Hinata, queria eu poder te ajudar, mas, assim como você, estou chocada com tudo isso. O Boruto e Minato pareciam ser tão amigos, digo, eles andavam próximos nos últimos tempos… - Sakura suspira.

— Eu sei disso, o Naruto-kun havia conversado com ele, desde aquele dia da formatura, eles estavam melhores um com o outro… - Hinata disse inconformada.

— Sarada até mesmo me disse que Boruto deixou alguns treinos da equipe, coisa que ele adora, para ir no Ichiraku com Minato. - Sakura conclui quase que inerte.

— Você pode ir Sakura-chan, eu preciso ver como o Boruto está. - Hinata levanta do sofá em que estava deitada.

— Tudo bem Hinata, espero que dê tudo certo. Se quiser posso voltar amanhã. - Sakura se dispõe.

— Agradeço. Qualquer coisa nós nos falamos. - Hinata acena para Sakura que vai embora.

 

Após a saída de Sakura, Hinata andou lentamente pela casa. Observava a tudo. A mulher andava pensativa, refletindo sobre todo o ocorrido nos últimos anos. Sentou-se no sofá, novamente, e pensou no que estava acontecendo naquele momento. Sua família era tudo para si, tudo o que tinha.