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História Fairy Tale - Superação e novidades.


Escrita por: Otsutsuki_Otto

Notas do Autor


Espero que gostem.

Capítulo 17 - Superação e novidades.


Fairy Tale


 

Capítulo 17 – Superação e novidades.


 


 

“Wake me up inside

Call my name and save me from the dark”

– Evanessence


 


 

[…]


 


 

Três dias depois.


 


 

Após a súbita melhora no estado de saúde de Minato, e todo o evento posterior, o garotinho estava em choque e pela consequência nutricional da doença, ainda precisou ser hospitalizado para se recuperar. Atualmente, Naomi e Hinata estavam sendo acompanhantes no quarto do garoto. Ambas tentavam conversar com Minato, todavia o rapaz permanecia em silêncio. Inerte. Pensativo. Sobretudo, traumatizado. Havia sido movido para um apartamento hospitalar diferente do anterior, que era equipado para UTI, e agora tinha um pouco mais de espaço para as visitas. Lá, a mulher e a moça, antes referidas, estavam tentando lidar com Minato. Sem sucesso.


 

— Tia Hinata, o Minato já estava bem, por que agora ele precisa passar por isso? - Naomi estava triste e, principalmente, chateada.

— Querida, eu não entendo os motivos do Yagami, mas o que ele fez… Certamente estou decepcionada. O pobre Minato, veja só como o meu bebê está. - Hinata também estava chateada, sobretudo apreensiva.

— Ele não quer comer, não quer beber água, não quer conversar… Passamos por tanta agonia e agora ele está desse jeito! - Naomi estava indignada, porém era perceptível sua enorme preocupação.

— Precisamos aguentar mais. Tenho certeza que, nesse momento, quem deve estar sofrendo mais é ele. Estou com medo disso. A expressão dele, os olhos… Os olhos dele são preocupantes. - Hinata continua com sua preocupação.

— Tia Hinata, o que são, exatamente, esses olhos? O Sasuke-sensei tem um, o irmão do Minato-kun também tinha. Quando estudamos sobre os doujutsus, esse tal de Rinnegan não estava na matéria da escola. - Naomi fica curiosa com tanta polêmica envolvendo os olhos de Minato.

— Há muito tempo, pessoas com olhos como estes fizeram coisas horríveis. - Hinata se lembra de Pain, Obito e Madara.

— Entendo, mas… - Naomi é interrompida pela porta sendo aberta.


 


 

Algum tempo antes, na casa de Naruto e Hinata.


 


 

Na casa de Naruto tudo permanecia em silêncio. Em uma rara visita à sua casa, o loiro se surpreende com o vazio dela. Minato estava hospitalizado e Hinata o acompanhava. Himawari mesmo preocupada não podia abandonar as atividades de sua equipe. Boruto a mesma coisa. Entretanto, alheio ao seu redor, assentando-se no sofá da sala, Naruto percebe que exceto pelo silêncio ensurdecedor de sua casa, outro som era audível do andar de cima. Pareciam passos. Provavelmente Boruto ou Himawari em casa. Pensando nisso, o loiro se dirige às escadas, almejando encontrar um de seus filhos no segundo piso de sua residência.

Ao chegar no corredor, o Hokage percebe que a porta aberta era de Boruto. Aproveitando-se do seu atual estado mental, de cuidados especiais com seus filhos, o homem se dirige ao quarto do loiro menor, pois sabia que precisavam conversar e se entender. A situação de risco que Minato passou fez com que Naruto refletisse bastante sobre o que era uma família e o que de fato era a sua própria. Portanto, o homem queria melhorar a harmonia de sua família. Sabia que resolvendo suas diferenças com seu primogênito, poderia incentivar uma relação mais amena entre todos os seus filhos. Pensando nisso, o homem bate na porta.


 

— Boruto, sou eu filho. Estou entrando. - Naruto se pronuncia abrindo a porta.

— Mas o quê? - Boruto se assusta.

— “Yo”, campeão. Posso conversar um pouco com você? - Naruto pergunta em tom baixo.

— E deveria? - Boruto se levanta da cama e encara seu pai.

— Por favor, meu filho. Apenas quero conversar com você, amigavelmente. - Naruto levanta as mãos em sinal de paz.

— Entendo. Dependendo do assunto, pode falar… - Boruto se senta na cama, de volta.

— Eu queria falar com você sobre a nossa família. - Naruto começa a conversa.

— Sei. E o que tem? - A feição de Boruto demonstrava desinteresse.

— Apenas escute. Deixe-me dizer tudo o que pensei, enquanto refletia sobre os acontecimentos recentes. - Naruto mantém olhar fixo nos olhos de seu filho.

— Tranquilo. Pode falar. - Boruto concorda amigavelmente, ficou curioso.

— Desde o aniversário do Minato e a briga de vocês, com o seu desabafo, que percebi ser totalmente sincero, eu comecei a refletir sobre as minhas ações relacionadas à nossa família. Meu filho, eu cresci sem os meus pais, você sabe. Relações familiares, a princípio, não eram algo que eu poderia falar abertamente ou com coerência. Sasuke também teve problemas familiares, Hinata também. Meu arsenal argumentativo é baixo. Mas, as consecutivas sensações que senti ao me apaixonar pela sua mãe, quando me casei com ela, quando ela me disse que estava grávida de você, quando você nasceu, quando Hinata engravidou de Himawari e o posterior nascimento dela, a chegada de Minato, todas foram maravilhosas. - Naruto parecia emocionado, enquanto sorria.

— Por favor, continue. - Boruto permanecia vidrado com as palavras de seu pai.

— Continuando. Com o crescimento e desenvolvimento da nossa família, fui aprendendo melhor como era essa relação tão distinta, mas, ao mesmo tempo, próxima, de amizade. Esqueci que viver com as pessoas requer afinidade e harmonia e que essas devem ser construídas, não conquistadas. Eu sempre busquei ajudar as pessoas próximas de mim. Quando Yagami veio até mim para deixar Minato, eu logo não pude recusar. Aquele pequeno e doce garotinho me trazia o mesmo sentimento nostálgico que sentia quando olhava para você, Himawari e Hinata. Um sentimento de amor, acolhimento, é inexplicável. Eu fiquei tão feliz com a sua chegada e o quanto poderia ser divertido ter dois garotos em casa. Fiquei entusiasmado com isso tudo. Contudo, infelizmente, não percebi que com o tempo eu passei a cuidar dele mais do que de você. Sempre achei que fosse uma questão de afinidade. Isto é, você sempre pareceu mais diferente de mim do que ele, em diversos aspectos. E, sem me dar conta, acabei afastando vocês um do outro. Isso me dói no coração até agora. - Naruto passa os dedos nos olhos enquanto dá uma pausa para respirar.

— Pai, olha, o que eu acho… - Boruto parecia mexido, ia falar, mas é interrompido.

— Acalme-se. Deixe-me terminar. - Naruto pede.

— Continue então. - Boruto concorda.

— Certo. Por conta de eu negligenciar a atenção para você. Acabei sendo o responsável por esses sentimentos ruins em você. No aniversário de Minato eu fiquei tão chocado que não conseguia nem entender a situação. O afastamento de Minato e seu de mim foi muito cruel para a minha saúde mental. Foram longos dias sem conversar nem com ele, nem com você. E o meu reencontro com ele foi o pior possível. Não sei se você consegue imaginar, mas eu senti um desespero maior do que qualquer outro que já tenha sentido no passado, e olha que passei por muitas coisas. A sensação, a imaginação, o simples pensar que poderia perder um dos meus filhos era extraordinariamente inconcebível. Com isso, o meu empenho em tentar ajudar ele foi enorme. Porém, não conseguia resultados. Seu irmão passou a morrer aos poucos e me fez pensar muito sobre nossa família. Passei a imaginar a pior possibilidade e a influência dela nas nossas vidas. Pensei em como seria se fosse você ou Himawari no lugar dele e a conclusão que tive foi desesperadora, mas, ao mesmo tempo, reveladora: A minha dor era igualmente imensurável. Se é que é possível falar algo do tipo. Logo, eu amo meus filhos de igual maneira. Então, eu queria muito te dizer meu filho: Eu amo você. Se, em algum momento, você não se sentiu amado, perdoe-me. Sou um pouco tapado. Mas, eu amo muito vocês. Todos vocês. Vocês deram um novo significado à minha vida. - As lágrimas de Naruto aumentaram.

— E-Entendo. - Os olhos de Boruto lagrimavam.

— O propósito dessa conversa, meu filho, é te pedir perdão. Sei que o que eu fiz vai ser sempre um vazio na nossa história, na sua vida. Porém, não quero que esse vazio seja maior e mais duradouro. Quero preencher ele com novas oportunidades. - Naruto olhava com carinho para Boruto.

— Papai… Eu não sei o que dizer… - Boruto começava o choro.

— Só me abraça, meu filho… - Naruto se levanta da cadeira em que estava.


 

Boruto se levanta e dá um longo e apertado abraço em Naruto. Ambos permaneceram nessa posição por longos segundos. Naruto parecia aliviado e feliz. Havia retirado de suas costas um peso grande demais para que alguém normal pudesse carregar. O fardo de ter sido um pai ruim lhe atormentava a cada instante. Seus sentimentos estavam tão confusos com os eventos recentes que o loiro mal conseguia dormir, bastasse pregar os olhos e imagens dolorosas lhe insurgiam. A dor de experimentar a quase-perda de um filho fora a gota d’água para sua sanidade mental findar. A mistura de sentimentos… Amor, medo, tristeza, raiva… Era demais e não tinha com quem compartilhar. Tudo estava trancafiado em seu coração a sete chaves. Porém, por sorte ou destino, as coisas se acalmaram. Pôde conversar com sua esposa, seu filho havia, de alguma forma, sido salvo de uma morte iminente e, por fim, estava conversando amigavelmente com Boruto.


 

— Pai, desculpe-me por tudo o que eu te falei. Eu nunca pensei na sua agonia. Sempre fui egoísta. E também feri tanto o Minato… - Boruto chorava abraçado a Naruto.

— Meu filho, coisas que caracterizam nós humanos é a capacidade de superar erros. Tentando somos capazes de seguir em frente, buscando um caminho melhor para nós mesmos e as pessoas que convivem conosco. - Naruto abraçava a cabeça do filho.

— Será que o Minato me perdoaria? - Boruto pergunta se soltando de seu pai.

— Seu irmão precisa de você mais do que pode imaginar. - Naruto se senta na cadeira.

— Fiquei sabendo que ele estava melhorando. - Boruto também se senta.

— Sim, é verdade. O verdadeiro irmão dele, Yagami, quem eu citei anteriormente, apareceu. - A expressão de Naruto se endurece.

— Apareceu? Como assim? - Boruto fica curioso.

— O irmão dele é alguém muito poderoso. Foi capaz de curar a doença do seu irmão rapidamente. Bastou uma única técnica… Sakura havia perdido tantos fios de cabelo e horas de sono pesquisando, estudando, organizando sua equipe, mas sem resultados. Minato ficou instantaneamente curado, porém ele fez algo terrível com seu irmão. - Naruto parecia raivoso.

— O que ele fez?! - Boruto adquire um tom de raiva também.

— Ele pôs Minato em um genjutsu e mostrou algo terrível. Minato ficou em choque e agora está inerte, não quer comer, beber nem se comunicar. Está feito uma estátua, sobrevivendo com os remédios, basicamente. - Naruto estava triste.

— Entendo. O que será que podemos fazer para tentar ajudar ele a sair dessa? - Boruto parecia determinado.

— Sinceramente eu não sei. A expressão de desespero que seu irmão fez está impregnada na minha memória de maneira macabra. Não consigo imaginar o que alguém tão jovem como ele viu para ficar daquele jeito. - Naruto estava abatido novamente.

— Entendo. Então eu irei vê-lo no hospital, o mais depressa possível. - Boruto se levanta e vai em direção ao guarda-roupas.

— Filho, mas assim, tão rápido? - Naruto estava surpreso.

— Eu e ele estamos afastados há tempo demais. Preciso correr, até mais velhote! - Boruto termina de vestir uma camisa qualquer e sai correndo.

— Entendo. Parece que a minha sinceridade tocou seu coração. Isso é muito importante para nós. Agora preciso ir atrás dele. - Naruto sorri e sai do quarto.


 

 

Agora.


 


 

Boruto corria para o hospital. Passando rapidamente pela recepção, para receber permissão de subir e entrar no quarto, o loiro vai avançando até o andar em que Minato estava. Chegando no corredor e andando um pouco mais até a porta, agora, calmamente, o garoto abre a porta do cômodo. Ao abrir a porta, Boruto encontra Naomi e Hinata que logo olham para si. Pareciam surpresas com sua chegada, afinal de contas estavam brigados, ele e Minato.


 

— Filho, o que você está fazendo aqui? - Hinata pergunta curiosa.

— Boruto-kun, você veio ver o Minato? - Naomi estava surpresa.

— Sim. Vocês duas poderiam me dar uns minutos a sós com ele? - Boruto pergunta sorrindo ternamente.

— C-Claro, meu filho. Venha Naomi-chan, vamos na lanchonete comer algo. - Hinata chama a ruiva.

— Mas… - Naomi estava desconfiada.

— Está tudo bem Naomi. Não farei mal algum ao “seu” Minato. - Boruto continua o sorriso.

— “A-A-Ah”, entendo. - Naomi fica envergonhada.


 

Após as duas saírem, Boruto se aproxima de Minato. Logo, o loiro pôde perceber o estado, descrito por Naruto, de Minato. Estava perplexo com a falta de vida do seu virtuoso irmão. Percebeu que os olhos de Minato estavam com uma coloração diferente. Lembravam o do Tio Sasuke, mas estavam praticamente sem vida. Inertes e obscuros. Como uma chama incapaz de brilhar novamente.


 

— Ei Minato. Sinceramente eu não sei se você está me ouvindo, mas vou falar mesmo assim. Eu andei refletindo um pouco sobre nós há algum tempo e hoje, ao conversar com o papai, minhas ideias clarearam. Imagino que nossa relação tenha sido um pouco conflituosa, mas eu quero mudar isso. O papai me disse o que você passou com o seu irmão mais velho. Mas sabe o que eu acho disso tudo? Acho que você está sofrendo por besteira, afinal você é um idiota! Sabe por que eu digo isso? Me responde! - Boruto pega suavemente o rosto de Minato, prendendo seus olhares um no outro.

— Não sei… - Minato sussurra, falando pela primeira vez em dias.

— Por que eu sou o seu irmão mais velho! Nós quem somos a sua família! - Boruto sorri abertamente, fazendo com que os olhos de Minato arregalassem.

— Boruto… Mas eu… - Minato começava a chorar, estava emocionado.

— Mesmo que ele, o tal do Yagami, tenha seu sangue, sou eu quem brincou com você, eu que bati em você, eu quem repreendeu você. Nós brigamos, brincamos, comemos e dormimos juntos Minato. Nós somos a sua família! - Boruto exclama com algumas lágrimas já escorrendo.

— Mas eu… - Minato estava choroso, tentava falar, mas era interrompido.

— Sem “mas”. Cara, não sofra por isso. Aprenda a relevar e se conforma! Eu sou teu irmão mais velho. Só o que você tem! Então acho melhor se aproveitar mais de mim! - Boruto se aproxima mais de Minato.

— Nii-san! - Minato abraça Boruto, sendo logo retribuído.

— Isso meu irmãozinho… Chore, me abrace, me reconheça… - Boruto retribui o abraço.

Nesse momento a porta é aberta por Naruto, que estava acompanhado por Hinata, Naomi e Himawari. Os mais velhos ficaram chocados com a cena. As garotas idem. Tudo o que ouviam era Minato gritando “Nii-san! Nii-san!” enquanto chorava e abraçava fortemente Boruto. Naruto olhava a cena com o coração acelerado de tanta felicidade.


 

— Ei! Não esqueçam de mim! - Himawari corre e se joga na cama.

— Claro que não, “chega junto mana”! - Boruto abre um dos seus braços para Himawari.

— Vem também Himawari! - Minato chama com a voz ainda embargada.

— Naruto, você está vendo isso? - Hinata mal conseguia segurar a emoção.

— Sim. Isso é a nossa família, meu amor. - Naruto abraça Hinata pelos ombros, fazendo a mesma encostar a cabeça em si.

— Minato-kun… Estou tão feliz por você… - Naomi sussurra só para si.


 

Assim, a vida de Minato parece, finalmente, tomar um rumo onde as pessoas que ama estão em sincronia com seus sentimentos. Aquelas divergências do passado pareciam estar resolvidas. Claro, a água não vira vinho, algumas coisas levariam tempo, mas todos naquele quarto de hospital perceberam que é necessário ter paciência e esperar o tempo organizar tudo. As coisas hão de melhorar, todos tinham a esperança que sim… No entanto, a cada “no entanto”, como destino se mostraria a cada novo acontecimento? Aliado ou inimigo?

 

 

Dias depois.


 


 

Após alguns dias da reunião com Boruto, Minato ainda estava no hospital se recuperando. As recomendações da Tia Sakura eram repouso e pouco estresse, somando a proibição de uso de chakra e esforços mentais. O garoto só não morria de tédio porque Hayato e Naomi estavam sempre ali, consigo, conversando besteiras do cotidiano e da vila. A saúde do albino havia sido motivo de muita fofoca pelos quatro cantos de Konoha e nas outras vilas. Até mesmo o Senhor Feudal havia se prostrado a ajudar. Além das visitas de seus colegas de time, o garotinho recebia, constantemente, visitas de seus pais e irmãos. Até mesmo a chata da Sarada o fez. Com certeza foi desagradável, mas o paradoxo de ser uma visita feliz de fato ocorreu. Difícil de entender as crianças.

Hoje é o dia em que Sasuke havia sido avisado que poderia visitar Minato. O homem estava ocupado resolvendo assuntos com o Kazekage, Gaara, e somente agora teve oportunidade de visitar seu afilhado novamente. Na mente do moreno, que imaginava conhecer Minato muito bem, Sasuke parecia supor o assunto que seu jovem aluno teria a tratar. Restava confirmar para definir suas ações. Estava, sobretudo, preocupado. Era muito para alguém que teve e tem uma infância tão suave e, retirando a parte de sua família, sem preocupações. Sabia que a mente imatura de Minato havia sido pressionada muito mais do que o atual limite dele suportaria.


 


 

No hospital.


 


 

Sasuke, que estava com a mente cheia de assuntos pendentes, caminhava pensativo e enigmático pelos corredores do hospital. Um de seus pensamentos era “Por que diabos o quarto desse garoto é tão longe?!”. Estava tão atarefado que a situação de afeição fraternidade estava tornando-se um “pé no saco”. Após caminhar por mais 3 andares e dezenas de corredores, Sasuke finalmente alcança o quarto do rapazinho de cabelos brancos e, por fim, adentra os aposentos, encontrando o garoto de frente para a janela, pensativo.


 

— Yo, sensei. Pude vê-lo chegar agora há pouco. - Minato surpreende o homem.

— Olá, Minato. Como você está? Está melhor depois de tudo? - Sasuke se aproxima do rapaz e olha a verdadeira metrópole que Konoha era junto com garoto.

— Que bom que o senhor pôde vir me ver. Eu realmente precisava falar com você. E, sim, estou muito melhor. Pronto para a próxima! - Minato começa a falar com seu padrinho e professor alegremente.

— Excelente notícia. Não pegarei leve nos treinos. Você está enferrujado! - Sasuke descontrai.

— Estarei preparado. Não vou desapontar, eu prometo. - Minato reafirma.

— Ótimo. Mas, o que você queria falar comigo? - Sasuke pergunta curioso, embora tenha uma ideia do que seja.

— Sensei, para ser sincero eu ainda estou muito assustado com o Yagami e tudo o que vi. O pior é que quando olho no espelho eu me vejo idêntico a ele. Só que eu também não consigo odiar ele. Estou muito confuso com meus sentimentos, de várias formas, mas tem uma que está me incomodando… - Minato olhava sério para Sasuke.

— Entendo. Você quer saber o que fazer com esse poder, certo? - Sasuke responde perguntando e apontando para os olhos.

— Sim, isso. Na verdade, eu não consigo reconhecer esses olhos como meus. É como um poder falso. Quando olho para a mamãe por muito tempo, consigo sentir tremor vindo dela. O papai também teme meus olhos. Eu estou me sentindo sufocado, mesmo Hayato e Naomi dizendo serem tão legais ou bonitos. - Minato estava com lágrimas escorrendo de seu olho direito.

— Entendi. Você não está se sentindo preparado, não é? - Sasuke olhava para Minato fixamente.

— Isso! Eu queria que o senhor pudesse me ajudar. Eu acho difícil ter que, sei lá, arrancar meus olhos, mas também acho que você poderia dar um jeito mais seguro e menos doloroso e complicado. Eu aprendi sobre selos na academia, mas não conheço algum que possa selar esses olhos. Pode fazer? - Minato pedia para Sasuke com sua expressão séria novamente.

— Minato, eu me recuso. Apoiar-se nos outros é algo fundamental para que possamos ter vidas felizes e não nos sufocarmos nas nossas mágoas. Porém, quero que aprenda uma coisa importantíssima para a vida toda: Saiba separar o que é só seu daquilo que é seu e dos outros. Existem problemas que apenas você deve resolver. Compartilhar eles em pedidos de conselho é algo tolerável, na verdade recomendável, porém não passe para os outros as suas próprias responsabilidades. - Sasuke responde, mais sério ainda.

— M-Mas sensei, eu não sei mais o que fazer… - Minato parecia realmente triste.

— Você é um garoto maduro, Minato. Acima da média, com toda a certeza. Você tem muito o que aprender, realmente, mas também já tem muito o que ensinar aos demais jovens. Vou te dizer agora algo que espero que você interprete da melhor forma possível: Seja adulto na tomada de suas decisões. Nunca fuja de suas responsabilidades. - Sasuke aconselha paterno.

— O que devo fazer então? Esse tipo de poder é tão assustador! - Minato parecia compreender, mas estava relutante.

— Eu vou te ensinar a controlar ele. Esse será a minha contribuição com você. O restante deve ser feito unicamente por você, Minato. - Sasuke responde.

— Obrigado, sensei! - Minato abraça Sasuke.

— Tudo bem, criança. Agora volte ao descanso e me deixa trabalhar. Esteja ciente de que não será fácil. Você terá um treino tão difícil quanto os demais. Portanto, descanse e descanse muito. - Sasuke diz “carinhosamente”.

— Sim senhor! Até logo! - Minato se despede e se deita em seguida.


 

Após se despedir de Minato, Sasuke sai do hospital e passa a caminhar em direção ao prédio do Hokage. Queria encontrar Naruto. Existiam assuntos delicados a serem discutidos. Sua mente passava um turbilhão de pensamentos, mas estava, de alguma forma, aliviado. Conversar com Minato pareceu lhe trazer algum tipo de “paz de espírito”. Aconselhá-lo daquela forma… O Uchiha riu de si mesmo. “Bobalhão”, pensou.


 


 

Em outro lugar.


 


 

Em uma montanha distante, de floresta densa, havia uma enorme casa, rodeada por um enorme campo desmatado que parecia ser usado para treinos. Era a casa de Yagami e seus amigos, ou melhor, um covil, um cafofo, até mesmo um esconderijo. De dentro dele podia-se ouvir gemidos de dor e até mesmo alguns gritos, que as vezes carregavam agonia por sua extensão sonora. Ecoava e ecoava…


 


 

Dentro da casa.

 


 

Em um cômodo que mais parecia um quarto de hospital, estava Asako, aquela mulher de cabelos azulados e porte atlético que ajudara no encantamento de Minato. A mulher parecia transtornada enquanto tentava acalmar o indivíduo que se debatia na cama.


 

— Vamos Yagami, aguente firme, por favor. - A voz de Asako exalava sentimentos de preocupação.

— “Ahgh! Ahgh!” - Gemia Yagami enquanto se retorcia na cama.

— Mais um pouco e os analgésicos farão efeito! Até lá controle-se, quanto mais você apressar sofrimento, pior para o seu corpo! - A mulher segurava a cabeça e um dos braços de Yagami.

— Eu estou tentando! Eu não tinha ideia de que seria tão doloroso! “AAhhg!” - Yagami responde em sofrer.


 


 

Fora do quarto.


 


 

No corredor que separava aquele quarto dos demais estavam Welf e Yuri. Ambos estavam escorados na parede de olhos fechados, como se estivessem em preces por seu amigo. Suor caía de suas testas e a cada gemido e grito de Yagami seus dentes rangiam de dor, raiva e agonia, compartilhando dos mesmos sentimentos de seu amigo. Tinham grande estima pelo homem, e a situação em que ele estava feria profundamente aquele sentimento.


 

— Hey, Yuri, por que Yagami fez isso consigo mesmo? Eu não consigo entender. - Welf fala com a voz rouca de preocupação.

— Para alguém como você, que fora abandonado pela família, talvez seja difícil entender. Mas, para mim, que tive isso tudo, é compreensível. - Yuri fala com os olhos ainda fechados.

— Sim, é difícil de entender. Trocar a saúde de um irmão mais novo pela sua própria. É inconcebível para mim. - Welf continua, porém de olhos abertos e vazios.

— A forma trágica pela qual as circunstâncias de Yagami e seus irmãos estão envolvidas explica tudo. Yagami teve traumas absurdos. É normal ele proteger com sua vida aqueles que ama. É o mesmo conosco. Ele disse que nós seríamos protegidos enquanto ele respirasse. - Yuri dá um leve sorriso.

— Acho que nesse aspecto eu consigo entender. É recíproco para mim isso. Eu os considero muito mais que minha própria família, ou mesmo mais que uma família. - Welf sorri também.

—Então, o que podemos fazer é nos esforçar para amenizar o peso de Yagami. - Yuri continua.


 

Quando Yuri termina de falar é o momento em que os gritos e gemidos cessam. Ambos, Yuri e Welf, percebem e olham para a porta, que não tarda a ser aberta por Asako. A expressão dela era de cansaço puro. Com a mão massageando o pescoço, Asako atravessava a porta, triste e inconformada. Sua expressão neutra denunciava todo o seu sofrimento.


 

— Garotos, finalmente Yagami conseguiu apagar. Instalei aparelhos que monitorarão o estado de seu corpo. Tudo o que podemos fazer é esperar que o tratamento rapidamente funcione. - A voz de Asako transmitia um cansaço quase palpável.

— “Hey”, Asako, vem cá. - Welf puxa a mulher para um abraço.

— M-Mas o quê?! - Asako se vê abraçada por Welf.

— Você está passando por muita coisa, não é? - Yuri a abraça junto com Welf.

— N-N-Não é ass… Mas “ahn”? - Asako percebe que estava chorando.

— Pode chorar à vontade. Somos amigos. Irmãos. Compreendemos sua dor, Yagami é importante para nós também. - Welf acaricia a cabeça da mulher que fica em prantos.

— “Shh”, vai passar. - Yuri complementa.


 

E assim o dia naquela casa se encerra. Yagami finalmente conseguiu se acalmar e Asako também. O que o futuro lhes aguarda?


 


 

No prédio do fogo.


 


 

Naruto estava com uma pilha, digo um EVEREST, de documentos e papéis para assinar. No seu escritório mal podia se ver sua cabeleira loira. Estava trabalhando feito um condenado, para variar. Estava tudo acumulado, pois antes não conseguia forças para trabalho e Shikamaru era um baita preguiçoso que só enrolava, enquanto que Sasuke estava ocupado com as buscas e depois com outra missão. O loiro estava tão concentrado no trabalho que não percebeu a porta sendo aberta por Sasuke e, posteriormente, o moreno assentar-se na cadeira de frente para a mesa do Hokage. Impaciente pela falta de percepção do amigo, Sasuke grita:


 

— Naruto! - Sasuke chama Naruto que se assusta soltando um “ai”.

— O que foi, idiota?! - Naruto se irrita.

— Eu completei minha missão. - Sasuke fica sério.

— Entendo. Dê-me seu relatório. - Naruto também fica sério.

— Vou resumir. É basicamente o que pensávamos. - Sasuke parecia irritado.

— Não pode ser! Diga-me como foi! - Naruto fica estupefato com a notícia.

— Explico melhor depois. O que posso te afirmar é que a aliança com Kirigakure pode estar ameaçada. O Mizukage é alguém muito suspeito. Eu não confio em Choujuro. Ele está fazendo planos contra nós. - Sasuke continua.

— Precisamos agir. Esse plano não pode ser posto em prática. Depois me diga os resultados exatos de suas reuniões com o Quarto Kazekage, Gaara. - Naruto encosta em sua cadeira cansado, sobretudo, preocupado.

— Nada animadoras. - Sasuke termina.


 

Após Sasuke contar o resultado de sua investigação, Naruto ficava cada vez mais raivoso. A paz que custara tantas vidas estava diretamente ameaçada. Como podia ignorar aquilo tudo? Milhares de ninjas, sonhos, promessas e esperanças foram perdidas… A determinação de lutar acendia no coração de Naruto. Proteger era seu objetivo. O que o futuro lhes reservava? Uma pergunta difícil de ser respondida. Muitas variáveis se juntaram à equação.


Notas Finais


Espero que tenham gostado!


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