História Faith - Séjour (Fique)

Jamie estava pronto para contar a Claire sobre Faith.

Estranhou Fergus não ter voltado imediatamente com ela, mas acreditou que ele a tivesse convencido, só os anjos saberiam como, a esperar o amanhecer e sendo assim também esperou.

             É claro que se soubesse o que estava por vir teria soltado a verdade em uma só frase: Sua filha está viva e eu estou casado com Laoghaire!

 Seria um choque para ela, no entanto ele teria ao menos o direito de falar.

– Sassenach?

– Hum – ela suspirou dócil em seus braços.

– Lembrasse que eu lhe disse que tinha coisas para contar?

– Certamente que sim, mas é preciso que seja agora?

Ele sorriu contra sua pele sensível.

– Agora – confirmou – mas não imediatamente. Tenho duas notícias para lhe dar uma muito boa e a outra ruim.

– Acho que estou consolada pelo fato de haver ao menos uma notícia boa, mas quero que comece pela ruim.

– Sinto muito Sassenach, mas irei começar com a boa – então riu – mesmo você com esse seu gosto sádico para tragédias, querendo ou não.

– Agora eu sou sadi...

Ela se interrompeu com um gemido quando ele usou a língua para contar outra história.

Então a porta se abriu de uma vez, Marsali entrou e o mundo começou a desmoronar.

“Ela é sua filha?!”

“Como pode se casar com Laoghaire?”

“Eu vou embora!”

Ele tentou concertar o que não tinha concerto e acabou piorando tudo.

– O que diabos estava fazendo? – Jenny perguntou depois de tira-lo do quarto com um banho de água gelada.

– O que diabos você fez! – silvou

– Meu Deus Jamie como eu ia saber que não contou a ela que Faith está viva! – ela sibilou – Era a primeira coisa que deveria ter feito!

– Você não tinha que se meter nisso! – disse se controlando para não gritar.

– Sim tem razão eu não deveria ter me metido, mas eu não imaginei que você fosse ataca-la! E os gritos? Jamie você assustou as crianças!

– Não vou falar mais nada com você – disse passando a mão pelos cabelos – eu planejava contar a ela com tranquilidade sobre Faith. Queria que ela pudesse estar feliz e agora ela provavelmente não vai acreditar quando eu disser.

– Isso é culpa sua por ser romântico e não ser prático.

– Jenny – rosnou entredentes.

– Vá logo falar com ela. Pedi para que se acalmasse, mas se ataca-la de novo juro que dessa vez quebrarei o balde em sua cabeça.

– Se ela não me ouvir Janet Fraser Murray quem quebrara o balde em sua cabeça serei eu! 

             Jamie hesitou na porta do quarto, bateu primeiro para soar mais amigável. Imaginava que ela não riria querer atende-lo de boa vontade. Ela não respondeu, como esperava.

Bom, havia tentado. Abriu a porta de uma vez.

O quarto estava vazio e a janela estava aberta.

Correu para olhar e a viu montada a cavalo tomando a estrada de saída de Lallybroch.

– Claire! – gritou.

Tinha certeza que ela havia ouvido, mas não se virou nem parou.

Correu, precisava a alcança-la.

Maldita Sassenach teimosa!

– O que aconteceu? – Jenny lhe perguntou.

Não respondeu apenas desceu as escadas apressado, mas quando chegou na sala sua diminuta irmã o segurou pelo braço o fazendo encara-la.

– Não finja que não me ouviu Jamie, o que aconteceu?

– O que aconteceu? – ele lhe deu um tapa na mão a afastando – por culpa sua megera alcoviteira Claire foi embora e eu...

– Quem é megera alcoviteira seu desgraçado, mal agradecido!

– Você, Você, VOCÊ! – gritou em sua cara que ficou vermelha de fúria tanto quanto deveria estar a sua.

– Cuidei de você a vida inteira para que me venha com uma ingratidão dessas?!

– Enfie os seus cuidados dentro do seu...

              Jenny não deixou que terminasse de falar pegou um aro de ferro que estava encostado em um canto da parede para golpeá-lo, ele o pegou no mesmo instante o arremessando com fúria pela janela e não satisfeita ela pulou em cima dele mordendo o seu braço.

– Me solte Janet!

              Estava pronto para empurra-la com violência, em seu estado atual de cólera o faria sem culpa. Mas uma voz os impediu de continuar a briga.

– Parem por favor!

            Faith estava atrás dele com os olhos tão assustados quanto os outros ali, que nem havia se dado conta que assistiam a briga, mas pensando bem. Ian estava pedindo que parasse, não pediu?

Claro que pediu e agora soltava um suspiro aliviado, por eles terem parado.

Jenny o soltou.

– Era ela não é? Par Dieu vamos atrás dela s'il vous plaît – Faith implorou.

Por que estava perdendo tempo com sua irmã quando precisava ir atrás de Claire?

Soltou o ar dos pulmões e agarrou a mão de Faith a levando para fora.

– Espere aqui Cristian! – ela pediu por cima do ombro.

Mal haviam chegado ao pátio quando viram Laoghaire se aproximar a cavalo.

– Deus Por que? – disse olhando para o céu.

Estava no limite de sua paciência.

– Eu não te mandei ir embora mulher?! – gritou quando ela desceu do cavalo. Faith sumiu de vista e mais alguns rostos olharam curiosos da janelas.

 Pelo menos Marsali e Joan não estavam com ela.

– Jamie me perdoe, eu sei porque saiu de casa, porque eu não lhe correspondia do jeito que você queria, mas eu juro que tudo vai ser diferente eu posso...

– Laoghaire tanto você quanto eu sabemos que esse casamento nunca daria certo, eu não te amo nunca te amei.

– Poderia me amar se ela não existe – ela gemeu agarrando suas pernas.

– O se não existe – falou tentando empurra-la sem machuca-la – Laoghaire não torne as coisas piores do que já são.

Faith voltou com um cavalo Ian vinha com ela. Sua filha não parecia gostar nada da cena que encontrou e colocou as mãos em Laoghaire a tirando das pernas dele.

– Se recomponha madame! Está fazendo papel de ridícula – disse com rispidez.

Laoghaire se soltou dela e lhe deu um tapa no rosto.

– Não fale assim comigo cria de bruxa, a quem está defendendo se nem sua mãe quis ficar para te conhecer?!

Jamie havia ficado sem ação de tanta fúria que sentia, mas Faith não.

Sua filha devolveu o tapa com tanta força que fez a madrasta cair.

– Não volte a falar mal da minha mãe madame e nem se atreva a me bater mais uma vez em mim...

Laoghaire agora gritava e chorava no chão. Tinha que acabar com aquilo logo.

 – Venha – ele a ajudou a se levantar – você vai entrar e ficará lá.

– Eu não vou para lugar algum! – ela resistiu então ele a jogou por cima dos ombros e a carregou para cima diante de um bando de olhares da família.

– Quando eu sair Jenny irá tira-la daqui – ele garantiu fechando a porta do quarto.

E palavras nada elogiosas saíram da boca dela enquanto socava a porta violentamente.

Mais uma vez ele se pôs no caminho do pátio 

– Vamos – Faith disse ansiosa – Por que ela se foi pai? O que aconteceu?

– Eu ainda não tinha falado sobre você sinto muito – falou subindo no cavalo – Então Marsali entrou no nosso quarto e...

              Estava puxando o braço dela para que montasse no cavalo, quando ouviu um disparo, seguido por uma baque no braço. O cavalo empinou com as patas dianteiras e os dois caíram no chão em lados opostos.

              Ouviu os gritos e viu Laoghaire caída no chão, com a arma que rapidamente foi tomada por Jenny. Os estragos não haviam sido tão graves, seu ombro latejava sim, mas poderia ser pior. 

– Você poderia ter matado alguém Laoghaire não se dá conta! – gritou furioso.

             Mas um silencio incomodo se fez presente até Cristian cruzar o pátio chorando. Estava pronto para dizer ao menino que estava tudo bem, aquele ferimento não iria mata-lo. Porém se calou quando viu Faith ainda no chão e a possa de sangue que se formava ao lado dela.

Não!

– Faith!

              Achou que seu coração fosse parar, a cada suspiro dificultoso que sua filha exalava parecendo ser o último. Como aquela maldita bala havia acertado a ela e a ele ao mesmo tempo?

– Pai – ela gemeu – Pai...

– Eu estou aqui – disse a pegando no colo.

A levou para casa subindo as escadas correndo para o quarto, sem olhar para trás com uma multidão a seus calcanhares.

– Traga ela de volta... traga ma mère para mim, se eu morrer quero ao menos...

– Você não vai morrer – rosnou – e eu não vou sair daqui.

Jenny e Janet trataram de despi-la para tratar da ferida.

– Tem que ir – disse com dificuldade – prometa que vai traze-la de volta promesse...

Trincou os dentes.

– Voltarei com ela nem que seja a última coisa que eu faça nessa vida.

             Saiu praticamente cego, não podia ver nada em seu caminho nada que não fosse Claire. Nunca sentiu tanto medo em sua vida e acreditou que não tinha vivido dor pior do que ter sido separado de Claire, mas quando viu como Faith arquejava parecendo bambear entre a vida e a morte descobriu que algo doeria mais do que perder Claire mais uma vez.

            Sua maior dor seria ter que enterrar sua filha mais velha uma segunda vez. Não estaria enterrando um bebê que não havia visto, havia esperado, mas não o teve em seus braços, não brincou com ele.

              Enterraria uma moça, que o amava, que ria com ele, chorava suas dores, que ansiava por sua companhia, uma filha que havia devolvido a esperança que havia devolvido sua fé.

– Claire!!!

Ela estava a sua frente, mas graças a Deus a alcançou.

– Não fale comigo eu não quero te ouvir!

– Você tem que voltar agora!

– Por que você está mandando? – ela disse com desdém sem sequer olha-lo – Faça-me um favor James Fraser!

– Não estou mandando, estou exigindo e você vai me obedecer ou nossa filha vai morrer!

– Não mencione Brianna! Ela está muito longe e segura para que você venha me dizer...

– Claire! – gritou tão furiosamente que dessa vez ela parou e o olhou – Não estou falando de Brianna, estou Falando de Faith. Nossa filha não morreu, mas se você não vier comigo ela pode morrer.