1. Spirit Fanfics >
  2. Faith >
  3. A garota e o Sapo

História Faith - A garota e o Sapo


Escrita por: Teishin-chan

Notas do Autor


Boa leitura ^^

Capítulo 21 - A garota e o Sapo


Eu já me sentia bem melhor, feliz de ter meu pai e minha mãe cuidando de mim, mesmo depois de Fergus e Callen terem tentado me matar, era mais do que eu havia sonhado. Mas me preocupei quando o advogado veio com o irmão de Laoghaire.

Eu queria descer com meus pais, mas não me permitiram de maneira nenhuma.

– Cristian você será meu espião, vá até lá escute tudo sem que ninguém o veja será que pode fazer isso?

– Posso – ele disse solenemente e saiu.

              Passou-se muito tempo antes que ele voltasse para me contar todos os absurdos que a bruxa havia exigido, também contou que ela havia mandado um pedido de desculpas que eu obviamente não aceitaria. Mas o que me deixava nervosa era a viagem que eles estavam preparando.

– Meu pai não havia me dito que o tesouro estava escondido, pensei que ele havia jogado mesmo no mar.

– Ninguém seria burro o suficiente para jogar um tesouro inteiro no mar – Cristian apontou.

Assenti, mas o que ele pretendia agora? Eles pegariam o parte do tesouro levariam para França para troca-lo... e depois?

Como se fosse para responder minha pergunta tanto meu pai como minha mãe entraram no quarto.

– Então – ergui uma sobrancelha – Quando vamos para França?

– Como você sabe? – mamãe perguntou.

Eu beijei a cabeça de Cristian.

– Tenho meus meios – sorri – Eu não gostaria de voltar na França, mas aposto que será tudo melhor se estivermos juntos.

Eles se entreolharam.

– Não acho que seja uma boa ideia que venha conosco agora mo chridhe – meu pai disse cauteloso.

Eu ri.

– Meu pai, – eu sorri com doçura – eu não estou pedindo para ir junto estou informando que vou.

– Faith não faz muito tempo você quase morreu, não é uma boa ideia que viaje agora – minha mãe tentou argumentar.

Estreitei os olhos.

– Eu me sinto muito bem, posso caminhar e arrisco dizer que posso até montar a cavalo, não posso correr é claro, mas estou ótima.

– Faith estamos tentando fazer o melhor por você.

– Eu também estou, o senhor está fazendo isso por Marsali e Joan eu sei, vai levar Ian porque ainda não está com o braço bom e o moleque está louco por uma aventura e eu? Querem apenas me deixar aqui esperando?

– Não seria por muito tempo só até...

– Eu tenho vinte e dois anos – o interrompi – eu sempre pensei que não tinha família e que não me queriam e quando eu descobri que tinha não desejei nada além de ter minha família vocês são minha família e eu não posso estar mais longe de vocês.

Mais uma vez eles se entreolharam muitas coisas se passaram por aquele olhar.

Eu engoli em seco.

 

– Eu vou ficar maman – Cristian disse corajosamente.

Olhei para ele infeliz, meus pais haviam concordado que eu fosse, não atenderam a uma birra, mas sim uma necessidade. No entanto eles não queriam que Cristian corresse qualquer perigo que fosse, eu também não queria de jeito nenhum, mas só a perspectiva de me separar dele, pelo pouco tempo que fosse partia meu coração.

– Vamos estar juntos em breve – ele me consolou e eu não consegui conter as lagrimas e o abracei – não vou permitir que precise escolher entre mim e eles de novo – ele sussurrou no meu ouvido.

Ele havia percebido que quando fiquei em Lallybroch foi, também havia sido por ele e agora era obvio que queria retribuir.

Mon petit homme – murmurei – você é muito corajoso e já está se tornando mesmo um homem – o olhei nos olhos – vou mandar buscar você assim que for possível me ouviu bem?

 Ele assentiu.

Eu tirei meu colar de âmbar e coloquei em seu pescoço.

– Você faz parte de mim, mesmo que não tenha meu sangue mo chridhe – sorri ao usar a maneira que meu pai falava comigo as vezes – Meu coração também está com você.

Ele não chorou, não havia uma lagrima sequer.

Maman não se esqueça do que me falou – ele sorriu mostrando suas covinhas – Não são os mais fortes que sobrevivem e sim os mais espertos.

Foi uma mensagem clara para que eu tomasse cuidado e eu a aceitei de todo coração. Por mais que eu soubesse que logo nos veríamos não consegui deixar de sentir um aperto no peito antes e depois de partirmos de Lallybroch.

 

 

Eu não me arrependia da decisão de ir com meus pais, mas sempre que olhava para trás me lembrava da expressão corajosa no rosto de Cristian e não conseguia parar de derramar lagrimas.

– Minha mãe não deve estar chorando assim por mim – Ian disse.

– Talvez ela chore e ninguém veja – falei.

– Jenny? – papai riu – Não, Ian está grande demais para que ela chore por ele.

E ele? Havia sofrido assim quando teve que deixar William? Para ele eu não poderia perguntar não com tantas testemunhas.

Olhei para minha mãe.

– Foi assim que se sentiu quando teve que deixar minha.... Brianna?

Ainda era difícil me referir a ela, e sempre que eu evitava menciona-la parecia que partiria o coração de minha mãe e eu não gostava disso.

E agora que eu havia falado seu nome de livre e espontânea vontade, ela me lançou um sorriso triste.

– Como eu disse, ela é adulta não precisa de mim como uma criança precisaria, mas não quer dizer que não sinta falta dela.

– Mas isso é fácil de resolver – Ian disse animado – só precisamos mandar uma carta e ela pode vir nos encontrar em Paris.

– A madre Hildegard se ofereceu para me mostrar meu tumulo no cemitério ao lado do Hospital – mudei de assunto de novo para que Ian não especulasse mais sobre minha irmã – Eu não tive coragem de ir olhar.

– Isso me faz lembrar do bebê na colina das fadas.

– Ah – papai suspirou.

Ian e eu nos entreolhamos.

– Do que estão falando? – perguntei.

– Nas proximidades do castelo Leoch existe um lugar onde as pessoas colocam seus filhos doentes acreditando que sejam filhos trocados por gengiles, acreditam que as fadas devolverão seu verdadeiro filho e pegaram de volta sua criança – meu pai explicou.

– Isso é apenas uma lenda é claro, mas acho que é assim que nos sentimos em ter você de volta.

– Eu não estive vivendo com as fadas esse tempo todo, mas eu sobrevivi então serve.

 

              A ilha das focas era um lugar bonito, mas senti um arrepio ao olhar para o mar, estava frio e minha mente não parava de produzir imagens de meu pai ali fugido da prisão procurando por minha mãe.

Triste.

              Ele ainda testou o ombro antes de mandar Ian até lá. Parecia não estar satisfeito com a rigidez de seu braço tanto quanto eu do resto do meu corpo.

Eu os deixei sozinhos, meu pai e minha mãe.

             Eu estava preocupada com Ian, mas não conseguia ver nada na névoa. Então deixei que os dois ficassem sozinhos para conversar, me perguntei o quanto ele já havia contado a ela e visse versa.

             Minha mãe havia me contado sobre seu trabalho no hospital, sobre as comodidades que existiam no futuro, e havia contado sobre Frank Randall, o homem que Brianna idolatrava como pai e que para mim não significava nada, ela mesma me perguntou se eu me sentia incomodada com o fato dela ter vivido tanto tempo com alguém que não fosse meu pai.

– Você foi obrigada a isso – falei – sei que não queria e isso foi o melhor para você não posso dizer nada.

Mas o que me deixava preocupada com a relação dos dois era William.

Se ela havia quase ido embora quando soube de Laoghaire o que faria quando descobrisse que meu pai havia tido um filho com outra mulher.

Acariciei a cabeça do cavalo.

Mon Dieu, mon Dieu.

– Faith!

Me assustei com o grito de minha mãe. Olhei para trás e veio correndo em sua direção me abraçou.

– A meu Deus – Ela disse aflita.

– O que aconteceu? – perguntei olhando por cima do ombro dela vendo que meu pai vinha com a expressão sombria – onde está Ian?

– O levaram Faith.

 

              Eu olhava meu pai andar de um lado para o outro. Estávamos na casa do primo Jared que eu havia visitado há três anos sem encontra-lo, e também estava o chinês que havia nos encontrado no caminho. Era a primeira vez que eu o via e minha primeira impressão era que eu definitivamente não gostava dele.

           Papai continuava falando rápido seu sotaque escocês ainda mais pronunciado enquanto explicava sobre o navio que havia levado Ian.

Torci meus dedos pela milésima vez e arrastei as mãos pelos meus cabelos.

Deus ajude Ian para que esteja bem, implorei.

– Faith vá descansar, não há mais nada que você possa fazer.

– Eu não estou com sono, não acho que vou poder dormir – queria chorar.

 Ela me confortou.

– Nós vamos encontra-lo não sabe? Seu pai sempre sabe o que fazer.

Olhei para ele concentrado e inflexível.

– Acho que tem razão não aguento mais isso vou me deitar.

– Boa noite querida.

– Boa noite mamãe – sussurrei.

 Olhei para meu pai abri a boca mas desisti.

              Tentei dormir, mas não pude e os sons da rua pareciam me chamar, eu não sentia falta da vida que levei ali nem gostava me lembrar, mas aquela era a minha cidade nada mudaria isso.

Levantei-me coloquei o vestido e pulei a janelas.

             Não iria muito longe, fiquei apenas no pátio enquanto o vento gélido soprava meu rosto, dois gatos passaram brigando pelo teto ou ao menos pareceram os borrões que vi.

              Desde que chegamos papai havia se metido a fundo no plano para regatar Ian e eu não precisava ler sua mente para saber o que ele estava pensando. Ouvi ele brigando com tia Jenny pelo que aconteceu com Laoghaire, e agora ele perdia Ian. Uma cruel Ironia e eles estavam quites.

             Se aquilo era castigo divino eu não sabia, mas se eu estava viva então Ian também deveria ficar. E se antes eu não sabia o que meus pais fariam quando chegássemos a Paris agora muito menos.

              No dia seguinte de manhã cada um de nós saiu em direções diferentes, meu pai com Jared, minha mãe com o Chinês tarado por pés e eu havia mentido que ficaria em casa ou tinha certeza que não me deixariam sair.

             Algumas partes de Paris seriam perigosas para visitantes desavisados, mas não pra mim, e como eu havia vestido uma puída capa por cima do meu elegante vestido verde eu estava segura.

            Eu não sentia saudades de Paris desde que estava com meu pai, mas agora que caminhava por aquelas ruas tão conhecidas não pude deixar de sentir certa nostalgia quantas vezes eu havia corrido por ali, de pessoas, de cachorros raivosos, com fome, triste...

Suspirei.

– Ruiva é você?

Olhei para trás me deparando com o velho Maurice.

Mon Dieu! – exclamei o abraçando – pensei que estivesse morto!

             Maurice era provavelmente a pessoa que eu conhecia a mais tempo na vida. Morando na rua era comum haver mortes de companheiros se você andava em bando, e se você andasse sozinha como eu fiz depois não conhecia pessoas tempo o suficiente para se afeiçoar a elas, Maurice era uma exceção. Ele me conhecia desde de sempre e em uma ocasião ou outra acabávamos nos esbarrando. Eu estava tão feliz por vê-lo, e não pude deixar de me lembrar de Marceline também.

Ah se ela pudesse estar viva...

– Quase morri – ele me contou – Mas tive a ajuda de um feiticeiro.

Eu ri.

– Você realmente acredita nisso?

– E você não acredita que há muito mais nesse mundo do que os olhos podem ver?

– Sim – falei por fim me lembrando de minha Dame Blanche – Por falar nisso, encontrei meu pai e minha mãe, prazer em conhece-lo Monsieur Faith Claire Beauchamp Fraser.

– Seus pais são da realeza menina?

– Não – ri – mas tem nomes de reis e rainhas meu pai James Alexander Malcolm Mackenzie Fraser e minha mãe Claire Elizabeth Beauchamp Fraser, o que acha?

– São belos nomes – ele concordou – Mas como os encontrou?

Narrei minha épica história para ele enquanto ele ouvia com atenção e boquiaberto.

– E depois de todo esse tempo eu me pergunto como sobrevivi.

– Eu sei como sobreviveu.

– Com o dinheiro que Marriete guardou do monstro – me lembrava disso, ela havia me dito.

– Não apenas isso, houve um mestre das magias que cuidou de você. Foi o mesmo que cuidou de mim quando estive doente a cinco anos atrás.

– Maurice do que está falando?

– Do mestre sapo.

– Maurice – suspirei – a velhice e a doença o deixaram caduco?

Ele revirou os olhos e me deu uns tapas no traseiro.

– Não estou louco – se queixou – e se quiser eu te levo até ele.

             Eu não sabia se ia ou não, se eu demorasse demais meus pais podiam descobrir que eu saí, mas finalmente a curiosidade me venceu e fui com ele. Paris é uma cidade perigosa, eu a conhecia com a palma da minha mão, mas havia lugares que nem eu mesma arriscava a ir nem a luz do dia.

– Maurice, tem certeza que é este o lugar? – perguntei temerosa.

– Viver bem lhe deixou medrosa Ruiva?

– Não medrosa, mas cautelosa, antes eu não precisava dar satisfações a ninguém, e não tinha ninguém para se preocupar comigo agora eu tenho.

– Não se preocupe mon cherry prometo que chegará sã e salva em sua casa.

O lugar era extremamente lúgubre e eu via potes com várias substâncias desconhecidas arrumadas de maneira precária em uma prateleira na parede.

Monsieur Sapo – Maurice chamou.

Fiquei esperando uma resposta que não foi dita.

– Talvez ele não esteja – falei – talvez já tenha mo...

– Morrido mademoiselle? Creio que não.

Levei um susto vendo o homem parado do meu lado.

De onde ele havia saído?

– Já nos vimos antes? – ele perguntou me observando com curiosidade.

– Sim, mas eu não me lembro.

– É a Ruiva mestre sapo – Maurice se explicou – aquela garotinha prematura que Marriete lhe ofereceu a mais de vinte anos.

– Ela quis me dar? – estreitei os olhos.

– Ah não moça, quis vender, achou que eu precisava de um bebê para algum ritual de magia negra, mas eu não precisava e continuo não precisando – acrescentou.

Engoli em seco.

Ele era um velhinho assustador e com cara de sapo e não tirava os olhos de mim.

– Acho que estou muito diferente de como era quando era apenas um bebê – apontei.

– Sim de fato, mas não me esqueço de você tive muito trabalho para mantê-la viva. Claro você também ajudou foi muito teimosa.

              Enquanto ele falava dava voltas ao meu redor me analisando de maneira desconcertante. Então se afastou um pouco mais para pegar uma lamparina.

Não estava totalmente escuro, mas a minha visão era prejudicada e a dele também deveria estar.

– E como se faz para que um bebê tão prematuro sobreviva?

– Alimentação certa, calor necessário e sorte, pois nem eu acreditava que fosse sobreviver.

– E como o senhor sabe de tudo isso?

– Eu digo que tenho um dom – ele se aproximou de mim com a chama – de quem são esses belos olhos menina?

– Bom, se for o formato são do meu pai e se for a cor são da minha mãe.

– Descobri quem são – ele deu um sorriso cheio de subentendidos.

– O senhor por acaso os conhece?

– Não me lembro de ter visto seu pai alguma vez, mas sua mãe.

– Não pode ser....

La Dame Blanche.

 

 

 


Notas Finais


Até a próxima o/


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...