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História Faith - Uma sombra do passado


Escrita por: Teishin-chan

Notas do Autor


Boa leitura ^^

Capítulo 27 - Uma sombra do passado


Olhei-me no pequeno espelho da cabine, os cabelos encaracolados soltos caiam em meu decote, finalmente eu podia usar um vestido, não que as calças não tivessem seu encanto. Eram muito praticas, mas naquele instante eu só estava feliz por termos finalmente chegado. Por precaução guardei minhas roupas masculinas com carinho, nunca sabe, talvez eu precisasse delas de novo um dia.

              Quando sai para um convés com um sorriso de orelha a orelha ouvi a conversa entre meu pai e minha mãe. Eles conversaram muito sobre o que iam fazer sobre o que iriam fazer quando finalmente encontrassem Ian, eu já havia os ouvi planejando mandar a mim e meu primo de volta para França e eu me mantive a margem, não queria que descobrissem que eu andava espionando e que eu soubesse eles não haviam decidido nada de concreto ainda. Mas aquela conversa não tinha nada a ver com Ian.

– Lorde John Grey é meu amigo – ele disse a ela.

Eu senti minhas pernas bambearem. Será que ele havia contado sobre William?

Ele finalmente me percebeu o encarando chocada e fez um leve maneio com a cabeça.

Não.

Tentei me recompor.

– Pronta para pisar em terra firme Lady Faith – Fergus disse me assustando.

– Animal – dei um tapa em seu ombro – quer me matar do coração?

– E porque você estava com aquela cara? – Marsali perguntou.

– Que cara?

– De quem tinha visto um fantasma – Fergus apontou.

Respirei fundo.

– E se eu disser que eu vi?

Os dois riram e olharam para mim.

– Você viu? – Marsali perguntou.

– Vi sim – confirmei – ele estava uivando na minha cabine.

– Jesus – ela levou as mãos a boca.

– Não seja boba mon amour – Fergus a repreendeu – Lady Faith está mentindo.

– Não eu não estou – falei completamente envolvida na história – eu estava terminando de amarrar os cadarços do meu vestido quando ouvi um gemido...

– Pode ter sido um dos marujos!

– Calado Fergus não a interrompa – Marsali mandou.

Merci cunhada – sorri – Dizia eu que estava terminando de me arrumar quando ouvi alguns sons estranhos, mas menos como um morto que terminava de levantar da sua tumba como ahãhhhumm.

– Que horror! – minha cunhada disse com os olhos arregalados.

– Isso está parecendo outra coisa – Fergus disse cético.

– Logo depois disso – falei sombriamente continuando meu relato fictício – senti todos os pelos da minha nuca se eriçarem como se tivessem me dado um banho de água fria, foi quando eu o vi! Vocês não iriam querer estar em meu lugar.

Marsali fez o sinal da cruz e seu marido pegou na gola da camisa, parecendo desconfortável.

– Ele era horrível, era bem mais auto que meu pai, seus cabelos eram lodosos e todos os seus dentes eram podres. Sua pele era pálida e azulada doentiamente e seus olhos eram tão vermelhos quanto sangue.

Marsali se agarrou a Fergus com força e fiquei fascinada pelo efeito de minha historinha improvisada.

– Então ele ergueu o longo dedo comprido o apontando em minha direção e eu pensei: Mon Dieu se eu não sair daqui agora...

– O navio atracou e vocês nem perceberam – papai disse me interrompendo.

Ele e mamãe me olhavam divertidamente como alguns membros da tripulação.

– Era uma história muito interessante essa que você contava não? – ela me perguntou.

– A mais pura verdade – menti.

– E o que acontecia depois? – Marsali perguntou curiosa.

– Bom, esta era a parte que eu saia correndo ma chèrie, mas nunca se sabe o fantasma ainda pode estar lá. Porque não vai conferir Fergus?

– Eu? – ele arregalou os olhos – sinto muito Lady Faith preciso ajudar os homens a descarregar.

– Claro que sim – eu ri – Non estaria com medo estaria?

– Eu com medo? – ele disse com desdém – Apenas não o faço porque para um homem de bem como eu o dever está sempre em primeiro lugar.

– Deixem de conversa e vamos – papai colocou o braço por cima do meu ombro e passou pela minha mãe fazendo a mesma coisa.

– Onde vamos ficar? – perguntei.

– Eu não te disse? – ele murmurou – Na casa do primo Jared, ele já deve tê-los avisado.

– Quanto dinheiro o primo Jared tem? – perguntei abismada.

– Muito – papai riu.

              O que eu não entendia era porque ele não teve filhos, ao menos não que eu soubesse, todo aquele dinheiro e ninguém para deixar. Na verdade eu não entendia como alguém passava a vida sem se envolver afetiva e verdadeiramente com alguém. Entender a mente de outras pessoas era algo realmente difícil.

 

            Chamava-se Casa da Montanha Azul. Era bonito, grande e confortável. Era a maneira mais simples de descrever pois o que mais me interessava era o confortável. Não me lembro bem, mas quando sentei-me na cama macia e limpa simplesmente apaguei e só fui acordar horas depois despertada por uma escrava.

– Mademoiselle – ela chamou.

Oui? – murmurei.

– Não quer tomar um banho? A água está pronta a senhora sua mãe mandou que a acordasse.

Me levantei olhando para ela.

Merci – agradeci.

– Não quer ajuda para se banhar?

– Ah, non – sorri – pode ir.

Ela abaixou a cabeça e saiu. Me despi e entrei na tina feliz com aquele simples conforto e comecei a cantar baixinho.

Dans ma jeunesse il y a des rues dangereuses

Dans ma jeunesse il y a des villes moroses

Des fugues au creux d'la nuit silencieuse

 

Dans ma jeunesse quand tombe le soir

C'est la course à tous les espoirs

Je danse toute seule devant mon miroir

 

Eu suspirei, nunca gostei de Paris, mas gosta das músicas... ah essas eu adorava.

Bateram na porta.

– Quem é?

– Sou eu Marsali.

– Pode entrar – falei.

– Ah, ainda está tomando banho?

Dei de ombros.

– Eu poderia ter tomado assim que entrei, mas a cama é tão macia que eu simplesmente peguei no sono você não?

– Não, – ela riu maliciosamente – estava ocupada. Sua mãe também deve estar.

Senti meu rosto pegar fogo.

– Bom, eu não estou interessada no que você e Fergus fizeram e muito menos no que meu pai e minha mãe...

Corei de novo e me levantei da tina pegando uma toalha.

– Minha nossa, você tem muitas cicatrizes – ela reparou.

Suspirei. Duas delas, ela parecia ter esquecido, nas costas e perto do peito eu tinha graças a mãe dela. Eu jamais diria isso em voz alta é claro.

– Mas esta – apontei para a cicatriz da facada – levo com carinho.

– Uma moça não deveria ter tantas cicatrizes, talvez seu futuro marido não goste.

              Olhei para ela, tão delicada de olhos azuis bochechas meigas e coradas ela não tinha nenhuma cicatriz. E como teria tendo estado a vida inteira protegida dos males do mundo?

– Eu não me envergonho nem um pouco das minhas cicatrizes e se por um acaso meu marido um dia se envergonhar ele que procure outra esposa pois comigo ele não casa.

– E se você...

– Marsali o que veio fazer aqui? – a interrompi antes que a estrangulasse.

– Bom, é que uma das escravas disse que ia ao mercado e eu não queria ir sozinha apenas com ela sabe. Quer vir comigo?

– Sim – aquilo muito me agradou – Não aguento mais ficar presa, mas talvez eu devesse avisar papai e mamãe.

– Não vá querer interrompe-los agora – ela riu.

Revirei os olhos e me arrumei para ir com ela. De qualquer maneira avisamos ao senhor e a senhora MacIver, os administradores da casa, para o caso de mamãe e papai perguntarem por nós.

              O mercado não ficava muito longe e estava cheio, quase me senti em casa esbarrando e tropeçando nas pessoas com o forte cheiro fezes de animais e de comida estragada em todos os lados. A escrava comprou alguns mantimentos e eu olhei com interesse para uma barraca de ervas.

– Poderia levar algumas para mamãe Claire – Marsali sugeriu.

              Eu morreria e não me acostumaria com aquilo. Minha mãe havia conquistado o carinho de Marsali a ponto dela trata-la por mamãe e isso me fazia sentir um pouco culpada, pois ao contrário dela eu nunca poderia gostar de Laoghaire. Pior ela deveria saber do tapa que dei na bruxa, eu tinha certeza que a marca dos meus deus ficaram em sua bochecha por um bom tempo.

– Marsali sobre sua mãe...

– Ela é uma pessoa difícil eu sei – ela suspirou – se está tentando pedir desculpas pelo tapa esqueça, foi o mínimo que ela sofreu depois do que fez, conhecendo os Frasers poderia ter saído morta de lá – ela riu sem humor, também parecia envergonhada da atitude da mãe.

– Bom – respirei fundo mudando de assunto – talvez não seja uma boa ideia comprar algo para mamãe, eu não entendo nada dessas coisas e poderia errar na mão. Podemos voltar com ela aqui outro dia.

– Tudo bem – ela segurou meu braço me girando para o outro lado – eu acho que vi uma....

              Nós duas acabamos esbarrado em uma senhora que estava acompanhada por seus escravos.

– Por favor nos desculpe – Marsali falou.

Pardon Madame – disse eu ao mesmo tempo.

– Uma escocesa e uma Francesa, combinação interessante – ela era ruiva mais ou menos da idade da minha mãe e seus olhos verdes brilhavam de interesse – Acho que já vi esses rostos em algum lugar.

– Se a senhora é escocesa talvez conheça nossos pais.

– E quem são?

– São...

– Acho que está tarde – falei a interrompendo – papai e mamãe não vão gostar que demoremos e muito menos seu marido.

– Ah.

Ela pegou meu aviso.

– Sinto muito pelo esbarrão senhora eu deveria olhar por onde ando – Marsali disse-lhe.

– Sem problemas – ela deu de ombros.

– Com licença – falei e saímos das vistas dela.

– Conhece ela? – me perguntou Marsali depois quando estávamos na carruagem.

– Não, mas não gostei da maneira como ela nos olhou – falei – e você precisa ter cuidado, não estamos em Lallybroch não podemos puxar conversa com qualquer um na rua.

– Sim eu sei, mas é que quando eu vi que ela era escocesa senti certa confiança.

– Desconfie – falei – desconfie sempre.

 

              Eu não prestava atenção na conversa de meus pais com os da MacIver. Ainda estava pensando na mulher estranha no mercado. Marsali e eu havíamos decidido a não falar nada sobre o assunto com ninguém mesmo porque nem havíamos avisado A eles sairíamos e como chegamos antes que dessem por nossa falta e senhora MacIver não se importou de comentar, tudo ficou como estava. 

– Faith – mamãe chamou minha atenção.

– Hum – olhei para ela.

– Não ouviu o seu pai?

Non non, o que disse? Eu estava um pouco distraída.

– Acredito que pensando em seu noivo – a senhora MacIver sugeriu.

             Meu pai não se cansava de espalhar aos quatro ventos que eu estava noiva, ele estava muito feliz, eu no entanto estava infeliz e gelada. Coragem para dizer que tudo era mentira eu não tive e lá estava ele me lembrando da minha infâmia de novo.

– Não era isso? – ele me perguntou.

– O senhor não pode adivinhar meus pensamentos.

– Apenas um pouco – ele sorriu e eu me encolhi – mas voltando ao assunto, vamos a casa do governador você quer ir conosco?

– Quer dizer a casa do Lorde John Grey?

– Ele mesmo – ele me lançou um olhar de aviso.

Se contenha moça.

Eu sorri.

– Eu adoraria, nunca fui à casa de gente rica a não ser a do primo Jared, mas.... – hesitei – Talvez eu não deva ir.

– Por que? – mamãe perguntou.

– Não sei como me comportar e não quero que passem vergonha.

– Bobagem – papai disse imediatamente – apenas fique perto de sua mãe ela sempre sabe o que fazer, não será pior do que um baile em Paris.

– E depois – minha mãe me disse divertida – você é francesa, seja lá o que aconteça ficaram fascinados apenas por isso.

– Como pode ter certeza? – perguntei.

– Mesmo em minha época a França é sinônimo de sofisticação, invente qualquer coisa e eles acreditaram, confie em mim.

 

              Eu tinha lá minhas dúvidas, mas confiava em minha mãe, ela era elegante, sábia e com certeza não me deixaria falar besteiras, no entanto não era apenas isso que me preocupava.

             Lorde John Grey estaria lá. E se ele estava lá, onde estaria meu irmão o pequeno conde de Ellesmere? Eu mantive os pés no chão para depois não partir meu coração se não pudesse vê-lo.

               Meu vestido era verde e assentava perfeitamente com minha cor de pele e até fazia com que eu parecesse bonita. As mangas até os cotovelos tampavam uma fina cicatriz que eu tinha no braço, não que eu tivesse vergonha, mas não gostaria de ter que ficar explicando.

             Coloquei um pequeno camafeu no pescoço estava ótimo, ainda assim achava o vestido decotado demais.

Em Paris as mulheres usavam coisas piores.

Usavam sim.

Isso quando usavam...

           Sai do meu quarto para não ficar encarando o espelho e encontrei Marsali tão bonita quanto uma boneca de porcelana em seu vestido rosa, passei o dedo pelo cachinho que caia atrás do meu pescoço, pelo menos eu estava apresentável.

– Meu Deus, olhe como você está linda! – Marsali exclamou.

Eu ri.

– Você que está, já se viu no espelho mademoiselle?

– Sim sei que estou – ela disse convencida – mas não é com muita frequência que te vejo assim tão bonita.

Revirei os olhos.

– E os outros já estão prontos?

– Acho que sim, vamos ver.

Eu quase tive um ataque quando vi meu pai, empoado de peruca e de cara branca.

– O que fizeram com o senhor – gemi.

Eu detestava aquelas perucas no mais profundo do meu ser, escondiam cabelos lindos e faziam tanto damas e cavalheiros terem aparência esnobe.

Meu pai em nada se parecia ao altivo guerreiro escocês.

– Um Francês foi nisso que o transformamos – Fergus anunciou alegremente muito bonito em seu casaco de veludo azul. Ele porém não usava peruca. 

Olhei para minha mãe, ela era uma imagem melhor de se ver, bonita e radiante com seu vestido pouco aparentando a idade que tinha.

– Podemos ir? Não aceitarei mais chacotas com a minha aparência – ele reclamou.

– Está bem monsieur – eu ri.

– Escute quem lhe arrumou esse vestido? – ele perguntou me analisando.

– As criadas por que?

– Não acha que está muito decotado?

Fiquei vermelha. Eu sabia!

– Não seja bobo Jamie está perfeitamente comum – mamãe disse e sorriu para mim – a cor lhe caiu muito bem querida.

– Sim, mas se realmente está tão decotado eu posso troc...

– De maneira nenhuma – ela descordou veementemente – Você está linda e não vai tirar esse vestido não é Jamie.

– Hum.

– Não é Jamie!

– Sim claro – ele suspirou vencido – vamos.

 “Willoughby, Claire ou Faith. Veremos quem me trará problemas primeiro.”  Papai falou muito baixo, mas eu escutei pois tinha ouvidos ótimos. Eu não entendi por que o senhor Yi Tien Cho precisava vir conosco, se meu pai achava arriscado ter minha mãe e eu no mesmo lugar porque arriscava ter um chinês bêbado em uma festa elegante. Talvez fosse muito rude não convida-lo, e pensando bem as vezes eu tinha pena dele por estar tão longe do seu pais em um lugar em que os costumes são completamente diferentes, mas ele matava a minha piedade sempre que abria a boca para falar mal de nós.   

             Logo meus pensamentos se desviaram do chinês e fiquei me perguntando como seria o encontro com Lorde John Grey. Fiz o possível para não lançar olhares furtivos ao meu pai, mas era difícil não olha-lo, mesmo na penumbra da carruagem, seu rosto cintilava de brancura.

Ele também parecia nervoso e eu sabia porquê.

            Eu não era uma pessoa tímida, de maneira nenhuma, mas estar em uma situação totalmente desconhecida para mim me tornou no mínimo acanhada. Eu não segurei o braço da minha mãe quando entramos não queria que ela percebesse que eu estava tremendo. Eu nunca estive no meio de pessoas tão elegantes e refinadas.

Eu nem deveria ter vindo!

– Olhe Faith ali está ele – mamãe apontou.

– Quem?

– Lorde John Grey.

Arregalei os olhos. O alinhado homem no salão o governador, era jovem de baixa estatura e extremamente bonito. Eu sempre pensei que ele fosse... Não sabia bem ao certo, mas eu nunca pensei que ele fosse tão bonito.

– Senhora Malcolm! É um prazer revê-la – ele disse amigavelmente para ela.

Eu engoli em seco.

– O sentimento é inteiramente mutuo – ela sorriu – Não sabia que você era o governador da última vez que nos vimos. Receio ter sido um pouco informal demais.

– Certamente tinha uma excelente desculpa – ele devolveu o sorriso radiante e olhou para mim. Senti o rosto esquentar.

– E esta mocinha creio que deva ser sua filha a senhorita Malcolm.

– Sim – ela me dirigiu um olhar cheio de orgulho passando o braço pela minha cintura.

– Faith – falei quase engasgando – é um prazer monsieur.

– Francesa.

 Ele olhou com curiosidade se demorando em meu rosto e beijou minha mão enquanto fazia isso não tirou os olhos de mim. Apenas Dieu sabia o que ele estava vendo ali.

 – Devo dizer que é tão bonita quanto sua mãe senhorita e tem um belo nome.

Eu ri ainda nervosa.

– Obrigada milorde.

– Apenas digo a verdade – disse amavelmente e finalmente voltou seus olhos para minha mãe – Os ares da ilha lhe fizeram muito bem.

Eu olhei para trás procurando meu pai com os olhos. Ele havia ficado para trás conversando com um senhor, e com o chinês.

– Gostaria de apresentar meu marido – minha mãe disse e como se fosse obra de magia ele apareceu dando a mão para ela.

              O desconcerto no governador foi imediato. Ele não parecia estar entendendo nada e eu fiquei com pena. Meu pai só foi me contar sobre as preferencias do Lorde Grey quando estávamos no Artêmis e mamãe havia sido forçada a entrar no Porpoise, eu não lembrava bem como havíamos chegado naquele assunto, mas ele me contou timidamente e corando muito sobre os sentimentos do lorde para com ele. Lorde esse que voltou os olhos para mim de novo e logo para minha mãe mais uma vez.

– Minha esposa Claire e minha filha Faith – nos apresentou.

– Claire – ele balbuciou – aquela Claire?

– Sim – ele confirmou.

– Mas... Essa moça, quando...?

– Arranjarei tempo para conversarmos depois – ele prometeu – enquanto isso me chamo Etienne Alexandre.

             Ele não pareceu se recompor do susto e vi os olhos de minha mãe realmente curiosos com a reação dele.

– Por que o senhor não me apresenta para algumas pessoas? – sugeri tentando tira-lo de seu torpor.

Funcionou de certa maneira tanto ele quanto meu pai me olharam agradecidos já minha mãe... Ela estava desconfiada.

– Mademoiselle – ele disse oferecendo o braço e eu o peguei.

Nos afastamos dos meus pais e foi quando vi Marsali e Fergus dançando no salão com tanta graça que me deu até inveja.

– A senhorita tem olhos como os dele, cabelos da mesma cor, mas os traços são de sua mãe – o lorde murmurou fazendo com que eu prestasse atenção nele de novo.

– É o que dizem.

Ele me olhou nos olhos.

– Você sabe, não sabe?

– Sobre papai, o senhor e Willian? Sei.

– E o que acha disso tudo?

Dei de ombros.

Non tenho nada contra meu pai, muito menos contra o senhor e eu amo meu irmão apesar de não conhece-lo.

– E não se importa mesmo pelo que eu sinto....

– Eu não posso odiar uma pessoa que o ama certo? Mas me solidarizo com você afinal quem teria chances com a minha mãe na briga ela é linda.

Ele riu.

– O seu senso de humor certamente é de seu pai – disse mais relaxado e seguiu apresentando-me para algumas pessoas como a filha de um amigo.

Eu não me acostumara ainda a receber elogios e cada um me deixava um tanto nervosa, sacudi o leque nervosamente. Eu deveria ter ficado com minha mãe, mas me ofereci para fazer uma boa ação.

              Porém como ela havia dito, as damas se mostraram bastante entusiasmadas pelo fato de eu ser francesa e fizeram tantas perguntas que mal podia ter tempo para responde-las de maneira satisfatória.

– A senhorita é comprometida? – um dos homens perguntou a lorde John.

– Não sei – ele olhou para mim – É?

Oui – afirmei – Eu tenho um noivo, mas como vim de viagem com meus pais ele non pode vir, mal posso esperar para que nos reencontremos de novo.

Bendito Callen, pensei comigo mesma me sentindo realmente culpada por usá-lo daquela maneira.

– Mas creio que isso não a impedirá de dar-me a honra desta dança. – lorde John me pediu obsequioso.

– Seria um prazer – concordei.

Nós voltamos para o salão.

 – Acho que eu deveria ter dito que não sei dançar.

– Isso não é um problema – ele sorriu – Eu sei e não é tão difícil, basta observar os outros.

Olhei para Fergus e Marsali ainda estavam lá alheios ao tempo e a tudo. Pelo menos alguém estava se divertindo.

– Posso te perguntar uma coisa? – falei estendo a mão para ele enquanto girávamos.

– Pode.

– William, não está aqui não é.

– Não – falou.

Suspirei, já esperava por isso.

– Ele está bem? – perguntei ansiosa quando ele soltou minha mão e giramos de novo.

– Claro, já tem 10 anos e é um garoto genioso puxou a mãe nisso.

Eu sorri.

– Meu pai diz que ele nunca vai saber a verdade e que provavelmente eu nunca vou conhece-lo, mas eu não acredito nisso.

– Acha que seu pai pode ir atrás dele e contar um dia?

– Não isso, mas esse mundo é pequeno. Acreditamos que minha mãe já não estivesse entre nós e nem eu mesma deveria estar viva e cá estou eu dançando com o senhor.

– Os Frasers – ele segurou minha mão mais uma vez e se inclinou sussurrando em meu ouvido – aparentemente tem sete vidas.

– Com licença – papai tocou em meu ombro – vou ter que tomar seu par por um instante.

Me esforcei para não rir, com a expressão que lorde Grey fez como se tivesse esperança que dançassem ali os dois.

– Claro – falei – foi um prazer conhece-lo milorde.

– O prazer foi todo meu senhorita Faith.

Eu sorri.

– Eu diria para procurar a sua mãe – papai disse com a mão ainda em meu ombro – mas não faço ideia de onde ela possa estar então fique com Fergus e Marsali.

Ele saiu com o homem antes que eu pudesse falar qualquer coisa.

Par Dieu!

              Eu não iria me colocar entre os recém-casados. E muito menos iria atrás do chinês. Então dei voltas e mais voltas na enorme mansão para encontrar minha mãe, eu adoraria falar com ela sobre a conversa que tive com lorde John, eu adoraria falar do meu irmão sem restrições, mas não podia enquanto meu pai não contasse a ela e eu apostava que depois desta noite ele não poderia esconder mais. Ela estava desconfiada, eu vi a expressão em seu rosto. Eu só podia esperar que ela não o matasse.

 Minha procura deu frutos quando ao longe vi seu vestido roxo, fui atrás dela com a estranha impressão de que ela estava fugindo, a vi abrir a porta da sala de repouso e fui logo em seguida, a encontrei completamente parada com uma expressão horrorizada no rosto.

– Mamãe, o que aconte...

Me interrompi quando vi uma mulher estirada no chão e uma poça de sangue a seu lado que havia sido formada por seu pescoço rasgado, eu não a havia cumprimentado a poucos instantes quando estava com lorde Grey?

Cambaleei sentindo o mundo girar.

Eu não queria reviver aquele pesadelo de novo.

– Faith...

Mais uma vez o sangue deu uma cor macabra ao meu mundo, não um rubro brilhante, mas o mais profundo negror.


Notas Finais


Até a próxima o/


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