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História Faking Death (BTS - Taehyung e Jungkook) - Skeptics and Believers


Escrita por: maiyeon

Notas do Autor


Então....puta merda. Sete meses sem atualização. Eu peço perdão por isso, mas também não posso dizer que me arrependo totalmente: eu passei por muito no segundo semestre de 2020. Um dos acontecimentos está intimamente relacionado a Faking Death, e o por que eu não conseguia a escrever.


Minha querida amiga, Mari (que não tinha mais conta no spirit desde 2019 mas que conheci na plataforma e lia todas as minha histórias através do Docs) foi uma grande apoiadora de FKD e de minhas empreitadas como escritora. Ela sempre tinha algo bonito para dizer dessa história, e foi uma das primeiras pessoas que olhou o plot dessa história e me disse “ Nanda, isso tem um puta potencial!” Ela recebia capítulos antecipados e os comentava sempre. Mas infelizmente, junho do ano passado depois de um mês internada, Mari morreu de Covid, contraiu da mãe que era enfermeira e não podia sair de casa. Isso foi um baque bem forte para mim, pos éramos grandes amigas há alguns amos já. Eu a conheci nessa plataforma, e ela me ajudou muito com a escrita, na vida e em tudo. Eu a chamava especialmente de fada madrinha de FKD, pois ela botou mais fé até que eu no início nessa história. Então, entrar no spirit e tentar postar FKD sem ouvir um comentário da Mari, sabendo que ela nunca mais a veria, foi demais para mim. Especialmente nessa história, a cada linha que eu tentava escrever eu chorava, especialmente nas partes que envolviam o personagem Taehyung, por que a morte de um amigo estava muito a flor da pele para mim.




Eu mal conseguia olhar para a logo do site, então desativei e sumi. Não sinto muito orgulho disso, mas acho que a pandemia afetou os miolos de todos nós. Acontecerem outras coisas na minha vida pessoal, em deslavai a mudança de estado e a minha família, e outras coisas. Enfim, 2020 foi um ano meio difícil, cheio de atropelos e percas. Só espero que sabiam que eu nunca esqueci de vocês, dessa história, apesar da minha incapacidade momentânea de a escrever. Ela agora está de volta, e eu também. Minha saúde mental está melhor e eu finalmente, consegui voltar. Por um momento, achei que não conseguiria. Mas essa história merece ser contada, e muitas outras também merecem. Meu maior sonho ainda é ser escritora.



A todos que ainda lembram dessa história, há todos que me mandaram mensagens, e a todos que eu acabei perdendo pelo meio do caminho nessa história pela falta de atualização e por me afastar do site e tudo relacionado a ele: Obrigada. Eu sou grata por que vocês me fizeram ter coragem, força para recomeçar e acreditar que eu ia voltar. Essa história é de autoria minha, mas devo parte da minha força, do meu incentivo a todos vocês. Obrigado por tudo, eu espero que quem ainda esteja aqui aproveite a volta da história, eu me dediquei muito por vocês e para tentar compensar a falta. Nunca é tarde demais para nada.



Para terminar, eu gostaria de dedicar não somente esse capítulo como toda essa história ao meu anjinho Mari, que infelizmente não está mais entre a gente. Um dia eu prometi para ela que eu não deixaria essa história sem final, e apesar de tudo, eu quero cumprir a minha promessa. Além disso, fica um apelo: enquanto a pandemia não acaba, se cuidem. Mari tinha dezoito anos, nenhuma doença e muita coisa pela frente. Mas ela não resistiu. Por favor, usem máscara e se cuidem. Nos ainda vamos vencer a guerra, mas por favor, não se descuidem por enquanto. Espero que todos fiquem bem e saudáveis <3



Nos mais, eu estou muito feliz de estar aqui! Eu espero que vocês gostem do capítulo Faking Death, de verdade. Bom, sem mais delongas, aqui está o Comeback oficial de Faking Death. Vejo vocês lá embaixo <3


Música do capítulo: The Scientist


Artista: Coldplay

Capítulo 17 - Skeptics and Believers


Fanfic / Fanfiction Faking Death (BTS - Taehyung e Jungkook) - Skeptics and Believers

 




 

“ Diga-me que me ama, volte e me assombre

Oh, e eu corro para o começo

Correndo em círculos,

perseguindo nossas caudas

Voltando a ser como éramos



            Ninguém disse que seria fácil

É uma pena nos separarmos

Ninguém disse que seria fácil

Mas também não disseram que seria tão difícil

Eu estou voltando para o começo.” 




— The Scientist, Coldplay. 












 

Os dois estavam no almoxarifado. Não era o melhor lugar para ter aquela conversa importante, mas era o que Alice e Taehyung tinham no momento em meio a escola Sicheong. Ainda bem que não tinham muitas pessoas no corredor, já que com certeza se os outros estudantes vissem os dois indo conversar ia criar um alarde. 





 

Entraram lá já que Alice concordou em conversar com Taehyung, mas alguns minutos depois naquele ambiente apertado e escuro nem ela e nem o garoto disseram nada. O ambiente era escuro e para ambos. de certa forma era intimidador estarem de frente um para o outro. A loira não conseguia olhar para Taehyung, então olhava para os lados. As pilhas de documentos pareciam mais interessantes do que o amigo que ao contrário de si, fixava o olhar na garota. Silêncio. Finalmente, depois de alguns pequenos instantes que pareceram eternidades, Taehyung quebrou a tensão fazendo a primeira das muitas perguntas que tinha a Alice.







 

— Por quê? Acho que essa é a minha primeira pergunta. — Perguntou o Kim, enquanto olhava para a garota que ainda fugia de seu olhar incisivo. Ela olhou para as paredes, tentando de fato raciocinar alguma resposta para devolver a Taehyung. 





 

Claro que sabia de seus próprios porquês teve muito tempo para até mesmo refletir sobre eles, entretanto na frente do antigo amigo perdia as palavras. Alice suspirou, será se Taehyung estava ali para brigar consigo? Nunca pensou que ele ainda fosse lhe procurar para conversar, então foi pega de forma desprevenida. Ainda esperando uma resposta o garoto de cabelos azuis cruzou os braços e olhou em expectativa. desde a conversa que teve com Hyewon, percebeu que o melhor era colocar as cartas na mesa e conversar com Alice de uma vez por todas. Era a melhor coisa a se fazer, então ali estava. Finalmente, ela quebrou o silêncio ao dizer:







 

— Faça todas as perguntas que tiver, eu as responderei com sinceridade. E o meu porque….apenas se resume no fim aos meus problemas pessoais, Taehyung. Você sabe que no fundo eu sempre fui uma pessoa deprimida e eu realmente achei que eu era um peso para a minha mãe, para você e para todos a minha volta e que sem mim vocês ficariam melhores. Eu nunca fui suficiente. — Ela começou a dizer ainda envergonhada e sem olhar para ele. Ultimamente tudo o que Alice sentia era vergonha de si mesma e culpa por tudo o que causou para todos ao seu redor. Ela olhou pela primeira vez que aquela conversa se iniciou para Taehyung e disse enfim — Eu sinto muito. Eu realmente sinto muito. 









 

O garoto olhou para ela e suspirou, naquele momento perdendo todo o discurso que tinha criado na mente para dizer a garota quando fossem ter aquela conversa. Pensou no que poderia perguntar, no que poderia dizer, mas por um momento ficou calado. Claro que ele sabia, conviveu diversos anos, desde a infância até mais metade da sua adolescência com Alice. Sempre soube que ela tinha inseguranças muito fortes, mas jamais pensou que chegaria naquele ponto. Nunca pensou que ela forjaria sua própria morte. Ou que tudo chegaria num ponto sem retorno como aquele. 




 

Mas Taehyung pôs a cabeça no lugar e sabia que precisava tentar entender Alice. Não podia jogar um afeto de anos a fio e uma amizade no lixo sem ao menos por mais absurda é impensável que a situação continuasse sendo para si, ele deveria ao menos tentar entender o lado dela. Sua mãe estava cada vez mais o pressionando para ceder a ida ao Japão, e apesar de ainda muito relutante em aceitar a oferta, também estava dividido. Quem sabe depois de tudo, ir embora o fizesse bem? Estava incerto. Então desde que fora visitar Hyewon e ela lhe deu o conselho de sentar e ter uma conversa com Alice antes de concluir o que seria melhor para fazer, ele o aceitou assim que ele voltou para a escola. E ali estava, realmente mais calmo depois da bagunça emocional que esteve diante do choque de que Alice era Yuri e havia forjado sua própria morte, ele agora estava ali tentando realmente manter a mente mais aberta possível e buscar respostas.





 

— Como você pode achar isso? Que eu ia ficar melhor sem você? Você era tudo para mim. Apesar de tudo eu realmente achei que soubesse disso. — Taehyung disse, e estava sendo sincero. Alice era sua melhor e única amiga, e durante toda sua vida, ela e Hyewon foram as únicas que estiveram com ele, desde sempre. Pensou e assumiu que ela soubesse o quanto significava para ele. Viu que nisso, ele havia errado. — Por que não me contou quando voltou? Por que me deixou acreditando que você era Yuri quando você sabe….era você o tempo todo, Alice? 








 

Ela suspirou e olhou para o lado de novo. Iria ser sincera e foi isso que fez ao dizer: 








 

— No começo, eu não achei que fôssemos nos aproximar de novo, pelo menos eu não pretendia. Eu queria te ver por que eu realmente pensei….que você estaria melhor sem mim. Teria mais amigos sem ter que se manter perto de mim o tempo todo…...eu realmente pensei que eu fosse um peso na sua vida, na na minha mãe, por que eu realmente me odiava! E depois que Hoseok foi transferido do trabalho e eu voltei para Busan, e vi como realmente foi…..eu percebi que não era bem assim. Eu entrei em pânico ao ver tudo o que eu causei. E eu não contei antes por que…..— Alice começou a dizer, ainda nervosa, mas aquilo de certa forma era bom para si também. Fez uma breve pausa e respirou fundo, enquanto o garoto ainda esperava sua resposta. Deixaria todos os seus sentimentos saltarem para fora, já que estavam mesmo tendo aquela conversa que um dia tanto temeu. Sua voz começou a tremer e quis chorar, mas finalmente se explicou. — Eu… quis contar muitas vezes a você, como no dia da igreja, até mesmo depois da noite que tivemos na sua casa…...mas eu não consegui porque eu sabia que você ia me odiar e afastar de mim para sempre depois de ver a pessoa horrível que eu sou e o que eu fiz com você! E mesmo diante toda essa exposição, todos esses comentários maldosos….sei ódio e sua decepção ainda é a pior coisa para mim, Taehyung. Nós éramos inseparáveis não? Você site importou demais para mim. Mas eu sei que realmente estraguei tudo e não tenho como voltar atrás. Eu nem sei se devo pedir desculpas ou perdão, pois eu não me sinto digna deles. Parecem muito pequenos diante do que eu causei a você, a minha mãe. Eu realmente não tinha dimensão que vocês….me achavam tão importante. E….eu sei que você agora me odeia, e eu entendo…….




 

Ele abaixou o olhar. Tinha tantas coisas a dizer, mas as  palavras pareciam sumir da sua boca. Saia tudo embaralhado, torto, embargado por conta do remorso e da vergonha. 





 

— Eu não posso dizer que não me decepcionei muito com tudo isso, mas…..eu não odeio você. Se não, eu não estaria nem ainda entendido fazer alguma coisa, apesar de ser difícil para mim conceber seu por que m eu quero ver o seu lado. Nos últimos dias, estive com muita raiva, e eu posso até ter tentado te odiar, mas eu falhei. É por isso que eu ando inquieto.  — Confessou, com os braços cruzados encontrado numa das pilhas de livros que haviam por ali. — Alice….eu sempre soube que você era deprimida, mas ao mesmo tempo, pensei que você sabia que você era amada. Por mim, e pela senhora Shin apesar de tudo. Você sempre foi necessária. Você sempre foi importante. Eu vejo que errei ao assumir que você sabia. 






 

— Eu sinto como se tudo seria melhor se eu simplesmente não existisse, principalmente agora. Você é mamãe não precisariam ter passado por isso. Eu sou uma pessoa muito ruim, não sou? Talvez todos os comentários que ouvi por aqui estivessem certos. Eu só machuquei todo mundo que gostou de mim algum dia. Você não precisa amenizar as coisas para mim.  — Ela disse, os reconhecendo como verdade. Estava muito abalada com tudo o que estava enfrentando, e de bônus veio o julgamento alheio e atenção midiática em cima do caso. Tinha que chegar cedo a escola e sairia uma aula antes para tentar despistar os repórteres. Além do processo, da terapia que teria de começar a fazer, eram muitas coisas. Se sentia mais inválida do que nunca.







 

 Por um momento, um pensamento ruim atravessou sua cabeça de que talvez, ela devesse mesmo ter se jogado no lago. Teria poupado a todos eles. Ninguém estaria passando isso, por todo esse transtorno se ela simplesmente não existisse mais. 







 

— Não pense assim. Apesar de que eu não posso te prometer que as coisas iam ser como antes….você nunca vai ser um monstro pra mim. Claro, eu estou magoado com tudo o que aconteceu……mas eu sempre quis dizer uma coisa. Desde quando você partiu. Eu disse isso em todos memoriais que fizemos quando pensamos que você estava morta,  e acho….que eu deveria deixar você sabendo. Se eu…...acabar indo embora, ou se nada der mais certo entre a gente…….





 

— Embora? — Ela perguntou, mesmo temerosa. Taehyung iria embora? Esperou em expectativa o que o menino ia dizer. Ela suspirou e disse: 







 

— Minha mãe andou cogitando que eu vá embora para o japão com ela, morar lá uns meses enquanto ela faz uma pesquisa. Você sabe que eu e minha mãe é muito complicado, mas…...eu estive pensando se não faria bem eu me afastar por uns meses. Colocar tudo em ordem  na minha cabeça, respirar ares novos. Mas ao mesmo tempo, ainda não tenho certeza de nada. Eu tenho até o fim da semana para decidir. Por isso decidi conversar com você. Não sei se ficarei em Busan. Se eu for mesmo….é melhor ir com tudo dito. 








 

— Oh. — Não soube o que dizer, era claro que a causa da confusão de Taehyung era ela própria, e o odiava ver assim. Ao mesmo tempo, uma parte de si se desesperou ao saber que ele podia ir embora. Se afastar de Taehyung de novo….iria doer em si. Muito. Mas sabia que não tinha o direito de o pedir nada, muito menos para ficar. — Não sabia da sua pretensão. Sua mãe está fazendo pesquisa em Tóquio? 








 

— Sim. — Ele respondeu e o clima ficou pesado. Alice sentido que ele esperasse que ela disse-se alguma coisa, simplesmente disse: 








 

— Faça o que te fizer melhor. Se você fizer isso….nada mais importa para mim. Eu realmente me odeio por ter te feito tão mal, e não tenho direito nenhum de interferir nas suas decisões. Se você ficar melhor longe de Busan, longe de mim….contanto que fique feliz, é tudo o que me importa. Se você não quiser mais ficar perto de mim….eu entendo, de verdade. É como eu lhe disse na carta, Tae: eu mesma nunca me perdoarei pelo o que eu causei, então por que eu tenho que esperar que você o faria? Eu não exijo nada. Você não me deve nada. 







 

Taehyung suspirou, não sabia muito bem o que de fato dizer, ou o que sentir. Era mais difícil do que pensava. Olhou para a garota, apenas tinha preparado uma parte do discurso em sua mente, algo que sempre quis lhe dizer. Tantas coisas…..não ditas e mal explicadas. Ela o olhou, em expectativa para o que ele ia dizer. O Kim decidiu então, apesar de todas as incertezas, dizer o que sempre quis dizer a Alice desde a última ligação telefônica que tiveram como “ Alice e Taehyung” sem Yuri, sem mentiras. Na noite em que ela deixou Busan. 







 

— Eu não posso te dar nenhuma certeza no momento. Eu...minha mente está ainda muito embaralhada. Mas….eu não te odeio. Às vezes, até mesmo me culpo. Eu era seu melhor amigo. Eu deveria ter ainda mais noção de como você se sentia, certo? Já que as coisas chegaram a esse ponto. — Disse, percebeu que não adiantava pensar assim, já que aqueles eram quem os dois eram agora. E apesar de ser tudo estranho, sabia que era inútil se arrependerem do passado. O agora que estava despedaçado, quebrado era o importante. Não adiantava mais para nenhum dos dois se remoerem do passado, das coisas não ditas, não feitas, não demonstradas. Aqueles eram quem eles eram agora. E talvez pudesse colocar os pingos nos is, mas era mais difícil do que parecia. Alice tinha demasiado culpa e vergonha para falar sem que Taehyung a perguntasse algo e esse por outra vez, perdeu as palavras. Decidiu, enfim, dizer o que estava entalado na sua garganta durante todos aqueles anos.







 

— Independente de tudo o que aconteceu, do que ainda vai ser…..eu realmente não sei se seremos mais os mesmos depois de tudo, mas tem uma coisa que sempre quis poder te dizer, que apesar de todos as memórias lindas e todas as coisas que eu te disse ao longo de todos aqueles anos, tem uma coisa  que eu deveria ter te dito antes, era algo que eu pensei que você soubesse. Mas desde o último telefonema que você me deu, dizendo que eu deveria achar alguém que valesse mais que você. O que eu deveria ter dito isso é me arrependo até hoje de não ter dito é que para mim, você valia mais que qualquer coisa. Que eu amava você por quem você era, por tudo o que lhe compunha. Para mim, sua existência era muito valiosa. Eu sempre quis poder te dizer isso, e agora, mesmo apesar de tudo, eu vim aqui. Não posso mais deixar de dizer nada, mesmo que agora esteja bagunçado. Sempre se lembre e saiba que você é importante. Se um dia você não foi capaz de saber, eu espero que ao menos agora você saiba. Você sabe, não sabe? Depois de tudo……..








 

A pergunta ficou no ar, Alice percebeu após alguns segundos que ele queria que ela respondesse. Era a hora de ser sincera pois já não havia mais espaço nenhum para omissões ou para mentiras. Se ele lhe perguntasse algo, responderia a verdade. Era a única coisa que restava depois de tudo o que tinha acontecido. Olhou para o lado e disse: 







 

— Eu não sei se gosto de mim mesma. Na verdade…..eu me odeio. Essa é a verdade. Foi por isso que eu achei que faria melhor a todos vocês indo embora. Eu realmente achei que seria o melhor na época Taehyung, eu realmente…...eu não consigo gostar de mim mesma! O que você viu em mim? Por que eu era sua amiga? Tantas pessoas melhores, tantas pessoas que não te colocariam nessa situação! Eu acabei com você, eu acabei com nossa amizade, com tudo! Com a minha própria vida com a minha mãe…..eu acabei com tudo! Se eu já não gostava de mim mesma, agora, por que eu gostaria? A culpa é a única coisa que eu consigo sentir agora. E eu a senti durante esse tempo todo acredite. 








 

Taehyung olhou para ela da porta do almoxarifado onde foram conversar. A garota olhava nervosa para os lados, prestes a chorar. Mesmo que quisesse respostas dela, nunca foi sua intenção quer Alice chorasse ou ficasse naquele estado. Aquela na sua frente, era realmente a Alice e ele via isso agora. Sabia agora que apesar dos anos, sua visão de si mesma não tinha realmente mudado. Mesmo depois de tudo o que fizera, em busca de mudar, percebeu que a essência não fim não mudava nada. Mesmo em busca de mude, de acreditar que era um peso para si, coisa que nunca foi, mesmo depois daqueles anos todos, mesmo depois de ter mentido para todos como Yuri, ainda assim, ela conseguia olhar para ele e dizer que odiava a si mesma.



 

— Alice…..fugir e tentar ser alguém novo nunca foi a solução. Já que mesmo depois de tudo, você consegue ficar em minha frente e dizer que se odeia. Não se odeie. Você sempre valeu muito, e pelo menos, depois de tudo, eu espero que você tenha enxergado a importância que você tinha para mim, para sua mãe….eu espero que você tenha visto isso através dessa situação, ao menos isso….você nunca foi um peso. Todos nós amavam você, eu amava você ‘pra caralho. Eu realmente achei que não precisava dizer por que eu acreditei ser óbvio. 





 

“Amava.” No passado. Alice não sabia dizer o por que, mas a conjugação desse certo verbo doía bastante. Por que agora ela se dera conta que o amava no presente. Apesar de ter amado Jungkook um dia, de ter se envolvido com outros garotos aqueles anos, nenhum fez ela sentir o que Taehyung a fizera sentir. Depois de tudo e de suas reflexões, tanto naquela madrugada depois em que dormiram juntos, quanto na cela depois que trouxe o segredo à tona, guardava certeza consigo. Realmente amava Taehyung, tanto quanto amigo, quanto aquele quê a mais, finalmente, depois que soubera que ele a amou. Estava atrasada, afinal, como o mesmo dissera: ele a amou. Provavelmente depois de tudo o que fizera ele não amava mais, e era tarde demais. Do que adiantaria dizer que o amava? A dor apenas seria maior. Então, apesar de não querer mais guardar nada para si mesma, guardou aquele pensamento mesmo assim. Entretanto, apesar não dizer tudo o que estava na própria mente, dentro daquela conversa sincera um fragmento escapou entre os lábios, o proposto subconsciente a inclinava a perguntar: 






 

— E você…..não me ama mais, não é? — A pergunta repentina pegou Taehyung desprevenido e o sobressaltou, o próprio coração entrando num conflito com a mente e o próprio orgulho que se perdurou por dias. Vendo o silêncio, Alice logo se arrependeu de ter perguntado, e acrescentou isso a sua longa lista de arrependimentos. Logo emendou. — Foi uma pergunta idiota. Não responda, eu não quero que você o faça. Eu só espero que Taehyung….saiba que eu me arrependo muito por tudo que causei a você e mesmo se você for embora daqui a uma semana, ou até mesmo amanhã, que saiba que independente de tudo, todos os nossos momentos vão estar em meu coração. Para sempre. Tenha essa certeza. Você sempre vai ser a melhor pessoa que eu já conheci. Mesmo que nada seja mais o mesmo. Lembre-se disso. Eu…..amo você. Para sempre. Mesmo que você me odeie, mesmo que seja tardio. Só, sabia disso. Eu amei você. Eu amo você. Mas sei que é tarde demais e que é algo muito fraco comparado há tudo que nós coloquei e nos fiz passar. 







 

E aquilo, sendo tudo o que ele tinha a garota dizer só que ele conseguia dizer naquele momento, olhou uma última vez para a garota no almoxarifado. Também ficou emocionado, Mas como  não queria que ela e mais ninguém visse, motivado pelo próprio orgulho, abriu a porta saiu dali, deixando Alice para trás. Para sua sorte, os corredores estavam vazios já que as aulas haviam começado há cerca de trinta minutos. Estava correndo pelos corredores, os dobrando  com rapidez apesar da mochila pesada nas costas. Fugindo. Correndo. Sua mente repetia aquele “ eu amo você.” Estava tão atordoado que não percebeu que trombou com alguém até ver Kim Namjoon se desequilibrar para trás. Ele sabia o que o outro Kim fazia ali, já que os membros do conselho ficavam naqueles minutos iniciais fazendo ronda pelos corredores da escola a procura de alunos evitando entrar na primeira aula. Olhou para Namjoon, já pronto para rebater qualquer piadinha ou pedido para que voltasse a aula, e se levasse uma advertência, que fosse. O outros levantou-se e ajeitou o uniforme. Para a sua surpresa, a única coisa que o Kim disse a ele foi:






 

— Se alguém te pegar tentando fugir da escola, não diga que eu te vi. — Disse Namjoon enquanto passava ao seu lado e continuava seu caminho. Taehyung franziu as sobrancelhas. Nenhuma provocação? Nenhuma ameaça para voltar a sala? Sempre trocavam farpas, e por algum motivo, Namjoon estava deixando aquela oportunidade passar, aquilo definitivamente não era comum, então o Kim o questionou: 






 

— Por que você está me deixando escapar da escola? — O rapaz questionou o outro que nem fez questão de de de se virar, mascarou por um momento e disse ao outro:






 

— E alguma vez minhas advertências te pararam? E além do mais….não que no meio dessa confusão toda eu ficar te dando advertência vai me adiantar de alguma coisa. 







 

— Você está sendo legal comigo? Meu Deus, o mundo definitivamente vai acabar, é oficial! — Taehyung disse em tom de brincadeira. Namjoon revirou os olhos e disse: 









 

— Vai logo antes que eu mude de ideia e te coloque na  detenção, Kim. — Disse impaciente e o garoto de cabelo azul soltou um “ Au revoir” naquele clássico tom de deboche se sempre e saiu correndo pelo corredor, até que Namjoon o perdeu de vista. Ver Taehyung lhe lembrou da promessa que fizera ao próprio pai e a Eunha de que ele tentaria ser amigável com Alice no jantar que se seguiria daqui a dois dias, na sexta-feira na casa da madrasta, a senhora Shin. Ele deveria ressaltar que não estava nenhum pouco animado com o fato de que ele e Alice depois de tudo eram agora irmãos, mas seu pai pediu que dessa a menina uma chance antes de julgá-la por tudo o que aconteceu. Não era por mal, mas a situação como um todo ainda lhe era indigesta e desagradável. Não sabia se a considerava de sua família, mas pensou que talvez devesse tentar. Afinal, gostava da senhora Shin e ela era uma grande mulher, além de que não queria causar conflitos com ela e seu pai e muito menos com Eunha, com que nos últimos meses andou tendo um relacionamento incrível. Sorria de orelha a orelha ao pensar em Eunha. Desde o término feio com Seulgi, nunca pensou que se sentia assim de novo. 



 

Ao dobrar no outro corredor, viu uma cena ainda mais estranha: Chae Eunha conversava com Choi Hwasa, que sorria histericamente enquanto a outra a olhava desacreditada. Estranho. As duas não se falavam. Namjoon resolveu se aproximar, e pode ouvir um pouco da conversa. 



 

— Alguém viu você dormindo nesse carro em suas diferentes, e como eu já tenho fama de espalhar as coisas, ela gentilmente me passou essa informação. Não tirei você com o tipo de sem teto, Chae. — Hwasa sorriu novamente, observando a menina atentamente, que tinha uma expressão de completo horror no rosto. Não. Como tinham descoberto? Aquele restaurante onde dormiram no estacionamento era bem afastado. 



 

— Quem………..foi que tirou essa foto? — Foi a única coisa que Eunha conseguiu dizer. Hwasa sorriu. 



 

— Ela não estuda mais aqui, mas ainda é amiga minha e reconheceu você, por isso mandou a foto. Mas isso não importa. Eu só fico pensando no que poderia acontecer se todo mundo soubesse que Chae Eunha não tem onde morar…..seria meio vergonhoso, não? Não seria pior que o segredo de sua amiguinha Alice, mas suponho que seria desagradável de qualquer maneira……..



 

— Você está tentando me chantagear, é isso? — Eunha estava confusa. Se Hwasa descobriu que ela era completamente pobre, sem um tostão e só tinha um teto de um carro sobre sua cabeça, o que ela queria possivelmente dela? Não tinha muito a oferecer. 



 

— Ah, talvez se você fizesse para mim uma coisinha ou duas para sua amiga Alice, eu pudesse esquecer do o que e eu descobri…..— Disse Hwasa, o sorrisinho prepotente ainda estampado em seu rosto. Chae Eunha viu que não tinha saída. Ela engoliria tudo: sua vergonha, sua humilhação, mas não faria nada que Hwasa pedisse. Ainda mais contra sua amiga, Alice. 






 

— Não. Poste a foto, se quiser, mas eu não vou fazer nada contra Alice. Me exponha, Hwasa. Espalhe o que descobriu. Conte a todos que eu não tenho uma casa, que meu pai é um viciado. Conte a todos eles que eu trabalho na pizzaria em troca de uma merreca e da permissão de ficar no estacionamento fechado. Conte a todos eles! Mas eu não vou contra a minha melhor amiga, por causa de você! Nesse momento, Alice terá todo o meu apoio. Você saberia o que é ser amigo de alguém de verdade, se não fosse uma pessoa tão mesquinha. Nunca mais fale comigo de novo. 





 

A outra abriu a boca para rebater, mas Namjoon resolveu que era hora de entrar na história e disse: 






 

— Além do mais, na segunda suspensão da pessoa, ainda mais se for fato recorrente, já a coloca com risco de expulsão para o conselho formado por professores e pelo presidente e vice do conselho estudantil. E pode acreditar que se isso acontecer, eu vou recomendar a sua expulsão sem nenhuma hesitação, Choi. — Namjoon afirmou, sobressaltando as outras duas que ainda não tinham o visto. Ele cruzou os braços se dirigiu a Hwasa novamente. — Você quer pagar para ver se vai ser expulsa? 







 

— Não…..— Disse Hwasa, meio desconcertada pela presença do vice-presidente do conselho estudantil. Eunha estava paralisada. Não podia acreditar que Namjoon tinha ouvido tudo, que ele agora sabia que ela não tinha onde cair morta. Estava com tanta vergonha. Estava com tanta vergonha. 





 

— Então você vai apagar a foto que sua amiga te mandou. Agora. Não vou deixar você expor outros alunos e suas vidas pessoais como fez com Jungkook. Anda, Choi. — Namjoon disse, cruzando os braços e esperando. A contra gosto, ela pegou o celular e desbloqueou a tela. Namjoon foi ao seu lado e esperou, com a sobrancelha erguida, e ela mesmo a contragosto, apagou as mensagens. O garoto limpou a garganta, e disse: 





 

— Pronto, agora você pode sumir da frente da Eunha. — Namjoon disse, mas Hwasa somente o olhou com indignação. — Vamos, vamos, você já está atrasada! Quer além disso levar uma advertência também? Anda logo Choi. 





 

Ela revirou os olhos e começou a andar em direção a sua sala. Namjoon observou junto de Eunha até a menina sumir pelo corredor. A Chae olhou nervosa para ele. Namjoon olhou para a garota, e com um sorriso, disse: 




 

— Bem, quer que eu te leve até a sua sala? — O Kim perguntou de forma delicada. Eunha olhou para ele erguendo-nos sobrancelha em interrogação: 




 

— Você…..não vai dizer nada? — Ela esperava que ele o fizesse. Afinal, mesmo estando de rolo com ela, a garota assumiu que Namjoon não iria mais a querer. Afinal, eles eram de dois mundos completamente diferentes, e ela não tinha nada para oferecer a ele. Ela assumiu isso. Foi simplesmente uma certeza natural para ela. Entretanto, Kim Namjoon sorriu para ela, o que fez seu coração errar algumas batidas e suas bochechas corarem. Era impressionante o efeito do que um sorriso dele podia fazer para a desestruturar. Ele estendeu a mão para ela e disse: 





 

— Eu não me importo com o que você tem ou de onde você vem, Eunha. Já disse isso diversas vezes, mas repito para que acredite em mim: eu realmente gosto de você, apesar de toda a minha fama de pegador, ou do que você pode ter pensado sobre o que eu iria fazer se soubesse, eu gosto de você. E eu não vou deixar de gostar por conta de nada disso, Chae Eunha. 




 

A garota foi às lágrimas ao escutar as palavras de Kim Namjoon. Sem pensar, ela se jogou em cima dele e lhe deu um beijo apaixonado, talvez o mais intenso que os dois já tinham trocado. Ele rapidamente aceitou o gesto, envolvendo a garota pela cintura e aprofundando o beijo de forma imediata. Ela se entregou a ele de uma vez só, de forma rápida, sem receio, cheias de certezas. Chae Eunha pela primeira vez, soltou o próprio autocontrole e enfim, se permitiu entregar completamente a Namjoon e a tudo aquilombar sentia por ele, com todos os frios na barriga, com todos os suspiros e todas as sensações. Desde nova, fora obrigada a ter responsabilidades pesadas, a cuidar do pai viciado e trabalhar junto da mãe. Nada era constante em sua vida. Ela nunca se permitiu se apaixonar por ninguém acreditando que isso seria um problema para si, mas para Namjoon ela abriria uma exceção. Se ele tivesse disposto, ela o deixaria embarcar de cabeça na sua complicada vida. Ela faria isso e muito mais. 




 

Por que Chae Eunha estava completamente apaixonada por Kim Namjoon. 








 

                                    •••••••••••••••





 

Dois dias depois. 




 

Já haviam se passado dois dias desde que Shin Alice retornou a escola, e no geral, não tinha sido um tempo nada legal. Mas é claro que ela não esperaria menos do que isso depois de tudo o que aconteceu, então conformou-se com os olhares tortos e as piadinhas constantes dos outros estudantes. Samuel e Eunha nunca saíram do seu lado, sempre junto da garota e a defendendo com unhas e dentes toda vez que alguém falava algo sobre a amiga dos dois em sua frente, Alice tentou os fazer parar, não querendo que os amigos comprassem briga por sua conta, mas nada adiantou: Samuel e Eunha estavam determinados a lhe proteger. No mais, eles três seguiam seus dias presos em seu próprio mundinho. Como era sexta feira naquela noite teria um jantar na casa de Shin Minhee, e os convidados eram poucos: Samuel e Eunha, o padrasto e Namjoon (agora seu meio irmão), Yoongi, Hoseok, Jimin e o pequeno Jihyun. 




 

Antes, pela tarde no entanto, ela teria sua primeira sessão de terapia com uma psicóloga enviada pelo estado para que ela traçasse seu perfil até o julgamento, que ainda não tinha data. Estava nervosa, mas tratou de ir para a rotina quietamente e tentou o máximo possível não chamar atenção de ninguém, mesmo que falhasse por vezes. A mídia, os alunos da escola e Busan inteira pareciam querer falar dela. Para seu horror, o seu caso apareceu no jornal nacional da Coreia do Sul, de tão grande a repercussão que ele estava tanto. Era um inferno, e potencializava ainda mais seus sentimentos negativos sobre si mesma e suas ações. Sua mãe, Yoongi e Hoseok concordaram em uns consenso que seria melhor se Alice não tivesse seu celular e notebook por hora, para não ficar vendo nada negativo sobre si própria nas redes. Afinal, todos próximos dela se preocupavam pois sabiam que a garota tinha muito ainda o que melhorar em sua própria saúde mental, e tinham muito medo do que aquela exposição podia causar para ela. Tentavam a preservar de todo modo: nenhum deles fornecia entrevistas, espantavam os repórteres que cercam a casa e frequentemente Hoseok a buscava na escola junto da policial Kang. 




 

Samuel e Eunha pareciam seus dois guarda costas, ficando entre ela e a protegendo de tudo e todos. Alice era muito grata aos dois amigos, mas ao mesmo tempo sentia que causava incômodo para os dois, uma vez, quando tentou dizer isso Samuel apenas a olhou debaixo dos olhos com aquele olhar sério incomum vindo dele, dizendo que ela devia parar de ser idiota e era isso que amigos faziam. Ela desistiu de argumentar então, mas ainda se sentia mal com isso. Ela ficava grata que pelo menos Eunha depois do episódio de Hwasa entrou num relacionamento sério com Namjoon, e aparentemente Alice era a única solteira do grupo agora, não que isso fosse o maior de seus problemas considerando que ela poderia num futuro próximo ir para a cadeia por alguns anos. 





 

Dado ao sumiço recente de Eunha para passar o horário de almoço com Namjoon cujo Alice fez muito gosto de apoiar, ela estava sozinha com Samuel andando pela escola, enquanto o loiro resmungava sobre o novo amigo de Jimin, Seokjin estar roubando “seu baixinho” dele. Alice riu não só pelo apelido como pelo fato de Samuel com ciúmes ser uma graça por si só. No entanto, se separaram quando ela quis ir ao banheiro, e Samuel a prometeu esperar na porta. Ela entrou no banheiro, grata por ter um tempo sozinha. Ela amava Sam e Eun, mas ela podia sentir o quanto os dois se esforçavam todos os dias e às vezes só queria ficar um pouco sozinha. Sabia que Samuel estava lhe esperando, então apenas tentou lavar seu rosto com água para ver se conseguia relaxar um pouco. Desde a conversa com Taehyung ela ficava inquieta. Ele havia faltado todos os dias depois daquele, e era compreensível. Se ela pudesse, também faltaria. Se ela pudesse sumia da face da terra de verdade dessa vez. 




 

Porém não o faria. Não machucaria ainda mais a todos: Ela fez, ela se pegou, e ela sofria as consequências. Alice não se sentia no direito de sequer reclamar, então ela continuava seguindo como uma morta-vida, um dia de cada vez, vendo onde dava. Estava esmigalhada, quebrada e a sua culpa e remorso por se tornar um peso ainda maior do que ela pensou um dia que era para todas aquelas pessoas era muitíssimo grande. Suas lágrimas começaram a cair por seu rosto, as mesma que segurou durante todos aqueles dias. Não, não merecia chorar. Que ela engolisse seu choro e se sufocasse nele. Ela estava de fato vindo um inferno, mas ela o criou em primeiro lugar. Que se afogasse nele, nos seus arrependimentos, na sua culpa. 





 

Talvez Eunha e Samuel devessem arranjar uma amiga melhor, talvez Yoongi e Hoseok devessem ter lhe citado as costas, talvez Taehyung nunca devesse ter acontecido. Todos mereciam coisa melhor que ela. 




 

Respirou fundo e olhou para o espelho, os olhos inchados. O rosto da garota estava sem nenhuma maquiagem, com tudo acontecendo ela não tinha o ânimo de sequer tentar se ajeitar como antigamente. Seus cabelos louros também já apresentavam contraste com a raiz preta, sua cor natural, ela não os pintava fazia uns bons dias. Secou as lágrimas com a palma da mão, repentinos em sua própria cabeça para parar, apesar de que elas escapassem quase que involuntariamente. Pelo menos estava sozinha: ninguém precisava presenciar essa cena patética. 




 

Foi o que ela pensou até ouvir a descarga. Em horror, virou-se em direção dela e viu Park Sooyoung abrir a porta e se deparar com ela. A morena ficou também um tanto sem reação, assim como a loira. As duas nunca se falavam, não desde a revelação fatídica. De certeza ela estaria espalhando maldades sobre si, elas nunca se gostaram. Fosse como Alice, ou fosse no fim como Yuri. A Park olhou para ela, e por fim, deu passos decididos em direção a loira, que apenas a observou, esperando alguma piadinha, alguma ofensa. 




 

No entanto, nada disso veio. Sooyoung apenas olhou para ela e disse: 



 

— Desculpe-me. — A Park falou. A garota sempre foi mimada e orgulhosa, mas sabia que depois de tudo o que passou naqueles últimos meses, precisava dar um passo à frente para tentar mudar também. Era como Taehyung lhe disse um dia: se não mudarmos as atitudes, não mudamos de fato. Ela errou com a garota tanto como Alice e como Yuri, e esperava que não agora, mas um dia, ela pudesse ver que a Park estava sendo sincera. Ela realmente desejava que Shin Alice a perdoasse. Podia ser difícil, especialmente agora, mas não havia tempo melhor para tentar dar um passo em frente do que o agora. 




 

— O quê? — Alice esperou ouvir qualquer coisa, menos aquilo. Sooyoung implicou consigo por anos a fio, e recentemente mesmo com sua nova identidade se desentenderam. A líder de torcida deveria estar radiante com a sua desgraça. Então, por que ela disse Desculpa? Se fosse algum joguinho, Alice está a sinceramente cansada. 





 

— Olha, você não precisa me perdoar, mas eu realmente sinto muito. Tanto por todos aqueles anos como pelos acontecimentos recentes. Em ambas as vezes, eu errei. Estou tentando crescer e reconhecer meu erros há algum tempo, mas essa desculpa tem sido particularmente difícil para mim. Então sim, Shin Alice, eu sinto muito por tudo o que fiz para você. Sei que as coisas não desaparecem num passe de mágica, mas eu só queria que você soubesse que eu realmente sinto muito. 





 

Alice ainda estava meio que chocada com as afirmações de Sooyoung. Claro, todos notaram uma algumas diferenças na garota ao longo de um mês e meio: ela sentava mais com Seokjin e Jimin, ela estava mais tranquila e quieta e não engajava mais muito na fofoca. Park Sooyoung havia mudado, mas Alice era desconfiada de tudo. Ela podia mesmo lhe dar o benefício da dúvida? A Park tinha razão. Todas as suas mágoas em relação a garota, tanto recentes como as mais  velhas, ainda permaneciam. Mesmo que tenha se aproximado de Sooyoung quando voltou como Yuri, foi por interesse. Ela não conseguia saber se algum dia as duas conseguem ser verdadeiras uma com a outra, se elas conseguiriam ao menos ser amigáveis. Apesar de difícil imaginar, a loira olhou para sua vida agora. Ela também cometeu erros, implorou perdões e estava tentando se reconstruir. Ao mesmo tempo que tinha o pé atrás, sabia no fundo que o certo seria dar o benefício da dúvida a Sooyoung. Em dias, ela foi a primeira pessoa fora do seu pequeno círculo (que incluía Jimin, Eunha e Samuel) havia lhe mostrado um tantinho de gentileza. O que custava tentar acreditar? 





 

Ela suspirou. 




 

— Você tem razão, Sooyoung, as coisas não o se resolvem magicamente. Mas eu cometi erros também, vários deles. E eu quero mudar. Consequentemente, apesar de tudo, quero acreditar que as outras pessoas podem também. Que você pode. — Alice comentou. Sooyoung deu um pequeno sorriso. Ainda era uma conversa estranha, e não exatamente se sentia como um fechamento. Talvez o virar de uma página. Talvez um novo começo. Mesmo que não se falassem mais, ambas sabiam que pelo menos aquela trégua apaziguaria algo no coração de ambas as garotas. Tanto A Park quanto a Shin sabiam disso. 




 

— Eu estou tentando. Eu realmente estou. Sei que não provar com as minhas palavras, mas agora que conversamos, espero que daqui pra frente repare nos meus arrependimentos através de minhas ações. — Disse a garota. Alice assentiu. Park Sooyoung então estendeu a mão direita, e com um leve sorriso em direção a Shin Alice, disse: — Temos uma trégua oficial então? 




 

— Uma trégua. Nós duas podemos seguir em frente. — Apertou a mão de Sooyoung. Não quis dizer para ela, mas estava grata por ter ouvido isso dela agora. Todos na escola de Sicheong estavam pilhando em cima dela, e teve a certeza de que a outra faria o mesmo, então ouvir aquilo…..lhe deu certa esperança. Certa paz. Isso era o engraçado e lindo do perdão: ele às vezes vinha na hora certa e libertava não só o culpado, mas o atingido também. Sooyoung estava quebrando seu próprio molde ao pedir perdão, e estranhamente não se sentia inferior, não se sentia menor como pensou que se sentiria. Estranhamente, se sentia em paz com tudo isso. E Alice parecia estar também. 






 

Soltaram as mãos. Alice olhou para a garota mais alta, e ela pode sentir uma certa paz também. Era bom conversar com alguém nos últimos dias que parecia não a julgar tanto. As duas não tinham uma história boa, mas Alice gostava de ter esperança ao ver que mesmo com o momento que passava, Park Sooyoung tinha inúmeras possibilidades de a diminuir como antigamente, de caçoar dela, mas não o fez. Em outra supresa, a tirou do bolso da saia de uniforme um batom vermelho, parecido com os que a loira sempre costumava usar antes da revelação e sua vida virar de cabeça para baixo. A Park estendeu ele para Alice, que o pegou ainda confusa. A Park respondeu com um sorriso: 




 

— Não é por que você está destruída Shin, que não pode fazer as coisas que fazia antigamente. E bem, ficar apresentável. — Alice balançou a cabeça em um pequeno riso. Sooyoung ainda era uma patricinha, era verdade, mas ela tinha razão. Destruição emanava de seus poros e se refletia na aparência desleixada, antes muito bem cuidada. Ela não se importava muito em sua aparência, considerando tudo o que tinha acontecido. Mesmo assim, ela pegou o batom. A Park deu um sorrisinho de lado. 




 

— Eu sei que pode parecer fútil, mas às vezes é questão de um ato de cuidar de si mesma, e eu percebi que você não anda fazendo. Eu sei que você gosta desse tipo de batom. Por que não o usar? Não é um egoísmo. Não abra mão das coisas que adquiriu, elas fazem parte de você agora. 






 

— Eu não preciso cuidar de mim mesma. Não é uma das minhas prioridades agora. — A garota disse, ainda olhando para o batom da Mac em sua mão, que a Park lhe dera. Sooyoung olhou para ela e disse: 






 

— Nós sempre devemos ser a nossa própria prioridade. Não mais ninguém. Foi uma das lições que eu aprendi nesse último mês. Você sempre deve ser o mais importante. Eu sei, eu sei. Fácil falar, difícil fazer. Mas precisamos ao menos tentar, não é? Quer saber, pode ficar com o batom. 






 

— Sooyoung, não precisa, é seu…...— Ela foi começar a falar, mas a Park a interrompeu. 





 

— Oh, por favor, acho que eu tenho outros dois bem parecidos, apenas pense no que eu disse sobre se cuidar melhor. Passa esse batom aí e entra no refeitório de cabeça erguida. — Disse a Park. Ela começou andar até a porta para sair do banheiro. Quando Sooyoung ainda estava de costas, Alice disse: 






 

— Sooyoung…..obrigada por não me julgar dessa vez e não pilhar em cima de mim como todo mundo. Eu agradeço. — Alice realmente apreciou o gesto, raro em sua vida naquele momento. A Park olhou para trás uma última vez, ainda com a mão na maçaneta da porta. 




 

— Eu que agradeço por você ter me dado uma oportunidade Alice. Eu realmente espero que tudo dê certo para você. Você não é má pessoa. Nunca foi. — A Park disse, e finalmente, com um leve sorriso, abriu a porta e saiu rapidamente do banheiro. Alice sorriu para si mesma, e seguindo o conselho de Sooyoung, ela passou o batom. Se olhou no espelho, os olhos já não estavam mais tão inchados. É claro, tudo ainda ruía em sua volta, mas ela ainda tinha pessoas que se importavam com ela. Precisava tentar fazer valer a pena. Não só por eles, mas agora via que por si também. Apesar de todas as suas inseguranças, de todos os seus erros e arrependimentos. Shin Alice foi capaz de um pequeno sorriso ao olhar para o espelho. Faria o melhor que podia. Um dia de cada vez, um passo de cada vez. Quem sabe, um dia, ela conseguiria olhar para trás e acreditar mais em si mesma? Era difícil, sabia, mas ela queria tentar. Apesar de tudo, ela gostava de acreditar que acreditava. Se permitiu a pequena ingenuidade de ser otimista, mesmo que ainda não se amasse, mesmo que ainda tivesse vontade de ser invisível, mesmo assim, ela tentaria acreditar que no futuro, algo melhor poderia ser feito dela. Ela precisava acreditar nisso. 





 

Saiu de dentro do banheiro. Samuel foi imediatamente ao encontro dela, no seu olhar uma pergunta muda se estava tudo bem, já que ele tinha visto Park Sooyoung sair do banheiro. Ela sorriu de volta para ele, indicando que estava tudo bem. Parou ao lado dele e os dois começaram a andar. Por conta de enrolarem um pouco o refeitório já deveria estar cheio e ela estava ansiosa em entrar ali. Os dois já haviam chegado na entrada. O garoto olhou para ela e perguntou: 






 

— Tem certeza que não quer que eu pegue uma bandeja para você para irmos comer no jardim? Posso até chamar Jimin e Eunha para ir com a gente. — Sugeriu Samuel. Era o que eles estavam fazendo quase a semana toda, desde que ela voltou para a escola. Mas Alice sabia melhor, ela não podia evitar o refeitório para sempre. Ela não podia evitar todo mundo para sempre. 





 

— Não tem problema Sam. Se meus amigos estiverem do meu lado, vai ficar tudo bem. É só um almoço. 





 

— Se você se sentir desconfortável, me avise. — o loiro pediu. A garota assentiu com a cabeça e os dois abriram junto a grande porta do  refeitório. Imediatamente, vários olhares pousaram sobre Shin Alice e os cochichos começaram. Ela e Samuel continuaram a andar. Um passo de cada vez. Pensou Alice. Um passo de cada vez. 





 

Ela e o amigo pegaram suas bandejas e escolheram uma das mesas mais afastadas. Alguns olhares desviaram dela, mas muitos ainda faziam pequenas piadas malditas e sons de desaprovação em sua direção. Respirou fundo. Era só um almoço, foi o que fosse a Samuel. Ela conseguia fazer aquilo. Beliscou sua comida com a cabeça baixa, apenas levantou o olhar quando viu Eunha se juntar aos dois com um sorriso na mesa depois debater se despedido de Namjoon, os três como sempre contra o mundo inteiro. Logo depois, Jimin se despediu de Sooyoung e Jin que estavam sentados consigo e foi em direção de Alice, que deu um pequeno sorriso para ele. O garoto sentou do lado de seu namorado, e sorriu de volta para ela em apoio. Os quatro ficaram ali, entre conversas quietas e um comentário engraçado aqui e ali de Samuel para dar um ânimo a Alice, uma figura desconhecida por todos ali que se colocou na frente da mesa, bons minutos depois de quando chegaram. O refeitório já estava quase vazio. As conversas cessaram para olhar uma garota que parecia ser mais nova, eles choravam que ou da segunda ou primeira série. Ela segurava um caderno colorido e olhava diretamente para Alice. 




 

— Boa tarde, eu sou Noh Sowon, do segundo ano. Eu gostaria de ter uma palavra com você, Alice Unnie, se você quiser. — Ela disse respeitosamente, curando parte de seu corpo. Ela ainda segurava o encadernado em seus braços. Os amigos de Alice olharam para ela, mas a garota assentiu com a cabeça os assegurando que estava tudo bem. Ela fez um sinal de afirmativo agora para a garota, que esperava pacientemente. Ela sorriu quando recebeu a permissão e começou a dizer o que tinha ido ali para falar. — Eu sempre tive problemas com depressão, desde a infância por conta de alguns traumas nessa parte da vida. Eu sempre fui infeliz. Queria que Unnie soubesse que com a ajuda do evento da escola, eu fui capaz de procurar ajuda psicológica dois anos atrás e apesar de tudo, hoje estou bem melhor. A sua história me inspirou a mim, mas a muitos outros. Eu também comecei a além da minha terapia individual, fazer terapia em grupo numa ONG chamada Lost Angels, ficada em cuidar da saúde mental dos jovens. 




 

Alice começou a se emocionar com o discurso da garota de fato. Sabia que não era fácil, ainda mais quando se era tão jovem. Era bastante empática com quem passava por isso, por que ela entendia de uma forma pessoal. Ficou feliz que diferente de si, Sowon conseguiu alcançar o tratamento mais jovem e poderia fazer um melhor caminho para si com as ferramentas que isso iria lhe proporcionar. Mas a garota não parou por aí: 



 

— A Lost Angels é uma organização sem fins lucrativos, que busca ajudar os jovens com a saúde mental, já que infelizmente, a Coreia do Sul tem a segunda maior taxa de suicidio no mundo, segundo  a organização mundial da saúde. Infelizmente, ainda achamos que o governo não investe muito nessa área, por isso, são criadas essas organizações a fim de cuidar disso. A lost angels faz diversos serviços do atendimento psicológico a terapias em grupo e dinâmicas envolvendo música, arte e esporte. Eu estou te dizendo isso pois nós nos inspiramos em anja que perderam a batalha para homenagear e nomear os grupos e suas atividades. Há um em homenagem a você. O grupo de terapia que faço parte se chama Wonderland. Nós sempre nomeamos de acordo com os gostos da vítima que homenageamos. Sua mãe autorizou nossa solicitação há dois anos atrás, então nós realizamos essa homenagem.





 

Ela lacrimejou. Wonderland era uma referência ao local mágico do livro Alice no país das maravilhas, de onde seu nome vinha. Por muito tempo, não gostou dele. Mas agora podia ver que gestos de amor e outras coisas tão lindas podiam florescer das coisas que mais odiou, das coisas que a incomodavam. A beleza vinha de todo o lugar: da alegria, da dor, do incômodo. Se você permitisse, ela florescia. Se você as esmagasse, a machucasse e não a regasse, ela não germina. 




 

No entanto, apesar de tocada, se sentiu mal. Ela estava viva e provavelmente outra pessoa merecia mais aquela homenagem do que ela. Ela sempre arranjava um jeito de achar que não merecia as coisas, de se sentir culpada. Era sua natureza. 





 

— Quando passou na televisão, muitos do nosso grupo, Wonderland, ficaram verdadeiramente confusos, mas depois que seu depoimento veio à tona, nossos corações sintonizaram com o seu e muitos dos vinte membros se identificaram em muitas partes com você e vimos o quanto você estava sofrendo. Vimos também que por conta da mídia, o seu caso Unnie estava recebendo muita negatividade. Para provar que você esteve em nossa vidas indiretamente de uma forma linda, especialmente da minha que consegui ajuda através do seu memorial, o grupo de terapia Wonderland da organização Lost Angels conferiu esse caderno cheio de mensagens positivas e de carinho para você. Desejamos que sempre que estiver triste, possa ler nossas mensagens e se lembrar que há muitas pessoas com você. Não conseguimos mandar por correio porque não queríamos invadir sua privacidade, então já que eu estudo em Sicheong fiquei encarregada de tentar lhe entregar. — A garota terminou de dizer, e estendeu o caderno citado para Alice, que ainda com as mãos tremendo, o pegou.





 

 Podia ver na capa do encadernado bonito o nome “Wonderland” escrito em letra cursiva, e embaixo o subtítulo: mensagens de amor do grupo da ONG Lost Angels para a muito querida Shin Alice — Por que criamos nosso país das maravilhas com sua ajuda. — E mais embaixo também lia se da psicóloga coordenadora Anh Haeri e dos vinte membros do grupo. Só de ver a capa, Alice já começou a chorar. Tratou de enxugar as lágrimas rapidamente e disse: 





 

— Isso é muito bonito, eu não sei o que dizer. — Ela nunca esperou apoio, ainda mais vindo de um lugar e pessoas nas quais nunca conhecera. Elas não se sentiram enganadas? Podiam ter dado o nome do gropo para outras pessoas, tantas histórias, tanta juventude perdida…..mas mesmo assim, ela foi a escolhida por eles. E mesmo depois de tudo, eles estavam lhe mandando um caderno recheado com positividade, amor e carinho. 






 

Um dos questionamentos que Alice fez a si mesma depois que revelou tudo foi o que naquele tempo, ela não realmente escolheu morrer? Talvez agora soubesse a resposta: sempre tinha algo que a prendia, como uma força magnética. Mesmo em momentos onde achou que poderia parar de existir, o mundo lhe mostrava de forma sútil que não, não era chegada a hora. Em meio ao sofrimento, sempre tinha uma pontinha de esperança. Somos todos quebrados, mas talvez seja pelas nossas frestas de a luz consegue entrar e nos iluminar. Amanhã, Alice talvez não estivesse bem, mas hoje, ela era capaz de sorrir. Graças a seus amigos verdadeiros, que seguravam sua mão e lhe apoiavam em tudo. Graças ao Wonderland que se lembrou dela e em meio a tanta negatividade lhe cercando foi capaz de lhe mandar mensagens de carinho. Graças a sua mãe, que trabalhava dia após dia junto dela para reconstruir o relacionamento das duas. Graças a Yoongi e Hoseok, os pais de coração que encontrou pelo meio do caminho. Graças até mesmo a quem perdeu no meio dessa história, A Jungkook que apesar de ter machucado foi um grande amigo e era alguém combina alma muito linda, e a Taehyung por tudo, mas memórias velhas e antigas, em todos os momentos, todas as horas e por tudo o que ele era. 






 

Ela agradecia por essas pessoas existirem. E elas lhe motivaram a querer continuar também, apesar de toda aquela bagunça, apesar de toda dor que vinha pelo caminho, elas lhe davam uma pequena esperança de dias melhores. Sowon lhe desejou um ótimo dia e retirou-se, lhe deixando sozinha com os amigos. Ela observou a menina ir, e logo depois, Eunha sorriu para ela e disse: 




 

— Nós podemos ler algumas mensagens para você. — A garota sugeriu. Alice afirmou com a cabeça. Queria as ler, mas provavelmente não conseguiria em meio ao choro. A garota pegou o encadernado e o abriu em cima da mesa. A primeira página era a introdução, que Eunha leu. A psicóloga a escreveu a punho, dizendo que o grupo a apoiaria na sua luta e que tidd de os desejavam que elabticesee um lindo tratamento e pudesse ter uma vida melhor agora que estava liberta pela sua verdade. Ela finalizou dizendo que depois do processo, eles ficariam muito felizes em receber a garota na instituição, caso ela necessitasse. Ainda disse que muitos do Wonderland em específico tinham orgulho dela e da pessoa que ela era. O que realmente a quebrou foram os recados. Os três se revezaram para os ler para Alice, todos continham o nome da pessoa, sua idade e às vezes desenhos ou colagens. Leram algumas delas: 






 

Olá, Alice Unnie! Meu nome é Lee Nari, eu tenho quinze anos. Queria pedir que se afaste das redes sociais, tome o seu tempo, descanse! Há pessoas que os corações estão com você, assim como eu. Em vários aspectos, somos parecidas. Chorei muito lendo seu depoimento! Quero me tornar tão corajosa como você um dia. Apesar do que digam, você me inspira. Fighting! Espero que meu recado chegue até você e que ele possa te fazer sorrir nos dias difíceis. “






 

Alice-ah, Meu nome é Han Jiwoo sou um garoto de dezenove anos. O Wonderland mudou minha vida, assim como meu tratamento e minha luta contra a depressão. Eu também tenho muita baixa auto estima, já quis muito ser outro alguém, assim como você. Mas eu digo em frente por que eu sou corajoso, assim como você, que apesar de tudo foi corajosa e mostrou que o Wonderland não poderia ter escolhido homenageado melhor. Pesevere, e Dara tudo certo. Apoie-se em nossas mensagens e naqueles que te admiram e que te amam. Desejo muita luz para você! Espero que um dia você possa vir na instituição e nos conhecer. Somos orgulhosos termos escolhido você como à homenageada do grupo.”





 

“ Allie-ah~ eu me chamo Hwang Haseul, tenho dezoito anos como você! Meu coração está com você! Não ligue para as pessoas na internet que te julgaram, que fizeram pouco de quem você é e do que você passou. Ninguém sabe disso além de você, e apesar de tudo, ninguém deveria diminuir esse tipo de coisa. Como uma garota insegura, eu já quis muitas das coisas que você também disse querer. Cada dia é uma luta, mas continue firme! Somos como estrelas, e precisamos continuar brilhando, apesar de tudo. Se precisar, pegue um pouco do meu através dessa mensagem. Não desista, você é importante! O Wonderland te apoia!” 





 

Alice-Noona~! Meu nome é Kang Saeran e eu tenho dezessete anos. Lido com depressão e transtorno antissocial desde sempre, e fico horrorizado com as pessoas minimizando isso nos comentários nos fóruns sobre seu caso. Não se importe com eles! Eu sei do seu sofrimento e do quanto é difícil, mesmo que muitos não entendam a gravidade do que passamos, meu coração está com você. Em minhas crises, também machuquei pessoas. Fiz muitas coisas das quais não me orgulho, e está tudo bem, se você se permitir seguir em frente e de passo em passo tentar corrigir isso! Erramos e acertamos, e nem por isso somos más pessoas. Não ligue para os maldosos, eles só querem atenção. Eu espero que agora a Noona esteja se tratando adequadamente como nós e também espero que nossas mensagens cheguem a você. Sempre lembre-se de que você vale muito e de que  é importante!”  







 

Havia desenhos, colagens, poemas e outras diversas cartas de apoio. Há pessoas que até mesmo oferecem seus números de telefone, caso ela precisasse de alguma ajuda ou de alguém para conversar. A psicóloga responsável pelo grupo também anexou o número da ONG e de alguns dos terapeutas. Quando terminaram de ler, Alice já chorava no ombro de Samuel desde a terceira carta. Jimin que estava do outro lado loiro também já chorava no meio do livro. Eunha e Samuel não estavam diferentes, aquelas mensagens além de acalentadoras eram muito importantes. Pessoas que também sofriam de pensamentos, de problemas e inseguranças parecidas com as de Alice todas se juntando para lhe desejar bem, para lhe acolher como se fosse um deles. Os quatro só levantaram das cadeiras quando a funcionária do refeitório deu uma bronca neles, já que já haviam se atrasado para aula e eram os últimos no refeitório. Eles se levantaram, a loira ainda meio chorosa mais feliz por ter esse apoio inesperado de todas aquelas pessoas que erravam torcendo por si e preocupadas consigo. Era realmente lindo e uma coisa que ela nunca pensou ter. 





 

Às vezes o apoio vinha da forma mais inesperada. 



 

Os quatro esperavam encontrar os corredores vazios, mas se depararam com uma comoção no corredor principal, que da ligado com o refeitório. Dele podia-se ver na rua uma viatura da polícia de Busan. Cerca de três policiais saiam da escola, com um estudante algemado. O garoto berrava a plenos pulmões sobre como eles estavam enganados e aquilo era injusto, e que sua família processaria o Estado por conta desse absurdo. Os polícias apenas continuavam o arrastando sobre os olhares perplexos dos estudantes que cercavam a cena. Por um momento, conseguiram se embrenhar na multidão o suficiente  para que Alice conseguisse ver o rosto dele. 





 

Choi Minjae. 





 

— Deu certo. — Disse Jimin. — A denúncia de Jin conseguiu botar esse desgraçado na cadeia pelo menos por enquanto. Estive com medo de que a influência da família dele mudasse um pouco isso. 




 

— Já foi tarde. Na verdade, tivemos que fazer tudo na surdina. Ele também teve medo que ele pudesse escapar. — Samuel declarou. Eunha e Alice se entreolharam. Os dois sabiam de uma coisa que as duas não sabiam. Samuel não havia contado por que Eunha nunca desgrudou de Alice, e ele não achava que Alice precisasse ainda ficar com os problemas envolvendo Minjae na cabeça. Jimin concordou com ele, por isso os dois decidiram não contar até que tudo estivesse concretizado. E vendo que a prisão preventiva dele foi realmente decretada, em breve todos saberiam. Mais à frente Samuel viu Seokjin e Sooyoung, os dois olhavam para Minjae sendo arrastado pelos policiais. O Kim colocou uma mão no ombro de Sooyoung, indicando que ela olhasse para o lado. Samuel e Jimin olharam para eles, e se entenderam. Tinham feito sua parte: agora tinham de deixar que a justiça fosse feita e que a polícia cuidasse de Choi Minjae e o punisse por suas atrocidades. Ainda tinha muita coisas para ser desvendada, como por exemplo se ele chegou a encontrar a vítima Naeun, que ameaçou o denunciar antes. 





 

Eles fizeram a parte deles.




 

— O que vocês dois sabem? — Perguntou Eunha, curiosa. Alice também olhava para os dois com interesse. Samuel apenas disse: 




 

— Em breve, vocês vão saber. — Disse o loiro. —- Todos vão saber. 



 

— Nos explique isso melhor isso no jantar da casa da Alice hoje, Samuel! Eu não sei o por que desse mistério. 




 

— Eu posso até imaginar. — Disse Alice, lembrando-se daquela fatídica festa onde Minjae tentou…..ela não gostava de pensar muito nisso. Mas ela simplesmente sabia que tinha alguma relação com isso. Ela simplesmente sabia. 





 

E seja o que for, pela expressão no rosto de Jimin e Samuel, não era nada bom.








 

••••••••••




 

Naquele mesmo dia, de noite. 




 

Taehyung não dormia bem faz dias, então faltou naquele dia à escola, tomou um calmante e foi para a cama. Seu corpo parecia ter muito cansaço para recuperar, então assim que tomou o medicamento  dormiu pela manhã e tarde inteiras. Acordou no início da noite, até meio desorientado por todo esse tempo dormindo. A casa estava silenciosa em sua maioria, sua mãe mesmo dizendo que tinha vindo de Seul cuidar dele, estava metida em reuniões com cientistas em eventos importantes. Como ele conseguia acreditar nele se mesmo ela com essa discurso  não prestava atenção em si e não parava em casa?  Aquela mulher era muito contraditória. Sempre dizia que queria fazer alguma coisa, mas no fim, não fazia nada. Está tudo bem. Taehyung deixou de depender dela e de esperar algo dela faz tempo. Ele estava bem sozinho. 




 

Ele ainda estava se espreguiçando na cama quando ouviu seu celular emitir um toque de mensagem nova. Entreabriu um dos olhos para ver o ícone amarelo do Kakao Talk. Ainda meio com a vista embaçada por conta do sono, alcançou o aparelho no criado mudo com uma só mão e o desbloqueou. Olhava a janela s as berta de forma preguiçosa, mas se e constrói mais acordado do que nunca quando leu a mensagem: 



Duas mensagens recebidas: 
 

Jimin: 

Oi, Taehyung. Eu não vou nem perguntar se está bem, porque eu imagino que não esteja sendo fácil, sinto muito. Entretanto, eu tenho uma coisa para te dizer: 



Meu namorado, Samuel, estava pretendendo te fazer um convite. Dona Minhee está promovendo um jantar com todas as pessoas que a Alice mais ama hoje a noite, na casa dela. Como eu tenho seu Kakao, sobrou para mim fazer o comunicado. Alice não sabe que eu estou te mandando mensagem. Saiba que se se sentir à vontade, você está mais que convidado.

 

Porém eu não quero te pressionar, a escolha é sua. Eu só quero que pense sobre isso. achei que você deveria ao menos saber. 





 

Ele respirou fundo. Depois daquela conversa com Alice ele estava com os sentimentos ainda mais embaralhados. Parte dele queria a esquecer, a outra parte se agarrava nela e em tudo o que ela significava para ele, mesmo depois de tudo. O seu coração batia descompassado no peito e parecia dizer que ele devia ir no jantar por que no fundo, ele ainda a amava e estava só fugindo disso, entretanto seu orgulho dizia que não, ele não devia ir. Ela criou esse inferno e você ainda quer ir atrás dela? Deixe isso para lá. As duas partes duelavam dentro de si, mas por enquanto, seu orgulho e sua mágoa venciam. Taehyung nunca foi uma pessoa de esquecer as coisas fácil, não era década natureza. Ele sabia bem como colecionar mágoas, coleciona diversas delas dos pais negligentes, especialmente de sua mãe. Colecionava mágoas contra colegas de escola, contra antigos colegas de escola. A única pessoa que não havia o decepcionado de alguma forma em sua vida era Alice, até agora. Era difícil de aceitar, difícil de engolir. Ele costumava ser bastante intransigente, nos últimos anos ainda mais, então se fosse qualquer outra pessoa, ele a odiaria, a esquecia e a jogaria para o fundo de sua mente, a trazendo de volta só em momentos de raiva. Mas é claro, seu cérebro e sua consciência funcionavam totalmente diferente se tratando de Shin Alice. 




 

Ele a amava. Mas ao mesmo tempo seu orgulho e sua natureza dizia que ele deveria apenas engolir tudo isso e a esquecer, odiar. Ele não costumava acreditar em perdoar, mas se pegou dias cogitando isso. E se você a perdoar? E se você parar de sentar essa bunda nessa cadeira no seu quarto bagunçado e admitir que mesmo apesar de tudo isso, você quer que ela faça parte da sua vida? Ele sentou alguns minutos ali no quarto, ainda pensando. Apesar de normalmente ser bem assertivo, quanto aquilo ele parecia não conseguir tomar uma decisão. Só que ao mesmo tempo que ele queria ir, algo sempre o empurrava para trás. O medo de confiar de novo. O seu orgulho. Seus sentimentos e suas razões batalhavam entre si. Suspirou. Já eram seis da tarde e não conseguia se decidir. Podia sentir sua coragem se esvaindo cada vez que pensava mais. 



 

Bem…..parece que o seu orgulho venceria de novo. Apesar de que já estivesse o sufocando, ele não parecia nem querer sair do quarto. No entanto, o Kim precisava comer. Enrolou mais alguns minutos e quando já eram seis e meia desceu para a cozinha. Para a sua surpresa, Seokjin estava na companhia de uma garota no qual o Kim não conhecia comendo comida chinesa de delivery. A garota estava falando algo antes do Kim estar na cozinha: 




 

— Então o dinheiro do meu hostel acabou e eu ainda não consegui arranjar outro emprego de meio período aqui em Busan, por isso agradeço o dinheiro emprestado e prometo que vou pagar de volta. É difícil com apenas o ensino médio completo. Como eu sai de um orfanato e vim awui sem eira nm beira procurar alguém é meio difícil. Eu tentei não usar seu telefone, mas hoje eu realmente precisei……..— a garota ia continuar, até que ela viu o garoto de cabelo azul entrando confuso na cozinha. Olhou para ele um pouco constrangida. — Oh, imagino que esse é seu primo que mencionou. Espero que eu não esteja incomodando. 




 

— Não está não, imagina! É só o meu primo Taehyung. Tae, essa é Song Haneul. É uma amiga que eu conheci no ônibus de Icheon para Busan. — Ele apresentou os dois. Haneul deu um pequeno sorrido para ele. 



 

— Kim Taehyung. — O garoto disse, e quando se apresentou pode reparar que Haneul ergueu uma sobrancelha, como se reconhecesse seu nome de algum lugar. Talvez ela conhecesse outro Taehyung, não era um nome tão incomum. Ele rapidamente deixou que os dois seguissem a conversa e foi preparar um café na cafeteira que tinha por ali. Enquanto colocava as cápsulas e buscava a água para a colocar dentro da máquina. Olhou de novo agora de frente para a disposta amiga de Seokjin, que falava: 



 

— Eu iria até ficar em Icheon depois de passar a idade do orfanato, mas eu queria encontrar uma antiga amiga que veio morar aqui. Eu sinto que devo um pedido de desculpas a ela e eu sinto muito por como as coisas acabaram, enquanto ficamos juntas, ela me ajudou muito. Sinto que devo isso a ela, mas agora vai ser difícil a encontrar. 



 

— E qual é o nome da sua amiga? Não conheço muita gente aqui, mas quem sabe posso ajudar…..— Seokjin tentou consolar a menina, que parecia agoniada em encontrar essa tal pessoa. 



 

— Oh o nome dela é Yuri…..perdão, eu confundo ainda as vezes. Vocês devem assistir à televisão. Ela é aquela menina que apareceu naquele caso famoso na tevê, sabe? Shin Alice. Ela era minha melhor amiga no orfanato em Icheon.



 

Ela até poderia ter continuado a falar mais, se Taehyung não tivesse derrubado a jarra de água assim que ouviu o nome de Alice. Seokjin já olhou preocupado pelo primo, pois sabia impor que de sua reação exagerada. O clima ficou tenso. Em realização, os olhos de Haneul  dobraram de tamanho. 




 

— Você é o Kim Taehyung. — Ela disse, ligando os pontos. O Taehyung da amiga era esse então. Parecia bem diferente da descrição que ela lhe deu do antigo melhor amigo quando contou sua história a ela e Doyeon já um tempo atrás, por isso apesar do nome, não o associou. — Meu Deus, é você mesmo. Por isso essa reação. 




 

Taehyung olhou para ela agora com uma nova perspectiva. Seokjin estava tão tenso que seus ombros estavam travados. Qualquer assunto que envolvesse Shin Alice era uma grande coisa para Taehyung, especialmente nos últimos tempos. Haneul  no entanto, parecia radiante. Ela esteve juntando dinheiro e arrumou um emprego meia boca por um tempo, e enquanto fazia isso, a bomba explodiu. Lembra-se de estar limpando as mesas do restaurante chinfrim ao lado do hostel barato que estava trabalhando quando viu tudo pela televisão do local. O rosto de sua amiga, o fato que ela havia se entregado. Depois disso, fico mais difícil a localizar, ir atrás dela por conta do processo. No entanto, ela olhou para Taehyung e soube imediatamente que ele deveria saber onde ela estava. 




 

— Você sabe onde ela está? Eu realmente preciso falar com ela. Eu cometi um erro terrível com ela, eu estava só olhando para o meu próprio umbigo…..enfim. Você sabe ou não sabe? — Haneul perguntou aflita. Desde que as suas brigavam, ela não tirava aquilo da cabeça. Precisava encontrar a garota que um dia considerou sua melhor amiga. Tinha vindo ali para isso. Para reparar um erro. Alice podia ter errado, mas por muitos dias, ela esteve lá para Haneul. As duas dividiam cobertores quando faltavam os lençóis, repartiam tudo e a garota sempre fazia questão de lhe dar algum presente ou de a levar para jantar quando arranjou um emprego de meio período. Ela fazia tudo para Haneul e Doyeon, mas ela não soube apreciar e somente a julgou por seu passado. Tinha algumas coisas que ela continuava sem entender, é claro, mas qualquer nome que ela tivesse, aquela era sua amiga. Aprendeu a deixar seus preceitos de lado e ir atrás dela por que precisava. Porque queria retomar a amizade das duas. Ela sentia falta dela. 





 

— O que você quer com ela? — Taehyung a olhou desconfiado. Não era por que ele tinha suas mágoas com Alice no momento que ia mandar uma pessoa que não tinha certeza se dizia a verdade. A exposição midiática do caso tinha colocado repórteres e pessoas sem ter o que fazer na mira da garota. Quem garante que ela não era uma dessas pessoas? Não sabia se podia confiar nela. Seu subconsciente acusou “ olha aí, você está protegendo ela. Não era você mesmo que disse que ia a deixar para lá dez minutos atrás no seu quarto?” 





 

Haneul suspirou. 




 

— Eu soube antes de todos. Que ela forjou a própria morte. Ela teve uma crise assim que Hoseok e Yoongi anunciaram que por conta do trabalho se mudariam para Busan, e contou tudo para mim e para outra amiga, Doyeon. Eu não..reagi muito bem. Eu a acusei de ser egoísta, lhe disse coisas terríveis e que nunca mais a queria ver na minha frente. No entanto…..ela foi uma pessoa muito importante para mim. Ela sempre era quem me levantava nas horas difíceis, ela segurava minha mão enquanto íamos a escola e juntas tentávamos juntar dinheiro para um bonito apartamento perto da faculdade. Ela me fazia ter esperança, planos, e tornava os dias mais alegres. Me ajudava sempre quando precisava. Eu quero me reencontrar porque eu quero pedir desculpas. Eu estava errada. Ela me ajudou muito e eu não soube a valorizar. Erro que eu sei que outros cometeram também, para a fazer chegar onde chegou. 





 

Taehyung olhou ainda para Haneul, de braços cruzados. A garota vendo que ia ter que tentar mais para o convencer, levantou-se e foi até sua mochila, que tinha jogado no canto do cômodo. Vasculhou um pouco nela sobre o olhar atento dos dois Kim até encontrar o que procurava. Ela tirou três pequenos objetos de dentro dela. O primeiro era para provar que a conhecia: uma foto de Haneul, Alice (na época a chamavam ainda de Yuri) e Doyeon no natal da instituição, todas com dezesseis anos. O outro era um pequeno caderno que não parecia ser nada de importante, e o terceiro objeto ele reconheceu imediatamente: um colar com pingente de rosa. Ele sabia por que foi ele que o presenteou a Alice em um dos seus aniversários. Ele não sabia que ela tinha o levado consigo. 





 

— Como você pode ver, ela esteve comigo. Nós realmente vivemos no mesmo orfanato. Quanto aos outros objetos, eu…..surrupiei dela. Eu tive medo que depois que ela deixasse Icheon não vinhesse mais me ver, então eu peguei esse colar que estava enrolado em volta deste mesmo caderno. Eu só queria alguma coisa dela. Esse caderno era um mistério. Ela nunca deixava ninguém ver. Já o colar, ela sempre o teve, desde que chegou. Era outro mistério. Eu tinha perguntado sobre ele antes, mas ela apenas disse que alguém muito importante havia o dado para ela. Eu sei que é você. Pois depois que discutimos, eu abri o caderno. Eu nunca tinha o feito antes, mas na saudade decidi ver o que tinha dentro. São…..cartas. Para você. Para Kim Taehyung. Durante boa parte do tempo, até sair de Incheon, ela escreveu para você. Claro, nunca enviou, mas às lendo eu sinto que era o jeito dela de lidar com sua ausência. Eu iria os dar de volta para ela…..mas acho que eles terão muito mais significado para você. 




 

Taehyung olhou para o caderno e para o colar. Ele os pegou, e ficou um tempo com os dois na mão, sem saber o que fazer. Haneul olhou para ele com compaixão. Dava para ver no rosto do garoto que ele estava com medo de sentir, e não sabia ao certo o que fazer. Haneul também já se sentiu nessa posição, mas para ele devia ser difícil. Talvez aquelas cartas trouxessem alguma luz para ele. Ele olhou para o caderno novamente, seu coração parecia explodir e ele suava frio. 




 

— Você a perdoou, não é? — Ele perguntou, ainda com o caderno na mão.  A garota assentiu com a cabeça. — Posso perguntar o por que? 





 

— Apesar de tudo, ela era incrível. Ela…..fez e foi muito por mim. Foi uma primeira amiga verdadeira. Ela fez tudo por mim, esteve comigo, segurou a minha mão apesar de muitos já terem me rejeitado. Crescendo, eu fui alguém sem muito amor, sem muito amor para muitos. Apesar de todas as suas inseguranças, ela me mostrou muita coisa linda e de verdade. E eu simplesmente quero a ter na minha vida de novo, por que eu até poderia viver sem ela, sem minha amiga, mas a vida com ela era muito melhor. Por isso eu vim até aqui. Por que ela fez muito por mim e eu quero tentar fazer isso por ela também. apesar de não se envergar assim, pelo que eu li e pelo o que ela me disse…..não importa o nome que ela tivesse, Shin Alice ou Jo Yuri, vale a pena demonstrar que a existência dela é muito importante. Que ela psssa e marca a vida das pessoas. 





 

Taehyung escutava a garota com lágrimas nos olhos. Ele realmente estava movido a emoção, emoção que tentou engavetar, esconder bem fundo dentro de si e a controlar. Ele também se sentia assim, mas é claro, numa intensidade totalmente amplificada. Por debaixo de seu orgulho, de toda sua fachada, tinha apenas uma verdade: ele queria Alice de volta. Mesmo apesar debris, mesmo com o medo de o julgarem por isso, mesmo debaixo das camadas que colocava entre si e os outros, ele a queria de volta. Era exatamente com Haneul disse: ele até poderia viver sem Alice, ele não dependia dela, mas se ele tivesse a oportunidade de a ter na sua vida e a desperdiçasse, seria com certeza menos feliz do que se a tivesse consigo. Às vezes, você só precisa se permitir a agarrar as oportunidades. Ela estava viva afinal. Ele também estava. Haneul disse que Alice foi muitas coisas suas: sua primeira amiga. Ela também foi de Taehyung também, mas foi muitas outras coisas. Ela sempre o fez companhia, quando os pais o negligenciavam e jogavam de um lado para o outro, sem contato, sem perspectiva. A pseudo morte lhe causou mal sim, mas é o tanto de outras coisas lindas que ela lhe deu? Amizade, felicidade, amor. Shin Alice é e sempre será apesar de tudo, sinônimo de todas essas coisas lindas e de muitas outras. Ele tinha certa mágoa envolvendo sua “morte” mas ela não tirava todas as coisas lindas que ela lhe deu. Essas sempre existiriam. Quando ele  refletiu sobre as palavras de Haneul, tentou colocar as coisas na balança. O que valia mais afinal: a última palavra e o próprio orgulho ou a sua própria felicidade e a sua real vontade nessa situação? 




 

Antes que concluísse seu pensamento, Haneul disse uma coisa: 



 

— Então, meu pequeno Hostel fecha às nove. Eu espero que você faça bom proveito das cartas. Amanhã….eu volto aqui para buscar o endereço dela. Acho que você precisa de um espaço. — A garota comentou. Ela virou-se para Seokjin que até então do assistia a cena e disse: — Muito obrigado, Seokjin pela hospitalidade, pelo dinheiro e pelo jantar. Você me salvou hoje a noite. Eu ainda vou pagar você. 



 

— Não há de que. Venha eu vou chamar o táxi e vou junto com você para o Hostel. É perigoso andar de táxi sozinha a noite. — Seokjin comentou e apesar de protestos, acompanhou a garota. Todos ali também sabiam que ele também só queria dar um espaço a Taehyung. Os dois saíram dali e Taehyung pode ouvir depois de alguns minutos o táxi chegar, mas não prestou atenção. Ele tinha aberto o caderno, e o folheava. A outra estava certa. Alice tinha escrito várias cartas, algumas humoradas, algumas outras tristes e saudosas. Querido Taehyung, todas começavam. Eu sinto sua falta. Sempre começava com essas duas frases, sem exceção. Taehyung floreou metade do caderno, com lágrimas nos olhos. Muitas daquelas coisas, ele também sentiu. Na mesma identidade. 




 

Taehyung, eu sinto sua falta. 


 

Alice, eu sinto sua falta. 





 

Tomou um susto quando a porta da frente se abriu. Pensou ser Seokjin de volta, mas era sua mãe. Kim Taehee olhou para o seu filho, e viu suas lágrimas. A mulher suspirou, lidar com Taehyung às vezes era demais para ela, apesar de querer tentar consertar o relacionamento dos dois. Estava farta de o ver sofrendo pelos cantos. Era cansativo. Se aproximou dele, e disse: 




 

— Você arrumou suas malas? — Ela perguntou, impaciente. Ainda tinha uma conferência importante pela manhã. Ele olhou para ela confuso. A mulher perdeu a paciência. — Para o voo, Taehyung! É nesta madrugada. Meu deus, você é um caso perdido. Precisamos ir para o Japão nesta madrugada. Eu já até deixei reservas e as chaves para Seokjin ficar vivendo por aqui. Se não as arrumou, faça logo. Precisamos ir às onze para o aeroporto. 





 

As palavras de Taehee nem fixaram sentido para Taehyung. Ele nem a respondeu, já que não adiantaria: ela se achava dona da vida dele, mesmo que nunca tivesse sequer estado com ele direto. Ela falava de seu filho, de cuidar, quando nunca o fazia. Ele cansou dela e dessa história de Japão: ele sabia o que ele precisava fazer, esteve bem na sua frente o tempo todo mas com o tempo ele foi capaz de o enxergar. Mas no fundo, ele sempre soube o que iria fazer no final. Por isso subiu apressado, sem dar ouvidos à mãe, ainda com o caderno em sua mão. Ele entrou em seu quarto e tirou a bermuda, vestindo uma calça, e trocou a blusa por outra mais recente. Calçou um par de botas pretas, vestiu uma jaqueta  grossa e enfiou o caderno ali no bolso de dentro e por fim apanhou a chave de sua motocicleta, o capacete que estava jogado no chão do quarto e saiu. Ele podia ouvir a mãe se indagar para onde ele ia, que ele tinha que se arrumar para viajar que ele tinha de fazer isso e aquilo e ela não iria perder o evento importante de não sei o que de amanhã lá em Tóquio. O garoto apenas disse para ela antes de sair da cada: 






 

— Infelizmente você vai ter que viajar sozinha como sempre, mamãe. — Taehyung disse. Só podia  estar louco mesmo de sequer ter considerado a possibilidade de viajar com sua mãe. Ele se virou para ela com um sorriso no rosto. — Eu tenho coisas importantes que me prendem aqui em Busan. 





 

Ele saiu pelo jardim enquanto colocava o capacete na cabeça, ainda podendo ouvir os protestos de sua mãe. Rodou a chave e apertou o acelerador, dando partida na motocicleta e arrancando com força. A casa da senhora Shin não era muito longe, cerca de uns dez ou oito minutos dali. Ele chegaria logo. Normalmente, Taehyung detestava e não gostava de certezas, ele era um cético por natureza. Mas naquele momento, ele acreditou. Escolheu finalmente acreditar. 




 

Pela primeira vez em vários dias, até mesmo amos de sua vida,  ele teve uma certeza única e absoluta: a de que tanto ele, como Alice mereciam uma segunda chance. 
 

 


Notas Finais


Peço perdão sentisse muito erros, esse capítulo tá meio bruto por que eu to ansiosa kkkkkkk



Enfim, foi isso, muitos acontecimentos, especialmente envolvendo Taehyung e Alice. Eu espero que vocês tenham gostado :) teremos mais capítulos em breve, mas não vai ser mais semanalmente como era antigamente, pois eu não quero me pressionar, mas relaxem que eles virão por aí. Eu estou realmente muito feliz por estar de voltar e sinto ter recuperado uma parte de mim que eu havia perdido hahaha!


No mais, tudo de bom para quem leu até aqui, eu aguardo ansiosamente o feedback de vocês, mesmo que seja seguido de linchamento. Até o próximo capítulo! <3


Meu Twitter pois voltei a ficar realmente ativa lá e responder DM: @taedeeply.


Até, amores <3


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