Cassandra Torres - SP Capital
– Abaixa essa coisa, pelo amor de Deus. Tu vai acabar se machucando. – O garoto loiro de camisa xadrez cinza e branca por cima de uma fina blusa preta agora abaixava as mãos na altura do peito, pedindo para que eu parasse. Ele alternava o olhar de choque entre meu rosto e a arma branca em minhas mãos.
– A intenção era machucar você. – Respondi ainda parada, olhando-o incrédula e tentando recuperar o fôlego que com certeza eu já tinha perdido. – O que diabos faz no meu quarto?
– Diabos? Não, não... Anjo. – Ele deu um sorriso típico de sarcasmo e eu arqueei as sobrancelhas.
– Eu vou chamar a polícia. – Murmurei simplesmente, enfiando a mão no bolso traseiro para pegar o celular sem tirar os olhos dele.
– Não vai adiantar muito. – Ele sorriu, abaixando-se novamente e pegando meu diário nas mãos. Ele parecia seguro de si com o que falava, e isso me dava arrepios involuntários.
– Por que não? – Perguntei duvidosa e ele sentou na cama, voltando a abrir o objeto encadernado com um pequeno cadeado agora solto.
– Porque eles não vão me ver, dã. – Disse com uma voz enfezada, tirando os cabelos loiros bagunçados da testa.
– Quer largar essa droga? – Me aproximei dele, tirando o diário de sua mão de uma forma brusca. – E que historia é essa de “não te verem” garoto?
– É, acho que é agora que tenho que explicar. – Comentou, dando de ombros em seguida, com um longo suspiro. – Digamos que eles não podem me ver, só você.
– Tá, foi a pior desculpa do mundo. Agora, sai da minha casa. – Apontei pra porta com a Katana e ele sorriu. – Ou eu vou realmente ligar pra polícia e dizer que tem um maníaco estuprador no meu quarto.
– Quer tentar? – Desafiou, fitando-me com um sorriso travesso. Eu permaneci estática, encarando-o e pensando no que deveria fazer agora. O lógico era realmente ligar pra polícia, mas... Por que caralhos eu estava com um pé atrás de ligar, mesmo? Ele parecia tão seguro de si enquanto falava... – Olha, se largar essa coisa eu posso te explicar direito, por enquanto, nada de explicação enquanto segura algo afiado que você nem mesma sabe manusear. – Sorriu no final da frase, encostando-se a parede do quarto, sentado na cama.
Eu hesitei por alguns segundos. Ele já tinha tido a chance de me matar no terraço, não é? E ele não o fez. Não tinha sentido ele me matar agora. Mesmo que ele fosse louco, eu poderia convencê-lo a ir embora depois do “teatrinho” dele. E se ele tentasse alguma coisa, eu socaria aquela cara branca do jeito que guaxinim me ensinara.
Larguei a Katana no chão e cruzei os braços, esperando.
– Tá, estou esperando.
– Bem, digamos que eu seja seu novo “anjo”. – Ele começou a falar com o olhar e sorriso mais natural do mundo. – Eu fui designado para te guiar nessa longa vida enjoada que você tem. – Continuou. – Porém, eu não estava muito a fim de ficar só observando escondido, então, aproveitei que nos encontramos por acaso ontem e resolvi aparecer hoje, achando que seria mais fácil. – Finalizou com tamanha calma que eu não sabia o que dizer. Permaneci em silêncio por alguns segundos, até que alfinetei.
– Meu anjo? – Perguntei irônica, da forma mais debochada que consegui.
– Exato. Aqueles seres angelicais que ficam na base não armada de Jesus e blablabla. – Deu de ombros, passando os olhos por meu quarto, interessado.
– Então você tá me dizendo que é um anjo e que foi designado a cuidar de mim? – Novamente irônica.
– Olha, parece que você não é tão lerda assim... – Falou sarcástico.
– Você tem três segundos pra sair da minha casa. – Finalizei, voltando a pegar a Katana do chão e saindo do quarto.
– Sério isso? – Ele falou alto atrás de mim enquanto pulava da cama e me seguia para a sala, onde eu guardava a arma pontiaguda no lugar.
– Sério, mano. – Falei óbvia, rindo sem emoção. – Foi muito gentil da sua parte ter me “consolado” ontem, mas eu tenho namorado e eu o amo muito, não preciso de nenhum novo relacionamento, nem alguém pra pegar no meu pé.
– É, deu pra ver que o ama mesmo pelo seu diário... – Mencionou baixinho e eu rolei os olhos. – Mas, espera, eu não to mentindo sobre nada. Acredita em mim e facilita as coisas. Eu já to acordado faz tempo e nem comi nada ainda. – E fez uma cara que, em outra ocasião, eu teria pena.
– Se você não tá mentindo... – Duvidei cruzando os braços. – Então prova.
– Já devia esperar isso de você, vocês humanos têm essa de “ver pra crer”. – Bufou, tirando as mãos da jeans clara que usava e fazendo aspas com os dedos.
– Você fala como se não fosse um. – Suspirei.
– Porque não sou?! – Defendeu-se.
– Então prova logo, porra. Os três segundos já passaram e eu to começando a ficar impaciente! – Falei irritada e ele rolou os olhos.
– Você tem um celular, não tem? – Eu concordei com a cabeça, ainda fitando-o. – Fica tranquila, não vou roubar ele. – Rolou os olhos, sorrindo pra mim. – Só coloca na câmera de fotos.
– Olha, quer que eu tire fotos suas? Isso vai ser bom como provas pro retrato falado que eu vou fazer pra polícia. – Sorri sarcástica e ele suspirou.
– Anda logo.
Eu suspirei também. Aquela situação estava sendo estranha e eu já não sentia medo do garoto, só algum tipo de pena, afinal, que dó de alguém que se acha um anjo designado para cuidar de alguém e ainda invade a casa dela... Pobrezinho. Espero que sejam bons com ele no manicômio.
Coloquei o celular na câmera e o olhei.
– Agora mira em mim. – Disse suave, e eu o fiz, indiferente.
– Puta que... – Meus olhos não podiam crer no que viam, ou no que não viam. Na frente de onde eu apontava, não tinha nada, só o corredor que levava pro meu quarto. Eu dei dois passos para trás, por impulso, quase tropeçando no tapete liso da sala. – Isso não é possível... – Sussurrei, olhando o celular e ele alternadamente.
– Angelicalmente incrível, não é? – Perguntou irônico.
– Não é possível que tenha bugado meu celular... – Completei incrédula.
– Ah não, sério? Eu jurava que tu tinha finalmente acreditado.
– Acha que vou cair nessa? – Bloqueei meu celular de novo, guardando-o no bolso.
– Não achei que seria tão difícil, na verdade. – Comentou mais pra ele do que pra mim. – Mas fazer o que, né. – Deu de ombros. – Olha, eu sei que é difícil acreditar, mas, eu realmente sou um anjo. E é a primeira vez que alguém de vocês me vê por uma razão realmente nobre, sem ser pra me dar cachaça. – Sorriu. – Você pode confiar em mim?
Eu estava prestes a negar, dizer que isso era loucura e insistir novamente para que ele fosse embora, quando a porta da sala se abriu.
– Oi amor. – Pk passava pela porta e a fechava com a mão que segurava as chaves do meu carro.
– Oi vida. – Respondi olhando-o. Quando me virei para encarar Rafael, ele simplesmente não estava lá.
– Ta tudo bem? Você parece pálida. Acordou agora? – Perguntou se aproximando de mim e me dando um selinho.
– É... Tá. Tá sim. – Sorri amarelo, de boca aberta, sentindo um arrepio forte pelo corpo.
A onde será que essa peste loira tinha ido parar?
(***)
Enquanto Pk colocava os lanches na sala, sob a mesa de vidro de frente pra TV, eu voltei pro meu quarto com a desculpa de pegar o notebook para ver o canal dele. Eu entrei no mesmo, procurando realmente pelo garoto de olhos azuis. Ele não poderia ter sumido assim de repente, não é? Não faz sentido algum.
– Rafael? – Chamei baixo, tentando fazer com que o moreno na sala não me ouvisse. – Rafael, porra, aparece. – Abri a porta do closet, me enfiando dentro dele para procurar. Nada. Fui pro banheiro, puxei a cortina do Box e nada também. – Se você não aparecer, eu vou realmente ligar pra polícia. – Ameacei, me sentindo uma completa otária falando sozinha.
– Amor, eu comprei guaraná e coca, qual você quer? – A voz de Pk vinha da sala e parecia normal, sinal de que nenhum garoto com sei lá, 1,70? Tinha passado por ali.
– É... Refri, tanto faz. Pode escolher. – Gritei de volta, indo agora pro quarto de meu pai. Abri a porta e acendi a luz. As cortinas tremulavam e o sol entrava, novamente ele tinha deixado a janela aberta. Fui até elas e olhei pra baixo, inutilmente.
Abri o banheiro de meu pai e nada também.
Eu tinha 90% de chance de estar ficando louca.
Voltei pro corredor e entrei no banheiro de visitas. Não sei por que estou contando isso sendo que NADA aconteceu. Eu não o achava.
Acabei desistindo. Respirando fundo e esperando que aquilo tivesse sido só coisa da minha cabeça.
– Amor? Você não vem? – O garoto de cabelos pretos e topete me chamava enquanto ligava a TV e colocava no Netflix.
– Vou sim, já to indo na verdade. – Respondi dando uma ultima olhada na lavanderia e me certificando de que nada habitava ali, além das minhas plantas mortas. Realmente não sou boa com plantas.
Voltei pra sala respirando fundo e me juntando a companhia de meu namorado. Ele sorria pra mim enquanto me entregava o saquinho com lanche. Eu desenrolei o meu do papel e dei uma mordida grande. Meu estomago parecia agradecer, como aquela sensação deliciosa de comer algo que você gosta estando com fome? Então, essa mesmo.
– Eu comprei batata com bacon e cheddar. – Falou chamando minha atenção pra si. Eu sorri largo.
– Você é o melhor namorado do mundo. – Fiz uma voz manhosa e me aproximei dele, beijando sua bochecha e depois seu nariz, seguido de seus lábios.
– Isso é tão gay quanto ele mesmo. – Ouvi uma terceira voz e arregalei os olhos. Atrás de Pk, o mesmo garoto loiro e doente.
– Rafael? – Perguntei com os olhos e a boca abertos.
– O Guaxinim? – Perguntou Pk, ainda me olhando, agora confuso.
– Não, quer dizer... – Rafael me olhava sorrindo largo e convencido, com os braços cruzados atrás de Pk.
– Ele não vai me ver, se poupe de parecer uma louca pra ele pelo amor de Deus. – Disse Rafael, rindo debochado.
– Como assim não vai te ver? Eu to te vendo, uai.
– O que? – Pk tinha a cara confusa e os olhos em mim.
– Eu te falei, agora você realmente parece louca. – Suspirou, desaparecendo diante dos meus olhos. Se fosse possível eu realmente teria aberto mais a boca e os olhos, tamanho era meu choque.
– Puta que pariu! – Sussurrei quase sem voz, ainda fixada no espaço vazio que ele tinha deixado ao desaparecer.
– Amor? – Pk me olhava confuso, virando a cabeça para trás a fim de tentar me entender. – Ta tudo bem?
Eu não conseguia falar, eu ainda tinha o lanche nas mãos e o rosto em choque.
– Como você... Como você fez isso... – Murmurei fixada, piscando várias vezes.
– Fiz o que? – Pk respondeu com uma careta, tocando meu rosto com a mão. – Você tá com febre?
– Não você, o fantasma... – Sussurrei, na tentativa de que ele não ouvisse.
– Fantasma não, anjo. Já não passamos dessa fase não? – A resposta veio de algum lugar.
– Puta que pariu, puta que pariu! – Falei aumentando o tom de voz à medida que repetia o xingamento e me levantava do sofá, devolvendo o lanche pro papel colorido do Burger King.
– O que foi? – Pk também se levantou, vindo até mim e segurando meus braços, que eu teimava em colocar no rosto, tapando os olhos em uma cena dramática e psicótica.
– O garoto, a voz! – Falei óbvia, tentando fazê-lo entender.
– Que garoto, amor? – Ele parecia realmente preocupado.
– Ele tava atrás de você, você não ia ver. – Respondi dando de ombros.
– Era pra isso que você tava olhando? – Questionou.
– Sim... Ele tá aqui, ele apareceu e sumiu de repente... – Concordei, provavelmente com uma cara de louca.
– Quer que eu... Sei lá, procure ele pelo apartamento? – Perguntou coçando a nuca.
– Por favor. – Falei respirando o fundo e voltando pro sofá com ele.
Nisso, Pk me deixou sentada no sofá e deu uma ultima mordida no seu lanche, embrulhando-o novamente para terminar de comer depois.
– Espera, leva aquilo. – Apontei pra Katana e ele arqueou as sobrancelhas.
– Quer que eu pegue a Katana? – Perguntou confuso.
– Sim, não sabemos com o que estamos lidando... – Murmurei séria.
– Tá legal... – Respondeu com um sorriso amarelo, indo até a Katana e pegando a mesma, virando-se. – Vou no seu quarto primeiro. – Eu concordei e ele saiu, segurando aquela coisa que pesava mais do que ele.
Eu respirei fundo. Se Rafael realmente fosse um fantasma/anjo, qualquer merda desse gênero, Pk não o acharia mesmo... Mas, se não fosse e ele o achasse, como eu explicaria que tem um garoto loiro no meu apartamento?
– Como eu vou explicar a existência de um ser desconhecido no meu apartamento? – Murmurei sozinha.
– Boa pergunta, pode começar com algo tipo “primeiramente, fora Temer” e depois fala algo aleatório. – Eu virei a cabeça tão rápido que fiquei tonta. Rafael estava sentado na bancada da cozinha com a garrafa de coca de Pk na mão, rindo descontrolavelmente da sua piada ridícula. Eu dei um grito, chamando por Pk.
– PK, PK, ELE TÁ AQUI! – Gritos histéricos e um garoto moreno correndo pra sala com uma espada enorme nas mãos, erguidas pra cima como se fosse acertar alguém.
– Filha, cheguei! – A voz de meu pai foi ouvida enquanto ele fechava a porta e vinha até nós. – O que...? – Pk estava congelado naquela posição, como se fosse me matar com a Katana, e eu com as mãos pra cima, encolhida no sofá. Puta merda, pai, isso é hora de chegar?
– Oi papai... – Fiz uma vozinha tão fina que eu mesma estranhei. – Podemos explicar.
(***)
Depois de passar uns quinze minutos explicando pro meu pai que Pk não estava tentando me assassinar, e sim correr atrás de um rato – como nós dois combinamos sem querer – nos sentamos na sala. Pk estava branco gelo, parecia ter... Visto um fantasma. Que piada terrível, Cassandra.
– Achei que não vinha pro almoço, pai. – Comentei voltando a pegar meu lanche na mesinha, na tentativa de mudar de assunto.
– Eu não vinha mesmo, porém, a Ciara me ligou do escritório e disse que tenho uma reunião às quatro, então preciso tomar um banho e me trocar. – Respondeu o homem. Ciara é sua secretária pessoal. Desde que meu pai abriu o escritório de advocacia, ela trabalha lá.
– É, falando nisso, a onde esteve ontem a noite? Você nem voltou pra casa pra dormir. – Perguntei direta.
– Achei que eu é que devia perguntar isso. – Ele sorriu de lado, ajeitando o colarinho da camisa. – De qualquer forma, tivemos uma reunião até tarde no escritório e depois fomos pra um bar. Eu bebi bem pouco e fiquei conversando com um pessoal até tarde. Quando vi, já era de manhã.
– Mentira. – A voz do alem comentou. Eu encarei meu pai, esperando que ele falasse algo, mas ele continuava igual. – Pergunte a ele sobre a Ciara, ele vai dizer que ela não foi. – Continuou. Eu respirei fundo, olhando Pk, que continuava em silencio, nos olhando. Sério mesmo que só eu ouvi isso? Não é possível.
– A Ciara foi? – Perguntei dando de ombros, como se não ligasse.
– Não, ela precisava ir pra casa, sabe? O emprego é cansativo pra ela. Mas, eu ia chamar vocês pra comer, mas pelo visto vocês já estão batendo uma boquinha. – Ele sorriu animado, levantando-se e desconversando. – Vocês vão sair hoje?
– É, eu pensei em levá-la pra casa do Felps comigo, íamos editar algumas coisas pro canal. – Pk murmurou, pigarreando em seguida.
– Ah, ótimo então. Assim não ficam sozinhos aqui. – Ele piscou pro garoto que sorriu de lado e concordou com a cabeça. – Cuidado lá, filha. Qualquer coisa me liga. – Ele se aproxima de mim, beijando minha testa e saindo em direção ao seu quarto. Ele cheirava a álcool e cigarro, uma mistura que eu conhecia bem.
Quando sós, eu e Pk nos entreolhamos.
– Você tá melhor? – Ele perguntou reencostado no sofá. Ele parecia preocupado ainda, e eu me senti mal por isso. Se eu estivesse louca, não queria arrastá-lo nessa loucura comigo.
– Eu acho que sim. Quando você marcou com o Felps?
– Umas duas e pouco, por quê?
– Por nada. Vamos comer logo pra não nos atrasarmos.
E desde esse momento, resolvi esquecer a existência duvidosa do garoto.
(***)
Rafael Lange – Instituto, algum tempo depois
– Eu não faço ideia do que fez com o Anjo Gabriel, eu não acredito que ele deixou que você aparecesse pra ela assim. – Amenadiel andava de um lado pro outro no enorme espaço em que a sala do lugar ficava. Ele estava andando assim já fazia uns 10 minutos seguidos, e eu estava começando a ficar impaciente.
– Eu não fiz nada, uai. O que você esperava? Que eu fosse só ficar observando? – Perguntei enquanto o encarava. Eu estava jogado no sofá bem caro, pelo visto, esperando que o sermão terminasse.
– Não, mas não precisava dar uma de “ghost movie”. Quase matou ela do coração. – Disse como se fosse óbvio até pra mim.
– Você deve concordar que foi uma baita entrada triunfal. – Respondi igual a ele.
– Entrada triunfal? Não acha que isso é óbvio demais? – Ele parou de andar, fitando meus olhos azuis.
– A única coisa óbvia é que você fica péssimo de vestido assim. – Apontei pra roupa angelical que ele usava e ele rolou os olhos demoradamente, bufando.
– Rafael, eu to falando sério. Você vai ter que ajudar a cuidar daquela família junto com o Sebastian, JUNTOS, e espero que saiba disso.
– Eu sei. – Afirmei. Era mentira.
– Você, como anjo, ainda seria um belíssimo mentiroso. Só consigo te imaginar como um mafioso assassino de alguma gangue pesada. – Um sorriso travesso e um caminhar até próximo de mim. – Você não sabia coisa nenhuma. Eu acabei de ser notificado disso.
– Tá com uma escuta aí? – Alfinetei.
– De onde a informação vem, não é da sua conta. – Cortou-me.
– Mas, falando em Sebastian... – Eu estava esperando que ele tocasse no assunto. – A onde ele tá? Não vejo ele desde ontem.
– Está cumprindo o que foi lhe pedido, sabe? – Ele estava tirando com a minha cara.
– Eu sei, mano... – Nem continuei. Ele me fuzilou tão forte com os olhos que eu respirei fundo. – Quero saber onde exatamente ele está.
– Digamos que, inicialmente, em um bar. – O que? – Com o pai de Cassandra.
– Eles estão bebendo? – Arregalei os olhos. Que luxo, hein?
– Estava. Infelizmente o pai de Cassandra passou a madrugada anterior toda no bar, além de manter relações com algumas profissionais do sexo.
– SEBASTIAN TAMBÉM? – Quase berrei tão alto que jurava que até Deus fosse ouvir.
– Não, menino tolo. Ele não pode. Nem você. – Um sorriso malicioso. – Estão mais do que proibidos. Mesmo que se encontrem “encarnados” de certa forma para a missão, sintam-se anjos puros ainda. Só podem abusar de seus poderes humanos para causas boas. – Eu bufei, levantando do sofá preto com formato quadrado e pondo-me de pé. – Ou seja, pegar o diário dela não era por uma boa causa.
– Você não tinha me falado nada sobre isso antes, então eu acho que deveria deixar essa passar. – Argumentei com um sorriso travesso.
– Como é a primeira vez, deixo passar. Mas não mexa com objetos humanos novamente. Só Cassandra pode vê-lo, seria péssimo ter que apagar a mente de alguém porque você fez... Merda.
– Tá, tá... Já acabou? Eu vou pegar alguma coisa pra comer, e talvez passe no AP de Cassandra de novo.
– Assim, sem mais nem menos? – Perguntou confuso.
– É, uai, eu também cumpro o que pedem. – Pisquei para o homem negro que me encarava rolando os olhos e saí.
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