História Falling Inside The Black - The End.

Rafael Lange

Tentava desesperadamente respirar. O ar se desprendia de meus pulmões com dificuldade, minha vista embaçava e as vozes de meus amigos foram ficando cada vez mais distantes, foi quando alguém segurou meu rosto firmemente, semicerrei meus olhos tentando enxergar quem era. Felipe... Felipe estava ali, meu coração palpitava rapidamente e sentia como se existisse borboletas em meu estômago. Eu tinha certeza de quem estava ali na minha frente, me olhando de modo tão preocupado. 

Foi quando senti algo em meu pescoço, como um laço. Fechei os olhos a ponto de perder a consciência, mas ao contrario do que eu pensava tudo foi ficando mais nítido. Abri os olhos ainda atordoado, quando notei o que se passava acabei por arregalá-los, Void segurava Alan em seus braços quase desmaiado, o mesmo com Mikhael e Tarik. Olhei novamente Felipe, que sorriu enquanto secava as lágrimas que teimavam em cair de seus olhos, em seguida me abraçando fortemente e me puxando para seu colo, afagando meus cabelos carinhosamente.

— Eu achei que iria te perder... — Felipe exclamou, afundando seu rosto em meu pescoço.

— O que aconteceu? — Sussurrei quando todos pareciam mais calmos

— Alguns erros de cálculos que no caso poderia ter custado à vida de vocês. — Sayuri deu com os ombros, cruzando seus braços e se virando em direção a Pedro e Maria. — Vocês foram extremamente irresponsáveis de subirem aqui sem ao menos alguém para ajudar vocês, se morressem nem saberíamos e talvez nem sentíssemos falta.

— Sayuri! É logico que sentiríamos falta. — Mikhael gritou furioso graças às palavras sem pesar da ruiva. — Não fale como se eles não fossem nada, você não tem o menor direito já que não sabe o que sentimos.

— E além do mais, eu estava aqui para cuidar deles. — Lucas bufou irritado, voltando o olhar para o menor em seu colo.

— Olhe a situação que estamos. — A ruiva gritou se virando para ambos, erguendo os braços como se indicasse a sua volta. — Olhe! Não sabemos o que se encontra lá fora e muito menos o que é, se é mesmo o amiguinho de vocês. Sabe? Estou pouco me fodendo com vocês, porra! Se quiserem acobertar o que eles estão fazendo ai não é problema meu, estou tentando ajudar e vocês me agradecem dessa maneira?

— Nós estamos procurando uma maneira de sair daqui, Flavia. — Tarik grunhiu se sentando, suspirando pesadamente e levando sua mão direita até sua cabeça, parecendo atordoado. — Acha mesmo que ficar lá em baixo apenas observando quem entra e quem sai vai ajudar em algo? Nós precisamos arrumar uma maneira de acabar com isso.

Lucas suspirou surpreso, Alan se sentou com dificuldade, suspirando dolorosamente. Sorri minimamente vendo que o mesmo estava bem, ainda sentia dores em meu corpo, Felps se levantou e me ajudou a levantar, Void apenas se levantou com Alan em seu colo, o mesmo com Tarik e Mikhael.

— Olha, eu tive uma ideia. — Maria engoliu a seco, parecendo estar incerta de sua decisão. — Pode parecer loucura, mas vocês ainda possuem aquela van, certo? Poderíamos usar para sair daqui.

— Isso parece... Simples. — Comentei, olhando para Tarik.

— Realmente. — Tarik me olhou por alguns segundos, logo encarando Maria novamente. — Ela ainda deve estar lá de fato, já que o motorista simplesmente desapareceu quando estávamos próximos daqui. De qualquer maneira, podemos ir até lá agora e checar se está lá mesmo.

— Não será um problema. — Sayu respirou fundo, parecendo se acalmar.

— Faremos o seguinte então... Vocês vão até o carro, eu e Rezende vamos ver se há algum posto por aqui perto, para pegar gasolina. — Maria sorriu minimamente, se virando e abrindo a porta da biblioteca. — Vamos, temos que ser rápidos.

[ Q u e b r a d e T e m p o]

Alan Ferreira

Senti o frio da noite bater contra meu corpo assim que abriram a porta de saída do hotel. Sayuri, Pedro e Maria aceleraram o passo na direção oposta que estávamos indo, circulei meu braço no de Lucas, encostando minha cabeça em seu ombro e sorrindo minimamente. Nós andávamos em silêncio, de fato o medo de sermos surpreendidos por Guaxinim ou por outra pessoa estava presente. Felipe circulava seu braço esquerdo nos ombros de Rafael, Tarik e Mikhael andavam de mãos dadas em silêncio, ninguém estava com animo o bastante para conversar.

— Void. — Sussurrei, o maior emitiu um barulho com sua boca, indicando para que eu prosseguisse. — Como você acha que será depois daqui? Depois que sairmos daqui... Digo, e o Guaxinim? Isso que tem nos atormentado tanto...

— Eu acho que... Não será que nem antes, de fato. — Void sussurrou, engolindo a seco. — Sua vida mudou tanto desde que eu cheguei, não é...?

Acabei rindo baixo de sua afirmação, levantei minha cabeça e o olhei, Void me olhou de canto, sorrindo e depositando um beijo em minha testa. Tarik se virou em nossa direção e sorriu, indicando com a cabeça para que olhássemos para frente. Acabei por sorrir ao ver nosso carro parado a poucos metros de nós, apertei um pouco mais o braço de Void, o fazendo sorrir também.

Mikhael desligou o alarme do carro e abriu a parte de trás da van.

— Sentem onde quiserem, assim que chegarem com a gasolina vamos sair daqui. — Mike indicou, Tarik abriu a porta da frente e se sentou no banco ao lado do de motorista.

Mike sentou no banco do motorista e encostou suas costas no banco, suspirando pesadamente. Eu e Lucas nos sentamos no chão, encostei meu corpo em si, enquanto o mesmo circulava seu braço direito sobre meu ombro. Rafael se sentou no colo de Felipe, enquanto o mesmo abraçava o loiro por trás.

— Vai dar tudo certo, não é? — O loiro sussurrou, Felps balançou positivamente sua cabeça, sorrindo.

— Nós chegamos tão facilmente aqui. — Tarik murmurou do banco da frente. — Isso será tão fácil? Ou será que algo nos espera?

— Não fale coisas assim, amor. — Mike encostou sua cabeça sobre o ombro do Tarik, suspirando.

Mordi meu lábio inferior, fechando meus olhos e apenas respirando fundo. Void respirou fundo, desde então, o silêncio pairou entre nós. Após um tempo, acabei cochilando encostado no moreno, após tanto tempo de estresse eu finalmente havia conseguido dormir um pouco, um pouco que fosse... Era o suficiente.

[ . . . ]

— Alan... Acorda! Nós precisamos sair daqui. — Tarik me chacoalhava pelos ombros, abri os olhos assustado, me sentando com ajuda do mesmo.

— Onde está o Lucas? O Mike? O Felipe?!

— Tivemos problemas e... Vamos apenas sair daqui, rápido. — O moreno estava com os olhos marejados, balancei negativamente minha cabeça, segurando firmemente suas mãos. — Alan, precisamos sair daqui.

— Não vou sem o Lucas.

[ . . . ]

Algo queimava meus olhos, me forçando a abri-los. Ao abrir os olhos notei que estava em um quarto todo branco, me sentei na cama onde estava deitado, notando que estava em meu quarto. Arregalei minimamente os olhos, surpreso por me encontrar ali. A porta do quarto se abriu e eu vi uma silhueta se apoiar na porta, Void me olhava de maneira “superior”, logo o moreno veio e se sentou na cama onde eu estava, ao meu lado.

— A madame demorou para acordar. — Cuspiu as palavras, olhei para o calendário, me sentindo ainda mais assustado com a situação.

Peguei meu celular no criado-mudo, vendo que marcava dias antes de eu ter conhecido Lucas.

— O que foi? — O moreno semicerrou os olhos, suspirei fundo e me virei em sua direção. — O que você...

Segurei seu rosto e o puxei em minha direção, selando nossos lábios. Antes que desse tempo do mesmo retrucar fiquei sobre si, passei brevemente minha língua sobre seu lábio inferior, pedindo passagem. Senti-me surpreso quando o mesmo deu passagem, nossas línguas se encontraram no mesmo instante, suas mãos subiram até minha cintura e a apertaram com força. Sorri minimamente, separando nossos lábios quando o ar faltou em meus pulmões.

— Mas o que diabos...

Abracei fortemente Void sem dizer uma palavra, o mesmo suspirou pesadamente e retribuiu meu abraço, quando afastei meu corpo do seu novamente vi seu rosto completamente corado.

— Tão fofo.

— Eu sou um demônio! — Void se sentou, me olhando com raiva.

— Eu sei. — Circulei meus braços em seu pescoço e sorri, depositando um selinho em sua boca.

O moreno me olhou confuso, piscando várias vezes seguidas.

— Foi apenas um pesadelo... — Suspirei, desviando meu olhar do seu. — Você... Não pode se esquecer de mim, certo? Por favor, Void.

— Foi apenas um pesadelo, Alan.

O moreno segurou meu queixo e virou meu rosto em sua direção, selando nossos lábios.

Apenas um pesadelo...