História Familiar - Em que Magnólia faz uma magia de bom dia

Otávio estava bastante ansioso e repetia o nome do não mais tão estranho rapaz. Ele mal podia esperar para conhecê-lo melhor. O belo familiar que chamou sua atenção. E não só sobre conhecer os amigos de Clarisse, Magnólia também tinha uma surpresa guardada para ele.  

Pelo jeito que Magnólia falava parecia algo muito empolgante. Ela repetia que ele ia amar várias e várias vezes. Otávio foi contagiado pela animação de sua avó. Mal podia esperar o final de semana. Durante a semana Otávio desenvolveu manias bobas para se preparar emocionalmente para o que quer que fosse. Ele ficava desmanchando os cachos, brincando com as contas do cordão dos óculos que Clarisse insistia serem óculos de gente velha. Vindo de Magnólia, Otávio poderia esperar de tudo. Inclusive algum objeto mágico e isso o deixava muito agitado. Ele queria muito uma varinha mágica e ficava em frente ao espelho ensaiando feitiços com palavras incompreensíveis num latim inventado, fazendo poses e imaginando magias pomposas e grandiosas. Afinal, ele tinha descoberto há pouco, mas já estava começando a subir a cabeça que ele era o neto da Magnólia e isso o deixava orgulhoso.

Até o momento, o rapaz pouco sabia do universo mágico da avó. Ele não tinha feito nenhum feitiço ainda e sabia que estava longe de aprender algum porque seus livros infantis nada diziam sobre. Inclusive tinha pouco mais de um mês desde sua última visão. Não que elas tivessem uma frequência certa, mas um mês sem ter uma visão mesmo pra ele era bastante coisa.

Contudo ele não se sentia sobrecarregado. Como conversou com Clarisse antes ter uma visão do futuro gasta muita energia. Ter energia sobrando assim o deixava com dor de cabeça e cansaço. Porém, usando muita energia suas vistas se escurecem por um tempo chegando a desmaiar. Otávio se sentia pronto para treinar com sua avó e por vários dias ela se esquivava, tocando no assunto da surpresa e sem falar mais nada do treino.

De qualquer forma, no sábado de manhã foi Magnólia quem acordou Otávio com pequenas luzes em formas de pássaros rodando o quarto fazendo barulhos agradáveis de piados e lhe dizendo vários “bom dia” com a voz da velha bruxa. Otávio pensou que era natal com tanto brilho rodando seu quarto, mas ainda estavam no final de outubro. 

Era quase 11:00 da manhã. Uma luz entrava pela cortina da parede do fundo. Até então não tinha nada lá atrás, mas agora Otávio podia ouvir o barulho de folhas balançando com o vento, uma leve brisa soprava balançando as cortinas.

Ele espiou pela fresta da cortina, claramente tinha algo lá atrás agora. Mas Magnólia tomou sua atenção dizendo que hoje era um dia especial, que ele tinha que ir se aprontar ou se atrasaria. Precisamente no instante em que ele declarou que estava pronto ouviu a campainha tocar. 

Chegou a hora!