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História Amor Infinito - Lembranças ruins


Escrita por: ItsJustenBitch

Capítulo 7 - Lembranças ruins


"Há poucos mais de um ano atrás, eu e Rafael estávamos à caminho do aniversário do melhor amigo dele, Jonas. Os dois eram amigos desde pequenos então eles viam a comemoração do aniversário de cada um quase como uma obrigação.

Rafael havia acabado de chegar de viagem, que durou dois meses, estava morrendo de saudade. Precisava ficar mais tempo com ele.

- Que caminho você escolhe, princesa? - perguntou Rafael quando chegamos na frente dos dois caminhos que levava ao salão de festas. Um era mais curto e o outro era um pouco mais demorado e havia uma ponte na metade do percurso.

Como queria passar mais tempo com Rafael escolhi o mais longo. Todo dia me odeio por ter feito essa escolha. O caminho foi lento e calmo, mas quando estávamos perto da ponte começou a chover de uma forma que não pude explicar.

Quando a roda do carro tocou a ponte, um pássaro desnorteado veio em nossa direção e bateu com força no vidro jogando sangue por todo lado. Com o susto Rafael perdeu total controle sob o carro e fomos jogado em um rio. Ao cair bati minha cabeça e desmaiei rapidamente. Quando acordei, meio tonta, senti água na minha cintura, olhei ao redor e havia água por todo lado. O carro estava afundando.

Rafael estava desmaiado ao meu lado. Me assustei ao perceber que escorria uma quantidade muito grande de sangue por sua testa. 

- Rafael, - gritei, sacudindo ele - acorda! Precisamos sair daqui. 

Ele não respondeu. A água estava quase chegando no meu pescoço... ela estava entrando rápido demais.

- Socorro... - gritei batendo no vidro. Tentei abrir a porta e ela estava trancada.

Virei para o Rafael desmaiado, comecei a puxar o cinto e ele não abria... Droga.

Quando percebi a água já havia chegado ao seu destino... segurei a respiração e me deixei ser engulida. Senti raiva de mim mesma, se tivesse ouvido a Flávia teria feito o curso de natação que a escola pedira e agora não estaria com problemas para segurar a respiração. Com um pequeno deslize deixei a água entrar pela minha boca... comecei a me debater.

- Então é isso, - pensei - vou morrer aqui. Nunca mais irei poder ver meus amigos e muito menos meus pais. Ahh não, o que seria de meus pais se eu morresse?

Procurei a mão de Rafael e a segurei bem firme. Sua mão estava gelada e sem vida, provavelmente era o frio da água fazendo efeito. Olhei para a janela e vi uma pequena sombra vindo em nossa direção. Sem forças e não conseguindo respirar mergulhei na escuridão sem fim.

O mais incrível foi que em um momento eu estava no carro lutando pela minha vida e a de Rafael e no minuto seguinte estava deitada em uma cama de hospital ouvindo, pela boca de Flávia, tudo o que havia acontecido. Ela mencionou tudo, inclusive que eu tinha ficado duas semanas dormindo, mas nada de Rafael.

- Mãe e o Rafael, eu quero vê-lo. Cadê ele? - perguntei ansiosa. Olhei ao meu redor e ele não estava ali.

- Aly minha querida... o Rafael... - seus olhos se encheram de lágrimas.

- Mãe, cadê o Rafael? Por favor não diga que ele...

Flávia me lançou um olhar triste, comecei a temer pela resposta.

- Aly eu sinto muito. Ele bateu muito forte com a cabeça e não resistiu. Eu... eu sinto muito.

De repente senti um forte enjoô e uma forte tontura. Parecia que estava prestes a desmaiar. Não podia acreditar no que ela estava dizendo.

- O que você quer dizer com ele não resistiu? - aí tudo ficou claro na minha cabeça... ele não havia resistido porque ele estava... - Não mãe, - comecei a gritar, ignorando a vontade de desmaiar - por favor diga que é algum tipo de brincadeira. Ele não está morto... ele não pode estar morto. Eu o amo, ele é tudo pra mim. NÃO, NÃO, NÃO!

Lágrimas escorriam loucamente dos meus olhos. Tentei levantar daquela cama, mas Flávia  me impediu.

- Por que você não me deixa ir vê-lo? - falei tentando me desvencilhar de suas mãos. - Por que está me dizendo essas coisas?

- Alyssa você não pode...

- Por que não posso? - perguntei desesperada.

- PORQUE O RAFAEL ESTÁ MORTO."

Caitlin era uma boa ouvinte, ele não dizia uma só palavra. Apenas soltava fortes exclamações, mas seus olhos diziam o que sua boca não conseguia falar, havia muita lágrimas neles.

- Morte... é uma palavra bastante forte não é mesmo? Você vê a pessoa todos os dias e não imagina que um dia você poderá perdê-la. Eu nunca parei para pensar que um dia eu poderia perder o Rafael para a morte, eu já imaginei ele me deixando para começar uma nova vida com outras garotas... mas em momento algum para a morte.

Passei a mão nos rosto de Rafael do meu notebook.

- Depois disso Flávia chamou a enfermeira, ela me aplicou um sedativo e voltei a dormir.

Caitlin passou a mão nos olhos.

- Nossa nunca... em toda a minha vida imaginaria que você passou por isso.

Forcei um sorriso.

- Mas quando acordei foi ainda pior!

"Meu corpo inteiro doía, mas isso pouco importava se Rafael estivesse aqui tudo ficaria bem. Todos insistiam em me dizer que ele estava morto... não poderia, ele é e sempre será tudo para mim. Algo que me incomodava muito tinha certeza que ele estava morto. Lembrei do sangue escorrendo por sua testa, de seu corpo sem vida... não ele ainda estava vivo. Não podia perder as esperanças, não assim tão facilmente. Tentei jogar essa lembrança para longe, mas era quase impossível. Dizem que coisam tendem a ficar nas nossas mentes até nos enlouquecer.

Dois dias depois que eu havia acordado do meu quase coma recebo a visita de uma das pessoas que menos gostava nesse mundo: a mãe de Rafael, Susana. Ela era alta, olhos azuis como o de Rafael, cabelos ondulados muito bem hidratados deixando as ondas caírem sobre os ombros, uma pele bem branca que as vezes parecia que ela estava doente. Sempre a achei bem bonita. Desde que nos conhecemos ela nunca gostou de mim, ela me chamava o tempo todo de pirralha apenas porque na época eu tinha 17 e o Rafael, 21.

- Oi, Alyssa! - Susana disse friamente.

 

- Oi... o que...?

- Você já está melhor?  perguntou me interrompendo. Ela tinha essa velha mania, nunca me deixar falar.

- Um pouco...

Ela se sentou na poltrona que havia ao lado da minha cama. Apanhou uma foto de mim e Rafael que Anabelle trouxera para amenizar a minha dor.

- Como você ousa? - Susana gritou, me fazendo pular da cama. - Você é a culpada pela morte do meu filho... não tem o direito de ter essa foto.

Susana falou com raiva rasgando a foto no meio e jogando na cama.

- Eu sou a culpada pela morte de Rafael? O que você quer dizer com isso? - perguntei atordoada.

 

Susana nunca gostou de mim. Sempre inventava histórias bem estranhas a meio respeito apenas para tirar da cabeça de Rafael que eu era a 'garota perfeita'. Nunca acreditávamos, é claro, só que dessa vez pelo seu olhar não era nem um pouco mentira.

- A sua querida mãe não te contou o que aconteceu no dia do acidente? - ao perceber que fiquei em silêncio, continuou - É claro que não, ela não queria que a querida pirralhinha dela se sentisse extremamente culpada...

Ela gargalhou diabolicamente.

- Um homem que estava passando pela ponte... viu o carro caído e resolveu pular na água para ajudar, - me lembrei da sombra vindo na nossa direção - chegando lá... o MEU Rafael estava quase morrendo e você nem prestes a morrer estava, por que diabos o maldito homem não salvou Rafael e não deixou você lá? Ao chegar no hospital, ele morreu. - contou chorando.

Se eu não estivesse tão confusa poderia até ter sentido pena dela.

- Agora você entende o por que você é culpada? O homem prefiriu te salvar. VOCÊ APENAS VOCÊ é a culpada pela morte dele. Se estivesse ficado lá, talvez ele estivesse aqui.

- Nãooo! - gritei. Minha cabeça estava prestes a explodir. Aquilo era demais pra mim. - Pare de falar isso! Por favor! - implorei.

Susana me lançou um olhar que se lançasse lasers pelos olhos eu, nesse exato momento, estaria cortada em mil pedaços.

- Sua pirralha eu quero que você morra com esse remorso. Morra da forma mais cruel possível. O meu Rafael perdeu os melhores anos da vida dele ficando com uma garota que mal saiu das fraldas... EU TE ODEIOOOO! 

Ela me surpreendeu com um tapa que com mais um pouquinho de força teria arrancado a minha cabeça.

Flávia entrou no quarto, com uma rapidez que não pude entender, pegou Susana e a jogou no chão.

- O que você pensa que está fazendo, sua vagabunda? - gritou Flávia - Saia daqui agora... ou eu chamo os seguranças.

Estava meio tonta, então não puder ver com perfeição o que estava acontecendo na minha frente. Forcei meus olhos e pude ver uma Susana com os cabelos bagunçados e a alça do vestido fora do lugar, levantando cambaleando em direção à porta.

- Talvez fosse melhor que Rafael tivesse morrido mesmo, - disse com desprezo - pelo menos ele se livrou de você - apontou para mim e logo em seguida para Flávia - e dessa sua família nojenta.

Falou isso e saiu.

Flávia me olhou preocupada.

- Meu Deus, essa mulher é completamente louca! - falou ajeitando o casaco - Sobre o que vocês conversaram... se é que isso pode se chamar de conversa?

Peguei os dois pedaços da foto que Susana havia rasgado ao meio. Sem conseguir segurar comecei a chorar.

- Mãe... eu matei o Rafael!"

- Meu Deus - exclamou Caitlin - a mãe de Rafael é uma bruxa. Como ela teve coragem de falar tudo isso?

- Susana é uma mulher cruel e difícil de conviver. Meus pais tinham muito mais dinheiro que ela, então isso era motivo dela me odiar. - expliquei - Ela falou tudo aquilo sem o menor receio.

Caitlin assentiu.

- Imagino que o marido dela, seja igual!

Sorri ao lembrar do meu ex sogro.

- João era um homem incrível. Ele era nobre e honesto... brigava o tempo todo com Susana por ela ser tão má. Quando João soube do que ela fizera, ele correu até o hospital e me pediu perdão de joelhos.

Caitlin me olhou curiosa.

- Ele se ajoelhou?

- Sim! - respondi - João falou que ela precisava seriamente de um hospital. Ela era obcecada por Rafael, precisava de sérios tratamentos.

- Mas ela foi internada? - Caitlin perguntou.

Dei de ombros.

- Nunca fiquei sabendo e também nem quero saber.

- E depois de toda essa bomba que caiu em cima da minha cabeça, descobri que meus pais iriam se separar, - continuei - eles nunca me contaram o motivo mas lá no fundo eu sabia a culpa era minha.

Caitlin me lançou um olhar de pena e dúvida.

- Você culpada... por que?

- Pensa bem... - falei me ajeitando na cama - Minha mãe e meu pai se separaram depois do acidente... certamente ele não aguentou a pressão e caiu fora. Isso é bem a cara do meu pai.

- Ai Aly, acho que não. - de repente seus olhos se arregalaram - Aii Meu Deus, será que seu pai traiu a sua mãe?

Deixei hipótese de Caitlin penetrar na minha mente. Não, não podia ser verdade.

- Meu pai não seria capaz de algo desse nível. - falei pensando no homem que me ensinara a andar de bicicleta. Que sempre quando chegava do trabalho beijava a minha mãe e dizia "Eu te amo" da forma mais pura e sincera possível. - Vou tentar esquecer isso, não quero surtar.

- Okay. - Caitlin sorriu.

- Depois disso eu cai aqui em L.A. por que antes de minha mãe morar no Brasil, ela morou aqui, então... L.A é o lugar perfeito. Conheci você e conheci Justin... - suspirei ao lembrar de Justin. - Ele me lembra tanto o Rafael que chega a doer. O jeito brincalhão, faz piadas bobas achando que todos irão rir. A única diferença era a aparência: o Rafael tinha cabelos pretos e olhos muito azuis.

- Ohh... - Caitlin suspirou - Ele deveria ser muito lindo.

A tarde foi se passando rápido, Caitlin e eu conversamos muito até que ela foi embora me deixando sozinha com uma única certeza na cabeça: Só existia uma pessoa capaz de fazer eu esquecer de Rafael e ele era Justin Bieber, o adolescente mais famoso do planeta.



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