O grupo estava refugiado na costa em um navio militar. Levaram os feridos para a enfermaria. Lay tentou levar o lobo, mas como os demais ficavam assustados ele o levou para uma cabine.
— Ok, não vai poder ficar com os outros, se continuar nessa forma. — o moreno disse tranquilo enquanto andava até as cabines com o lobo ao lado, abriu a porta, a cabine estava vazia, tinha o cheiro da umidade e metal, mas estava tudo limpo — Vamos entrar? — as orbes negras o fitaram e o canino seguiu pelo corredor farejando o ar — Ei! Espera aí! — encostou a porta e o seguiu. Não demorou para o Lay perceber o que ele estava procurando, o lobo se sentou em frente a sua cabine.
— Quer ficar aqui? Bem, é pequeno para nós dois — riu passando a mão de leve na cabeça peluda, e abriu a porta, o lobo entrou e passou a farejar tudo ali dentro — E então? Sabe… eu preciso saber seu nome, se está machucado, mas para isso preciso que volte a forma a humana. — o lobo continuou andando pelo quarto o ignorando, farejou um dos cantos do quarto e se deitou ali — Tudo bem, ainda está nervoso, não é? Pode ficar como lobo, mas tem que tomar banho, você está fedendo — riu com graça e o lobo rosnou baixo — Vai tomar banho sim! Pode vir! — novamente os olhos negros o fitavam curiosos — não vou usar a voz de comando em você, pode confiar em mim. — o lobo levantou e foi para o banheiro — viu, funciona quando você colabora.
...
Algum tempo depois, o animal estava limpo e seco, sob um cobertor no canto do quarto que tinha escolhido mais cedo. Lay o deixou ali e seguiu se reunir com a equipe. Em uma das salas do navio os betas já se reuniam.
— Desculpe a demora. — o moreno entrou na sala e todos se voltaram para ele, Jackson deu um passo a frente.
— Sem problemas, e o omega já voltou ao normal?
— Ainda não.
— E ele é humano realmente? É seguro ter ele aqui? — um garoto magro no canto, os cabelos brancos caídos sobre os olhos, o encarou sério.
— Eu não sei Bambam, enquanto estiver em forma animal, vou deixar afastado dos demais, mas ele ainda é um ômega, e nossa missão é protegê-los.
— Eu achei que ninguém mais virava lobo! — a voz veio do outro lado da sala,
— É o que sabíamos, não é? Agora é o que temos, mas não vamos debater sobre isso. Como foi
a missão hoje?
— No total foram dezesseis ômegas resgatados — Mark começou — tivemos algumas perdas também.
— E dessa vez tinham os dois grupos! — Jackson disse chamando a atenção de todos ali — Conseguimos os suprimentos médicos, e armas. Mas chegou a hora.
— Tem certeza? Mais nenhum lugar nessa cidade? — o alfa olhou esperançoso para os betas, e um a um foram negando com a cabeça
— Não, o sul está tomado, não temos força para invadir o forte Fengxian, temos que partir agora.
— Lay estamos com mais de cinquenta ômegas aqui, a maioria feridos, precisamos partir, antes que eles decidam atacar.
— Tudo bem, todas as equipes retornaram?
— Sim.
— Então vamos partir está noite mesmo. Avisem a tripulação.
— Certo! — os betas foram saindo da sala e Jack veio até o moreno
— É a coisa certa a fazer! — disse pondo a mão sobre o ombro do alfa
— Eu sei, já vimos alguns alfas se aproximando da costa. Apenas me preocupa que alguém ainda precise de nós aqui.
— Lay… você salvou mais pessoas do que esperava. Descanse um pouco.
— Sim, eu vou fazer isso.
…
Yixing retornou para sua cabine e desmontou na cama, todo o seu corpo doía, não apenas por mais um dia tortuoso andando por Xangai, em busca de sobreviventes, mas seu corpo também doía por aqueles que não podia ajudar, os que estavam presos Fengxian. Sua mente rodava por todos os lugares que já tinha andado naquela cidade, e todos os rostos que tinha visto, até finalmente o sono o vencer. Diferente da maioria das vezes que tirava um descanso rápido, acabou dormindo mais, e um pouco melhor. Um aroma doce enchia suas narinas e o fazia relaxar. Então com o corpo já recuperado acordou sem precisar de despertador, mas algo mais o tinha despertado, um peso sobre a coberta. Coçou os olhos antes de sentar na cama e ver o que fazia o tal peso ali. O lobo preto estava dormindo sobre as cobertas, e o aroma doce vinha dele. Não tinha o que fazer, talvez o ômega apenas não pudesse mais voltar a forma humana ou mesmo tivesse muito medo disso. O deixou ali dormindo e seguiu para suas obrigações, haviam muitas coisas a serem feitas no navio.
Cozinhar, limpar, cuidar dos feridos, é claro que Zhang não poderia fazer nada que envolvesse os ômegas, sempre que sentiam seu cheiro ficavam assustados e agitados.
*-*-*
Já estavam a uma semana no mar, Lay já tinha se acostumado com o lobo no quarto, mesmo porque se ele se afastava por muito tempo o animal começava a chorar, e o som assustava ainda mais os outros ômegas. Então voltava todas as noites para o quarto, muitas vezes sem sono, apenas para que o lobo dormisse tranquilo, e então saia novamente.
Em uma das noites que voltou realmente cansado para o quarto apenas deitou e dormiu tendo o lobo de companhia sobre as cobertas. Acordou sentindo que a cama tinha ficado realmente pequena para ele e o lobo, quando percebeu que não estava mais acompanhado do lobo.
Os cabelos negros assim como a pelagem do lobo, a pele extremamente branca, que tinha vários arranhões e hematomas amarelados, já sumindo. O ômega tinha voltado a forma humana e estava encolhido sobre a coberta com frio. Lay saiu devagar da cama, para não o acordar, puxou as cobertas para o cobrir, e pode ver uma cicatriz mais funda em sua barriga. Levou a mão inconsciente ali, e o ômega se acordou assustado arregalando os olhos para ele.
— Me desculpe, você tem um machucado aí. — o menor olhou para si mesmo confuso, parecia não ter consciência que tinha voltado a forma humana, talvez ele próprio não soubesse como fez, por isso não voltou antes. Puxou a coberta sobre si, mas o movimento pareceu causar dor na barriga.
— Deixa eu ver esse machucado, tenho remédios aqui. — disse com sua voz tranquila, e o menor afastou um pouco os braços deixando a mostra o corte. Era um corte baixo no abdômen, reto com pontos já cicatrizados, apenas em um dos cantos o ponto cirúrgico parecia ter aberto, e feito uma cicatriz feia ali. Zhang não era médico, nem nada assim, mas podia reconhecer uma cicatriz de cesariana, deveria ter dois meses ou um pouco mais. Não era um corte aberto, mas doeria se foi mal cicatrizado por dentro, talvez a forma de lobo não tivesse ajudado, ou talvez tivesse cicatrizado mais rápido por isso.
— Tudo bem, está fechado. Eu vou pegar um remédio para você, e uma roupa — sorriu gentil — está com frio? — o ômega concordou com a cabeça, se enrolando novamente nas cobertas. O maior se afastou indo até as suas roupas, pegou algumas peças de roupa voltando para o ômega, que o olhava com uma expressão confusa.
— Precisa de ajuda para se vestir? — o menor negou com a cabeça pegando as roupas — tudo bem, se vista que vou trazer algo para você comer. Volto logo.
…
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