1. Spirit Fanfics >
  2. Farce >
  3. Vérité

História Farce - Vérité


Escrita por: souhamucek

Notas do Autor


Hellooooooooo, pessoal!
Vai ter nota inicial gigante, sim, não gostou, pule para o capítulo kkk. Preciso dar alguns avisos.
Primeiramente, obrigada infinitamente por cada favorite e comentário. Eu estou MUUUITO orgulhosa de uma estória minha alcançar 200 favoritos, nenhuma delas chegou tão longe. Eu nem sei com quais palavras agradecer por isso. Mas, mesmo que não seja suficiente, vou começar com um "obrigada". Farce só é o que é (sei que, para muitos, pode parecer pouco, mas, para mim, significa muito) por causa de cada um que se entregou a esse enredo tanto quanto eu.
Segundo, eu ainda não voltei. Então, não, eu não tenho previsão de quando vou atualizar Farce ou nenhuma outra fanfic. Estou sem computador até que uma alma caridosa me doe um notebook novo kkk.
Terceiro, esse é o agradecimento especial para a Rachel, quem está postando esse capítulo para mim porque não consigo pelo celular, ela me apoiou com a enredo desde o início e inspirou mais a cada capítulo. Maaas (leiam com a voz do LubaTV), esse agardecimento também é de cada um de vocês que lê, comenta e indica a minha estória. OBRIGADA, OBRIGADA, OBRIGADA.
PS. Xota, Yas, Cami, Anna, Vives e Anne, Lali ama vocês e está com saudadinha. Chamem no whatsapp pra eu não ser a que corre atrás sempre, rs.
Sem mais delongas, Farce.

Capítulo 8 - Vérité


Fanfic / Fanfiction Farce - Vérité

Verdade

Os olhos azuis piscaram inquietos. Um sorriso debochado desenhou os lábios rosados da loira e, ainda incrédula, ela concluiu:

— Isso é algum tipo de brincadeira, não é?

— Na verdade não. — neguei ao me afastar.

— Eu não estou acreditando no que estou ouvindo. — ela ria alto, num nítido nervosismo. — Você só pode estar me zoando.... Não, eu estou alucinando. Estamos cochilando no metrô e isso tudo não passa de um pesadelo.

Bufante, revirei os olhos em tédio. Aonde aquele devaneio nos levaria? Por que tamanha ignorância? Ela continuava a criar hipóteses patéticas e desrespeitosas para o que estava acontecendo. Aquela não poderia ser a mulher quem eu beijava minutos antes.

— Chloé, você está me ofendendo! — disparei ríspido. — Logo você, quem se considera mente aberta e livre, inferiorizando uma minoria. Eu esperava mais de você.

— Esperava mais de mim? Não seja ridículo. Você mentiu para mim! — gritou prontamente, enfatizando a palavra "você".

Movido pela fúria, esmurrei o mármore da pia. A raiva circulava às pressas pelas minhas artérias, eu poderia sentir o meu corpo formigar. Respirei fundo na tentativa de manter a serenidade e soltei o ar pesado de meus pulmões. Encarei os olhos ardentes da francesa, segurei-a pelos braços a fim de reaproximar nossos corpos.

— Vamos conversar civilizadamente. Nós nos respeitamos até agora, não vamos estragar tudo. — pedi da forma mais calma e cautelosa possível.

— Não seja hipócrita. Se você se importasse tanto com respeito, jamais mentiria para mim. — os orbes turquesa migraram para o canto dos olhos, fugindo de qualquer mínima possibilidade de encontrar os meus. — Por que demorou tanto a me contar isso? Aonde você pretendia chegar com essa mentira? Eu estou com nojo de você. — quando ela se moveu para sair, tentei puxá-la de volta, no entanto ela conseguiu se desvencilhar. — Não encoste em mim.

— Chloé, deixe-me explicar. Você está parecendo uma adolescente!

— Justin... Ou sei lá qual seja o seu nome de verdade, assuma os seus atos. A única criança aqui é você, quem se escondeu numa personalidade falsa por todo esse tempo. Por que você não me falou que era lésbica desde o início? Você sabia que eu era bissexual e, mesmo assim, ousou mentir.

Finquei os dedos em meus cabelos loiros, embrenhando a franja escorrida, antes que eu a avançasse os ombros. Meus dentes trincavam inquietos enquanto um misto de repulsa e ódio percorria toda extensão do meu corpo. Ela precisava me escutar. A professora me escutaria, por bem ou por mal. 

— Eu não sou lésbica! — rosnei entredentes. — Não consegue entender que eu sou um homem como qualquer outro?

— Você tem uma vagina!

Aquilo foi o ápice, meus olhos marejaram. Conotativamente, meu olhar cuspia fogo.  Eu não queria acreditar que Chloé dissera aquelas palavras. Nada me vinha a mente, mas eu precisava rebater.

— Não é a ausência de um pênis o que me faz menos homem. Eu só sou diferente. — iniciei meio sem rumo, em tom tristonho. — Meu nome era Jessica, sempre me chamaram de Jessie. Nunca fui feliz como mulher, eu me sentia aprisionada num corpo o qual não era meu. Consegue imaginar o quão agonizante isso é? — as lágrimas começaram a escorrer involuntariamente. — A minha mãe é uma patricinha, nunca compreendeu a minha dor e frequentemente me destratava por não ser como ela. Desde criança, eu sabia que era um menino.

Pude notar os olhos da guia preencherem, porém, o semblante inabalável não a abandonava. Esse ar de superioridade era o que mais me incomodava. A mulher de olhos azuis sorriu um tanto descrente.

— Uma garota mimada a qual engravida de um homem sem nem o conhecer não é capaz de me julgar. Eu nunca te condenei. — descarreguei, sem conter as palavras.

— O que você está fazendo agora? — ela ergue uma das sobrancelhas.

— Não julguei ninguém, eu só disse a verdade.

— Sabe, Justin, você tem razão. — disse alto que aparentou ser um falso berro. — Você é um homem diferente, é bem pior do que os outros. Com licença, eu não vou mais ficar aqui para ouvir verdades a meu respeito e mentiras vindas de você. — seguiu em direção à porta, tomando a maçaneta na mão. — Boa tarde, Jessica. Por favor, esqueça-me e nunca mais me procure.

A porta se abriu. Segui-la para alcançá-la, todavia a francesa saiu antes que eu me opusesse. Esmurrei a madeira, tão logo encostei a testa. Cerrando os meus olhos, senti a fria e grossa lágrima escorrer pela minha bochecha.

Aquela foi a pior reação que ela poderia ter. Ou melhor, que eu poderia receber de alguém quem eu tanto prezava. Girei-me, meus pés deslizaram pelo carpete enquanto eu escorregava até me sentar por completo no chão. Elevei a minha cabeça para encarar o teto amadeirado enquanto as trilhas aquosas persistiam.

Eu era o pior dos homens. Uma aberração. Chloé e a minha mãe estavam certas. Que tipo de homem não possui um pênis?

Bastaram dois míseros minutos para que as lembranças me assombrassem, como de costume. Depois de quatro longos anos de terapia, aquela noite voltava à tona. A noite em que minha vida começou a desandar.

As gargalhadas na cozinha eram altas. O sorriso contido no rosto de meu pai comprovava que minha atitude, apesar de radical, fora a correta. Eu alisava meu corpo sem as mamas enquanto balançava a franja escorrida sobre o olho direito.

Minha avó batia palma como se elogiasse o físico trincado que o tratamento de testosterona associado a muito esforço na academia me deram. Eu estava realizado. Feliz. Feliz como eu não me sentia há anos.

— Que barulheira é essa na cozinha, hein?

A voz risonha se achegou. Os olhos azuis se arregalaram assim que enxergaram meu corpo e o sorriso se dissolveu.

 — O que é isso? — a voz rasgava ao abandoná-la a garganta. — Você matou a minha filha!

— Margot, não exagere. O menino está feliz. — repreendeu-a minha avó.

— Cale a boca, estou falando com a minha filha. — seus olhos ardiam quando ela se virou para mim. — Jessica, o que é esta mutilação? Você está se matando aos poucos. Começou com o corte de cabelo, depois foram essas tatuagens e agora... isso. Eu não reconheço mais você.

— M-mãe, eu posso explicar. — minha voz entrecortava, por mais que eu tentasse dizer alguma coisa, nada me vinha a cabeça.

Tentei me aproximar, mas a mão erguida em frente ao seu rosto deixou nítido desgosto da minha presença.  

— Saia de perto de mim! — as palavras me serviram como um tapa na cara. As lagrimas não hesitaram em nascer nos meus olhos, os quais assistiam a loira se afastar. — Eu tenho nojo de você!

— Você não quer me escutar? Então saiba que, a partir de agora, você não é mais minha mãe.

Meu canal lacrimal queimava. Deslizei meu antebraço sobre os olhos para secar meu rosto, e a minha respiração forte me deixou com dor de cabeça. Eu sentia como a qualquer momento meu não aguentasse seu próprio peso, fazendo com que eu desmoronasse.

Mas, na realidade, eu estava derrubado por dentro.

Meus dedos contornaram as cicatrizes nos pulsos de cortes antigos, as quais cobri com tatuagens anos antes para que nunca descobrissem as inúmeras vezes em que a dor me venceu nas lutas. Aquele momento era, sem dúvidas, uma delas.

Os ruídos graves de meus soluços se misturavam com as batidas apertadas de meu coração. Eu sentia como se alguém dentro dele o pulverizasse e acelerasse a cada pulsar desesperado, ou que esse mesmo ser o esmagasse sem a menor piedade de mim para eliminar toda angústia que me preenchia.

Não sei ao certo se foi a cefaleia vigorosa, contudo não era capaz de me lembrar sobre o restante da noite. Talvez meu cérebro tenha apagado a madrugada sob tortura de minha memória. A única certeza naquele momento era que eu estava sozinho.

Apesar das lembranças perniciosas, eu tive bons momentos. Mesmo com diversos flashs, eles não as trariam de volta. Nada era capaz de trazer a minha vida de volta. O sentimento terno em tê-las por algum momento me satisfez brevemente, mas não o bastante para me convencer de que eu ainda estava vivo por dentro.

Eu havia perdido a minha mãe, a Chloé e a minha tão amada avó. Porém, o pior, foi que naquela noite eu percebi que eu havia me perdido.


Notas Finais


Espero que gostem. Lembrem-se de me contar o que acharam, qualquer crítica é bem-vinda. Espero vê-los no próximo capítulo (sem data para atualização)! ♥
Obrigada por tudo mais uma vez,
Perdoem a demora para atualização e não desistam de Farce kk.
Um beijooo,
Lali


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...