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História Favorite Boy - Jeon Jungkook - Ousadia;


Escrita por: Sinkyhu

Notas do Autor


Sim, eu liberei o POV do Jungkook como especial!!!

Obrigada pelos 200 favoritos anjinhos, amo vocês! <3

Boa leitura! ^^

Capítulo 10 - Ousadia;


Fanfic / Fanfiction Favorite Boy - Jeon Jungkook - Ousadia;

Receber a Dauphin na Van Pelt foi a decisão mais difícil que já fiz em toda a minha vida. Afinal, eu nunca tive dilemas como os que haviam agora.

Uma vida de um nobre de tempos antigos. Era o ideal diante dos meus olhos, e com certeza não pensaria duas vezes antes de me conceder o real luxo e não apenas a ilusão que forneciam. Mas, viver ali como um Conde e ter acesso a tudo o que  teriam há séculos atrás se tornava inútil quando minha liberdade estava sendo rigorosamente restrita.

Parte minha pensou em tentar avisar a ela que não precisava mais de vir. Mas, ao ver no auge da tarde tempestuosa de Gales a distância de meu quarto até sua casa, notei que não poderia mais desmarcar. Era como se estivesse pegando uma pá de prata e cavado minha própria cova com total animação.

— Eu bem disse para comprar aquilo que chamam de “celular" — Elionore avisou sentada na minha escrivaninha. — Iria resolver seu problema num piscar de olhos, sem que corresse o risco de se resfriar.

— Não valeria de nada, eu não iria saber como usar — retruquei, mal-humorado.

Um grande silêncio se predominou em meu quarto, e peguei uma cópia da carta que havia entregado a ela na faculdade. Eram cartas escritas pelo senhorio da casa, Gerard Van Pelt, e haviam centenas de cópias para situações de emergência. Mas nunca houve a urgência de um trabalho acadêmico.

Abri uma das que já tinha cheiro de cera velha, sem receio por saber que não faria falta e relembrando as regras que sempre foram impostas para entrar aqui dentro. Eram meios de garantir que ninguém soubesse mais do que deveria, e não corrompesse os que estavam dentro com alguma informação adiantada em desmaia. E raramente haviam deslizes. Nem sempre gostava de meu superior, mas devia concordar que seus meios eram sempre brilhantes.

— Irá avisar aos Van Pelt da visita noturna? — o espectro de minha ama perguntou novamente.

— Não sei. Ainda tenho esperança de que a Srta. Dauphin desista do convite.

— Ela está curiosa e ansiosa para acabar com tudo o que lhe deixa aflita, acho difícil que desista de vir até aqui para encerrar este assunto de uma vez por todas, Jungkook.

Suspirei. Tudo foi estratégico, mas talvez tão sutil que nem mesmo minha doce convidada havia notado. Caminhei em passos lentos até o calendários que estava pregado na parede de pintura desgastada, fitando a data com um sorriso desdenhoso e entretido ao ver o número.

 

— Apenas uma louca viria até a Van Pelt numa sexta-feira 13 tempestuosa.

 

Ouvi um trovão alto ecoando por toda estrutura da casa. Ficar nas alturas apenas tornava aquilo mais emocionante. Fechei os olhos, contando os segundos em que aquele tremor duraria.

— Realmente, ela não teria a ousadia — Elionore concordou.

Minha face jamais esboçaria, mas eu estava em um grande dilema interno. Parte minha queria que ela jamais colocasse aquelas sapatilhas vermelhas no carpete do hall de entrada da mansão, mas outra adoraria recebê-la, nem que fosse apenas para ver o quanto poderia se assustar com o peso da realidade que encontraria no mínimo vestígio de “estranho” que seus olhos pousassem.

Peguei Hamelin com cuidado, tocando sua superfície brilhante e buscando as respostas de sempre. Era complexo que minha guitarra pudesse ser algo tão… Completo.

Dedilhei os meus solos favoritos de “Welcome to the Jungle” enquanto via a chuva se derramando como lágrimas viciantes na minha janela. As notas baixas começaram a ficar mais altas que o apropriado para as regras da casa, mas no momento eu realmente não me importava nem um pouco com aquilo. Fechei os olhos e me deixei levar pelos sons estridentes e alarmantes que a canção trazia. Uma mistura perfeita do selvagem e do terror, me levando ao quase êxtase pelo simples fato de ser capaz de tocar daquela maneira.


 

— Jeon Jungkook Strigoi von Hamelin! — Uma voz gritou da porta do meu quarto.


 

E apenas uma pessoa tinha o hábito infame de me chamar pelo nome completo.

— Senhora Jane? — perguntei, interrompendo a canção.

A mulher ruiva estava no batente da porta com um olhar repleto de fúria. Ela tinha os mesmos olhos estranhos de minha mãe, mas diferente de minha matriarca, não fazia questão alguma de tentar se esforçar para escondê-los. O vestido era num tom de vinho, mas tão manchado que estava à beira de um carmesim escuro e seco, lhe deixando com aquele cheiro complexo de substâncias metálicas e crisântemos.

O modo que costumava me olhar esboçava o sentimento de sempre: desprezo e nojo. Eu sabia que ela tinha todos os motivos do mundo, mas havia algo bem no fundo que me fazia lutar pelo direito de ser ao menos levemente respeitado…

 

O problema dela, não era comigo.

 

— Pela milésima vez de toda a sua maldita existência — respirou profundamente —, a música é proibida nesta casa!

— Se sou obrigado a morar aqui até o fim de minha maldita existência, deveriam abrir algumas exceções.

Elionore observou a cena de modo preocupado e profundamente incomodado. Eu sabia que ela estaria aqui para interferir por mim se pudesse voltar a vida, mas no momento a situação era impossível. E, ao mesmo tempo, brigas por aquela razão lhe traziam a aflição da razão principal de sua trágica morte, algo que sem dúvida alguma não gostava de relembrar.

— Gerard foi um fraco de não ter tomado as devidas providências quando ameaçou sair daqui, agora temos que ficar lhe ouvindo sempre tocando esses sons amaldiçoados como toda a sua alma! — Rosnou, com as unhas fincadas no batente da porta. — Jungkook, você tem muita sorte da piedade de meu marido, pois um garoto como você já teria recebido sua devida lição…

— Querido, ela está muito irritada! — Elionore me alertou.

Se aproximou de mim em passos lentos, e eu já sabia o que planejava fazer. Coloquei Hamelin atrás de mim, olhando em seus olhos de modo desafiador. Ela poderia se achar forte, mas eu tinha algo muito mais poderoso que o que ela julgava como superior:

 

— Hoje, não pode fazer nada comigo.

 

Interrompeu seus passos, confusa. Sorri, me divertindo.

— Teremos visita, e a senhora não poderá se apresentar como uma má anfitriã que castiga seus inquilinos.

A ruiva ficou congelada por alguns segundos, abaixando as mãos tentando compreender o que eu havia dito. Balbuciou algumas coisas que não compreendi e enfim se afastou de mim como sempre fazia:

— Gerad não disse de nenhum reparo de emergência na casa. Do que se trata?

— Não diga nada para esta megera…. — Elionore alertou, vindo em minha direção às pressas com seu corpo espectral. — Irá colocar a garota numa situação complicada se for sincero.

— Uma… — neguei para a fantasma, notando que não poderia mentir sem ter combinado nada com a garota antes. — Colega de faculdade.

Pensei novamente em minha Dauphin, torcendo para que ela não viesse. Agora que Jane sabia de sua possível presença, as chances de sair daqui aos gritos e nunca mais ousar olhar para mim eram gigantescas. E pensar em seu desprezo fazia com que eu me sentisse a pessoa mais fracassada do mundo. Mesmo que eu já fosse.

Jane colocou as mãos atrás do próprio tronco, pensativa. A atitude me surpreendeu, pois geralmente costumava agir antes de qualquer coisa, sendo completamente impulsiva e irracional. Por isso ela e Gerard se completavam perfeitamente bem. Começou a caminhar pelo meu quarto, vendo os posters que obtive de algumas bandas escondidos nas penumbras e dedilhando o pó acumulado nos castiçais centenários. Vê-la agindo assim me trazia um misto de alívio e de mal presságio.

— Entregou a carta de instruções para ela? — perguntou após longos minutos.

— Naturalmente.

— Não faça tanta cortesia, pode se divertir com ela.

Foi minha vez de me chocar e fitar a mais velha como se esta estivesse completamente fora de suas faculdades mentais — coisa que provavelmente estava todas as noites. Como ela estava me dando carta livre para receber Dauphin como bem quisesse na mansão? Aquilo era uma loucura total, e com certeza proibido!

— Só pode estar brincando! — Exclamei.

Ela gargalhou alto, de um modo que sua educação jamais permitiria. Sua risada psicótica ecoou por toda casa enquanto caminhava para sair de meu quarto em passos descontraídos e entretidos com os próprios pensamentos.


 

— Vê-la fugindo de você assim que se der conta do que você é vai ser meu deleite.





 

Terminei de arrumar a mesa de jantar conforme as instruções de Namjoon. Ambos nunca havíamos preparado algo assim, mas ele leu muitos livros de etiqueta “normal” e decorou até a posição dos preciosos talheres de prata que jamais eram usados pelos Van Pelt.

— Jungkook? — o mais velho me chamou. 

— Sim?

— Essa Srta. Dauphin — parou de organizar os lírios secos que havíamos colhido do jardim —, parece ser uma verdadeira dama contemporânea. Tem certeza de que não está cultivando alguma espécie de estima por ela?

Soltei os guardanapos russos no mesmo instante, o encarando de modo intenso. O meu olhar gelado e acusador infelizmente já não o incomodava mais, e era até um tanto quanto divertido para sua rotina entediante. As covinhas de seu sorriso estavam nítidas conforme eu pensava em meios talvez incorretos de fazê-lo calar a boca ou simplesmente se esquecer do que perguntou.

— Este assunto é meu, hyung — avisei, me desviando da resposta.

— Pois resolva esse assunto — insistiu, me arrancando um leve rosnar. — Como todos dizem por aqui: um Jeon apaixonado, é um…

Foi interrompido pelo som dos sinos da alta torre Van Pelt, tão alto que me trazia dor de cabeça sempre que tinha de ouvir. E desta vez o som pareceu ter triplicado a intensidade, me fazendo estremecer da cabeça aos pés e amaldiçoar toda nuvem escura de azar que me assombrava como os fantasmas que me perseguiam. Todos os espectros do salão que compreendiam minha situação me fitaram com pena, completamente solidários diante de meu destino ordinário.

 

Ela teve a ousadia.

 

Namjoon pareceu realmente animado com a sensação da novidade que se estabeleceu na casa. Correu de modo desajeitado até uma das janelas e fitou a entrada da mansão com curiosidade similar a de uma criança. Realmente, nós ficávamos facilmente surpresos.

— A pobrezinha está encharcada, e o guarda-chuva completamente estragado! — exclamou para mim. — Tenho certeza que foram os galhos da colina, eles sempre são estreitos e arranham os rostos dos que vêm até aqui.

Tive de concordar, precisávamos de um jardineiro. Mas os senhorios nunca gastariam dinheiro com isto.

— Vou atender a porta — murmurei, pegando meu sobretudo.

Não era preciso atender com tanta pressa, mas eu a tinha por alguma razão. A ideia de ver a garota encharcada da coroa às sapatilhas me deixava preocupado e quase com um fio de vontade de ajudá-la. Afinal, toda aquela situação estúpida e perigosa para sua pouca experiência era culpa do meu capricho de convidá-la até ali.

Desci as escadarias de madeira ouvindo o som de minhas botas contra a superfície. Eu costumava fazer canções apenas com aquilo quando era uma criança atormentada pelo tédio, e enlouquecia todos ao meu redor com o meu talento natural para aquela área. Lembro-me que Jane e a antiga governanta principal me proibiram de usar botas por meses como punição, e talvez por isso eu sempre as use. Traumas velhos, hábitos frequentes.

Quando peguei a chave de ouro e abri a porta principal, tive a visão da garota como Namjoon havia descrito. Porém, era muito mais bonita por meio dos meus olhos. 

O cabelo completamente molhado lhe deixava com uma aura de sereia, e os pingos de chuva acumulados em seus cílios naturalmente longos lhe davam um olhar melancólico que de algum modo para mim era interessante o suficiente para julgar como atraente. Suas roupas estavam em uma definição além de ensopadas, mas sorri suavemente ao ver a logo do “Guns N’ Roses” ainda visível em sua camiseta.

Como ela podia ter omitido o fato de que admirava o rock? Passei dias em claro pensando em como poderia introduzir canções a ela sem que achasse estranho, já que vinha de linhas tão clássicas como a ópera. Mas então, ela já era muito familiarizada…

 

Depois, eu era o grande misterioso da trama.

 

Guten Abend, Prinzessin von Hameln.

— Boa noite, Jungkook — falou num fio de voz.

Quase me engasguei. Ela havia entendido o que eu havia dito? Eu nunca pensei que alguém em Gales realmente se daria ao trabalho de aprender alemão ou outra língua que não fosse o inglês britânico e norte americano.

— Sabe alemão?

— Apenas uma pequena parcela, tive aulas de línguas no ensino médio — respondeu retirando as sapatilhas sujas de lama.

Pensei que estaria simplesmente furiosa comigo, mas parecia calma. Calma demais.

Segurei sua mão e a guiei para dentro, olhando para um criado de passagem, que compreendeu de imediato o que deveria fazer enquanto eu colocava um cobertor sobre seus ombros, vendo seu corpo estremecer de frio. Tão contemporânea… Mas ainda havia algo em si que era digno dos dilemas de uma senhorita vitoriana.



 

— Como diria Axl Rose — sussurrei em seu ouvido, não me importando com seus fios úmidos e frios em minhas bochechas. — Bem-vinda à selva. 


Notas Finais


Em breve farei uma playlist fic para complementar o especial~ @Sinkyhu


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