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História Favorite Boy - Jeon Jungkook - Uma Caminhada Sombria;


Escrita por: Sinkyhu

Notas do Autor


Fiquei um tempinho escrevendo e reescrevendo, mas aqui está! :3
Muito obrigada pelos favoritos e comentários, eu sempre fico muito feliz! <3

Boa leitura anjinhos :)

Capítulo 5 - Uma Caminhada Sombria;


Fanfic / Fanfiction Favorite Boy - Jeon Jungkook - Uma Caminhada Sombria;

Um fim de semana nunca foi tão apropriado para recarregar minhas energias. Os eventos que ocorreram na faculdade passavam como flashes em minha mente o tempo inteiro, e a fala de Jungkook se repetia como um disco arranhado que emitia o enigmático som de sua voz. Eu também fui culpada pelo o que ocorreu na aula de instrumentos?

Eu era uma cantora lírica que poderia desempenhar óperas, e diziam sim que havia certo poder em nossas vozes por carregar emoções profundas e revelá-las a quem pudesse nos escutar. Mas nunca ouvi dizer que poderiam causar tal efeito sobrenatural. Era impossível que fosse minha culpa também, eu não aceitava aquilo!

Assim que vi meus fios no espelho e tive certeza de que estavam tão apropriados como minhas vestes caseiras e confortáveis sempre, fitei a coroa que estava na escrivaninha, sobre algumas anotações das aulas e partituras. Eu queria, desejava profundamente, usá-la. Não iria me encontrar com Jungkook naquela tarde, muito menos sair de casa…

— Parece ainda mais apropriado para que eu a use! — Confirmei para mim mesma.

Peguei a coroa e a coloquei sobre meus fios, fazendo uma breve pose e rindo do contraste entre o luxo da peça e a simplicidade de meus trajes.

Caminhei até a cozinha de modo descontraído, observando o que minha mãe havia comprado antes de voltar para o trabalho. Era muito difícil vê-la com a frequência que desejava, já que era uma enfermeira empenhada na sua profissão e sempre que estava em casa descansando dos plantões, eu me encontrava na faculdade, estudando. Mas torcia para vê-la ao menos um pouco no fim daquele dia.

Peguei duas fatias de pão que havia na dispensa, os colocando sobre a bancada enquanto abria a geladeira. Vivendo no País de Gales, um famosíssimo produtor de queijos, era natural e previsível que houvesse bastantes exemplares por ali, o que já me deu ideia para o recheio. Agora, era escolher o tipo....

Caerphilly!

Era um queijo mais duro e quebradiço que surgiu numa cidade local há bastante tempo atrás, sendo um dos mais famosos e que particularmente agradava meu paladar dentre os outros tipos. Coloquei algumas especiarias para completar a simples junção e peguei o copo de suco, me dirigindo novamente até meu quarto.

Ainda era manhã, e havia acordado com um sonho estranho após tanto pensar sobre Jungkook e sua guitarra. Por isso, decidi não adiar o processo e dar logo fim a meus temores antes que enlouquecesse de vez.

A tela do computador abriu lentamente a página de registros arquivos alemães medievais. A internet não parecia ao meu favor naquele dia, mas eu não iria desistir de modo algum de obter as informações que tanto buscava encontrar e tanto me atormentaram desde que descobri o nome da guitarra de Jungkook.

A página estava em alemão, mas rapidamente consegui fazer com que fosse traduzida, e torcia para que estivesse correta em cada detalhe para que não houvesse nenhum equívoco que me deixasse mais paranóica. Abri a aba de pesquisas dos arquivos e pesquisei:

 

“Name von 130 Kindern von Hameln”

 

Traduzindo, eu buscava pelo nome exato das crianças que desapareceram quando o suposto Flautista Encantado invadiu Hamelin a noite para se vingar da traição do povo que não lhe pagou. Parecia um conto de fadas, mas era um evento histórico que tinha até mesmo data do ocorrido. E então o resultado surgiu na página, a lista de todos os supostos nomes dos desaparecidos.

Deixei que o mouse me levasse em meio a inúmeros nomes desconhecidos e até mesmo bem antigos, que mal sabia pronunciar devidamente.  Porém, mais ou menos no fim da lista, três nomes me deixaram em choque:

— Céus… — Foi a única coisa que pude pronunciar.

 

- Aaron Van Pelt 

- Adelaide Van Pelt

- Valentine Van Pelt

 

O reflexo que minha mente teve foi fechar a janela de imediato. Deixei meu sanduíche de lado, que mesmo delicioso, acompanhado por tais fatos havia se tornado indigesto. Eu estava chocada, atônita, abismada, pasmada, assustada, estarrecida, estupefata, passada e todos os outros sinônimos possíveis que pudessem expressar tal sensação aflitiva que passava por todo o meu corpo.

Se eu estava pensando que Jungkook era — de alguma forma muito louca — o Flautista de Hamelin significava que ele levou consigo crianças Van Pelt! Então, além de ser uma pessoa horrível, não havia razão alguma para estar residindo naquela mansão!

Decidi me afastar do computador, mirando o chão de madeira tentando compreender quem era afinal aquele estranho Jeon Jungkook. Parecia ao mesmo tempo óbvio demais, mas também uma peça de quebra cabeça que não se encaixava com nada, como se houvesse se extraviado de seu conjunto original e estivesse por ali pelo bel prazer de confundir minha pobre mente soberba diante dessas palavras e atos.

 

Era irracional, mas eu queria vê-lo agora para sacudí-lo até que me falasse o que era.

 

— Por Deus, Elionore! Você não fica calada nunca!

 

Minha alma saiu para um grito pessoal e voltou para meu corpo.

Era a voz dele.

Na direção do cemitério.

 

— Eu já lhe expliquei que não se deve falar tão alto, sendo que está falando apenas comigo — e continuava.

Fiz um sinal da cruz de imediato, pegando o que estivesse ao meu alcance para lançar nele caso se aproximasse de mim enquanto tentava abrir a janela próxima da minha cama. O resultado fora atingir seus fios negros com uma almofada linda que provavelmente se sujou naquele chão que nunca era limpo. Olhei para os lados procurando a tal “Elionore”, mas não havia ninguém além dele por ali.

Aquele lugar era um cemitério antigo, de quando várias pessoas morriam de uma só vez diariamente. Devia ser grande o suficiente para ela ter fugido ou se escondido a tempo, ou ele era um maluco total. 

Seu olhar fervilhou em minha direção, como se questionasse se eu havia mesmo tido aquela ousadia e como poderia me punir por tal ato.

 

— Perdão, Srta. Dauphin — pediu ironicamente, arrumando os fios longos. — Eu gritei, sim? Foi deselegante de minha parte.

— Sim, muito deselegante — concordei, ainda desconfiada.

— Todavia, é bom vê-la nesta manhã de sábado fazendo bom uso do meu presente — falou sarcástico e minhas bochechas adotaram um tom avermelhado. — Não parece estar nublado numa medida ideal?

Os olhos miravam para as nuvens cinzentas com um ar de superioridade, como se quisesse me enrolar com aquele assunto de clima e aparência do céu, e estivesse confiante de que conseguiria me domar com aquilo. Sim, conseguiu me fazer  observar tudo e os pássaros que por ali passavam, mas por mais que sua lábia fosse muito forte, não conseguia me laçar por completo daquela vez.

— O que faz neste cemitério abandonado?

— Observando as lápides e tentando adivinhar a causa da morte de cada um — falou com naturalidade.

Fiquei boquiaberta por tempo suficiente para que desse risada de minha reação, como se eu fosse a esquisita por ali.

— Ora, a senhorita não pode ser hipócrita assim — interviu, se aproximando com as mãos nos bolsos de seu sobretudo. — Vai dizer que se contenta quando lê sobre certo alguém num livro e apenas recebe um “morreu em 1809, em Londres”? É óbvio que se pergunta a causa de tal tragédia. Todos temos curiosidade até sobre os detalhes desagradáveis, por mais que estes não sejam recebidos de bom grado em nossas mentes.

Conseguiu me deixar sem palavras com seus argumentos. De fato, estava totalmente correto, e desta vez não pareceu efeito de seu modo de pronunciar as sílabas, por mais que o timbre ainda ronronasse em meus ouvidos. Pensei que se daria a honraria de esboçar uma pose vitoriosa, mas apenas suspirou fitando o ambiente ao seu redor.


 

— Como jogou isso em mim — apontou para a almofada —, pode se redimir vindo até aqui. Prometo repensar sobre minha vingança se o fizer.




 

Em toda a minha vida, aquela era a coisa mais maluca que eu já havia feito. Aceitei aquela proposta apenas pensando que poderia obter algo que comprovasse se Jungkook era ou não ligado ao Flautista de Hamelin. E, confesso, parte minha temia fervorosamente até cogitar quais eram seus meios de vingança, se por diversão apreciava adivinhar as desventuras alheias.

Tinha tanto medo do cemitério, mas ao vê-lo escorado nos portões de ferro antigo e esculpido na entrada me pareceu tão convidativo que não tive tanto receio assim. Seu olhar era neutro, mas parecia ter algo de receptivo mesmo assim.

— Primeiramente, peça licença aos que aqui descansam — instruiu.

Achei aquilo estranho, mas não ousei desobedecer.  Me inclinei com cuidado diante das lápides de pedra.

As primeiras lápides surgiram, e na verdade não eram muito assustadoras e tinham inúmeros tamanhos, apenas impunham respeito por apontarem vidas que um dia existiram. Era como se caso entrasse sempre sabendo das regras e soubesse lidar com o peso significativo da morte, poderia até desfrutar do silêncio que havia ali dentro…

— Aquele ali, vinte e três anos — apontou para uma. — Pela escultura perfeita do rosto na lápide, um processo um tanto quanto trabalhoso para a data em que viveu, sugiro que era um nobre com uma família que pagaria por tal regalia.

— Então aquela ali…

— Um burguês, há um brasão da família com detalhes de trigo e café. 

Ele realmente entendia muito bem daquele assunto, eu passaria a observar aquilo com novos olhos com seus ensinamentos. Havia, por mais excêntrico que fosse, um tipo de arte nas lápides que merecia bastante um bom estudo.

— Aprendeu todos esses detalhes por onde, Jungkook?

— A produção de lápides é uma ocupação antiga da linhagem Jeon.

— Quer dizer que também pode fazê-las?

Seus olhos fervilharam em minha direção milésimos de segundos após a pergunta sair por meus lábios. Nunca pensei que algo tão escuro pudesse parecer em chamas tão intensas. Eu me senti queimado diante daquilo, compreendendo que perguntas tão intrusivas sobre si mesmo ainda não eram muito bem-vindas. Todavia, eu ainda teria de arrumar um meio de perguntar sobre Hamelin, nem que aquilo fizesse com que eu recebesse suas respostas geladas.

Desviando claramente de minha questão e disfarçando sua reprovação para falar de si mesmo, suas mãos foram em direção a minha coroa, a arrumando em meus fios com cuidado como se soubesse a posição ideal. As jóias preciosas reluziam, e logo travaram batalha com uma forte luz vermelha que colidiu com ela. Meus olhos seguiram a direção até a guitarra que estava sobre uma das árvores antigas e sem folhagens.

Ele levava os instrumentos para todos os lugares que ia? Era perigoso — e seria lamentável —, que a guitarra se quebrasse batendo em algo ou que seu lindo vermelho ficasse arranhado por ficar apoiada nos troncos.

— Digamos que eu não gosto de deixá-la em casa — explicou caminhando em direção a ela.

O segui, quase hipnotizada pela bela luz que reluzia. Porém meus passos hesitaram há poucos metros de distância, relembrando tudo o que havia ocorrido na sala de música. Agora estávamos sozinhos, na parte mais profunda e isolada do cemitério, onde ninguém poderia nos escutar direito, muito menos nos ver. Fitei os fundos e notei que os muros eram altos, provavelmente para disfarçar a existência daquele lugar na outra rua.

A capela que jazia no final do lugar não estava conservada. Eu podia ver as teias de aranha de longe, como se substituíssem as cortinas. Os belíssimos vitrais estavam quebrados e embaçados, e as imagens dos anjos pareciam imensamente tristonhas por estarem cobertos de poeira. A cena apenas revelava o quanto estávamos distantes do mundo e da atualidade. Tudo o que eu conhecia estava inalcançável ali.

 

E se ele se aproveitasse daquilo… Para me enfeitiçar de novo?

 

Me virei para trás, o caminho que já havíamos percorrido. O vento frio veio e soprou meus fios intensamente, e me encolhi. Entre tantas estruturas de pedra altas, médias e baixas, não sabia ao certo qual caminho me levaria rapidamente até a saída, o que entregava que estava quase perdida por ali. Senti meu coração se acelerar e me volte para o moreno, que dedilhava a guitarra baixinho num solo antigo.

Seu sorriso pareceu ambíguo e maldoso enquanto mirava meu olhar inseguro. Eu não havia notado, mas agora compreendi que havia novamente me levado por suas palavras encantadoras para fazer exatamente o que desejava. Cobri meus lábios com a palma da mão, ciente que gritar não adiantaria.

Havia caído em seu feitiço.

E agora?


 

— Não seja tola, eu não vou lhe ferir. Nem se meu ser mais selvagem implorasse para isso como se seu pavor fosse todo o meu deleite e êxtase — sussurrou, deixando o instrumento no chão e se aproximando de mim. — Eu não sou um monstro e não posso lhe fazer mal algum.

Não sabia se deveria confiar em suas palavras, mas seu olhar colocava cadeados em minha garganta e atiravam a chave aos mares mais profundos. Era impossível lhe dizer algo naquelas condições.

Os dedos seguraram meu rosto. Eram frios, mas não mais que aquela ventania sombria. Me prendeu em suas íris que não mais queimavam, mas brilhavam como se guardassem os mais reluzentes cristais dentro de si mesmas. O indicador pousou sobre meus lábios como se me ordenasse silêncio, sendo que eu já não pronunciava uma sílaba sequer. Traçaram o contorno destes, entretido com o formato que possuíam e o quão cheios e avermelhados eram.




 

— Lhe trouxe até aqui apenas para lhe dizer…  — apertou meu lábio inferior, me arrancando um arfar. — Que sou um péssimo flautista.


Notas Finais


Sabiam que góticos não vão em cemitérios por gostarem da morte? Assim como Jungkook, vão até lá por ser um ambiente calmo, e que mais preserva a arquitetura gótica nas cidades por meio de suas lápides, esculturas e igrejas internas.

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Até o próximo capítulo! @Sinkyhu


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