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História Fear (Longfic - Jungkook) - O outro lado da moeda


Escrita por: _RangerVermelho

Notas do Autor


Eae galeris, tudo bomm ?? Espero que sim <3

Primeiramente quero deixar aqui OS MEUS PARABÉNS PARA O NOSSO LÍDER E PESSOA MAIS PACIENTE QUE EXISTE, MUITO ORGULHO DESSE SER HUMANO CHAMADO KIM NAMJOON. NÓS TE AMAMOS <3<3

Segundamente eu queria agradecer os +300 favs na fic, eu sei que já passou disso tem um tempinho, mas eu só lembrei de agradecer agora uhsuahsuahs amo vocês, e é nois <3

No demais, eu só queria avisar pra vocês se prepararem, porque eu sofri escrevendo esse cap ;--;

Boa leitura <3

Capítulo 15 - O outro lado da moeda


Fanfic / Fanfiction Fear (Longfic - Jungkook) - O outro lado da moeda

 

                  Holly

 

    Uma parte de mim estava leve e feliz pela reconciliação com Jungkook, eu estava me sentindo e literalmente era uma adolescente apaixonada, que chegava a ser ridículo. E a outra parte sentia medo e receio pelo o que ainda ia acontecer, principalmente porque eu não sabia o que de fato ia acontecer.

    A semana havia passado vagarosamente lenta e as aulas cheias de revisões para as primeiras provas do último bimestre que estavam chegando, e graças aos céus, sem mais incidentes, exceto pelo fato de Namjoon e eu não estarmos nos falando, apesar de que não tínhamos tempo de conversar com ninguém, até a hora do almoço tinha virado hora de ficar com a cara enfiada nos livros.

    Hoje, sexta feira, eu agradecia a Deus pela semana ter acabado porque meu cérebro estava exausto.

 

-A semana foi corrida, mas hoje a senhorita não escapa de uma conversa! – me aproximei de Biga que mexia no seu armário.

-Eu não sei do que vocês está falando! – sua voz soou como se estivesse segurando a risada.

-Me engana que eu gosto. – fechei a porta do armário pra que minha amiga finalmente me olhasse – Aliás, gosto não, então me conta logo, com detalhes, por favor.

-Em detalhes? – Abigail sorriu cheia de segundas intenções.

-Melhor não, ainda mais depois desse sorriso. – fiz careta – Me contento em saber se vocês se acertaram ou não.

-Depois do empurrãozinho que você deu, a gente…

-Tomou vergonha na cara. – interrompi fazendo minha amiga revirar os olhos.

-A gente conversou muito, e ainda é meio estranho ver o quanto a gente tem comum. – suspirou um pouco pensativa.

-Bom, você está feliz? – a olhei e ela concordou com a cabeça enquanto mordia o lábio – Então é isso o que importa. – sorri – Mas, você já conversou com o Jimin?

-Já. – Biga suspirou novamente – A gente se encontrou fora da escola, conversou e acabamos vendo que a nossa relação era superficial, então acabou tudo bem – deu de ombros.

 

    Abigail entrelaçou o braço no meu e começamos a caminhar em direção a sala aproveitando os últimos minutos do horário do almoço. Pelo silêncio e a cara que minha amiga fazia suspeitei que tinha algo errado.

 

-Aconteceu mais alguma coisa? – mexi nossos braços chamando sua atenção.

-Por que você e o Nam não estão se falando? – perguntou sem me olhar.

-Aconteceram umas coisas ai, e acabamos nos desentendendo. – suspirei – Por que?

-É que essa semana meu pai teve uma reunião com o senhor Kim lá em casa, e não que eu fique escutando a conversa dos outros, mas eu tive impressão de que eles falavam de você. – paramos de andar e Abigail me encarou - E Namjoon estava junto com eles.

-Falando de mim? – fiz careta. Não acredito que Namjoon ia continuar do lado do pai e acreditar nele sem ao menos questionar – Tem certeza? O que você escutou?

-Olha, eu posso estar enganada, nem sei se ouvi direito. – abaixou os ombros e no mesmo momento eu soube que ela estava mentindo. Ela tinha escutado alguma coisa – Está acontecendo algo que eu não sei?

 

    Estava acontecendo tanta coisa que o problema maior era como eu iria contar tudo sem parecer louca, e ainda fazer todos acreditarem. Se o Namjoon se virasse contra mim, seria mais fácil acreditar nele. Suspirei. Eu iria precisar de ajuda, mais uma vez, só que antes disso precisaria que Jungkook me mostrasse o que realmente aconteceu.

 

-Sim. – soltei o ar pesadamente pelo nariz – E eu vou te contar, mas antes disso eu preciso resolver algumas coisas.

 

    Abigail abriu a boca pra responder mas bem na hora o sinal tocou, indicando o fim do horário de almoço, então ela apenas me olhou com uma expressão séria e entrou na sala. O corredor logo começou a encher de alunos, e no meio deles eu avistei Namjoon, que parecia rir de alguma coisa que Taehyung havia falado, mas assim que me viu seu sorriso morreu. O olhei por breves segundos e entrei na sala também.

    Ainda sentávamos nos mesmos lugares, mas durante esses dias não trocamos uma palavra sequer. Me sentei esperando o professor entrar na sala, e já contando os minutos pra ir embora, ansiosa pra começar a resolver as coisas.

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    Abri a porta do quarto soltando um suspiro de alívio por finalmente ter chegado em casa. Joguei a mochila nos pés da cama e me sentei no colchão tirando o celular do bolso, os números marcavam cinco da tarde. Depois que sai da escola tive que passar na prefeitura a pedido do meu pai, porque eu precisava estar presente nas suas campanhas. Parecia que eu fazia parte do quarteto dos Pinguins de Madagascar, “apenas sorria e acene.”

    Por conta dos assassinatos que aconteceram, por pedido do povo, adiaram a votação em duas semanas, e como antes faltava apenas uma semana pra isso, agora faltariam três. Eu nunca pensei que diria isso, mas odiava admitir que meu pai estava na frente dos outros candidatos nas pesquisas, o que me fazia lembrar do Edgar, vice prefeito, até onde eu sabia ele não é culpado, talvez por isso meu pai tenha escolhido ele como vice.

    Suspirei de maneira cansada. Era tanta falcatrua junto que eu começava a desconfiar de mim mesma. Me levantei abrindo a janela deixando que a leve brisa entrasse balançando as cortinas, tirei meu uniforme e peguei uma toalha e fui em direção ao banheiro. Minha pele gritava por um banho.

    Depois de longos minutos de molho embaixo do chuveiro, eu desliguei o registro me secando e me trocando no banheiro mesmo, ficando apenas com uma toalha pra secar o cabelo e voltei para o quarto, levando um susto ao ver Jungkook sentado na beirada da cama com um sorriso nos lábios ao me ver.

 

-Estava te esperando. – se levantou colocando as mãos no bolso do jeans escuro. Ele parecia estar com vergonha?

-Me esperando? – estreitei os olhos desconfiada – Antigamente você teria entrado sem se importar.

-Eu sempre achei isso desrespeitoso. – baixou o olhar enquanto se aproximava de mim – Mas já não posso falar nada daquele outro que você conheceu. Me desculpe.

-Contanto que você me prometa que não vai mais deixar ele voltar.

 

    Jungkook sorriu concordando com a cabeça enquanto levantava sua mão pra tirar alguns fios do meu cabelo molhado que estavam grudados no meu rosto. Nos encaramos por alguns segundos. Era estranho como agora eu me sentia segura com ele.

 

-Jungkook, eu quero que me mostre o que realmente aconteceu com você. – o encarei.

-Estava me perguntando quando chegaria esse momento. – ele suspirou soltando um sorriso triste logo em seguida.

 

    Segurando minha mão ele me guiou até a cama, me fazendo deitar, e em seguida deitou ao meu lado, virado pra mim enquanto apoiava seu corpo com o cotovelo no colchão e me encarou começando a fazer carinho no meu rosto, e já com os olhos fechados eu pude sentir seus lábios em contato com a minha testa. Era como se ele me falasse que estaria ali, independente de qualquer coisa, e então me deixei levar pelo cansaço e o sono que chegavam de mansinho.

 

    Eu voltei pra mesma sala de reuniões que estive da primeira vez. Senhor Jeon e Jungkook acabavam de sair pela porta, e os outros sete homens que estavam na sala ficaram em silêncio até terem certeza de que os donos da casa já estavam distante. Meu pai se levantou, circulou a mesa ficando de frente para os outros.

 

-É meus caros amigos, mais uma vez estamos fazendo papel de pau mandado. Senhor Jeon se acha o Barão do Bordo. – comentou de maneira debochada.

-Façam isso, façam aquilo. – senhor Kim revirou os olhos – Por favor, me digam que não é só eu que estou cansado disso.

-Mesmo estando cansados o que podemos fazer? Senhor Jeon retém o poder sobre a maior parte das terras. – Antony encarou os outros.

-Ele tem esse poder porque as pessoas confiam nele. – meu pai voltou a falar – Talvez se essa confiança fosse quebrada, nós poderíamos ter o que também é nosso por direito. Também moramos e cuidamos dessas terras.

-E como vamos fazer isso? – Antony encarou meu pai – Senhor Jeon faz parte da família dos fundadores da cidade.

-Bom... – meu pai encarou o senhor Kim – Se vocês confiarem em nós, podemos dar um jeito.

 

    E lá estava Bernard Miller mais uma vez pronto pra “dar um jeito” em tudo. Como que os outros aceitaram isso facilmente?

 

-Bom, eu quero tanto quanto vocês que Senhor Jeon caia do pedestal. – Eric foi o primeiro a se pronunciar – Então por mim tudo bem. Façam o que tiver que fazer.

-Façam o que tiver que fazer. – Gregory concordou em seguida, parecendo não ligar muito para o que ia acontecer.

-Contando que vocês sejam eficientes, não vejo problema. – Senhor Park, pai do Jimin, concordou também.

-E o que é que vocês estão pensando em fazer? – Antony encarou meu pai e o senhor Kim.

-Na hora vocês saberão, e só precisarão ficar do nosso lado e com isso o “império” Jeon vai cair. – Bernard falou confiante.

-Se é assim... – senhor Parker deu de ombros.

-Antony? – senhor Kim o encarou

-Tudo bem. – o homem suspirou e por fim concordou.

 

    Eu olhava incrédula aqueles sete saírem da sala. Como era possível eles concordarem com algo sem sequer saber do que se tratava? Tudo isso por inveja das poses do senhor Jeon?

    Depois de saírem da casa, foram em direção a seus veículos para irem embora. Meu pai entrou no carro, pronto pra dar a partida quando senhor Kim apareceu na janela.

 

-Quando vamos fazer isso? – perguntou enquanto seus olhos vagavam ao redor pra ver se não tinha ninguém por perto escutando.

-Jeon vai ir viajar essa semana, por uns três ou quatro dias no máximo, isso deve ser tempo o suficiente pra gente. – meu pai respondeu o olhando brevemente.

-Só não podemos exagerar com a garota, Bernard.

-Está com medo do que Kim? Essa parte foi ideia sua. – respondeu em tom cínico – Acho melhor não nos encontrarmos muito até tudo estar feito, pra não levantar suspeitas.

 

    Senhor Kim apenas deu um breve aceno com a cabeça e saiu. Depois de alguns segundos meu pai ligou o carro e seguiu caminho, e agora eu era o fantasma no banco de trás seguindo os outros. Suspirei descendo do veículo olhando a minha casa, um lugar conhecido mas ao mesmo tempo tão estranho.

    Entrei seguindo o senhor Miller até o escritório. Ele se sentou em sua cadeira e em seguida tirou algo do bolso do paletó, estreitei os olhos me aproximando pra ver o que era. Um gravador. Claro, era assim que todo mundo ficava preso nessa história, o áudio daquele negócio ferraria com todo mundo. Tudo muito bem planejado. Meu pai soltou um sorriso maldoso enquanto olhava o gravador segundos antes de guardá-lo em uma gaveta na mesa que era trancada a chave.

    Algumas batidas na porta fez Bernard mudar completamente a expressão pouco antes de uma mulher entrar na sala. Era minha mãe. As feições exatamente como nas fotos que eu tinha dela. Paralisei enquanto a via se aproximar sorrindo em direção do meu pai. Ele a abraçou devolvendo o sorriso e perguntando como ela estava. Parecia tão verdadeiro. Mordi o lábio sentindo meus olhos arderem.

    Me aproximei dos dois que ainda estavam abraçados conversando sobre algumas coisas aleatórias. Levantei a mão tocando os cabelos de minha mãe delicadamente, ela não podia me sentir, me ver, mas isso não importava porque eu estava aqui. Agora eu podia saber como ela era, como era o som da sua voz. Senti uma lágrima escorrer pela minha bochecha.

    Depois de alguns minutos os dois saíram do escritório de mãos dadas, mas eu fiquei. Não conseguia me mexer e minha cabeça no momento era preenchida por um turbilhão de pensamentos. Eu conheci minha mãe.

 

    Eu não soube dizer quanto tempo fiquei no escritório, pensando. Quando sai novamente, o sol brilhava no céu azul, os funcionários trabalhavam do lado de fora da casa, como de costume. Não via ninguém conhecido, então comecei a caminhar, sabendo exatamente pra onde ia: o haras da família Jeon.

    A movimentação na casa de Jungkook estava maior. Tinha um carro parado na entrada e alguns funcionários arrumavam algumas malas dentro dele entre outras coisas para a viagem do dono da propriedade. Outros funcionários recebiam ordens diretas do senhor Jeon, que deixava claro que enquanto ele estivesse fora, o filho seria responsável por tudo.

 

-Eu não devo demorar mais do que quatro dias pra voltar Jungkook, então cuide de tudo até lá. – o senhor parou perto do carro e encarou o filho.

-Pode deixar pai, farei o meu melhor. – o garoto sorriu.

-Eu sei que sim. – o mais velho deu tapinhas em seu ombro e em seguida entrou no carro.

 

    Senhor Jeon saia pra essa viagem depositando sua confiança em seus funcionários e em seus sócios de que tudo sairia da mesma maneira como sempre, o que ele não sabia é que essa vez, que esse momento talvez fosse o último que ele veria seu filho com vida.

    Eu sentia meu coração se apertar dentro do peito e um nó se formar na minha garganta só em pensar nisso, o que só piorou quando vi Clarice vir de encontro a Jungkook minutos depois que todo mundo tinha voltado a seus afazeres. Os dois passaram as próximas horas juntos, mas não como da última vez, a menina seguia Jungkook enquanto ele fazia o trabalho do pai: verificava as plantações de bordo, atendia os pedidos dos funcionários sobre produtos que estavam faltando, atendia algumas pessoas que vinham de fora. Mas sempre tirava alguns minutos para pegar Clarice no colo, fazer carinho e conversar com ela.

 

-Tio, ontem o senhor prometeu que hoje íamos comer hambúrguer. – Clarice cobrou a promessa que Jungkook havia feito.

-Eu me lembro. – ele riu – E não podemos quebrar promessas, certo?

-Certo!

 

    Clarice correu se jogando no colo de Jungkook que a pegou prontamente enquanto riam. O sol já brilhava fraco no céu fazendo a fotografia perfeita dos dois andando pelo pasto verde de volta pra casa. Alguns minutos depois eles chegaram, mas Jungkook foi direto ao motorista pra pegar o carro, e em seguida dirigiu até a lanchonete.

    Sher’s estava com um estilo diferente, mais retrô e mais agradável. Andava por entre as mesas observando algumas pessoas que estavam sentadas, umas sozinhas, outras acompanhadas, e em uma das mesas mais ao fundo, perto da janela, estavam sentados Jungkook e Clarice. A menina se sujava enquanto tentava comer um hambúrguer quase maior que ela, já o rapaz tentava limpá-la vez ou outra com alguns guardanapos. Algumas meninas que estavam sentadas em outras mesas davam risadinhas olhando os dois tentando chamar atenção, e eu não podia nem culpá-las por serem oferecidas, a cena era adorável.

    Após terminarem o lanche, Jungkook levou clarice de volta, entregando-a diretamente para Mary, e depois voltou para a casa, onde fora os empregados, estava sozinho. Pelo o que eu escutei na lanchonete, a mãe dele estava visitando a família dela fora da cidade. Depois disso eu voltei para minha casa, na intenção de poder ver a minha mãe novamente.

    Os três dias que se passaram foram praticamente as mesmas coisas. Jungkook cuidando dos negócios do pai, Clarice que não desgrudava dele. Em casa eu podia observar minha mãe ajudando Mary com algumas coisas, inclusive com a comida, que pelo cheiro, eu arriscaria falar que o gosto seria maravilhoso. Ela era uma pessoa alegre, sorridente, educada e muito amorosa, meu peito se enchia de orgulho por saber que, ao menos minha mãe, era uma pessoa boa. Já meu pai, durante os dias ele se comunicou com seus sócios por telefone, tramando o seu grande golpe, e poucas vezes ele e os outros foram até o haras da família Jeon para ver como as coisas estavam.

    O dia já estava no fim, Jungkook verificava uma última vez as plantações de bordo, e assim que terminou começou o caminho pra retornar pra casa, como nos outros dias, eu só não esperava que ele encontrasse com a minha mãe.

 

-Jungkook! – minha mãe bradou com um sorriso no rosto.

-Senhora Miller! – ele fez uma breve reverência – Como está?

-Estou bem. – suspirou – Tentando seguir com esperança.

-Eu já falei e torno a repetir, a senhora ainda vai ter muitos filhos. – Jungkook sorriu docemente – Não deixe que essa perda lhe tire isso.

 

    Então era verdade, minha mãe havia perdido um bebê antes de conseguir me ter. Só não entendo porque me esconder isso, ou talvez meu pai não queria que eu soubesse que minha mãe conhecia e confiava em Jungkook ao ponto de lhe confidenciar essa história.

 

-Você é um rapaz tão bom Jungkook, por que ainda está solteiro? – mamãe lhe lançou um sorriso materno – Você se dá tão bem com Clarice, vai ser um ótimo pai.

-Ninguém que me interesse por aqui. – ele deu de ombros – Clarice é como uma irmã mais nova pra mim, já que sou filho único.

-Se algum dia eu tiver uma filha, irei querer que ela se apaixone por alguém tão bom e doce como você!

 

    Outra vez Jungkook havia me falado a verdade sobre isso. Minha mãe realmente lhe disse isso, e bom, de certa forma o desejo dela foi realizado.

    Os dois conversaram por mais algum tempo e depois se despediram. Jungkook seguiu seu caminho pra casa, e eu segui minha mãe até nossa casa. Senhor Jeon chegaria na noite seguinte, então a qualquer momento tudo aconteceria. Tentava me preparar psicologicamente pra isso. Em casa, meu pai estava trancado no escritório, ao telefone com senhor Kim, não fiz questão de escutar a conversa, porque aos poucos a raiva e o ódio cresciam dentro de mim.

    No dia seguinte, eu sentia minha ansiedade a flor da pele. Um buraco negro parecia ter sido aberto no meu estômago e a cada hora que passava eu sentia a tensão aumentando fazendo meu corpo tremer. Não sabia se devia ficar de olho em Jungkook ou em Clarice. A tarde já estava quase no fim, e a menina ainda não tinha ido ver o rapaz, então eu decidi ir até a casa de Mary. Segui o caminho que fiz poucas vezes mas que já conhecia o suficiente.

    Assim que cheguei perto da casa, Mary apareceu na porta enquanto Clarice descia o morrinho toda feliz e parecendo não se importar enquanto sua mãe falava pra ela não atrapalhar Jungkook e não demorar pra voltar. Resolvi seguir a menina que agora refazia o mesmo caminho que fiz minutos atrás. Quando ela estava quase saindo do caminho das árvores, parou de andar quando o senhor Kim apareceu. Ele se aproximou todo sorridente lhe oferecendo um pirulito e conversando com ela, Clarice aceitou e estava pronta pra seguir caminho quando o homem a pegou nos braços.

    Eu olhava a cena sentindo meu coração doer, Clarice começou a espernear tentando se soltar, e eu não podia fazer nada. Meus olhos ardiam carregados de lágrimas. Senhor Kim a levou até um dos estábulos que não estava sendo utilizado na propriedade da minha família. Lá meu pai já estava esperando. Clarice parecia estar tão assustada e com tanto medo que não conseguia nem gritar mais, só as lágrimas molhavam seu rosto, e quando me dei conta eu já chorava junto com ela.

    Agora eu entendia porque ela dizia que só queria ir encontrar com Jungkook mas prenderam ela em um lugar escuro e fechado. Meu peito chega doía. Sai dali correndo a procura de Jeon, e o encontrei fazendo o mesmo trabalho de sempre, então esperei e o segui para todos os lados, mas pelas próximas longas horas nada aconteceu. Eu já não sabia mais o que esperar ou o que fazer.

    Vendo que nada acontecia, resolvi ir até minha casa, assim coloquei os pés lá o cheiro de comida invadiu meu olfato. Entrei na cozinha vendo minha mãe ajudando Mary a terminar de preparar o jantar, mas a empregada parecia um pouco perdida. Franzi o cenho achando estranho aquela cena, que logo terminou em uma tigela de vidro espatifada no chão.

 

-Meu Deus Mary, você está bem? – mamãe se abaixou pra ajudar a limpar a bagunça.

-Estou sim senhora. – ela respondeu, mas parecia não estar prestando atenção.

-O que aconteceu? – meu pai entrou na cozinha.

 

    Minha mãe explicou o que aconteceu enquanto Mary mantinha a cabeça baixa. E foi ai que a minha ficha caiu, ela já tinha dado falta da Clarice.

 

-Está tudo bem Mary? Aconteceu alguma coisa? – Bernard se aproximou dela afagando seu ombro. Só de olhar a cena fez meu sangue ferver. Monstro.

-É a Clarice, ela já devia ter vindo pra cá, mas até agora não apareceu. – a empregada respondeu com a voz embargada.

-Será que ela não foi pra casa? – minha mãe perguntou com uma voz mansa, talvez pra tentar acalmá-la.

-Não tem ninguém lá senhora, ela não iria ficar pro lado de fora. – fungou.

-Talvez ela tenha se perdido no caminho? – mamãe perguntou e Mary negou com a cabeça.

-Onde ela foi Mary? Com quem ela estava? – meu pai perguntou como se estivesse preocupado. Isso fazia parte do plano.

-Ela disse que iria encontrar com Jungkook. Mas ele sempre trás ela no mesmo horário. – Mary limpou as lágrimas que caíam.

-Tudo bem, eu vou reunir algumas pessoas e vamos procurar pela Clarice, se não a encontrarmos vamos até Jungkook.

 

    Minha mãe e Mary apenas concordaram e meu pai saiu. Eu sentia vontade de gritar, espernear pra que todos ouvissem que isso era tudo armação, mas ninguém iria me escutar. O desespero começava a tomar conta de mim. Sai correndo de volta para o haras da família Jeon, a casa estava vazia, comecei a procurar pelos pastos até que encontrei Jungkook em um dos estábulos que estava em construção, ele ajudava um capataz com a pintura. Estava todo sujo de tinta vermelha. Isso não iria ajudar.

    A partir disso as coisas aconteceram muito rápido, algumas horas se passaram parecendo minutos. Jungkook estava saindo do estábulo quando deu de cara com aquela multidão parada ali na frente dele. Ele olhou todo mundo de maneira confusa, não fazia a menor ideia do que estava acontecendo.

 

-Onde ela está Jungkook? – meu pai andou alguns passos a frente dos outros.

-Quem? – ele perguntou ainda de maneira confusa – O que está acontecendo?

-Clarice. Onde ela está? – Bernard perguntou novamente.

-Eu não a vi hoje, deve estar com a mãe dela. – respondeu se aproximando mais das pessoas. Por favor não faça isso. – era tudo que eu conseguia pensar.

-Clarice sumiu. Passamos as últimas horas procurando por ela, e Mary disse que ela saiu pra encontrar você. Então, onde ela está? – a voz do meu pai saia como se ele realmente estivesse preocupado.

-Como assim Clarice sumiu? – Jungkook arregalou os olhos – Eu juro que ela não veio até aqui hoje!

-Ela sempre está com você Jungkook. – Gregory saiu do meio das pessoas ficando perto do meu pai – Então é melhor dizer logo onde ela está.

-E o que é isso vermelho ai na sua roupa? – Eric também se pronunciou.

-O quê? Isso é tinta. – ele fez cara de incrédulo – O que vocês estão insinuando?

 

    O burburinho entre as pessoas logo começou, todos iam pelo o que meu pai e os sócios dele insinuavam. Jungkook ia recuando aos poucos conforme a multidão ia se aproximando dele gritando enraivecidos coisas que jamais seriam verdade. Meu coração ia se apertando cada vez mais.

 

-Meu Deus, eu jamais faria uma coisa dessas com a Clarice, vocês são loucos! – Jungkook gritou – Eu passei o dia aqui no haras. Pergunte aos meus funcionários!

-E quem garante que eles não são seus cúmplices? – senhor Kim o encarou – Clarice vinha até você, e vocês passavam horas longe das vistas de todo mundo!

-O que? Não! – o olhar de Jungkook, desesperado, vagou entre a multidão e parou em Mary, que eu nem tinha percebido que estava ali.

-Por favor Jungkook, me diz onde ela está! – as lágrimas quase impediam a empregada de falar.

-Mary, você sabe que eu nunca faria mal a Clarice! – a esse ponto nem Jungkook conseguia mais conter as lágrimas.

-Eu só quero minha menina de volta. Por favor, diz onde ela está e que você não fez mal a ela!

 

    As palavras de Mary foi o estopim para as pessoas que estavam ali. Como um bando de urubus eles foram todos de uma vez pra cima de Jungkook. Eu não fazia ideia de onde tinha saído tanta gente. Talvez a notícia do sumiço de Clarice tenha se espalhado, não sei, mas estavam todos ali, agredindo uma pessoa que não teve chance de se explicar ou se defender. A maioria se deixaram levar pelo o que ouviram, todos viam Jungkook com Clarice diariamente, mas por algum motivo não souberam separar as coisas quando mais precisavam.

    Eu me ajoelhei no chão, chorando enquanto via a cena. Jungkook gritava pra que parassem, mas ninguém ouvia. Os gritos eram de que ele era culpado, de que aquilo na roupa dele era sangue, que ele tinha se aproveitado de Clarice desde sempre. Eu não conseguia mais escutar aquilo, meu coração agora parecia sangrar de tanta dor que sentia ao ver tudo. Eles declararam o culpado sobre influência.

    Um pouco mais longe dali, na entrada do haras o carro do senhor Jeon estacionava, e logo o homem veio correndo pra ver o que estava acontecendo em sua propriedade, e logo o desespero o alcançou quando viu a situação do filho. Ele gritava perguntando o que estavam fazendo, tentava entrar no meio de todo mundo pra tirar Jungkook dali, mas de nada adiantava. Vi meu pai e o senhor Kim se aproximarem dele, mas não pude ouvir o que falaram.

 

-Morte ao culpado! – alguém gritou do meio daquele tumulto. Me levantei num pulo com a visão embaçada por conta das lágrimas.

-Meu filho não fez nada, por favor, parem com isso! – senhor Jeon gritou, já também tomado pelas lágrimas.

-Então vamos Jungkook, diga onde está Clarice, ou o corpo dela! – assim que ouviram o que meu pai disse, voltaram a gritar feito loucos.

-Eu… eu já disse que não… não sei onde ela está. – Jungkook estava caído no chão, todo machucado e sujo de sangue.

-Então não nos resta mais nada a não ser fazer justiça. – verbalizou o senhor Kim.

 

    Como mágica, eles acenderam uma fogueira improvisada usando a grama do pasto mesmo. Me levantei desesperada correndo em direção a Jungkook, gritando seu nome, mas assim que o fogo ganhou mais intensidade, eu acordei.

 

    Sentia meu coração batendo rapidamente enquanto eu soluçava entre as lágrimas que encharcavam meu rosto. Sentei na cama olhando para os lados até encontrar Jungkook. Ele se ajoelhou perto da cama e eu engatinhei até ele, me jogando em seus braços e chorando ainda mais.

 

-Me desculpa por ter que fazer você ver isso. – me apertou em seus braços – Me desculpa.

 

    Eu não conseguia responder, só soluçava ainda mais forte. Jungkook me pegou no colo e se deitou comigo na cama enquanto tentava me acalmar. O que demorou longos minutos, ou horas, não sei.

 

-Está tudo bem agora, bonequinha. – afagou meus cabelos.

-Como você ainda pode sentir alguma coisa por mim depois do que o meu pai fez com você? – solucei.

-Você não teve culpa de nada Holly. Seu pai tem que pagar pelo crime que ele cometeu. – sua voz soou calma – Eu nunca sentiria raiva ou culparia você por isso.

-Mas eu me sinto tão culpada que meu peito chega dói! – me encolhi em seus braços, me segurando pra não chorar novamente.

 

    Jungkook não respondeu, apenas me abraçou mais forte tentando me reconfortar. Era eu que devia fazer isso com ele, devia pedir desculpas, mas tudo ainda era tão inacreditável, que eu só sentia vontade de sumir.

 

-O que aconteceu depois? – perguntei depois de alguns minutos em silêncio, e Jungkook respirou fundo antes de começar a falar.

-Tentaram convencer meu pai de que eu era culpado, e dias depois ele foi embora da cidade. – começou – Clarice voltou pra mãe dela, mas Bernard contou a verdade e ameaçou Mary caso ele falasse alguma coisa, o que ninguém esperava era que a menina fosse sentir tanto a minha falta a ponto de ficar doente, e foi isso que ocasionou a morte dela. – deu uma pausa respirando fundo – Quando Clarice reapareceu sua mãe começou a questionar teu pai, e foi como ela descobriu a verdade meses depois, quando ela já estava grávida de você. Eu acompanhei tudo Holly, seu nascimento, sua infância… tudo. O câncer que a senhora Miller teve foi por conta da mágoa, raiva e tudo mais que ela começou a sentir depois que descobriu a verdade.

-Como todas aquelas pessoas se deixaram ser influenciadas daquele jeito? – senti minha garganta se fechar novamente – Eles não deram chance pra você se explicar.

-A notícia do desaparecimento de Clarice se espalhou rápido. Sherwood não era tão grande naquele tempo. – a voz de Jungkook saia tão calma, me fazendo perguntar como ele conseguia isso – Bernard deve ter feito as pessoas procurarem por horas, e isso deve ter deixado todo mundo frustrado, então quando acharam alguém pra culpar…

-E a polícia? Por que ninguém fez nada? Ninguém apareceu pra te ajudar? – funguei.

-As coisas não funcionavam assim naquele tempo Holly. Pra uma cidade independente que surgiu praticamente do nada, as coisas eram resolvidas por quem tinha mais poder entre as pessoas, que no caso era o meu pai, mas como ele não estava na hora…

 

    Como uma cidade assim conseguiu crescer? As pessoas que ajudaram a fazer aquilo são as que não tocam nesse assunto hoje, elas carregam a culpa por terem feito mal a uma pessoa inocente.

 

-Como reagiram quando Clarice reapareceu? – perguntei.

-As pessoas foram atrás do seu pai, que contou a história de que não perdeu a esperança e continuou procurando por Clarice até encontrá-la. Tenho certeza que nem todos acreditaram nisso, mas o estrago já estava feito. – Jungkook suspirou – Foi nesse momento também que o seu pai e os sócios dele aproveitaram pra falar sobre as mudanças que fariam na cidade.

 

    Eu não podia, não conseguia descrever o sentimento que era ser filha de alguém que foi capaz de fazer isso. Namjoon acredita que seu pai é inocente e que foi manipulado pelo meu, quando na verdade foi o senhor Kim que deu a ideia e ainda pegou a Clarice.

 

-Acho que no meio disso tudo uma pequena coisa boa aconteceu. – me afastei de Jungkook me sentando na cama e o encarei – O desejo da minha mãe se realizou, eu conheci você. – ele sorriu, mas eu soltei um suspiro triste – Mas o que vamos fazer agora? Você não está mais… você não é mais... – eu não sabia como falar isso, era tão absurdo e doía tanto – O que vai acontecer com você depois que eu te ajudar? Depois que estiver tudo resolvido?

-Eu não sei Holly. Mas eu estou aqui e agora. – ele se aproximou segurando meu rosto entre suas mãos e me beijou – A gente pensa nisso depois, agora você precisa descansar, já viu muita coisa por hoje.

 

    Jungkook me puxou de volta pra deitar entre seus braços e sobre seu peito. Eu não conseguiria descansar tão cedo, não depois de tudo o que eu vi, não depois de saber que o que aconteceria com a gente depois de tudo, ainda era incerto.

(notas finais, por favor!)


Notas Finais


Música -> https://www.youtube.com/watch?v=YaXqFUQQglE

Olha, eu não sei nem o que falar, to bem sad :c
Mas sempre bom lembrar que isso aqui é uma história e que a gente aqui NÃO apoia nenhum tipo de violência.

Pra amenizar o clima desse cap, eu escrevi uma oneshot bem gostosinha de ler, com o Jimin, se vocês puderem dar uma olhadinha, eu ficaria muito feliz <3
https://www.spiritfanfiction.com/historia/aqueles-dias-14265284

Já sabem, né chuchus? Se leu até aqui e gostou, deixe um comentário me contando o que achou <3

Até semana que vem <3


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