1. Spirit Fanfics >
  2. Fearless >
  3. XIX - Standig In The Dark

História Fearless - XIX - Standig In The Dark


Escrita por: Haroldinha

Notas do Autor


Hum, então... Esse é o momento que eu me sinto infinitamente envergonhada por ter ficado QUASE UM MÊS sem postar. Olha gente, eu odeio ter que ficar dando desculpas aqui, mas as coisas andam complicadas pra mim. Minha professora de português anda impossível nesse último mês, e ela todo santo dia dava um dever pra casa, e geralmente eram redações, então essas redações tomavam boa parte do tempo que antes eu usava pra escrever. Mas o pior foi que eu descobri ter um pequeno problema de visão, e eu vou ter que usar óculos porque não consigo fiar mais de dez minutos olhando pra tela do computador, e sempre acabo ficado com dores de cabeça insuportáveis. Eu demorei mais pra digitar o cap do que pra escrever.
Não me trucidem, ok? Eu realmente estive muito atarefada esse mês.
Desculpas à parte, vamos ao capítulo, que também ta enorme, mas eu gostei desse.
Música tema é de uma banda que eu sou muitíssimo fã e os integrantes são divosos.
Lawson - Standing In The Dark (link nas notas finais)
Espero que gostem, perdoem os possíveis erros, tenham um boa leitura e espero que fiquem curiosas!
P.S: Fiquei devendo alguns chicletes do Ben 10 por causa do capítulo passado. Papai noel leva pra vocês, tá?

Capítulo 19 - XIX - Standig In The Dark


“Época triste essa em que nós vivemos: é mais fácil quebrar a estrutura de um átomo do que a estrutura de um preconceito.” – Albert Einstein

 

Manhã de 09 de Janeiro de 2013

- Hum – Victória resmungou. Um barulhinho ao longe incomodava seu sono. Aos poucos foi ficando consciente, percebendo que o barulho vinha de seu celular.

Tinha esquecido de desativar o despertador.

Resmungou algumas vezes, rolando de um lado para o outro. Os fracos raios de luz começavam a ultrapassar o vidro da janela e a cortina, clareando boa parte do quarto e logo alcançaram a cama e o rosto da garota, fazendo-a se cobrir até a cabeça com o edredom. Embora soubesse que não conseguiria voltar a dormir, sabia que era cedo demais para levantar.

O frio que normalmente fazia pelas manhãs sempre contribuía para fazê-la ficar minutos desfrutando do calor das cobertas antes de levantar, visto que Victória sempre esquecia de ligar o arcondicionado antes de ir dormir.

O relógio do celular marcava 7:15 a.m, ou seja, cedo demais para alguém que precisava ir gravar apenas pela tarde.

Espreguiçou-se, sentindo os pêlos do corpo eriçarem-se ao destapar parte de si, e junto com o arrepio veio uma sensação incômoda, uma sensação estranha. Mas não havia nada de errado, nada de anormal, há não ser por estar se sentindo estranhamente observável.

Não era a primeira vez que aquilo acontecia, como se uma presença oculta a observasse atentamente.  Tanta coisa anormal já havia acontecido consigo que, sinceramente, ter lampejos de supostas coisas aparentemente sobrenaturais já não era algo preocupante. Na realidade, adoraria poder estar em um tipo de seriado sobrenatural e receber a visita de sua mãe, daquela mesma forma que a garota jurava já ter visto a mãe no reflexo do espelho. Seria doideira? Para ela não. Mas ainda assim se sentia incomodada com aquelas sensações.

Algo em seu íntimo dizia que o melhor a fazer era deitar-se novamente e mergulhar em mais um sono gostoso, envolto por cobertores aconchegadamente quentes e sonhos, do que levantar e sair.

Por que sair hoje? Ta tão frio lá fora... Bom mesmo é ir pegar algo pra comer e ligar a televisão pra ver algum seriado, ou até mesmo pra ver desenho animado. Bob Esponja seria uma boa... – Sorriu com o pensamento.

Mas... Podia até ser cedo demais, contudo, tinha firmado um compromisso, ou melhor, tinha assinado um contrato no qual lembrava perfeitamente da pauta que dizia que faltas só são aceitáveis se forem por motivos médicos ou outras divergências que pudessem ser comprovadas. Inaceitável seria se Victória faltasse ao trabalho e dissesse que seu subconsciente preguiçoso a aconselhou a dormir ao invés de cumprir seus deveres.

Jogando os pensamentos negativos para longe, calçou as pantufas e deu uma passadinha no banheiro antes de sair do quarto rumo ao andar térreo, mais especificamente à cozinha onde, provavelmente, Annabeth estaria tomando café. A mãe de Arthur fazia questão de, matinalmente, fazer a primeira refeição do dia com os empregados. Ela era uma patroa que gostava de interagir.

Encolhendo-se de frio, Victória distribuía sorrisinhos em forma de comprimento aos empregados que passavam até enfim chegar à cozinha e se surpreender ao ver que, milagrosamente, Christopher fazia companhia a esposa, ambos com caras de quem recém acordou, e era impressão dela ou o rígido diretor comia... Cereal com leite?

- Bom dia – Disse assim que se aproximou da mesa.

- Bom dia, querida – Annabeth sorriu, mostrando que nem uma manhã fria abalava seu bom humor matinal. – Sente-se para tomar café conosco.

- To com fome não – Torceu o nariz, mas sentou-se na cadeira mais próxima, na diagonal dos dois, pegando apenas um pãozinho do cesto no centro da mesa. – E Arthur?

- Ele foi até Bradford buscar o histórico escolar – Disse Annabeth. – Só volta pela tarde.

- Como vou ir até os estúdios então?

- Se não demorar muito para se arrumar pode ir comigo – Christopher sugeriu, fitando a roupa dela de um jeito cético.

Victória olhou para si, vendo seu “pijama”; uma calça de moletom larga e uma blusa branca de mangas compridas igualmente largas.

- Hoje eu só gravo à tarde, esqueceu? – Disse ainda mais cética.

Christopher apenas assentiu.

- Só pegar um taxi e pronto – Annabeth finalizou.

A loura deu de ombros, mordendo o pão. Queria muito rir e comentar o quanto era surpreendente ver Christopher comer cereal, mas se aguentou.

- Victória – Annabeth tornou a falar. – Eu e Christopher conversamos sobre uma possível volta sua à escola, mas antes precisamos saber qual era a sua situação escolar antes de sair do internato.

Os olhares se voltaram para ela, que de um minuto para outro mudou de expressão. Voltar a estudar? Oh, não!

- Bem... – Pigarreou. – No internato eu cursei o primeiro e segundo ano do colegial. Se eu tivesse continuado lá faria o último.

Ela preferiu não omitir, apesar de não querer saber de escola.

- Então, acho que poderia ir à escola pela manhã e à tarde ficaria para as gravações. Porém, Christopher discorda de mim.

- Obviamente – Christopher disse. – Se Victória começasse a estudar, atrasaria totalmente as gravações – Ele argumentou. – Gravar pela manhã é essencial, e sem Victória não teria como. Sem falar que, formular um novo horário está fora de cogitação, porque temos tempo limitado devido a turnê dos rapazes. Precisamos terminar as gravações até a data estipulada.

- Entretanto... Queremos saber a sua opinião em relação a isso – A mais velha concluiu.

Victória comprimiu os lábios.

- Minha opinião? – Encolheu os ombros, não sabendo o que dizer. – Eu sinceramente não sei. Quer dizer, eu não sei nem o que vou estar fazendo amanhã, então não posso dizer muita coisa, mas também não posso esquecer que tenho um contrato assinado firmando compromisso com o seriado, então...

Ela deixou a frase no ar e deu uma mordida no pãozinho para não manter o contato visual com Annabeth, que era a mais insatisfeita com a resposta. De fato não era a resposta que a mais velha esperava. Mas veja bem, Victória estava sendo sensata, pois até então ela estava se dedicando às gravações, e se retornasse à escola, consequentemente teria a responsabilidade dobrada, e ela conhecendo-se do jeito que se conhecia, sabia que tentar conciliar não resultaria em boa coisa, pois se dedicaria mais a um e menos a outro. Era fato.

- Bem, para um bom entendedor, meia palavra basta – Christopher soou divertido. – E convenhamos que Victória tem futuro, isso se investir na carreira artística. O estudo não é tão essencial se a escolha for essa.

Christopher triturou mais uma colherada de cereal com os dentes, afinal, era o único satisfeito, pois Annabeth não havia gostado da ideia da sobrinha não terminar o colegial, e Victória, por sua vez, se sentia mal por estar contrariando a vontade da tia.

- O senhor ta mesmo comendo cereal? Com leite? – A loura não aguentou mais e deixou escapar. – Quantos anos o senhor acha que tem?

- Isso tudo é vontade de comer o meu cereal? – Christopher caçoou. – Fique bem longe do meu Froot Loops, heim?

A loura não conseguia não achar engraçado o fato de ter um tio de aparentemente quase cinquenta anos que come cereal matinal em casa e no trabalho é um tipo de carrasco.

- O senhor bem que podia me dar folga até tipo umas cinco da tarde, né? Eu to numa preguiça...

- Preguiça não leva ninguém à lugar nenhum, Victória.

- Errado. A preguiça vai me levar de volta pra minha adorada cama – Disse, passando a mão na barriga e se espreguiçando.

Annabeth riu.

Ela bocejou diversas vezes antes de levantar, sonolenta. Tinha recuperado um pouco do sono.

- Levante antes do almoço, Victória – Annabeth pediu.

- Aham.

Esfregando os olhos, percorreu o mesmo caminho até chegar no quarto e jogar-se na cama outra vez, enrolando-se nas cobertas e ligou o arcondicionado.

Dormiu, mas seus sonos eram esparsos.  Aquela sensação incomodativa não a deixava permanecer desacordada por muito tempo.

Quando pensou que dormiria por mais de vinte minutos, o celular tocou novamente, mas desta vez já era 9 p.m. Tinha recebido uma mensagem.

“Cadê você, sweet? xx Hazza”

Estreitou os olhos ainda inchados, encarando a tela cintilante do celular. Por que Harry teimava em chamá-la daquele jeito? O difícil mesmo foi escrever com tanta sonolência no teclado touch screen, mas respondeu:

“Hoje só gravo pela tarde, mas te desculpo por ter me acordado a essa hora da manhã”

Antes de pensar em voltar a dormir, esperou pela resposta, que veio rapidamente.

“Oh, foi mal! Nos vemos a tarde então.”

Deixou o celular de lado, e como dizem que dois raios não caem no mesmo lugar, ela não conseguiu nem tirar mais um cochilo. O jeito foi sentar na cama, dar de mãos no controle remoto e zapear canais até achar algo interessante para assistir.

 

 

 

Quase 3 p.m. Estava atrasada. Atrasada demais. Mas também, quem mandou achar outro seriado para se viciar logo quando tinha que ir trabalhar? Grey's Anatomy era sua mais nova paixão.

Apressada, deu a quantia de dinheiro que o taxímetro indicava e saltou do taxi, indo até a porta da recepção o mais rápido possível, encolhendo-se do frio. Devia ter se agasalhado mais.

Foi direto até Liza para pegar o roteiro da próxima gravação, como sempre fazia quando chegava. Se deixasse para pegar no final do dia provavelmente esqueceria.

- Liza, o roteiro, por favor. Mas tem que ser rápido, eu to atrasadona – Disse apressada, olhando para os lados para ver se Christopher estava  por perto. Os dedos tamborilavam na bancada da recepcionista, impacientes, e a garota estranhou a demora. Olhou para frete para encontrar Liza paralisada, encarando-a com os olhos arregalados e parecia assustada. – Ei, escutou o que eu disse?

Ela estalou os dedos para ver se Liza acordava.

- N-N-N-Não! Quer dizer... Aqui esta o seu... O seu... O roteiro. Pode pegar – E jogou o maço de papeis sobre a bancada.

Liza não tinha nem a cumprimentado como de costume, e gaguejou avidamente. Victória desconfiou, porque aquilo era, no mínimo, estranho. Mais uma vez sentiu o incomodo. Porém, a pressa lhe impedia de tentar entender o que acontecia com Liza.

Deu as costas, tendo plena certeza que a recepcionista a seguia com o olhar do mesmo jeito que a recebeu. Balançou a cabeça e continuou a ir pela direção do camarim.

Embora estivesse apressada, não deixou de distribuir vários “boa tarde” para quem passava, mas a questão era que ninguém a retribuía. Ninguém a olhava sorrindo, e sendo observadora como sempre fora, Victória percebeu que na realidade as pessoas não queriam a olhar e faziam questão de abaixar suas cabeças ao passar por ela.

Nas vezes que esbarrou em funcionários, desculpou-se, em vão, pois só recebia indiferença. Parecia que todos tinham medo de encostar nela.

No camarim não encontrou Valerie nem Lou. Estranho.

Largou a bolsa na penteadeira e saiu porta a fora, indo até a sala que o elenco costumava se reunir nos intervalos. Provavelmente estariam lá.

E de novo, por todo o caminho que percorreu continuou recebendo olhares duvidosos até chegar ao destino em questão. Já começava a se irritar, e a gota d’água foi quando adentrou na sala e os olhares dos presentes ali se voltaram para ela, igualmente assustados.

Mas que diabos estava acontecendo?

Permaneceu calada, olhando seriamente para os rostos conhecidos que teimavam em permanecer fixos nela.

- Até vocês me olhando assim? – Indagou, chateada com a situação. – Isso é algum tipo de trollagem com a novata? Eu não to vendo graça, sinceramente.

Ninguém moveu um músculo sequer.

Do meio do amontoado de gente veio um pigarro, e segundos depois Valerie saiu da aglomeração e foi até Victória. A ruiva parecia tão chocada que seus gestos chegavam a ser meio robóticos, e ela segurou a garota pelos ombros.

- Vem comigo, Victória.

A loura estreitou os olhos, conseguindo lançar um último olhar desconfiado para os outros antes de ser puxada para fora. Valerie a levou para perto do seu camarim, mas antes de chegar lá, parou repentinamente, tornando a encarar ela.

- Valerie...

- Espera – A riuva pediu, engolindo em seco. – Eu to meio chocada, mas preciso que me responda – Ela pigarreou, olhando para os lados. – Você viu o jornal hoje?

Victória balançou a cabeça negativamente.

- Não costumo ler o jornal...

- Hum, certo – Valerie estava inquieta. – Eu não sei como dizer isso...

- Fala, caramba! – Victória quase explodiu de vez.

- Tenta manter a calma, ta?

- Argh! Dá pra ser mais direta? Eu agradeceria...

- É que... – Valerie soltou um gemido esganiçado, fez uma cara sofrida, parecia se esforçar para falar. – Publicaram uma matéria sobre você no jornal – A ruiva foi de uma rapidez anormal e fechou os olhos.

- O que? – Disse quase retoricamente. – Sobre... mim?

- É, foi o que eu disse – Valerie massageou as têmporas. – Só que, eu acho que são coisas pessoais demais...

- Como assim? – Perguntou, já se preocupando.

- Espera. Eu to meio que em estado de choque – Valerie riu sem humor.

E antes que a loura entrasse em completo desespero pela falta de informação, Louis apareceu no início do corredor e correu na direção das garotas. Ele parou, olhando para Victória antes de abraçá-la pela cabeça; daquele jeito Louis-exagerado-porém-dramático-e-protetor de abraçar.

- Oh, Vick – Disse suspirando feito uma garotinha fragilizada. – Não liga pro que tão falando, ta? As pessoas são maldosas demais.

- Louis – A loura choramingou, a agonia só crescia dentro de si. – O que ta acontecendo? Por que todo mundo ta agindo assim comigo? Que merda de matéria é essa que publicaram?

Louis a apertou mais, quase deixando a garota sem ar.

- Alguém futricou a sua via inteirinha – Disse Louis. – Mas fizeram questão de frisar o acidente de carro e a sua, hum... Falta de lembranças.

Victória empalideceu.

Fez Louis a soltar, mas permaneceu imóvel.

- Você sabia disso tudo, Louis? – Valerie perguntou, e ela estava tão surpresa quanto antes.

O rapaz assentiu indiferente, até porque não achava tão absurdo assim o passado de Victória. Quer dizer, para ele, qualquer um estava alheio de sofrer um acidente e, por ventura, também perder a memória e os pais. Nada disso tornava Victória diferente, ela era uma garota como qualquer outra.

Mas infelizmente a grande maioria das pessoas não pensava como ele, e pelo visto, até Liam fazia parte daquela maioria, isso a julgar pelo modo arregalado que ele olhou para Victória quando passava por aquele corredor.

Mesmo estando atordoada, a loura viu que Liam tinha um jornal em mãos, e ignorando os olhares sobre si, tomou o maço de papeis do rapaz à sua frente.

- Não, Victória. Melhor não ler – Louis avisou, tentando sutilmente tirar o jornal das mãos dela.

- Eu quero ver – Disse séria, afastando-se dos demais.

 

Ela era o assunto principal da primeira página. Havia uma foto sua que nem ela sabia da existência, e o título da matéria era “The Dark Past Of Victória Summers”

 

Quem quer que tivesse escrito aquilo não só expôs seus maiores traumas, mas também a fez se sentir um lixo. A garota não sabia ao certo, mas depois de ler as últimas palavras, com os olhos marejados, captou a mensagem geral, que basicamente dizia que ela fora a causa da morte dos próprios pais.

Ela não podia acreditar.

Como alguém podia ter coragem de dizer aquilo a seu respeito? A matéria só a difamava sem um pingo de pena, pelo que ela percebeu com as palavras usadas na matéria, tudo fora feito na finalidade de denegrir sua imagem, pois mentiras foram contadas.

Sem ao menos perceber, as duas primeiras lágrimas escaparam, e logo foram seguidas por outras, que foram impossíveis de controlar.

Então foi para aquilo que ela saiu de casa?

Foi para sofrer acusações caluniosas que ela se envolvera naquele mundo midiático?

Claro, ela sequer imaginava que pudesse ser alvo de coisas do gênero. Mas pensando bem, lá no fundo Victória tinha consciência de que naquele novo mundo, suas fraquezas e medos uma hora seriam usados contra si.

Só não imaginava que isto fosse ser feito tão cedo e de maneira tão cruel.

- Mas por que... Por que isso? – Ela soluçou. – Quem fez isso?

- A gente não sabe – Valerie disse sutilmente, chegando perto da garota, que recuou.

- Me deixem... Sozinha – Balbuciou fracamente, era quase uma súplica na qual os soluços eram maiores do que qualquer outra coisa.

Seus dedos fraquejaram, assim como todo seu corpo, deixando que as diversas folhas de jornal caíssem no chão. O camarim estava perto, foram precisos apenas alguns passos para chegar até ele. Victória tinha o rosto tomado pela umidade das lágrimas e os borrões pretos do rímel escorrido dos cílios a deixavam em um estado ainda mais calamitoso

Querendo ficar o mais escondia possível, ela foi para o pequeno vestiário. Encostou a porta e escorregou as costas pela parede até chegar no chão, abraçando os joelhos. Não queria ver ninguém, não queria falar com ninguém, porque sabia que estava sendo digna de pena.

Naquele momento ela queria nunca ter existido.

 

 

Dos presentes do lado de fora do camarim e parados em frente à porta, ninguém tinha coragem de entrar e ver como a garota estava, visto que não se ouvia um ruído sequer vindo da parte de dentro e Victória já estava lá há aproximadamente vinte minutos.

- Isso é tão surreal – Valerie disse com o olhar vago. – Eu não podia imaginar que Victória era...

- Deixa de ser preconceituosa, Valerie – Niall praticamente ralhou. – Eu e Louis já sabíamos disso, mas nem por isso tratamos ela de outra forma. A falta de memória não torna ela diferente.

Valerie fez bico, cruzando os braços.

- Eu não sou preconceituosa – Ela retrucou. – Também to preocupada. Victória é minha amiga, ta?

- Então por que não entra aí logo?

- Quem tem que ir falar com ela é o Zayn, oras...

- Por que o Zayn? – Liam se intrometeu na discussão e olhou seriamente para Valerie.

Ela por sua vez encarou Niall, engolindo em seco e descruzou os braços de forma nervosa.

- Porque... Ele conhece ela há mais tempo – Contornou fingindo dar de ombros. – Louis, vai chamar o Zayn.

- Por que eu?

- Rápido, Louis!

Contragosto, Louis foi na direção do camarim do amigo que até então não havia dado as caras.

Enquanto eles não retornavam os demais ainda comentavam. Pouco tempo depois quase o elenco todo se encontrava naquele corredor, e da boca de alguns saíam comentários até mais maldosos do que a própria matéria do jornal.

Quando Louis chegou com Zayn, Valerie deu a ele o jornal sem ao menos o rapaz dizer nada. Até porque ninguém ali saberia explicar a ele então era melhor que ele visse com os próprios olhos.

- O que? – O moreno esbravejou, incrédulo. O olhar que estava nas folhas se ergueu, encarando quem estava em seu campo de visão. – Victória viu isso?

- Viu sim – Niall coçou a nuca. – Ela ta enfiada no camarim há um bom tempo, e ela tava chorando.

O moreno suspirou, fechando os olhos por dois segundos.

- Não deviam ter deixado ela ver – Disse pausadamente. – Mas que droga!

Primeiro, ele forçou a maçaneta, e vendo que estava aberta Zayn entrou de supetão, não deixando que mais ninguém entrasse. Não encontrou Victória ali, então foi para o banheiro, também não obtendo sucesso. A porta do vestiário estava entreaberta e com a luz acesa, e não a vendo em canto algum, Zayn foi até lá em passos cautelosos.

- Tori? – Não houve resposta, mas continuou a se aproximar.

O rapaz olhou pelo vão da porta, constatando que ela estava ali, e entrou, vendo-a por completo no mesmo instante que sentiu o coração apertar. Ela estava com as pernas esticadas no chão, um braço sobrepunha o outro e estavam apoiados nos joelhos, seus cabelos louros caíam por ambos os lados do rosto da garota e ela olhava fixadoramente para algum ponto no chão.

Victória ergueu a cabeça até estar olhando para cima, diretamente para o rosto de Zayn, e ele viu pelo olhar derrotado da garota que ela já não tinha lágrimas para derramar.

Vê-la chorar era o ponto de angústia do moreno, deixava-o sem chão e completamente sem ação. Era como se o fracasso dela fosse o fracasso dele, se a tristeza dela fosse a tristeza dele. A dor dele era vê-la sofrendo.

Tudo o que acontecia com ela refletia nele de uma forma tão grande. De um jeito inexplicável, eles eram interligados tanto física quanto emocionalmente.

A ruína dela era a derrota dele.

- Tori – Zayn chamou, abaixando-se ao lado dela.

Victória balançou a cabeça de um lado para o outro, e quando olhou novamente para o moreno, mordeu o lábio para evitar que um soluço escapasse.

- Você viu? – Ela disse, umedecendo os lábios. – Por que fizeram aquilo? Eu... Não entendo. Por que as pessoas gostam de expor as fraquezas dos outros? Qual é o prazer que sentem em rir da cara dos outros?

- Esquece isso, Victória – Zayn sussurrou, chegando mais perto dela. – Já passou – O rapaz já estava sentado ao lado da garota, e afagou os cabelos dela, aproximando gentilmente o rosto de Victória a seu peito, fazendo-a repousar a cabeça ali. Ela o olhou por meros segundos, os olhos inchados, e deixou-se acolher pelos braços dele. – Levantar a cabeça e seguir em frente, Tori. Sua mãe sempre dizia isso.

- Seguir em frente quando todos te olham estranho como se fosse um alienígena? Meio difícil...

- Eu acho que você já é bem experiente em enfrentar coisas difíceis – Ele disse sugestivamente, e Victória soltou uma risada nasal. – E também acho que você deve concordar que esse chão é gelado demais pra gente ficar sentado nele. Quer tal levantarmos e...

- Não quero sair daqui – Victória apertou a costa da mão de Zayn.

Entendendo o pedido silencioso dela, o rapaz não quis insistir. Recostou as costas da forma menos incomoda na parede e ali ficou, estranhando que nenhum de seus curiosos parceiros foi se intrometer, mas por um lado era bom, visto que tumulto e olhares tortos era o que Victória menos precisava.

Estar se certificando que Victória estava bem não era lá um sacrifício, tanto que nem tinha percepção do quanto de tempo foi gasto. Estava deixando de gravar, e na realidade não se importava. O ocorrido certamente era mais preocupante do que um atraso de gravação que poderia ser recuperado depois.

Uma ou duas vezes Zayn viu Victória levar a bombinha de ar à boca, o que fez ele concluir que as crises de asma da garota aconteciam quando ela chegava ao seu extremo de stress e as crises de choro que vinham junto pioravam a situação. Contudo, a tensão eminente no corpo da garota foi, aos poucos, se transformando em exaustão, assim pesando seus músculos, as pálpebras e naquele meio tempo ela se rendera e adormeceu.

Era um ponto a mais para Zayn, que quando percebeu a inconsciência dela, pôde pegá-la no colo de modo que não a fizesse acordar e se dirigiu a saída. Não aguentava mais aquele chão gelado que deixou as nádegas dormentes.

Logo que abriu a porta com um certo esforço, deu de cara com os mesmos rostos, que o encararam igualmente espantados.  Pôs o dedo indicador em frente aos lábios, pedindo por silêncio ao mesmo tempo que Victória se remexia sem seus braços.

- Preciso que alguém venha comigo pra abrir a porta do carro – Sussurrou.

Liam tomou frente, assentindo.

- Mas Zayn, a gente tem duas cenas pra gravar agora – Jasmine argumentou, e para alguns o tom de cobrança da garota foi bem notável.

Mas Zayn ignorou Jasmine.

- Vou levar Victória pra casa.

Enquanto caminhava pelos corredores, via que as pessoas realmente pareciam ainda mais incrédulas ao verem Victória em seus braços. Achava ridículo todo aquele preconceito que pesava no ar.

Liam o ajudou bastante com o simples gesto de abrir a porta do carro, e Zayn pôs a garota nos bancos traseiros, sempre tomando muito cuidado.

- Valeu, bro – Zayn agradeceu, dando alguns tapinhas no ombro do amigo.

Liam assentiu e sabendo que Zayn queria sair dali logo, voltou para dentro dos estúdios.

O moreno tateava o bolso a procura da chave que ligava o carro e ao mesmo tempo se certificava de que a loura estava bem deitada nos bancos. Ela ainda dormia e aparentava de maneira serena que não acordaria tão cedo.

Pôs o cinto de segurança e pisou no acelerador.

***

- Oh, meu Deus! O que houve com minha sobrinha? – Annabeth teve a reação que Zayn imaginou que ela teria ao vê-lo carregar Victória assim que a mais velha abriu a porta.

Imediatamente ela gesticulou para que Zayn entrasse e assim ele fez, com Annaberh em seu encalço.

- O que aconteceu, Zayn?

- Calma, Victória ta bem – Ele disse. – Não tão bem assim, mas bem. Quer dizer, fisicamente bem, mas de resto... Não ela não ta bem e... Ah, esquece! Onde fica o quarto dela mesmo?

- Lá em cima – Annabeth balbuciou, ainda encarando a garota.

Zayn subiu pelos degraus da escada lenta e cuidadosamente até chegar em frente à porta do quarto que recordava ser o dela. Sendo sorte ou não, o barulho de outra porta não tão longe se abrindo foi ouvido e na sequencia a voz preocupada de Arthur perguntou a mesma coisa que Annabeth.

- Me ajuda aqui, Arthur – Ele primeiramente pediu. As forças começavam a se esvair devido ao tempo que carregava os quarenta e oito quilos de Victória.

A cama estava toda desarrumada, mas nada que impedisse de ser usada e Zayn largou a garota sobre o colchão. Ela se remexeu um pouco, achando uma posição confortável e continuou a dormir.

- Explica – Arthur sibilou, lançando um olhar de cobrança para o moreno.

Pelo visto Arthur não havia lido o jornal, o que não era nenhuma surpresa porque ele nunca fora um amante da leitura.

Sabendo que ele não reagiria tão bem, Zayn conduziu Arthur para fora do quarto e juntos desceram a escada, encontrando Annabeth andando de um lado para o outro, apreensiva.

- Olhem o jornal – Disse, somente.

Nada melhor do que a verdadeira fonte para dar a completa explicação que os dois queriam.

Eles leram a matéria fazendo caras apavoradas.

- Ah, não – Arthur pôs a mão espalmada da testa. – Não pode ser!

Zayn suspirou.

- Agora já foi. Todo mundo sabe de meia verdade – Ele disse com sensatez. – Tenta não deixar ela muito tempo sozinha, e se possível, repita inúmeras vezes aquilo que a tia Susan dizia pra gente. Talvez amenize o impacto disso tudo. Funcionava com a gente...

Ambos sorriram. Susan, a mãe de Victória, sabia levantar o ânimo das pessoas com aquela mesma frase.

- Sei o que fazer pra animar ela – Arthur lançou um olhar significativo para Zayn, dando certeza ao moreno de que ele ainda sabia usar o cérebro.

- Eu queria ficar, eu devia ficar, mas...

- Você tem que ir gravar. Eu sei, vai lá – Arthur soou compreensivo.

- Ta, eu vou – Zayn estava visivelmente indo contragosto. – Cuida dela, cara.

Arthur revirou os olhos e pôs o dedo indicador na língua, fingindo que ia vomitar com a preocupação exagerada do rapaz.

Empurrou Zayn até a saída e assim que fechou a porta, desatou a correr escada acima, rumo ao quarto.

Ficou meio receoso ao ver que Victória estava acordada. Ela tinha as costas eretas, e olhava sem ânimo para algum lugar.

Arthur caminhou até a cama, sentando ao lado da prima e abraçou-a lateralmente, depositando um beijo na têmpora da garota.

- Vai ficar tudo bem.

 

...Ao mesmo tempo...

- Mas não é possível, Niall – Valerie resmungou enquanto era puxada por entre os instrumentos amontoados. – Sério que você pensa nisso com tudo o que ta acontecendo?

Niall olhou cético para a ruiva.

- Com toda a agitação daquela gente, ninguém vai sentir a nossa falta – Disse o loiro. – E você sabe que é difícil despistar todo mundo, então não entendo o porquê da reclamação.

Valerie suspirou derrotada e fez Niall virar-se novamente de frente para si e puxou-o pela gola da camisa. Pararam de caminhar quando estavam atrás de uma pilha de caixas de som que ia até o teto.

As mãos do rapaz foram direto para a cintura da “namorada”, que apesar de ter apoiado os pulsos nos ombros dele, não se aproximou tanto. O ocorrido de mais cedo havia afetado Valerie também.

- Eu to preocupada com a Victória – Ela admitiu. – E se ela não quiser mais voltar? Coitadinha, ela ficou tão...

- Sua pena não vai acrescentar em nada, Valerie – Niall a interrompeu. – Victória vai voltar, e quando voltar, vai precisar de apoio, não de pena.

Valerie fixou os olhos nos de Niall, que em especial estavam em um lindíssimo tom esverdeado, e pareceu ponderar o que o rapaz pontuou.

- É, você tem razão – A ruiva assentiu. – Sem falar que Zayn deve estar cuidando muito bem dela.

Valerie riu divertida e presunçosamente, ao contrário de Niall. Foi a vez de ele ficar sério.

- Ainda não entendi qual é a do Zayn – Ele disse, e percebia-se que ele não achava correto o que Zayn estava fazendo. – Você não acha que ele ta enganando a Tori? Porque eu acho que sim.

- Tori? Que intimidade é essa, Horan?

- Ah não, Valerie. Ciúmes não!

- Ta, me desculpa – A garota apertou os ombros de Niall. – Voltando ao assunto... Zayn gosta da Victória – Ela sibilou. – E a Perrie é... a Perrie. Uma pedra no caminho deles.

Os cantos esquerdos dos lábios do loiro se elevaram e ele semicerrou os olhos.

- Como sabe de quem o Zayn gosta? Fez curso de vidente?

- Mulheres sabem dessas coisas, babe – Disse ela. – Eu, por exemplo, sei que você não vive sem mim.

- Oh, uma vez meu pai me disse que independente do que seja, as mulheres sempre terão razão – Disse sugestivamente. – Foi um conselho verídico pelo que pude perceber agora.

Niall puxou a ruiva, atacando os lábios naturalmente rosados dela com fúria. A intensidade dos beijos do casal era até pouca para eles que estavam há mais de seis meses juntos e podiam se ver no máximo três vezes ao dia e tinham pouquíssimas chances de ficarem a sós.

Paciência. Niall sempre pedia que Valerie tivesse paciência. E ela gostava demais dele para se recusar a atender ao pedido.

Em meio àquele desespero por contato físico que ambos compartilhavam, os aguçados ouvidos do loiro detectaram um barulho suspeito e imediatamente deu uma pausa, para respirar e também para ter certeza de que não estava ouvindo coisas inexistentes.

- Acho que ouvi um baru... – Arregalou os olhos. Tinha ouvido um barulho semelhante, ou melhor, era sim o barulho da porta se fechando. – Tem mais alguém aqui.

- Será?

- Shhh!

Mais alguns barulhos foram ouvidos, e intrigado, Niall se arriscou a dar alguns passos de volta pelo caminho que havia feito até a parte das caixas. Ele segurava a mão de Valerie pelas costas, e a apertou assim que uma silhueta que não soube identificar entrou em seu campo de visão.

Niall recuou rapidamente, com medo que fosse visto.

- Pode falar agora – A pessoa disse, estava perto de Niall e Valerie, e devido a proximidade, a ruiva identificou a voz.

- É a voz da... – Valerie começou, a boca se abriu em uma perfeita circunferência.

- Ta, eu sei que você ta esperando por algum tipo de reconhecimento, mas no momento eu só posso dizer que fez um ótimo trabalho – A terceira pessoa tornou a falar, e riu. – Sério, como conseguiu aquelas informações?

Valerie chiou, e se Niall não estivesse a segurando ela teria feito bobagem, que no caso seria ir tirar satisfação e saber porque ela estava ali.

- Só escuta – Niall sussurrou firmemente.

- Você precisava ter visto a cara daquela idiota – Por algum motivo a pessoa controlava o tom de voz. – Mas nem eu podia imaginar que a sonsa da Victória era desmemoriada. E órfã – Soltou uma risada de escárnio. – O único problema é que o Zayn ficou todo preocupadinho e foi levar ela em casa. Mas isso eu posso resolver. Aquela loura sem graça não dura muito tempo aqui. Se depender de mim, ela nunca mais volta.

Niall ficou chocado com o que ouviu. Porém, a conclusão que formou em relação aos últimos acontecimentos foi ainda mais arrepiante.

- Foi ela, Niall – Valerie disse o mais baixo possível, e trincou o maxilar, enraivecida.

- Fica tranquilo, você receberá seu pagamento logo logo – A voz novamente. – Agora preciso ir. Tenho que ir gravar.

Valerie não se controlou e inclinou o corpo, assim vendo os cabelos esvoaçados de Jasmine quando ela saiu do depósito de instrumentos.

- Eu. Não. Acredito – Niall balbuciou. – Eu entendi bem ou...

- Por acaso, nós acabamos de descobrir quem fez aquilo com a Victória – As narinas de Valerie se dilatavam a cada aspirada forte de ar. – A vagabunda da Jasmine queria ferrar a Tori, é óbvio. Foi ela que mandou publicarem a matéria. E algum filho da puta fez o trabalho sujo por ela.

Parecia algo ainda mais inacreditável do que a falta de memória de Victória, mas bem, eram os fatos.

- Mas, por que ela faria isso? – Niall perguntou confuso.

- Isso é fácil – Valerie falava como se fosse óbvio. – Olha só: Jasmine deu em cima de você quando chegou aqui, e como você não deu bola pra ela, ela passou a te odiar. Todo mundo sabe que ela teve um lance rápido com o Harry, e quando ele não quis mais, ela passou a odiar ele também. O alvo dela agora é o Zayn.

A cabeça de Niall girou.

- Pode até ser, mas... Pra ela ter tentado atingir a Tori, significa que ela deve saber que o Zayn ta com ela?

- Provavelmente – Valerie começou a roer as unhas. – A gente precisa contar isso pro Zayn.

- Não! – Niall fez cara feia. – Jasmine se faz de santa na frente do Zayn. Ele não acreditaria.

- E o que sugere que façamos?

- Acho que Harry pode ajudar, porque você sabe, ele também passou a odiar a Jasmine.

Não era a melhor das soluções, mas outra opção eles não tinham.

Antes de saírem do depósito, se certificaram umas cinco vezes de que ninguém os veria, e logo saíram em disparada até o camarim de Harry e por sorte o encontraram lá; como sempre, atirado em seu sofá de couro preto. Ou estava twittando ou postando alguma foto no instagram. Eram os vícios do caçula do One Direction.

- Harry! Harry! – Niall chegou gritando. – A gente precisa... da sua... ajudAHHH necessito de ar. E bacon!

Enfim, quem teve que contar, explicar e dar justificativas falsas para Harry foi Valerie, porque Niall se atracou no bacon do camarim. Harry não cogitou a possibilidade de Niall e Valerie terem entendido mal as palavras de Jasmine, porque ele sabia muito bem como Jasmine era. Mas claro, ele estranhou o fato de Niall e Valerie estarem juntos, e isso, bem, demorou algum tempo para Valerie inventar uma desculpa convincente.

Mas felizmente no final, eles tinham um aliado.

 

- Ah, Jasmine... Se meta com qualquer um, mas não com a Victória – Harry conversava consigo mesmo enquanto ia até o camarim da dita cuja.

Abriu a porta com brutalidade e de imediato avistou Jasmine em frente ao espelho, e ele podia jurar que ela sorria vitoriosa para sua imagem.

- Eu vou dizer só uma vez – Disse com o maxilar trincado, se aproximando da garota, e sem o mínimo de delicadeza, fez ela recuar até bater as costas fortemente na parede. – Você ferrou comigo e com a Ronnie uma vez com essas pilantragens, mas não pense que eu vou deixar fazer de novo, muito menos com a Victória.

De início, Jasmine parecia uma menininha indefesa, mas logo o sorriso carregado de cinismo apareceu em seus lábios.

- Não sei do que você ta falando – Disse simplesmente, ignorando Harry.

- Nessas horas eu gostaria de ser um baita covarde só pra poder dar uns bons tapas nessa sua cara de vadia – Disse com repúdio. – Repito; a Victória não. Escutou?

- Você é daqueles que cospe no prato que comeu. Me chama de vadia, mas há um tempo atrás eu era algo bem diferente, né?

- Cala a boca. O assunto aqui é a Victória.

Jasmine adotou uma postura séria e parou bem em frente ao rapaz, estavam igualmente determinados a intimidar um ao outro.

- Não me diga que também ta apaixonadinho pela orfãzinha? Oh, sinto em lhe informar, mas você também tem um concorrente – Disse cínica. – E olha que coincidência, ele é um dos caras que você diz considerar como irmão.

- Ta falando do que, sua biscate do caralho? – Harry se negligenciou internamente por ter chegado ao ponto dos palavrões.

A questão era que só o fato de estar se dirigindo diretamente à Jasmine já o deixava infinitamente irritado.

- Não seja idiota, Harry – Ela riu na cara dele. – Impossível que não tenha percebido os olhares que Victória e Zayn trocam durante as gravações. Sem falar que eu vi com meus próprios olhos Zayn beijar ela outro dia.

Harry riu sem humor.

- Mentirosa – Disse em um sopro.

Jasmine se aproximou novamente dele.

- Acredite ou não, eu não me importo – Disse cética. – Mas olha, se você ta querendo ela, vá em frente. Eu quero o Zayn, e você estará me fazendo um favor se tirar ela dele. Pensa nisso, ta? Nós dois podemos sair no lucro.

- Eu não quero ela – Harry disse, mas soou tão ridículo aos seus ouvidos. Afinal, se não tivesse um pingo de interesse em Victória, então porque estava a defendendo daquele jeito? – E se eu estivesse, eu jogaria limpo pra ter ela, e não desse jeito que você joga.

 - Ah, Harry, não adianta negar – Jasmine o encarou, com aquela carinha de anjo que enganava qualquer um, menos ele. – Mesmo que negue, nós estamos no mesmo time.

E ela saiu batendo os sapatos de salto com força no chão, deixando Harry sem ação e com os miolos à mil.


Notas Finais


MÚSICA DO CAPÍTULO: http://www.youtube.com/watch?v=dtg-kjLpyj4
Entããao? O que me dizem?
Espero que tenham gostado, e me desculpem pelas palavras feias nas falas do Harry...
Volto a atualizar quando der.
xxx


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...