1. Spirit Fanfics >
  2. Fearless >
  3. XXXI - One of Those Nights

História Fearless - XXXI - One of Those Nights


Escrita por: Haroldinha

Notas do Autor


Hey, como estão?
Dessa vez vamos evitar aquele meu costumeiro discurso de desculpas e ir logo ao que interessa. Depois de todo esse meu tempo sem postar nada, acredito que o que vocês mais queiram ler é o capítulo, não as minhas desculpas.
A música tema de hoje é "One of Those Nights" do Shawn Mendes
Perdoem os erros e boa leitura!

Capítulo 31 - XXXI - One of Those Nights


- Gêmea de aniversário, por que raios você ta aqui parada feito uma estátua de museu? – Perguntou Niall, que acabava de cruzar com Victória.

A garota ainda estava parada no mesmo lugar, com os amigos ao redor, mas nem isso era o suficiente para tirá-la de seu transe repleto de reflexões. Observava aquelas pessoas felizes, dançando, as quais ela mesma não conhecia nem um terço. Entretanto, aquelas pessoas estavam ali, de certa forma, por sua causa. Era aniversário de Victória; de Niall também. Mas, ainda que toda aquela extravagância parecesse desnecessária (era invenção de Arthur, afinal de contas), ela sentia como se fosse simplesmente explodir a qualquer momento, tamanha era sua felicidade e satisfação. Victória estava imóvel sim, com um copo descartável cheio de ponche na mão, e um sorriso inacreditável no rosto.

Tinha recebido tantos abraços, tantos beijos e tantos votos pelo aniversário que valeriam por uma vida toda. E ela sentia-se extremamente grata, mesmo que ainda estivesse processando os fatos. Menos de meia hora atrás ela estava se divertindo em uma pista de cart, e agora ouvia a música retumbar pelo salão principal da mansão dos tios, seu primo saindo da abstinência de festas; tudo isso acontecendo na festa dedicada a ela (e à Niall, não podemos esquecer). Além de que, não querendo soar egoísta, o melhor era que faltava apenas mais alguns minutos para que pudesse ver Zayn. Era a melhor parte, afinal de contas.

Provavelmente, não haveria uma noite tão especial como esta nem em um milhão de anos.

Como não recebeu uma resposta, Niall balançou a cabeça e deixou Victória no mesmo estado, com seu ponche intocado. Porém, foi por conta de seu tempo ali parada que ela viu sua tia Annabeth tentando fazer Christopher dançar; Louis e Liam estavam com as namoradas; Arthur flertando com Ally e até Brand conversava com algumas garotas. Entrando no mesmo clima deles que Victória terminou com a bebida do copo, que por sinal estava muito boa, e logo em seguida saiu a procura de Valerie. Ela desconfiava que o segundo copo que Niall segurava quando passara por ela era para Valerie; eles deveriam estar juntos por ali e ela saiu a procura dos dois, mesmo não tendo muita fé que conseguiria pois eles deviam estar em algum lugar mais "discreto. Mas, por incrível que pudesse parecer, eles estavam mesmo juntos, porém, não escondidos. Victória sorria toda vez que via Niall e Valerie um perto do outro, porque os dois eram definitivamente um casal adorável, e achava injusto que tivessem que se esconder, mas aparentemente tinham decidido ignorar aquela regra por uma noite e estavam perto de uma cabine de fotos instantâneas, onde qualquer um poderia vê-los. Mas honestamente falando, ninguém prestava atenção neles porque a festa em si era a “cereja do bolo”.

- Será que você pode me emprestar a sua namorada um pouquinho? – Ela pediu, educadamente, apesar de saber que interrompê-los não era lá muito educado da sua parte...

Contudo, o fato de Victória ser a “gêmea de aniversário” de Niall estava fazendo o rapaz facilitar as coisas para ela, tanto que o loiro deu um último beijo na namorada e a liberou para sair com Victória; a loura nem sabia ao certo o motivo por querer falar com Valerie.

- Que festão, hum? – A ruiva cutucou Victória com o cotovelo, enquanto ambas serviam-se de mais ponche.

A garota sorriu.

- Algo me diz que você não ter ido até a pista de cart tem a ver com a organização disso tudo... – Victória palpitou, deixando a frase no ar, e Valerie fingiu ponderar um pouco.

- Sabe o que me incomoda em você, Victória? – A ruiva a olhou sério. – É que você tem um primo que tem as ideia mais fodas, mas ele não tem capacidade de por em prática, então é óbvio que sobrou pra mim. Não que eu esteja reclamando, até porque a festa foi o melhor presente de aniversário que eu já dei pro Niall, então não foi nenhum sacrifício – Valerie deu de ombros. – De qualquer forma, se estiver faltando alguma coisa é só dizer, pra eu melhorar na próxima. Se um dia eu perder meu emprego de dançarina posso investir como decoradora de ambientes.

- Eu acho que você tomou ponche demais – Disse Victória, vendo que se deixasse Valerie expandiria tanto o assunto que acabaria entrando em um contexto nada condizente, afinal, refletir sobre empregos não era algo normal de se fazer em uma festa, a não ser que já se tivesse tomado muito ponche. – Mas já que você disse... Eu ainda não vi o Zayn.

O olhar de Victória era do tipo “você pode me ajudar nisso?”, e Valerie gargalhou.

- Ele ta bem ali – Apontou sobre o ombro de Victória, o que fez a loura olhar nada discretamente para onde Valerie indicava. Ela chegou a sorrir desacreditada ao ver Zayn à no máximo quinze passos de distância, e ele ainda a cumprimentou com um gesto de marinheiro.

- Eu não disse? Valerie resolve tudo – A ruiva se gabou.

- Não fale de si mesma na terceira pessoa.

- Valerie fala do jeito que quiser.

- Ok. Valerie não pode mais tomar ponche. Só pode ir dançar com Victória.

Valerie não se deixou ser levada sem tomar o último gole de bebida, antes de ir com Victória para o meio do salão; ambas com o pensamento de, literalmente, se acabarem de tanto dançar.

No entanto, exatamente  duas músicas tocaram antes de tudo parar. As batidas eletrônicas se foram, as luzes de neon se apagaram, dando lugar a uma frustração presente em todos os convidados, principalmente na certa aniversariante que tinha acabado de se animar. A frustração de Victória se foi aos cem por cento quando uma melodia lenta preencheu o salão, pegando todo mundo de surpresa e os fazendo pensar em que merda o dj estava pensando ao colocar uma música lenta para tocar assim de repente.

Mas tudo ficou óbvio quando Arthur apareceu em frente a prima, todo sorridente e, de alguma forma, encorajando todo mundo a realmente levar a música lenta a sério. Sendo assim, não demorou nada para casais serem formados; Arthur deu um abraço de urso em Victória, o que a fez soltar uma risada gostosa.

- Você não existe, Arthur. Não mesmo – Disse a garota.

- Acho que eu pareço bem real... - Arthur fez aquele olhar de falsa modéstia e recebeu um leve beliscão, ao mesmo tempo ambos  finalmente entraram nos eixos, acompanhando o ritmo da música.

O mais importante a ressalvar era que cada vez mais Victória se sentia emocionada e sentimental. Não teria como não se sentir assim. Convenhamos que Arthur poderia – e deveria – estar na companhia de Ally, porque era óbvio que existia algo entre os dois. Mas não. Ele estava ali, com a prima, apesar de estar um pouco bêbado. Arthur era, sem dúvida, o primo que todo mundo quer; o tipo de garoto que conquista todos ao seu redor; e, muito provavelmente, o namorado dos sonhos de qualquer garota.

Victória era sortuda demais por tê-lo em sua vida – ela sabia disso -, ocupando um papel muito maior do que o de primo, mas sim, de um irmão.

Ao som de Mad Sounds, eles dançaram, e fora um daqueles momentos especiais que são tão profundos que os dois só perceberam que a música havia acabado quando alguém esbarrou neles, até porque, a música eletrônica havia voltado. Arthur despediu-se da prima, bagunçando o cabelo dela, para logo depois sair gritando, aloprado.

Victória pensou seriamente em procurar Valerie, para terminarem aquela dança, mas antes que o fizesse, deu-se conta de que já tinha algo programado, e ela devia estar atrasada.

O jardim. Precisava ir ao jardim.

Antes de realmente agir, ela pôs-se a  roer a unha do dedo – Valerie a  espancaria se a visse estragando as unhas. Um sentimento de ansiedade e preocupação tomou conta de Victória, mas no fundo ela esperava mesmo que ninguém desse falta dela. Usando seus talentos cênicos, Victória deu início a sua escapada, e foi saindo de fininho, como se não estivesse fazendo nada além de andar pela multidão.

Ao passar pela longa mesa dos comes e bebes, ela  percebeu um dos vários detalhes da decoração de Valerie. Pendurado na parede na qual a mesa fora encostada estava um quadro, com um retrato de Victória, e repleto de assinaturas no contorno da foto.  Futuramente aquele quadro poderia ocupar um espaço na parede da sala na cobertura, uma lembrança daquela festança toda, mas no momento Victória só conseguiu prestar atenção nas canetas sobre a mesa. Depois de um reflexo meio inconsciente, Victória encontrava-se segurando uma das canetas de glitter que tinha um pompom rosa na extremidade; pegou também um guardanapo grande de papel. Não resistindo, antes de retomar o caminho, deu de mãos em um abandonado e cheio copo de ponche, o qual ela esvaziou rapidinho.

Cuidadosamente, a garota esgueirou-se para fora da casa, rumo ao jardim, fazendo sua melhor atuação para disfarçar a “fuga”. Obviamente, não esperava que Zayn a aguardasse de braços abertos (se fosse o caso, não precisariam estar se escondendo), mas também não esperava que precisasse procurá-lo tanto pelo vasto jardim. Por um momento Victória pensou que tinha se adiantado, ou que Zayn havia se esquecido de tudo, mas ela logo viu indícios de que ele estava por ali.

 

- Fiquei pensando se você queria me ver ou brincar de esconde-esconde – Disse Victória, soando um pouco sarcástica, assim que encontrou o dito cujo – o cheiro de tabaco que Victória havia sentido originava-se do cigarro que Zayn fumava, e mesmo não gostando que o rapaz consumisse aquele produto, ela tentou não se importar tanto e sorriu ao encará-lo. Segurou a mão livre de Zayn, a fim de ir com ele para qualquer parte do jardim que estivesse mais iluminado. Tudo bem que, por enquanto, ninguém poderia vê-los juntos, mas ficar em um canto escuro cheio de mosquitos só para evitar isso parecia um exagero.

Zayn não a questionou quanto ao lugar escolhido por ela – o único balanço de madeira de dois lugares que havia no jardim. Ao invés de ocupar no balanço, Victória sentou no gramado e usou o assento maciço do balanço para apoiar o lenço de papel. Começou a despejar palavras verdes carregadas de glitter no branco do lenço, sequer tendo noção de que tais palavras juntas em frases estivessem fazendo algum sentido. Victória já tinha escrito um bocado de coisas quando enfim deu-se conta de que dava mais atenção aos movimentos de seus dedos do que para Zayn – ele não devia estar entendo nada. Rindo silenciosamente, ela largou a caneta por um momento e se inclinou da direção de Zayn até ter seus lábios encostados nos dele; distribuiu leves beijinhos estalados por todo o rosto dele antes de se afastar minimamente e lhe lançar um olhar de “hey, eu sei que você esta aqui, mas ainda preciso de um minuto”.

Victória ouviu Zayn soltar um risinho ao passo que ela voltou a escrever, mas o rapaz se aproximou um pouco, apoiando o cotovelo no balanço.

- Qual é a desse pompom rosa? – Zayn perguntou antes de arrancar o pompom da extremidade da caneta.

- Isso foi coisa da Valerie. A decoração inteira é coisa dela – Ela respondeu, sem tirar os olhos do que fazia.

- E qual a finalidade de você estar escrevendo tanto com essa caneta verde e brilhosa?

A loura deu de ombros, visto que nem ela mesma sabia o que aquilo significava.

- Acho que verde é minha cor preferida – Foi o que ela disse.

- Mesmo? – A voz de Zayn soou meio duvidosa. – Sua cor preferida costumava ser cinza. Você gostava de dias chuvosos, e também da cor que o céu ficava nesses dias. Ou seja, cinza.

- Hum – Victória murmurou, ponderando sobre aquilo. – Ainda gosto da cor do céu em dias chuvosos. Talvez minha cor preferida ainda seja cinza, mas... Ah, que seja. Eu claramente não tenho uma única cor preferida. Sempre fico entre o verde e o azul. E o cinza.

Victória se calou após a pronuncia daquela última palavra, assim que percebeu que mais nada lhe vinha à cabeça. Fitou o guardanapo rabiscado por alguns instantes, pensando que tinha perdido a concentração, mas a verdade era que não tinha mais nada a acrescentar ao que quer que fosse tudo aquilo que havia escrito.

- Aconteceu uma coisa estranha – Ela finalmente olhou para Zayn, vendo que, de alguma forma, ele havia prendido o pompom rosa no cabelo. Ela riu. – Mas que gracinha – E tratou de tirar aquela coisa dele.

- O que de estranho aconteceu? – Zayn estava claramente fingindo interesse no assunto.

- De uns dias pra cá eu vinha meio que escutando coisas... – Victória disse vagamente, temendo que o que dissesse soasse, bem, estranho e inacreditável.

- Bem – Zayn encolheu os ombros. – Eu acharia estranho se você não estivesse escutando coisas. Afinal, é por isso que você tem ouvidos: pra ouvir.

A boca de Victória formou uma perfeita circunferência com o comentário de Zayn. No entanto, apesar de não acreditar que ele estava caçoando dela, a garota se sentiu feliz pelo mesmo motivo, porque Zayn se mostrava bem alegre, de bom humor, e Victória gostava tanto desse lado dele. Sim, ela realmente adorava vê-lo daquele jeito.

- Eu ainda não terminei de explicar, idiota. E sim, tenho ouvidos pra poder ouvir, da mesma maneira que você tem, então faça proveito deles e me escute – Ela revidou, acertando o braço do rapaz, e os dois riram, antes de Victória retornar ao assunto. – Tenho escutado algo que, sei lá, o resto do mundo não deve escutar. É como se estivesse dentro da minha cabeça, noite e dia. Não sei explicar, mas eu simplesmente escutava, até que peguei a caneta e o papel e escrevi qualquer coisa que me vinha à cabeça. Não faz nenhum sentido, mas esta aqui.

A garota ergueu o guardanapo com a ponta dos dedos até a altura dos olhos. De certa maneira ela se sentia receosa em ver o conteúdo escrito ali; depois de ter dito em voz alta sobre o que andava “escutando”, a coisa não parecia ser muito ilógica, só maluquice. No entanto, por mais esquisita que a situação pudesse parecer, ao que tudo indicava Zayn havia comprado a história, tanto que buscou o guardanapo das mãos da garota. Ele lançou um olhar a ela que evidentemente se referia ao fato de ele poder ou não dar uma olhada; Victória respondeu com um dar de ombros.

- É alguma coisa muito bizarra? – Perguntou a loura, não tendo certeza se queria escutar uma resposta.

Zayn analisou as escrituras por uns minutos, uma ruguinha intrigante se fazia presente entre as sobrancelhas dele, o que deixava Victória ainda mais temerosa. As coisas pioraram para ela ao ouvir o rapaz rir meio divertido, com um quê de incredulidade.

- O que foi? Por que você riu?

Assim que Zayn levantou os olhos, Victória pode ver nitidamente que ele ria, mas obviamente fora uma atitude inconsciente; ele não queria estar rindo, na verdade.

- É meio engraçado – Disse ele, passando a mão pela nuca.

- É uma piada o que tem escrito aí?

- Não – Negou com cabeça. – É engraçado que isso continue gravado na sua cabeça e que você não consiga saber o que é – Zayn devolveu o guardanapo para ela. – Você escreveu a letra da música que nós compomos pra apresentar no show de talentos da escola, aquela apresentação que nunca aconteceu.

A expressão da garota era de “what the fuck?” mesclada com um tipo de engasgo que a impediu de emitir qualquer tipo de som durante os minutos seguintes. Ela ficou encarando Zayn, o pedaço de papel sendo sustentando pela ponta de seus dedos, ameaçando ser levado pela leve brisa daquela noite.

- Você... se lembra dessa música? Tem certeza que é a mesma?

- Me lembro de cada palavra. Pelo visto você também lembrava, só não tinha muita consciência do que era – A voz de Zayn soava tão gentil.

Victória não sabia mais o que dizer. A sensação de inconscientemente se lembrar de algo era boa demais para ser descrita, explicada.

- Não consigo associar uma melodia nessa letra – Foi o que ela disse, fazendo Zayn rir novamente.

- Isso é um problema, porque só você sabia tocar a melodia.

Em um momento o vento de fato levou o papel para longe. Victória desviou os olhos para acompanhar o rumo que o papel levaria, e logo voltou a encarar Zayn.

- Tudo bem, chega de conversa. – Disse ele, mas nada era capaz de tirar Victória daquele torpor mental em que ela se encontrava.

Ele se viu obrigado a apelar ao ato extremo para reconquistar a atenção dela novamente. Não que fosse realmente extremo, mas no momento pareceu ser; ele se inclinou para frente e a beijou. Foi assim que ela despertou, meio assustada, como se durante todo aquele tempo só estivesse fora de sintonia. Victória o beijou de volta.

- Deus, como eu senti sua falta – Disse ela, ofegando contra a boca de Zayn, e deixando todo o resto do mundo para trás.

 

 

- Ah, qual é – Zayn resmungou. – Sério, cara! Que merda!

- Shiu! – Victória ralhou, segurando a mão de Zayn para que ele levantasse com ela.

Os dois estavam sentados no balanço de madeira quando ouviram um ruído, como um galho se quebrando logo atrás deles. Uma parede de cercas vivas ficava atrás do balanço e que agora os impedia de ver o que – ou quem – que havia causado o barulho. O provável era que outra pessoa estivesse pelo jardim porque, Deus do céu, toda vez que Victória e Zayn estavam juntos, uma força demoníaca mandava alguém para atrapalhá-los.

Ambos sabiam que o melhor seria se a relação deles permanecesse oculta. Então os dois, sem discutir e fazendo o máximo de silêncio, distanciaram-se do balanço. Não ousaram espiar nem nada. Eles apenas se abaixaram, os joelhos apoiados no gramado para poderem olhar por debaixo das plantas; o início dos caules da cerca viva não eram cobertos por folhas, a plumagem da planta só tinha início a um palmo acima dos caules, o que facilitou muito na visão. Foi assim que descobriram que a pessoa era uma mulher, pois usava salto alto.

Ainda abaixados, os dois praticamente rastejaram para a direita, na direção oposta para a qual a mulher ia e levantaram-se assim que atingiram a extremidade da cerca viva. Zayn pôs o dedo indicador sobre os lábios, pedindo por mais silêncio, e logo depois começou a inclinar a cabeça para o lado, na intenção de ver melhor.

- É a Jasmine – Ele disse em um sopro de voz.

Victória arregalou os olhos em preocupação. Se Jasmine os visse ali eles teriam um problema infinitamente maior.

- Tem mais alguém com ela. Um cara – Zayn continuava a sussurrar, deixando Victória ainda mais apreensiva. – E eles parecerem estar, hum... Fazendo o mesmo que nós estávamos fazendo antes.

Se beijando? – Victória pensou, arregalando os olhos novamente.

- Isso é bom – Disse ela com um certo entusiasmo que deixou Zayn confuso. – Quer dizer... Se ela esta beijando esse cara, significa que vai parar de encher meu saco por sua causa.

Era um ponto a se considerar, realmente, mas Zayn nunca parecia acreditar muito na história sobre o fascínio de Jasmine por ele. E não seria agora que Victória tentaria convencê-lo. De qualquer forma, precisavam mesmo achar um jeito de sair do jardim.

A loura novamente puxou Zayn pelo braço. As altas cercas vivas davam um aspecto de Labirinto ao jardim e, sem ao menos perceber, Victória os tinha levado de volta ao lugar onde ela encontrara Zayn no início. Era a lateral da mansão – um corredor sinuoso, estreito e escuro por conta do muro de concreto que ficava bem em frente a parede, que estava úmida e... nojenta.

- Se queria vir pro escuro era só ter dito – Zayn continuava a sussurrar, e desta vez Victória pode sentir o hálito dele em seu rosto; enxergava as sombras do rosto dele se aproximando do seu, até o rapaz tomar os lábios da garota.

Ela teria recusado se ele não tivesse sido tão rápido, ágil e dominador – afinal, estavam em uma situação um tanto estranha.  A questão era que, em partes, a situação de agora a fez lembrar de quando estava de viajem com o elenco do seriado, mais especificamente na noite da tempestade, da falta de luz... Victória se sentia agora exatamente como se sentiu naquele dia; sentia-se infinita, como se, enquanto estivesse com Zayn, o tempo pararia para que pudessem permanecer juntos. Ou melhor dizendo: na sincronia que os dois se encontravam, se não parassem agora, não parariam nunca mais.

Victória tentou usar a parede de apoio para as costas, e foi aí que o resto do mundo retornou  à orbita; ela quase mordeu a língua de Zayn ao sufocar um grito.

- Ai, minhas costelas! – A garota sibilou, os dentes serrados.

- O que foi? – A voz de Zayn soava exasperada e confusa.

Victória arfou umas três vezes antes de responder.

- Tem algo errado nessa parede. Bati as costas em alguma coisa dura – Ela dizia com a voz meio chorosa.

Zayn riu levemente.

- Por ser uma parede ela é automaticamente dura, Victória – Ele zombou.

A loura pensou seriamente em acertar Zayn com um soco para fazê-lo sentir a mesma dor que ela sentia, mas não tinha forças para isso. Ela resmungou mais um pouco, massageou a região afetada com a mão antes de se virar e tocar a parede para saber o que havia ali.

- Parece uma... Maçaneta – Não tinha muita convicção do que dizia.

Ela forçou a possível maçaneta para a esquerda e deu um pulo para trás ao passo que a parede emitiu um som metálico, mas não houve muito tempo para que pudesse realmente levar um susto. Antes que pudesse ela já havia concluído que a “parede” não era “parede”, mas sim, uma porta que era gelada não por umidade, mas por ser feita de ferro. Victória olhou por cima do próprio ombro, para Zayn que estava logo atrás, com o rosto mais surpreso que o dela. A garota não exitou em terminar de empurrar a porta com o pé, assim podendo ver que aquilo era uma estranhíssima entrada para a dispensa da mansão. Talvez fosse só uma porta de entrada e saída alternativas...

Ela e Zayn entraram no cômodo, as luzes ali já estavam acesas, e Victória fechou a porta novamente, enquanto Zayn dava um giro de 360°, olhando para tudo.

- Por que ter uma porta secreta se ela fica aberta pra qualquer um entrar? – Victória ouviu Zayn questionar, mas não sabia se ele falava sério. Aparentemente, Zayn estava achando tudo muito engraçado; isso porque não foi ele que se bateu em uma maçaneta.

- A porta secreta veio muito a calhar – Disse ela, por fim, fechando a porta. – Conseguimos sair do jardim sem a Jasmine nos ver.

- Ela nem se importaria conosco mesmo se continuássemos lá, porque ela estava bem ocupada – O rapaz argumentou.

Victória só rolou os olhos na direção dele.

- Vem comigo – Ela o chamou. – Na dispensa não é bem onde eu gostaria de estar.

Zayn a seguiu.

Ao invés de seguirem reto pelo corredor que os levaria novamente a festa, eles dobraram a direita, Victória indo na frente, guiando Zayn. A mansão era um dos maiores lugares que Victória já vira, e ela ainda se perderia ali dentro se uns meses atrás não tivesse explorado a casa junto com Brand. Agora a garota sabia que, além da escada principal do salão, havia mais duas escadas que davam acesso ao segundo andar, uma em cada canto da mansão, e uma delas ficava no final do corredor em que eles estavam.

Ela tinha em mente que irem para o quarto dela na mansão era a opção mais viável, visto que privacidade era o desejo de ambos. Lá embaixo na festa era provável que ninguém estivesse fazendo um mutirão para procurá-los, nem deviam ter percebido o desaparecimento repentino de ambos. Embora Victória estivesse pensando que o fato de terem ido para o quarto pudesse soar com um duplo sentido, ela tentou não se importar tanto; a verdadeira razão era que queria ficar com Zayn, só isso.

- Se você quer se esconder, se esconda em lugares óbvios. Ninguém procura em lugares óbvios justamente por serem óbvios – Victória riu de sua capacidade de usar a palavra “óbvios” tantas vezes em uma única frase sem fazê-la perder o sentido.

Estava escuro ali. A garota ainda sabia onde ficavam suas coisas e foi na direção do criado mudo ao lado da cama para acender o abajur. Por mais que Victória não dormisse mais naquela cama, ela vivia bem arrumada. A televisão também foi ligada, assim iluminando um pouco mais o quarto. A garota pediu a Zayn que fechasse a cortina da janela, para que luminosidade permanecesse só ali dentro.

Enquanto isso ela sentou na borda da cama para tirar os saltos.

- Vocês homens são tão sortudos – Ela meio que resmungava, tirando a fivela do sapato. – Não precisam usar essas coisas pra ficarem mais alto porque já nascem predestinados a serem altos. Não é nada justo que meus pés devam sofrer só pra eu ficar alta. Tsc tsc, eu queria ter nascido homem.

- Eu não gostaria que você fosse homem – Disse Zayn, fazendo Victória rir. Ele já havia fechado a cortina e caminhava pelo quarto.

Quando ela esticou as pernas e os pés, acabou acertando as canelas de Zayn, o que a fez rir mais um pouco.

- Foi mal – Ela desculpou-se, logo semicerrando os olhos na direção do rapaz. – Por que você veste duas camisas? Não sente calor com isso aí?

Zayn deu uma risadinha.

- As minhas roupas te incomodam? Quer que eu tire elas? – O tom dele era divertido, mas com um quê de desafio.

Victória rolou os olhos, dando a entender que não estava nem aí e apoiou as mãos no colchão atrás do corpo. Levando o gesto da garota ao pé da letra, ela não havia respondido nem que sim nem que não...

Sendo assim, Zayn guardou o celular no bolso e logo em seguida tirou a camisa de flanela xadrez em azul e preto, permanecendo apenas com a camiseta branca lisa.

- Que cena constrangedora – Victória riu. – Parece que você esta fazendo um stripp tease.

Zayn jogou a camisa no rosto dela. E aquele perfume dele era como um entorpecente para a garota.

- Maluco – Ela ralhou, arrancando a camisa do rosto.

- Só por você – Um segundo depois Zayn estava com o rosto muito perto do dela, as mãos também apoiadas no colchão, o corpo inclinado sob o dela, como se estivesse a prendendo.

Assim que Zayn a beijou Victória impulsionou-se para cima, fazendo Zayn dar uns passos para trás em desequilíbrio, o qual recuperou logo que a segurou pela cintura. Como qualquer um outro beijo deles, a ansiedade aumentava com tempo, as carícias se tornavam mais urgentes, a sincronia dos lábios se perdia às vezes. Tudo ia se tornando mais insano, e melhor.

- Talvez eu queira que você tire a roupa – Victória disse em uma das vezes que fizeram uma pausa. – Só talvez...

- É mesmo? – Zayn piscou lentamente, como se estivesse se situando.

- Aham. Eu... Acho que sim.

O moreno soltou um suspiro falhado e umedeceu os lábios, olhando de um jeito sério e ao mesmo tempo gentil para ela.

- Eu preciso que você tenha certeza – Foi o que ele disse.

- Okay – Victória engoliu em seco, sentindo um pouco de alívio, mas que se esvaiu rapidamente.

Certeza? Claro que ela não tinha certeza. De nada. Queria gritar isso na cara dele, mas também não tinha certeza se seria uma atitude sensata. A garota se sentia insegura até em simplesmente estar em um quarto sozinha com ele.

Mas talvez não se tratasse de ter certeza ou de se ter segurança. No momento, ter coragem parecia mais relevante, e Victória se sentia corajosa o suficiente para dizer que tinha certeza mesmo sem ter; para prosseguir com algo que pudesse se arrepender depois . Quer dizer, havia 50% de chances de se arrepender  e 50% de chances de não se arrepender. Uma garota de agora dezessete anos tinha o direito de não pensar seriamente nos possíveis prós e contras de suas atitudes antes de realmente fazê-las.

Foram necessários mais alguns minutos de encorajamento mental. Ela o queria, queria desesperadamente, e isso bastava. Victória esperava que aquele 50% de chances pendesse para o lado positivo, para que a noite do seu aniversário se tornasse uma daquelas noites que seriam inesquecíveis nas novas memórias que ela vinha construindo.


Notas Finais


MÚSICA DO CAPÍTULO: https://www.youtube.com/watch?v=LnQaLm6E7M8
Espero que tenham gostado!
Não prometo nada, mas vou tentar postar logo. Colaborem comigo, ta? Sintam-se a vontade pra comentar aqui embaixo. Eu fico muito feliz quando leitores novos decidem aparecer. A opinião de vocês é muito importante!
XOXO


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...