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História Feche a porta quando sair - Minhas únicas ambições


Escrita por: dudacartman

Capítulo 41 - Minhas únicas ambições


Uma das maiores vantagens em ser rei na Ilha das Flores era o governo que era totalmente absolutista, ou seja, eu como rei teria total poder a tudo e a todos, tudo o que eu ditasse viraria lei num piscar de olhos e sem nenhum idiota poder questionar.


Depois daquela cena que eu fiz, confrontando o rei daquela maneira estúpida, meu querido pai estava querendo mudar essa lei dando voz a um primeiro ministro simplesmente porque achava que eu era imaturo demais para governar um país.


— Isso é uma péssima ideia — discursei, atrás da mesa de mogno na sala de reunião repleta de rostos que eu nem me dava ao trabalho de gravar. Eram figuras importantes para monarquia e para auxiliar nas decisões do rei, mas eu estava literalmente não dando a mínima. — Vai mesmo querer tirar o poder do seu filho só por ele ser...


Meu pai pigarreou de propósito para me interromper e logo depois me lançou um olhar severo. Ele sabia o que eu ia dizer e não toleraria que tal palavra fosse dita na frente de toda aquela gente que nos respeitava. No entanto, era mais do que claro que todo mundo já sabia do ocorrido e dos motivos pelo qual o rei queria tanto tirar o meu direito de governar.


— Eu tenho o direito de falar também — continuei, me sentindo bem confiante até. Não ia aceitar ser ignorado e ver o poder que eu tanto almejava ser tirado de mim sem um motivo convincente. — Não pode tirar o meu poder desse jeito, pai.


Como já era de se esperar, ele me ignorou completamente sem nem ao menos olhar para mim. Com um grunhido que arranhou a minha garganta, me recostei na cadeira acolchoada com vontade de arrancar a cabeça do meu pai fora. 


— Se você me tirar do poder, todo mundo vai saber os seus segredinhos — ameacei, cruzando os braços e dando um sorriso bem satisfeito quando ele apertou os olhos e finalmente me encarou. — Eu sei de tudo, papai e esse bando de idiotas não.


As pessoas ao meu redor me encaram chocadas com a minha informalidade e a minha grosseira. A mesa era composta apenas por homens porque para eles mulheres não eram boas o bastante para governar nada e era com a minha princesa que eu planejava mudar isso e era por causa dela que eu queria ter pleno poder sobre tudo. Ninguém iria passar por cima dela, pelas leis dela, muito menos um primeiro ministro medíocre que nem ao menos tinha o sangue real correndo nas veias.


— Noah Lavezzo...


— Aurelius Chevalier — completei, me divertindo com a sua fúria. Sempre que ficava zangado, ele me chamava pelo nome completo e esse ato que antigamente me intimidava, agora só me divertia. — Vai mesmo querer arriscar, papai? Aposto que muitos jornais vão querer me ouvir. Hoje eu saí na capa do jornal dando o que falar, mas amanhã pode ser você. Quer mesmo outro escândalo?


Alejandro pareceu pensar bem, sem esconder a fúria que parecia tomar conta do seu corpo. Quando suas narinas inflaram e ele trincou os dentes foi que suspirei aliviado por estar rodeado de outras pessoas, o impedindo de subir na mesa e me estrangular. 


Ele merecia aquilo, eu sabia que sim. Por anos ele me ignorou, me tratou com indiferença como se eu fosse um lixo, ou pior ainda, um empregado. Quem era ele para me julgar? Ele não merecia o título de rei e nem nada que conquistou, mas eu sim porque eu tinha um objetivo e não iria deixar isso de lado de jeito nenhum.


Ian me deixou e as únicas coisas que eu podia me concentrar agora era na minha coroa e na minha filha, era tudo que eu tinha, minhas únicas ambições. 


Cochichos invadiram a sala, todo mundo olhava para mim e para o meu pai e empinei o queixo sem esconder o meu ar superior, porque daqui a alguns poucos meses, era eu quem estaria ditando as regras, dizendo a aqueles idiotas o que fazer e como agir. 


E eu jamais toleraria ser contrariado. 


***


Irrompi pela porta do meu quarto e me joguei na cama, dando de cara com aquele jornal praticamente gritando o meu nome. 


Analisei aquela vergonha mais uma vez, tentando encontrar um motivo convincente para que aquele mar de paparazzi aparecesse no nada naquele beco justamente no momento mais inapropriado. 


Infelizmente a foto era em preto e branco e não deu para eu ver direito o rosto do cidadão, que não passava de um borrão porque eu não tinha uma imagem nítida dele, apenas a lembrança terrível dos flashes me cegando e a tontura causada pela bebida, que agiu como um soco em meu estômago.


A imagem dele pegando o celular e ligando para alguém só fizeram as minhas duvidas aumentarem ainda mais, sem falar da desconfiança que me deixou com a pulga atrás da orelha. 


Claro que fui idiota e imaturo por ter feito o que fiz apenas por carência, porém nada justificava o meu comportamento nada apropriado para um príncipe e nem o fato de eu estar embriagado deixava tudo menos vergonhoso.


Assim que descobriu quem eu era, aquele idiota devia ter ligado para os paparazzi a fim de ganhar uma espécie de fama passageira, sair na capa do jornal ao lado do príncipe e ainda fazer parte de um escândalo como aquele. Era um baita golpe baixo!


Nada tirava aquilo da minha cabeça, de que tudo tinha sido armado e arquitetado por ele no momento em que descobriu quem eu era. Porque era apenas assim que as pessoas me viam: como um símbolo, uma forma fácil de ficar famoso, um motivo de piada. Ian conseguiu passar por cima de mim com aquela bondade de fachada que ele tinha, aquele carinho e aquele falso amor que pensei receber, mas eu não seria idiota de aceitar calado esse tipo de coisa. 


Eu era um príncipe superior a tudo e a todos e ninguém no mundo passava por cima de mim, ainda mais com o meu pé a poucos metros do reinado. Ninguém tirava sarro de mim, muito menos um homem de classe tão decadente quanto aquele. 


Fechei as mãos num punho, sentindo meu sangue borbulhar de raiva. Aquele babaca ia pagar muito caro pelo que fez e eu iria fazer questão disso. 


Ninguém brincava com Noah Chevalier.


**********


Com o jornal amassado em mãos e uma cara de fúria que assassinaria qualquer pessoa que ousasse olhar para mim, desci as escadas pulando alguns degraus e dei de cara com Catarina, que simplesmente achou uma boa ideia andar na mesma direção que eu e atrapalhar a minha passagem com o seu corpo magro e esquelético.


— Príncipe, aconteceu alguma coisa? — perguntou assustada ao ver a vermelhidão em meu rosto devido à fúria.


— Nada, estou ótimo, só vou resolver uns probleminhas que não são da sua imprestável conta — cuspi, acelerando o passo e dando um empurrão nela sem olhar para trás e ver se eu a tinha machucado.


Eu não estava racionando muito bem e nem pedi para Nathan me levar ao clube, decidi ir andando com passos largos e furiosos, tão furiosos que marcas profundas marcavam a terra batida conforme eu caminhava. 


Para o meu completo azar, começou a chover, uma chuva forte que em poucos minutos me ensopou da cabeça aos pés, mas eu ainda estava zangado demais para amarelar e num tempo relativamente longo, consegui avistar o letreiro brilhante do clube, que piscava com luzes fluorescentes e chamativas. 


Sacudi o cabelo molhado e entrei, me sentindo mal pelo jornal não ter sobrevivido a tempestade que ainda rolava do lado de fora. O clube estava a todo o vapor, pessoas suadas se esfregando umas nas outras e as bebidas coloridas nas mãos de adolescentes inexperientes que deveriam estar fazendo algo produtivo além de se embebedarem em plena quarta-feira à noite. 


Varri os olhos pelo balcão, procurando William e sugando das minhas memórias mais profundas seu rosto, os cabelos encaracolados que me remetiam ao Ian, toda e qualquer informação que eu podia captar sobre aquele individuo.


Pareceu uma eternidade quando finalmente o localizei, atendendo um ser aleatório que logo empurrei para o lado interrompendo a conversa sem me importar se estava sendo mal educado ou não.


— Dá licença! — exclamei com petulância assim que empurrei o garoto que conversava com William.


— Você aqui? — William pareceu assustado e até mesmo surpreso em me ver.


— Eu, o príncipe — me exibi com orgulho. — Acho melhor começar a me tratar com mais respeito, você não é uma palavra educada para se referir alguém num nível tão superior quanto o meu.


— Você é bem mais legal bêbado — disse com traços de humor na expressão, me desafiando ao usar a palavra informal que eu ordenei com todas as letras para que não usasse. 


— Viu o jornal de hoje? — perguntei, trincando os dentes ao falar. — A desgraça estampada na capa?


— Eu estava bem, não estava? — ele sacudiu os cachinhos, cheio de si. — Meu amigo é fotógrafo e conseguiu um ótimo emprego no jornal da ilha graças a aquela foto.


— Então você armou para mim? — questionei, sem acreditar no que eu estava ouvindo. — Como ousa?


— Calma aí, esquentadinho! — exclamou, quando me debrucei sobre o balcão, cego de ódio. — Foi só uma foto.


— Eu não sou gay — falei entredentes. — E não é nada legal as pessoas terem essa imagem de mim.


— Escuta aqui, eu não te obriguei a me beijar e nem a me apalpar, você fez porque quis.


— Eu estava bêbado.


— Engraçado como nos revelamos quando bebemos, não é? — ele arqueou a sobrancelha e mordeu o lábio, claramente zombando de mim. 


Só não soquei a cara dele porque tinham muitas testemunhas e seria só mais um escândalo para a minha lista. Nada disso, iríamos resolver isso como homens faziam: lá fora e sem ninguém para defender ou intervir. 


— Se quiser um segundo round, estou a sua disposição, príncipe — ele deu uma piscadela, ousando me paquerar. Eu devia mesmo estar muito bêbado para ter ficado com aquele homem, ele era nojento!


Teríamos um segundo round, meu querido e seria a minha mão voando na sua cara.





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