História Feel - Um mentiroso solitário

E não era surpresa que teria mais uma coisa para acabar com o dia de Harry. Ele ainda teria que pagar pelos pontos perdidos e pela casa da Grifinória estar em último lugar no campeonato das casas.

– Olha quem voltou o perdedor de 300 pontos da Grifinória – Semus disse muito irritado dando um falso sorriso enquanto todos os outros grifinório encaravam Harry dos pés a cabeça.

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– Olá pessoal! – Harry disse engolindo em seco enquanto atravessava a comunal indo para o dormitório.

– Vai dizer algo a mais, Potter, ou vai jogar o feitiço do coma em mais alguém? – Dino provocou rindo.

Aquele lugar podia ser domínio dos leões, mas haviam várias cobras escondidas dentro deles.

Pelo menos os Sonserinos mostravam seu pior logo de uma vez e afastava as pessoas ao invés de fingirem serem boas pessoas.

Harry ignorou o comentário e continuou a seguir o caminho, alguns grifinórios o pararam fazendo piadas e mais comentários raivosos, mas no fim das contas ele conseguiu chegar ao seu dormitório fechando a porta atrás de si para poder ficar à sós lá.

Assim que foi até a cama se deitando lembrou de Draco, olhou para o lado e as coisas do loiro ainda estavam lá, junto da blusa de Harry que Draco usou em uma das noites para dormir.

Era inevitável. Tudo ao seu redor lembrava Draco, o loiro era uma lembrança tão boa, a melhor de todas. E como sempre, Hermione tinha razão as memórias são o para sempre, um eterno.  Só que talvez seja só as memórias e não as pessoas e os relacionamentos que são para sempre.

Harry suspirava entre lágrimas olhando para o anel de compromisso em seu dedo, era um lindo anel de prata com algumas pedrinhas dourada e alguns desenhos de estrelas em volta - que Harry nunca tinha reparado -, mas que complementava ainda mais com as lembranças de quando Draco o pediu em namoro.

Eles tinham tido um maravilhoso piquinique com a surpresa do pedido feito por Draco e ainda ficaram até o anoitecer ao ar livre contemplando as estrelas e a lua dourada e brilhante que Harry disse que parecia um pomo de ouro, e também que prometera ensinar quadribol para Draco, já que essa era uma das coisas que ele não se lembrava mais.

Mas agora era tarde para isso. Tarde para tudo.

Agora era apenas um mentiroso solitário.

Todos os sonhos e coisas que queria ter feito com Draco, provalvemente nunca teriam a chance de acontecer. Quando o loiro acordasse ‐ isso se ele acordasse - provalvemente ainda ficaria com muita raiva de Harry por dizer que ele quem tinha feito o feitiço, depois de prometer várias vezes a Draco que nunca faria mal a ele. Mas uma hipótese pior doía mais no fundo do peito de Harry, a hipótese de Draco acordar com todas as suas memórias alteradas e ter esquecido tudo que vivera com o moreno nessas últimas semanas.

Harry preso em seus pensamentos e emoções se encolheu mais na cama puxando a sua camiseta que ainda tinha o cheiro de Draco e a abraço fechando os olhos que escorriram várias lágrimas.

Ele queria que Draco estivesse ali para abraça-lo nem que fosse por uma última vez.

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Hermione foi ao encontro de Rony depois da conversa com Harry. Ela achou o ruivo perto da biblioteca - por incrível que pareça - e aproveitou o caminho até a comunal da Grifinória para explicar tudo que estava acontecendo e que ele tinha que fazer algo.

– Fazer o quê, Mione?

– Eu não sei, talvez dizer a verdade?

– Não posso. Sabe que meu pai vai perder o emprego no ministério, vou ser expulso de Hogwarts ou pior e ainda minha família terá uma dívida com os Malfoys, o que provavelmente levaria a vida inteira para conseguir pagar.

– Ronald! Eu sei disso. Acredite eu sei e não quero que passe por isso, mas você está sendo um idiota egoísta. Seu melhor está sofrendo as consequências de algo que não fez e ainda com uma pessoa que ele ama. – Hermione falou irritada, ela amava muito os dois amigos, mas a atitude de Rony era horrível, por mais que as circunstâncias não eram boas para ele.

Depois disso, os dois permaneceram em silêncio entrando no salão comunal e vendo todos os grifinórios reunidos ali e fazendo vários cochichos irritados ou piadas.

– O que está acontecendo? – Hermione perguntou para as pessoas presentes.

– Harry Potter fez a Grifinória perder 300 pontos – Jorge Weasley respondeu claramente irritado também - o que era raro, uma vez que os gêmeos era a alegria de não só a Grifinória como a de todas as casas.

– E daí? Estão irritados por isso? Vocês são uns hipócritas se os julgam sendo que vocês mesmo já fizeram nossa casa perder pontos, também não é como se o fosse a coisa mais importante de todas. Agora parem de comentários desnecessários que não é o que Harry precisa agora. – Rony disse alto e em bom som e pela primeira naquele dia conturbado, Hermione se permitiu sentir uma pontada de orgulho do amigo.

Rony puxou Hermione pelo braço passando pela bagunça de gente na comunal.

– Ei Fred! Harry está lá em cima? – Rony perguntou ao outro gêmeo que estava com uma expressão mais serena.

Quantas vezes também Fred e Jorge não perderam tantos pontos de sua casa. Tudo bem que não haviam sido 300, mas ainda sim eram pontos perdidos.

– Ele entrou aqui e foi direto para o dormitório, inclusive já fazem um bom tempo que ele está lá. – Fred respondeu com um sorriso leve. – Ah e Ron –, chamou o irmão que recuou olhando para Fred. – Bom trabalho, você tem razão. As pessoas não são perfeitas e nem podem acertar o tempo todo.

Rony assenti sorrindo, era bom ouvir as palavras de Fred, apesar da pontada da consciência que torturava sua mente.

Os dois subiram as escadas entrando no dormitório que estava vazio exceto por Harry.

– Ai meu Merlin! Harry! Finalmente te encontramos! – Hermione falou surpresa, fazendo o moreno abrir os olhos que agora estavam muito vermelhos. – Você está bem? Estava chorando?

– Hermione, não sufoque o Harry. – Rony disse se aproximando junto da garota e se sentando na ponta da cama onde o moreno estava. – Como está se sentindo, cara?

– Quer mesmo saber? A pior pessoa do mundo. Draco está em coma de novo e dessa vez é por minha culpa, e eu me odeio por isso.

– Harry, a culpa não é sua de tudo. – Hermione falou delicada acariciando a bochecha dele.

Harry rapidamente se afastou do contato, assustando a garota.

– Fiz algo de errado? – ela perguntou confusa.

– É que Draco...Draco costumava fazer isso e... – Harry não terminou a frase porque começou a chorar novamente apertando ainda mais a camiseta contra seu corpo.

A pontada incomoda da consciência de Rony voltava a incômoda-lo.

– Harry! Me desculpe. Se eu não tivesse feito o que fiz nada disso teria acontecido.

– Não adianta mais pensar no que devia ter feito ou não. Não tem mais volta, Rony.

– Me deixe tentar conversar com Dumbledore, talvez ele entenda.

– Como eu disse, não há mais volta. Agora se vocês dois me dão licença, preciso melhorar meu rosto para poder cumprir a detenção com o Snape. – Harry se levantou segurando a camiseta e seguindo até o banheiro sem nem esperar por uma resposta dos amigos.

Ele vestiu a camisa que estava segurando, queria continuar sentindo o cheiro de Draco que pelo menos dava a sensação de estar com ele.

Depois de lavar várias vezes o rosto e fazer com que se sentisse pronto para enfrentar as risadas e comentários maldosos nos corredores, seguiu para fora do quarto indo para a sala de Snape.

Seria uma chata e triste noite de limpeza do estoque de poções que Snape insitia em derrubar poções grudentas no chão para piorar o trabalho de Potter.

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– Eu sabia que era tudo culpa do Potter, sempre disse isso. – Pansy se glorificava sorriso enquanto conversava com Blaise sentados juntos no sofá em um canto perto da lareira do salão comunal da Sonserina.

– Não foi ele, Pansy. – Blaise disse confiante.

– O quê? Como tem tanta certeza?

– Porque o que estão espalhando por aí é que Potter ouviu uma conversa de alguns sonserinos com Draco, e no caso era Goyle e eu que estávamos conversando com o Draco.

– Tá, mas e daí? Não importa quem eram os sonserinos.

– Claro que importa. Você não entende Pansy, isso não faz sentido. – Blaise respondeu indignado levantando seu tom de voz que exaltada o mal humor. – Se Potter ouviu a conversa provavelmente entendeu errado, não que fosse tão incriminador assim. Estavamos apenas conversando sobre o feitiço que Draco queria usar e por mais que não fosse a melhor coisa a fazer, ele tinha boas intenções.

– Qual feitiço, Blaise Zabini? – perguntou Pansy intrigada.

– Não importa agora – Zabini respondeu rápido tentando mudar de assunto. – O que estou dizendo é que Potter não seria capaz nem machucar uma mosca, ainda é capaz dele tentar salvar ela. Por mais irritante que ele seja, ainda sim tem o maldito complexo de herói. Então duvido muito que seja culpa do Potter o feitiço, ainda mais que teria que machucar o Draco.

– Que feitiço, Blaise? E por que Potter não machucaria o Draco? Eles se odeiam, os dois tem motivos suficientes para isso e quanto ao complexo de herói as vezes podem abrir exceções.

– Pansy, faça mil favor. Você não pode ser burra a esse ponto. Draco e Harry se amam e sempre se amaram, esse ódio foi o jeito que Draco encontrou para chamar atenção do Potter e em compensação ele só entendeu que verdadeiramente gostava do Draco quando ficou preocupado com ele se achando culpado pelo coma.

– Mas Blaise, eu e o Draco...

– Pansy, vocês não passavam de amigos com benefícios, um se aproveitando do outro. Pode mentir para todo mundo, mas não minta para você, no fundo você sabe que não ama o Draco.

– Eu... – Pansy não sabia o que dizer. Ela passava anos mentindo para ela mesma, dizendo que Draco era "seu namorado", quando na verdade ela sempre teve uma paixonite em outra pessoa, mas era mais fácil ignorar esse sentimento do que sofrer por um amor não correspondido.

– Pans, você sabe que eu estou certo e se quer saber, Draco estava prestes a fazer o feitiço para Potter se apaixonar por ele.

– Ele fez isso?! – Pansy perguntou surpresa.

– Não, eu o impedi antes de começar o duelo, disse que ele não poderia fazer isso porque nunca saberia se o sentimento de Potter era real ou não, e apesar de ele só se importar em estar com Potter, ele me ouviu e resolveu que não faria o feitiço e no fim das contas foi atingido por um feitiço de coma.

– Essa história está muito estranha – falou Pansy desconfiada começando a entender o raciocínio do amigo.

– Como eu disse não faz sentido ser culpa de Potter. Eu vou descobrir a verdade pelo Draco e vou precisar de você, Pansy. – Blaise falou determinado sorrindo. – Vai me ajudar?

– Isso seria livrar Potter do castigo e ajudar os grifinórios idiotas. – resmungou Pansy.

– De novo, Pansy, pode mentir para todo mundo, mas no fundo você sabe bem quem é e tem o controle do que quer fazer – Blaise falou sorrindo e deixando Pansy sozinha no salão enquanto ele seguia para fora da Sonserina.

A porta do salão comunal da Sonserina se fechou e Pansy ficou por um tempo parada imóvel em um confronto consigo mesmo.

Haviam duas escolhas, ficar parada e nunca entender realmente a história completa ou ajudar Blaise a descobrir a verdade e ganhar uns pontos com os grifinórios idiotas.

Pansy sabia quem era e o que queria fazer. Ela era Pansy Parkinson e somente ela poderia fazer e pensar a respeito de si própria.

E foi por isso que fez.

A garota saiu correndo abrindo a porta do salão comunal e alcançando Blaise nos corredores.

– Por onde começamos? – ela gritou sorrindo e vendo o amigo se virar com um sorriso igualmente sincero.

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