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História Feeling - One-shot


Escrita por: auri__

Notas do Autor


Rejogando Mystic Messenger, em plena quarentena (coronga nosso de cada dia), descobri que não superei a friendzone da Jaehee~
Em plena madrugada de um surto de tanto amor que tenho por essa mulher - E QUE MULHER MEUS CAROS - (amém ao único poço de sensatez nesse jogo pra iluminar nossas vidas), esse foi o resultado:

obs: já deram uma olhada na comic de MM? -w-

Boa leitura~

Capítulo 1 - One-shot


Fanfic / Fanfiction Feeling - One-shot

~*~

É como se um lobo estivesse observando seu lindo carneirinho prestes a tornar-se sua presa. Um predador silencioso. Os olhos âmbar brilham e sua garganta seca de tantas formas intensas e ofegantes que teve ela que se forçar a se levantar e sair do lado da castanha tão adoravelmente adormecida.

Quem diria que Kang Jaehee, a até alguns meses atrás “robô”, seria tão indefesa e adorável quando descasando. Se bem que, para MC, ela sempre foi a perfeição em forma de mulher, com facetas tão adoráveis que se controlou – e muito – nos primeiros dias conhecendo sua, agora, família.

Encheu um copo e tomou toda a água em goles longos e interruptos. Voltou para o quarto e se deitou novamente ao lado da maior, se permitindo encarar a face plena da mesma. O cabelo sedoso e brilhoso exalava o cheiro do shampoo, e MC não se conteve ao acariciar de leve a mecha sobre a bochecha de Jaehee e colocá-la atrás da orelha. Parou a mão ali, sobre a bochecha e orelha. 

A ansiedade estava lhe matando.

“Eu te quero, Jaehee.”

Suspirou baixinho e se virou de costas para a outra, esticando a mão para pegar o celular na cabeceira da cama. Agora seria a hora do seu mais sensível e belo confidente entrar em ação com suas frases poéticas e motivacionais.

 

Eu vou me declarar” (AM 02:36)

“Não vai, não” (AM 02:37)

“Você deveria me apoiar, Zen T-T” (AM 02:37)

“Eu te apoio, my princess, mas já me disse isso outras dezoito vezes” (AM 02:37)

“dezenove com essa haha” (AM 02:37)

“Dessa vez é sério!” (AM 02:38)

“ .... talvez.” (AM 02:38)

“Ou não. Se eu me declarar, capaz que vou destruir tudo que construímos. Não quero que a Jaehee se estresse mais do que já está estressada com os assuntos do café” (AM 02:39)

“Hum... não acho que isso aconteceria” (AM 02:40)

 “O quê?” (AM 02:40)

“MC, desde que você se uniu a RFA, Jaehee mudou muito. Está mais relaxada.” (AM 02:40)

“Parar de trabalhar pro Jumin foi o maior motivo pra ela ficar assim lol” (AM 02:41)

“Ninguém merece trabalhar pra esse desgraçado” (AM 02:41)

“De qualquer forma, você irá se confessar.” (AM 02:41)

“Oi?” (AM 02:44)

“Zen, é óbvio que não vou me confessar. Jaehee não me vê dessa forma. Pra ela, somos só boas amigas.” (AM 02:46)

“Argh, e você ainda tem a ousadia de me chamar de lento” (AM 02:46)

“Mas você é. Bastante, aliás LOL” (AM 02:47)

“ suspira Pare de zombar de mim como se fosse o Seven”  (AM 02:47)

“De qualquer forma, Jaehee é extremamente atenciosa com você nos últimos tempos. com você” (AM 02:47)

Sentiu as bochechas esquentarem. Olhou por cima do ombro, observando a mais velha por alguns segundos.

“Claro, comigo também. Mas isso é porque sou magnífico só pelo simples fato de existir” (AM 02:48)

“Ela é atenciosa comigo porque moramos juntas E somos amigas... É normal” (AM 02:49)

“ Você pode se confessar e, no pior dos casos, receber um “não”. Ou se remoer eternamente por não ter sequer tentado.” (AM 02:50)

“As chances não são nulas” (AM 02:50)

“O Zen tá me motivando a me confessar” (AM 02:50)

“O mesmo Hyun Ryu que surtou quando eu disse o mesmo” (AM 02:51)

“E é por isso que eu sei do que estou falando~” (AM 02:52)

“Me confessei e agora estou aqui, inteiro ainda. Não morri e até ganhei com isso haha” (AM 02:52)

“Eu sou uma ótima guru do amor. De nada” (AM 02:53)

“Hahahahaha” (AM 02:53)

“Okay” (AM 02:55)

“Eu vou me confessar” (AM 02:55)

“Vou me confessar para Jaehee” (AM 02:55)

“ISSO!!!” (AM 02:55)

“Como eu faço isso?” (AM 02:56)

“Você literalmente é a melhor pessoa da RFA que sabe sobre essas coisas hahaha eu sou a prova viva disso” (AM 02:56)

“De qualquer forma, talvez seja melhor averiguar a situação e tentar ganhar mais e mais pontos?” (AM 02:57)

Como faço isso? 2” (AM 02:58)

“Venha aqui em casa amanhã depois do meu ensaio” (AM 02:59)

“Vamos dar um jeito de pensar juntos!” (AM 02:59)

“ Zen... Obrigada, lindo príncipe~! <3” (AM 03:00)

“ah, eu te amo demais haha <3” (AM 03:00)

“Sempre estou aqui para você <3” (AM 03:01)

“Estarei te esperando, my princess ;)” (AM 03:01)

 

Os lábios da garota se curvaram inconscientemente, um calorzinho aconchegante enchendo seu peito. Ah, como ama a RFA. Como ama todos eles.

Voltou o celular para a cabeceira e se virou novamente para Jaehee.

Prendeu a respiração por um momento, gritando internamente.

Olhos castanhos estavam encarando-a.

Engoliu em seco. Desde quando ela estava acordada? Talvez teria lido as mensagens e por isso a cara sério e silêncio esmagador? MC teve que puxar forças do além para não surtar de vez. Assim, com a face pleníssima, deu seu melhor sorriso.

- Jaehee – perguntou suavemente, se aproximando mais da maior, não desviando o olhar daquele castanho brilhante em nenhum segundo. – Desculpa, te acordei?

A castanha só negou com a cabeça, observando a menor atentamente.

- Ainda está acordada? – indagou, brevemente levantando o olhar para o celular. Suspirou. – Já te disse que quando estiver sem sono é para me acordar, MC. Ficar mexendo no celular só piora sua insônia.

MC riu baixo. – Você fala isso agora. Antes, se alguém soltasse isso, você só iria dizer: “é inevitável. Trabalho é trabalho”.

- E por isso sei o quão faz mal pra saúde. – franziu a testa levemente.

MC sorriu quando sua cabeça foi levemente afagada.

- Agora o sono veio, Jaehee. Vamos dormir~ - abraçou a maior como uma criança feliz com seu urso tamanho gigante. – Amanhã temos um looongo dia pela frente.

- Estava no aplicativo da RFA? – ouviu.

MC bocejou. Realmente, seu sono havia chegado aos poucos, ainda mais porque a ansiedade que sentia desaparecera aos poucos.

- Huh? Estava. – sorriu para ela. – Estava falando com o Zen.

Os olhos castanhos de Jaehee escureceram um pouco, mas MC estava ocupada demais se aconchegando perto da amiga para perceber. Só voltou a levantar o olhar quando sentiu a mesma ficar tensa, e estranhamente encontrou uma careta angustiada substituindo a costumeira face neutra.

- Jaehee? – “Ah, ela deve estar com ciúmes do Zen?”. Sorriu de lado. – Foi uma conversa rápida. Sobre sentimentos e essas coisas.

- ... Entendi. – desviou o olhar e sua expressão suavizou, mas não se tornou menos tensa. – Vamos dormir, então. Amanhã temos trabalho.

- Sim~ - deu seu melhor sorriso, alegrando-se quando a tensão desapareceu da maior e a mesma respondeu com um sorrisinho suave. – Bons sonhos, Jaehee. – se aconchegou.

- Boa noite. – e fechou os olhos.

MC sorriu.

“Eu te amo, Jaehee.”

[...]

- Estou indo, Jaehee. – a castanha maior ganhou um beijo surpresa na bochecha, fazendo-a olhar sobre o ombro para a amiga e parceira de negócios. MC sorriu, estendendo a mão para si. – Devo voltar até o jantar.

- De novo...? – recolocou a caixa no lugar, aceitou a mão de menor e se levantou. – Onde você anda indo, afinal?

- Na casa do Zen.

MC sentiu a mão da maior se contrair levemente.

- Estou ajudando ele com o novo script hehe~ - deixou um sorriso frouxo escapar. Jaehee não precisou pensar muito para saber que ela estava mentindo. MC olhou o relógio no pulso rapidamente, desviando o olhar e dando alguns passos desajeitados. – Ah! Tenho que ir ou vou chegar atrasada! Até mais tarde, JaeJae!

Jaehee a viu atravessar a entrada do café correndo.

Suspirou.

É óbvio que MC está escondendo algo, ainda mais para a atenta e perspicaz ex-assistente de Han Jumin, Kang Jaehee. Além do fato de já conhecer mais de MC do que ela mesma pelo tempo que já moravam juntas.

- Ela e Zen...? – franziu as sobrancelhas, voltando sua atenção para a porta quando ouviu o sino dar seu aviso de um novo cliente. Levantou o olhar, já falando: - Desculpe, estamos fecha-

- Jaehee-Noona! – um sorridente loiro veio até o balcão. – Ah! Há quanto tempo, Noona! Como vai?

- Kang. – o empresário com ar elegante vinha logo atrás. – Vejo que o lugar não mudou nada. Continua igualmente pequeno.

A mulher se limitou a dar um sorriso mínimo, irritada com seu antigo chefe.

- O que estão fazendo aqui?

- Visitando. – respondeu o moreno.

- Certo... – olhou desconfiada para o maior. –  Bem, vamos subir. – desamarrou o avental, dobrando-o cuidadosamente e depositando-o sobre o balcão. – Vou servir algo de comer e beber.

Guiou-os até o andar superior, até a sala. O loiro animado foi o primeiro a sair observando todo o local, enquanto Jumin se limitou a sentar no sofá e cruzar as pernas.

- O que vocês gostariam? Suco, cerveja...?

- Ah, sim, Noona. Eu vou querer cerveja, por favor. – Yoosung sorriu, enfim se sentando no carpete. – Ahhh... Faz um tempo que não vínhamos aqui. Desde que se mudaram. – olhou para a mais velha divertidamente. – Deveríamos marcar de nos reunirmos novamente... Faz tempo que não nos reunimos.

- Nos reunimos todo dia no chat da RFA. – disse o outro.

- Não é a mesma coisa, Hyung. – suspirou. – Principalmente o Seven! Ele raramente entra no chat ultimamente...

A castanho olhou pelo canto do olho para a sala, pegando um vinho – já prevendo as exigências de seu ex-chefe – e duas latas de cerveja. Pegou alguns petiscos e foi até eles.

- Obrigada~ - sorriu o loirinho.

Jumin assentiu em agradecimento, contente com o novo tipo de vinho que experimentaria – o “tipo plebeu”.

- É de qual safra? – indagou ele, olhando para os dois sentados no carpete. – Não é ruim como imaginei que fosse.

- Cyan comprou semana passada. – deu de ombros. – Yoosung, tem certeza que vai beber? Você não é fraco pro álcool?

- Yah, minha tolerância aumentou muito de tanto beber com o Zen-Hyung! – riu. – Por falar nisso, onde ela está?

- Com o Zen... – encarou a própria latinha, pensativa. – Ela tem ido muito lá desde semana passada.

- Eh... – os olhos violetas se desviaram para seu chefe, que permanecia calado bebericando seu vinho. Encolheu os ombros, sorrindo desconcertado. – Será por isso que...

Jumin calou-o com um olhar.

- Aparentemente, ela está ajudando ele a ensaiar para seu novo papel. – contou.

- Eh? Então é isso? – suspirou, mas então olhou confuso para a mais velha. – Uh? Então por que não foi com ela? – inclinou a cabeça. – Ver o Hyung ensaiar não seria uma das sete maravilhas para você, Noona?

- MC disse que estragaria a graça da peça se eu visse antes. – suspirou, jogando o cabelo – agora longo – para trás. Os dois homens tiveram a perfeita imagem da angústia e ansiedade na face dela. Tomou um golo longo da cerveja. – Eu também simplesmente prefiro ficar aqui e adiantar alguns negócios do café.

- Aconteceu alguma coisa, Noona? – os olhos violetas a encararam preocupados. – Talvez vocês duas brigaram?!

- Não brigamos. – o olhou calmamente, se apoiando nos braços. – Mas, sinceramente, nunca pensei que me cansaria de ouvir o nome do Zen.

- Eh?! Então vocês brigaram mesmo...

- Não brigamos! – “Pelo menos eu acho”. – Nos últimos dias, quase nunca vejo a Cyan fora do café. Sempre que dá a hora de fecharmos, ela se apressa em sair dizendo ter que se encontrar com Zen. Tem vezes que nem mesmo volta pra casa.

- Noona... – o loiro a olhou cuidadosamente. – Não me diga... Ciúmes?

De todas as reações, Yoosung não imaginou que sua Noona iria somente desviar o olhar, muito menos que veria suas bochechas corarem fortemente. Por um momento duvidou se já não estava bêbado.

- Eh, mas você sabe, Jaehee Noona. Ter ciúmes do Zen não tem sentindo, já que-

- Seria ótimo se vocês duas se resolvessem. – disse Jumin, olhando para a castanha serenamente. – Assim, Hyun pararia de me evitar.

Yoosung apenas sorriu fracamente, voltando a beber sua saborosa cerveja.

“Não tem porquê ter ciúmes do Zen ou da MC, já que Zen-Hyung já está saindo com Jumin-Hyung”, pensou.

- Desde que começaram a se encontrar, Hyun não me deixa visitá-lo, e, por causa de sua alergia, ele também não me visita. Ou seja, quase não nos vemos. – tamborilou os dedos esguios pela taça. -  E, quando nos vemos, Cyan também está lá. – um brilho mal-humorado passou pelos olhos escuros dele. – E não podemos fazer muitas coisas, sutilmente falando.

- Meu Deus! – o menor mordeu o lábio para não rir, meio chocado no rumo dessa conversa. – Hum.. Jaehee-Noona, talvez não seja melhor só se confessar?

- .... Eu não tenho coragem. – admitiu, desviando os olhos pra qualquer ponto longe deles. – Da última vez que tentei, simplesmente acabei travando e preocupando ela.

Yossung sorriu de lado, fraco. Jumin, depositando a taça vazia sobre a mesinha, se levantou e alinhou brevemente o terno.

- Eu estarei agradecido que consiga essa coragem o mais rápido possível, por favor. – a olhou por longos segundos, por fim colocando as mãos nos bolsos. – Relações sociais são simples extremos. Você a tem, ou não tem. Independentemente da situação atual, construir e fortalecer sentimentos é um trabalho constante.

- Wow! – o loiro bateu palminhas. – Inspirador, Hyung!

Jaehee franziu as sobrancelhas.

- Isso não foi o que Cyan te disse quando você se recusou a se confessar...? – indagou.

- Foi algo do tipo. – deu de ombros. – Achei que seria um bom momento de reutiliza-las.

- ... Obrigada. – Ela sorriu de lado, meio desacreditada, porém, surpreendentemente, realmente agradecida pelo apoio, mesmo sendo palavras programadas e usadas pelo bem dos seus próprios interesses.

- Vamos, Yoosung. – chamou o moreno, já indo em direção a porta. Antes de sair, disse mais alguma coisa, a qual Jaehee, absorta nos próprios sentimentos, não prestou atenção.

 

“Está tudo bem, Cyan?” (PM 11:50)

Uma, duas, três latas.

“Ah Jaejae, esqueci de avisar!” (AM 00:20)

“Hoje vou passar a noite aqui, então não precisa me esperar ^^” (AM 00:21)

“Boa noite <3” (AM 00:21)

“Okay” (AM 00:30)

Quatro, cinco, seis, sete latas seguidas. Foi o suficiente para Jaehee ficar completam bêbada aquela noite. E, num estado que não conseguia nem mesmo se controlar, a razão desapareceu e todos os sentimentos guardados nos últimos meses e semanas vieram à tona.

Seu amor secreto pela sua melhor amiga latejou e machucou no fundo do peito. A angústia de esconder aquela sensação e desejo para si mesma, juntamente com a ansiedade de que qualquer dia poderia ser deixada e veria MC indo com outro, namorando e até mesmo se casando, a fez encolher e afundar a cabeça nos braços. Ah, em toda sua vida organizada, restrita e focada, Jaehee nunca imaginou que estaria chorando por estar apaixonada, ainda mais pela sua melhor amiga. 

- Jaehee?!

Sentiu algo sobre seu ombro, mas não se deu ao trabalho de verificar de quem era a mão. Ah, ela só desejava que todos aqueles inúteis sentimentos desaparecessem.

- Jaehee! – sentiu o corpo ser levantado, os olhos castanhos obtendo um brilho encantado ao verem a melhor amiga. – Meu Deus! Você está bem?! – MC olhou ao redor, horrorizada com todas aquelas latas de cerveja. – Você bebeu tudo isso sozinha?!

- Não... – jogou os braços sobre os ombros da menor. Balbuciou incerta: - Não foi... taaaanto assim hahaha... Hum.... Quero maix.

Cyan teve que segurar os braços da mais velha para impedi-la de voltar a beber. Franziu as sobrancelhas. Jaehee não era de beber. Quer dizer, só bebia tanto quando está afetada. Afetada sentimentalmente.

- JaeJae, o que aconteceu? – a olhou preocupada, forçando mais o aperto. Encolheu os ombros com o olhar irritado que recebeu em resposta. – Eh?

- O que tem a ver com você...? – murmurou arrastado, seca, se levantando desajeitadamente. – Não ia dormir na casa do Zen?

- Jumin me mandou uma mensagem dizendo que eu deveria voltar... – se levantou também.

Com um brusco balançar, Jaehee libertou seus braços daqueles toques que outrora ficaria tímida e contente.

- Não deveria. – soltou uma risada sarcástica. – Pode voltar pra lá agora! Aliás... – abriu a geladeira e ergueu outra lata de cerveja para a menor. – Por que não se muda pra lá? Afinal, praticamente só trabalhamos juntas mes... mesmo.

Foi aos tropeços até o balcão, apoiando-se e sentindo cada vez mais forte um refluxo subindo-lhe a garganta.

- Por que está dizendo isso, Jaeheee... – MC se aproximou em passos lentos, ficando em frente à amiga, do outro lado do balcão. Mesmo que não quisesse dar importância para aquelas palavras impulsivas de uma bêbada problemática, estaria mentindo para si mesma se dissesse que o desprezo na voz da pessoa que ama não havia lhe afetado, ainda mais por ela ser o motivo. Levantou o olhar, e Jaehee teve que abaixar o seu por não conseguir encarar aqueles olhos cheios de dor. – O que tem Zen e eu passarmos algum tempo junto? Só estou ajudando el-

- QUE MENTIRA! – explodiu. – Pelo menos conte alguma verdade, droga...

- Quê...?

Sorriu com escárnio. – Acha mesmo que não percebi todas as suas mentiras? Sabe, Cyan, você é péssima nisso... – afundou o rosto nos braços cruzados sobre o balcão. – Sempre foi.

- .... – os punhos pequenos da mais nova se apertaram inconscientemente, lentamente entrando em pânico. – Desculpe... – mordeu o lábio inferior. – Mas não tem nada pra se preocupar! Se estiver preocupada que algo esteja rolando entre nós dois e que ele acabe prejudicado, você sabe que não tem chances... – silêncio. – Tá? Vou parar de ir pra lá todo dia....! – os olhos normalmente cheios de ânimo, agora tremiam em desespero e pânico.

- Tá. – ouviu a voz abafada. – Só me deixe.

Arregalou os olhos, colocando as mãos hesitantemente sobre os braços da maior. Engoliu em seco. Não queria que Jaehee a odiasse. Não aguentaria que Jaehee a odiasse.

- Ne, Jaehee, vamos tomar banho pra você se acalmar? – sem resposta. Sentiu os olhos arderem. – Aí podemos conversar com calma.

- Pode ir sozinha.

- .... Eu não entendo... – a maior arregalou os olhos quando ouviu a suave voz embargada de MC. Ah, a culpa a dominou em uma só onda. – Você diz que não tem a ver comigo, mas ainda assim está irritada por causa disso?!

- SÓ ME DEIXE, DROGA! – espalmou as mãos na madeira com raiva, finalmente tendo vista do rosto choroso e magoado da menor. Seus impulsos raivosos imediatamente desapareceram. – MC...

- Zen e eu não temos nada mais que amizade! – exclamou, os olhos âmbar encarando intensamente os castanhos da maior. – Zen ama o Jumin tanto quanto eu te amo, droga!

Arregalou os olhos em choque, paralisada. MC também percebeu o que gritara aos sete ventos, deu dois passos pra trás, cada segundo mais e mais corada. Desviou o olhar pra um e outro lado, um choque descendo por sua espinha quando voltou a cruzar olhares com a maior.

Se encararam em silêncio, paralisadas.

Jaehee não precisou mais que dois segundos para bloquear a porta do corredor quando a outra fez menção de correr. Abriu os braços em frente a menor, adquirindo um olhar envergonhado e suave. MC grunhiu, recuando.

- Cyan... – Jaehee se aproximou lentamente, a lucidez voltando com a força de um soco no estômago. Suas bochechas coraram levemente ao tempo que segurou delicadamente, ansiosa, os ombros da menor. – ... Me ama? Do jeito que Zen ama Jumin?

MC virou o rosto completamente vermelho pra lado, um bico chateado emoldurando os lábios vermelhos. Algumas lágrimas ainda desciam pelas bochechas. 

- É isso mesmo. – levantou o olhar lentamente, sem desfazer a expressão chateada, mas claramente envergonhada e deprimida. Já imaginava que essa seria a última noite que ainda estariam sequer trocando palavras. “É melhor eu já ir procurando outro lugar pra morar”, ponderou a menor, sem mais nada a impedindo de soltar tudo aquilo que guardara nos últimos meses. – Eu te amo, Jaehee! Te amo tanto que chega a ser esquisito, sabe. Então, não precisa se preocupar com seu precioso Zen.

Foi a primeira vez que Kang Jaehee se sentia tão em êxtase com uma única frase. Da última vez que estivera completamente feliz foi na primeira peça que assistiu de Zen, e, claro, na abertura do café. Mas essa felicidade e alegria que a preenchiam agora era diferente. Tão agradável, aconchegante, necessitada.

MC desfez a careta e voltou a face para a castanha, arregalando os olhos para as lágrimas que transbordavam e molhavam as bochechas coradas da mesma. Mais que isso, seu coração pulou loucamente com o sorriso emoldurado naquele rosto sempre sério. Um sorriso calmo, alegre, que exalava amor e felicidade. Nunca a havia visto sorrir daquela forma, e se sentiu internamente vitoriosa por ter certeza que era fora a única que já o veria.

 Não precisou de palavras para saber o que aquele sorriso significava.

Miang Cyan voltou a chorar, mas dessa vez um sorriso acompanhou as lágrimas. Ergueu a mão até o rosto da maior e acariciou sua bochecha.

- Jaehee também...?

A maior riu baixinho, apertando a ponta do nariz da outra. – Eu também te amo, Cyan.

Mesmo com a iluminação da sala, o sorriso de MC pareceu a luz mais brilhante nos olhos de Jaehee.

- Eu te amo tanto, JaeJae! – exclamou, rodeando o pescoço da mais velha e ficando na ponta dos pés, deixando os rostos deliciosamente próximos. Sorriu, encarando os lábios como Jaehee também fazia. – Muito, muito mesmo.

- Sim. Eu também te amo, Cyan. – terminou com aquela mísera distância, as conectando de imediato.

O primeiro de vários beijos teve um gosto doce misturado com o amargo da cerveja. Foi bom, ótimo, suave e confirmou ainda mais o que a castanha já sabia ser amor.

Naquela noite, Jaehee finalmente entendeu o que Hyun queria dizer todas aquelas vezes quando discursava sobre amor e sentimentos. Ele sempre esteve certo. Ela não era uma garotinha inexperiente e pura, mas também nunca havia sido uma mulher apaixonada. 

~*~


Notas Finais


logo mais talvez eu poste uma com o Zen <3


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