O pequeno grupo se dirigia entre as celas, James ia na frente enquanto Prime contava animado sobre a história da sua vida, a história dos seus sete longos minutos vivos. Henry o escutava calmo, com breves sorrisos e faces acolhedoras, mas nunca, realmente, dizendo algo.
Caminharam em direção a rota das cavernas, repletas de celas que havia. Henry parou, paralisado pelo som agudo e estranho que escutava, o grupo se virou para ele confuso, diferente deles não ouviam nada. Era um som estranho, como se fosse um choro com mistura de raiva, conhecia aquele som, e aquilo inundava sua alma de maneira desconhecida, fazia parte do seu corpo estremecer, aquele som não era conhecido por Henry, era conhecido por Rhombulus.
Temeu, sabia que seu antigo eu, não era a melhor pessoa, tanto quanto a pior. Queria ir atrás do som, sentia que deveria, sentia que deveria ajudar aquela pessoa. Mas por quê? Um grito de seu passado o chamando novamente, o que há de bom nisso? Aquilo o confundia, mas ao mesmo tempo o animava.
Ao contrário da sensação que teve ao ver Prime, um sentimento de apego e amizade, mas nada realmente forte, a emoção que tinha com o som era como se fosse alguém que amava, que poderia morrer para salvá-lo. Novamente, com esse pensamento entre outros milhares, se encolheu, um som que fazia querer salvar alguém, mesmo que resultasse em sua morte, não conseguia ver um ponto positivo naquilo. Porém suas pernas já estavam se movendo em direção ao barulho para fazê-las parar.
Esquerda, direita, uma escada em espiral, direita novamente. O som ficava cada vez mais alto, seus amigos caminhavam atrás deles, eles nem tentavam mais chamá-lo, já haviam percebido que ele não os escutaria.
Ele parou, encarou a pessoa a sua frente, seu coração parou. Os olhos azulados, a pele ao redor dos olhos escura e no queixo branca, as orelhas longas e para baixo seguindo a coloração anterior, os chifres circulares azulados e brilhantes, as antenas turquesa e os cabelos bagunçados e castanhos. Suas pupilas aumentam confuso, tocou a fechadura e fez um cristal em volta dele, socando ela e quebrando-a. O garoto se levantou incerto e foi até ele.
Henry ergueu a mão para tocar o rosto do desconhecido, sentia seu peito doer, seus olhos lacrimejaram sem entender, o garoto se apoiou na mão dele e sorriu suavemente, parecia prestes a chorar como ele:
-Lekmet - James murmurou baixo vendo a cena.
-Quem é esse cara? - Prime indagou baixo sem atrapalhar o reencontro de desconhecidos.
-Rhombulus e Lekmet tinham uma relação muito próxima, mas… - ele sentiu sua garganta doer quando foi falar - Lekmet havia morrido tentando salvar Moon, Rhombulus se culpou por aquilo por muito tempo - deixou um sorriso escapar - mas pelo que parece, a história entre eles não se acabou.
Henry abraçou o desconhecido chorando, que retribuiu de modo atrapalhado:
-Mirz - o desconhecido estendeu a mão quando Henry se afastou.
-Henry - ele retribuiu o aperto secando as lágrimas com as mãos livres.
-Prime! - falou rápido erguendo os braços.
O som de passos soou de fundo, o grupo meramente se assustou, se entreolharam e Prime bateu palmas animado, empurrou todos de volta a cela e fechou, os resto do grupo o encarou confuso e viu ele erguer os braços e pequenos símbolos começaram a brilhar em dourado em sua gravata.
Eles o encaram confuso e se viram para onde deveria ser seu rosto, contudo no local só havia a imagem de Mirz chorando sentado com a cela trancada. Perceberam também que as barras da cela estavam tremidas e parecia que Prime estava alterando a imagem que eles teriam quando passarem pela sala.
Um grupo de três pessoas surgiam, uma delas carregava um pequeno tablet, na tela dele, mudava as câmeras diversas vezes, neles mostrava a imagens de seus amigos caídos em uma sala havia e chorando ou gritando. O segundo caminhava com as mãos nos bolsos, como se fosse um segurança reserva. E a terceira era uma garota de cabelos brancos que iam até os ombros, tinha olhos sérios e vermelhos, abaixo do direito havia uma lua minguante avermelhada. Em seus mãos havia uma tesoura, a parte de colocar os dedos eram pequenas asas brancas, o espaço entre as lâminas e os dedos havia a lua minguante, parecia ser feita de rubis, e a ponta era feita de aço e afiada:
-Selena - um guarda disse parando a frente da cela, a garota o encarou indiferente.
-O que? - questionou batendo a tesoura na mão.
-Tem certeza que não quer tentar novamente? Talvez ele fale alguma coisa - disse estendendo a mão para o colega, para que entregasse o aparelho.
-Ele provavelmente não conhece essas pessoas - disse apontando para a imagem de Munro e depois Ana, ambos pareciam estar morrendo.
Dentro da bolha invisível James se pronunciou baixo:
-Temos que pegar o tablet, vamos conseguir encontrar nossos amigos se o tivermos - comunicou baixo.
-Não precisa sussurrar eles não vão nos ouvir - Prime falou animado - olha! Eae cambada de trouxa! - ele gritou rindo, mas o grupo a frente deles permaneceu sério conversando.
-Certo - acenou com a cabeça - o plano é o seguinte, Henry os congela e pegamos o tablet, depois prendemos eles aqui dentro e corremos até nossos amigos - James pronunciou calmo - você acha que consegue? - indagou.
-Acho que sim - acenou e respirou fundo.
-No três você os cristaliza - acenou com a cabeça - um - o grupo se afastou da cela - dois - a garota disse algo e deu um passo para trás - três!
Henry bateu suas mãos contra o chão e começou a cristalizar o ambiente, a pessoa que segurava o tablet, gritou assustado e não conseguiu se mover, contudo a garota usou sua tesoura e fez um portão aparecer, ela pulou nele junto ao outro companheiro, ela desapareceu deixando apenas uma sala cristalizada para trás:
-Droga - Henry murmurou irritado por tê-la deixado fugir, Mirz bateu contra seu ombro sorrindo, o acalmando.
-Vamos, vamos! - Prime soltou animado desfazendo a ilusão - achar amiguitos perdidos em el infernito.
-Um minuto - James se virou para ele - como você chegou aquela hora do nada?
-Ah isso - ele balançou a mão e enfiou ela em uma parede - é fácil atravessar um labirinto quando você não precisa se importar com as paredes.
-Claro - disse virando os olhos - temos que ir logo.
Pegaram o objeto das mãos deles e caminharam em direção aos pontos:
-A gente não ia prender ele? - Prime indaga.
-Acho que ele já tá bem preso - Mirz diz observando o homem completamente cristalizado.
Eles continuaram caminhando e passaram por cada um dos pontos vermelhos, todos seus amigos estavam desmaiados ou chorando em posição fetal, quando chamavam ou os tocavam, eles tremiam ou choravam mais alto.
O jeito foi Henry criar carrinhos e colocar meus amigos lá enquanto buscavam todos. A maioria deles não se movia ou falava nada, as vezes James o robô pronunciava algo confuso ou palavras soltas com a mão sobre o peito.
Por fim com todos os colegas no carrinho, eles se entreolharam se perguntando o que fariam. A pessoa que havia aberto o último portal havia sido Cressida, talvez não fosse tão difícil, a ideia de James pegar a varinha e tentar passou por sua mente, contudo uma sensação de medo passou pelo seu ser, a última vez que usou não havia sido algo bom, preferia acreditar que não ocorreria o mesmo.
Respirou fundo vendo seus amigos conversarem sobre um meio de saída, nenhum deles cogitaram a ideia de James usar a varinha, todos ali tinham um receio de tentar fazer aquilo novamente. Butterfly por si só, segurou a varinha sem pensar duas vezes, novamente o ukulele se tornou um grande cetro, e os A’s em seu rosto apareceu, mas não sendo diversos, apenas dois em cada lado, seus olhos brilharam em azul e ele se virou para um ponto incerto.
Moveu o cetro fazendo um símbolo de um círculo com algumas formas em seu interior, o desenho resplandecia em segundos, como se incendiasse, ficou avermelhado e o círculo se abriu em um portal. O garoto tremia enquanto segurava o cetro, os amigos notaram e logo passaram pelo caminho esperando por fim James atravessar.
Assim que se encontraram em solo mewniano, todos soltaram um suspiro aliviado, menos James que havia desmaiado e deixado o cetro cair para longe dele. Juntando ele ao carrinho dos doentes, eles caminharam em direção ao castelo um pouco amedrontado com as ruas destruídas e o sangue vermelho e azul espalhado.
No caminho Prime ficava pulando e passando entre os objetos tentando seus poderes, uma vez ou outra falhava e ele batia a cabeça contra um poste ou casa. Atrás dele Henry e Mirz conversava, tentando entender a estranha conexão que havia e questionando quem era aquela garota, e porque sentia que a conhecia.
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