Se existia uma pessoa que era a personificação do azar e do desastre na terra, ela se chamava Ming. Ele era um para-raio de má sorte e muito desastrado.
Mas seu probleminha não era daqueles simples que acontecem corriqueiramente com as pessoas, como por exemplo, estar chegando ao ponto de ônibus e mesmo assim perder o mesmo, com ele estando a menos de seis metros de distância, ou quando você compra um delicioso sorvete no shopping, mas acaba tropeçando assim que sai da loja e sua sobremesa vai parar direto no chão antes mesmo sem você dar uma lambidinha sequer.
O azar de Ming era em um nível superior, do tipo, furar o pneu do carro no meio de uma estrada deserta e não ter um reserva dentro do porta-malas, muito menos possuir um celular com bateria enquanto isto. Ser capaz de esquecer em casa um trabalho importantíssimo da faculdade, este que valia mais da metade de sua nota semestral. Ou ainda conseguir tomar um banho de lama graças a um carro que passou por cima de uma poça e sujou sua roupa nova inteirinha, bem quando ele estava indo para seu primeiro dia de trabalho com o novo chefe.
Mas isso não era nem um por cento das coisas desastrosas que aconteciam com Ming, o pobre coitado sofria com isso desde sua adolescência e já havia tentado de tudo pra se livrar deste problema.
Tinha tomado todo tipo de chá existente, usado talismãs de proteção, enchido a casa de sal grosso e até mesmo nadado pelado em um rio durante uma noite de lua cheia em pleno inverno. Tudo isso na intenção de se ver livre do mal que ele acreditava o perseguir, entretanto, aquilo só havia o feito jogar esforço e dinheiro fora, e a última tentativa em especial, uma bela pneumonia.
E por fim, depois de passar alguns dias no hospital ele só passou a aceitar seu destino: era um ser humano azarado e desastrado. Então passou a tomar certo cuidado para não fazer mais besteira do que normalmente.
Porém, nem sempre era o suficiente, afinal, não era bacana chegar atrasado logo no dia em que seria apresentado ao seu chefe, ter seu café trocado, derramar chá em uma pessoa dentro do elevador e ao final descobrir que aquele ser irritadíssimo dentro do mesmo, era o próprio. Até aí, tudo bem, nada muito diferente do que já tinha acontecido consigo, mas se apaixonar por aquele baixinho esquentado, era sim, algo fora do comum.
O homem se remexeu na cama tentando ignorar o som do telefone, tirou o travesseiro debaixo da cabeça e colocou em seu rosto na intenção de voltar a dormir, mas os toques estridentes do celular não paravam, então desistiu e finalmente resolveu pegar o aparelho.
Esticou o braço para fora da cama, tateou a mesinha que ficava ao lado e pegou o celular, tirou o travesseiro de seu rosto e lentamente abriu os olhos tentando se acostumar com a claridade, e assim que leu a primeira mensagem tratou de verificar se tinha realmente acordado.
De: Yo:
“E aí, seu novo chefe já chegou?
A personalidade dele é tão difícil quanto realmente falam?
Por que você não tá me respondendo?
Ming, você já tá acordado né? Você não pode se atrasar hoje.
Droga Ming, por que foi beber tanto ontem?
Acorda agoraaaaa!”
Tomou um susto ao perceber que já eram quase sete e meia da manhã e ele ainda estava na cama, saiu em disparada pela casa e foi tomar banho, mas antes de chegar ao banheiro caiu de bunda ao tropeçar na própria roupa, que havia jogado no chão no dia anterior, depois de chegar bêbado. Como não deu tempo de tomar um banho longo como sempre gostava, ele caprichou no perfume. Por sorte já tinha uma roupa arrumada então não precisou revirar o guarda-roupa para achar algo, passou a mão em sua bolsa e rumou em direção ao elevador. Até tentou pegá-lo em seu andar, mas não conseguiu chegar a tempo e só pode ver as portas do mesmo se fechando bem na sua cara.
Ming suspirou frustrado e passou a mão no cabelo desarrumando os fios que antes estavam perfeitamente alinhados, de repente seus olhos foram em direção as escadas e ele percebeu que aquela era sua única opção. Afinal morava no vigésimo andar, só tinha um elevador funcionando e ele não estava com cara de que voltaria tão rápido.
Respirou fundo e passou a descer as escadas, a cada degrau que pisava ele sentia dor nas costelas e a falta de ar lhe dominar, nessa hora ele quase se arrependeu por ser sedentário, mas foi só pensar em um hambúrguer suculento que a culpa que estava prestes a sentir, sumiu.
Quando conseguiu chegar à garagem do prédio parecia que sua alma tinha deixado seu corpo de tanto cansaço que sentia, entretanto, não tinha tempo para descanso, rapidamente entrou no carro e não conteve a felicidade ao verificar que o trânsito de Bangkok não estava engarrafado como sempre.
Cumprimentou com um sorriso o porteiro do prédio onde trabalhava, aquele velhinho era sempre simpático e que, além disso, contava ótimas piadas. Conferiu o relógio novamente e viu que ainda tinha alguns minutos antes de ter que ir para seu andar e resolveu ir até a cafeteria.
O local não estava muito cheio, tinha no máximo cinco pessoas ali, fez seu pedido e ficou sentadinho esperando. Havia sobrado apenas ele e mais um rapaz, tinha a impressão de nunca o ter visto ali, sua pele era clara, seu cabelos tinham um tom acobreado e seu sorriso era lindo, já que o mesmo não parava de fazer isso enquanto olhava para a tela do celular. Mas não podia afirmar com toda a certeza que nunca o tinha visto, já que várias empresas usavam aquele prédio como local de trabalho.
Foi tirado de seus devaneios quando a atendente chamou a ele e o rapaz para pegarem seus pedidos no balcão, mas como sempre, tinha que acontecer algo, então seu azar entrou em ação. A jovem por algum motivo trocou os pedidos, e Ming quase cuspiu o conteúdo do copo quando o gosto horrível daquele chá verde chegou à sua boca, por sorte teve tempo de virar rosto e cobriu a boca com sua mão se obrigando a engolir aquilo, por que se não tivesse feito isso teria cuspindo tudo em cima do rapaz ao seu lado.
— Está tudo bem com o senhor? — a atendente perguntou, preocupada ao vê-lo tossir.
— Tá sim — ele tossiu mais uma vez — acho que confundiste o meu pedido.
— Tem certeza? O senhor não pediu chá verde? — a garota comentou enquanto fazia uma expressão confusa.
— Não, isso é horrível! — o engenheiro fez uma careta ao falar isso. A garota rapidamente pegou um copo com água e lhe entregou.
— Fui eu que pedi o chá. — o rapaz baixinho se pronunciou pela primeira vez.
— Ai meu Deus! — ela disse assustada. — O senhor não pediu um café com creme, não?
O rapaz a sua frente apenas negou.
— Na verdade, o meu pedido que era o café com creme. — Ming se pronunciou.
— Mil desculpas, eu acabei trocando tudo. — ela se desculpou.
Aquele problema era simples de ser resolvido, era só ela refazer os pedidos, mas, ter Ming no meio da situação, era sinal de que nem tudo seria fácil assim.
Ele não tinha tempo para esperar outro café e a moça pediu mais desculpas e ficou constrangida ao informar que não poderia fazer mais aquele chá, já que tinha usado a última porção de erva para fazer o que Ming acabara de beber.
Ele até tentou pedir desculpas ao rapaz por ter pegado o copo errado mesmo não sendo sua culpa, mas o que recebeu em troca foi um carranca e um murmúrio de “tudo bem”.
Não era como se tivesse feito aquilo de propósito, porém não tinha tempo para pensar nisso, já que tinha menos de dois minutos para chegar a sua sala.
Pegou o chá novamente, já que não daria tempo de comprar outra coisa para tomar e foi em direção ao elevador, para sua surpresa o homem com quem estava a pouco na cafeteria entrou junto, e aquele silêncio constrangedor se instaurou.
Quando o elevador estava prestes a chegar ao andar onde o moreno trabalhava, houve uma queda de energia e o elevador parou bruscamente, fazendo com que ele se desequilibrasse e quase caísse. Ele não estava segurando tão firme assim aquele copo de chá, segundos depois quando a luz retornou ele pode admirar mais de perto o resultado de seu desequilíbrio e de sua mão frouxa.
Ming ficou alguns segundos sem reação, ele tinha acabado de virar um copo cheio de chá em cima da camisa social verde do rapaz.
— Puta merda! — ele disse com os olhos arregalados — Me desculpe, eu não tinha intenção de fazer isso. — o moreno disse desesperado, e o clima só piorou quando viu que o baixinho analisava a própria camisa com uma cara nada boa.
Rapidamente, abriu sua bolsa e quase a virou de cabeça para baixo em busca de lenços de papel, quando os achou, estendeu-os em direção a camisa do outro na intenção de ajudar, mas ao perceber o olhar mortal que estava sendo lançado sobre si preferiu só estender a mão e esperar que o rapaz pegasse-os e se limpasse.
— Foi um acidente, por favor, me desculpe, eu posso ver se consigo outra camisa pra você.
— Não precisa. — o rapaz de cabelos acobreados disse, com uma expressão nada feliz e o elevador voltou a subir.
— Eu realmente insisto, não posso fazer nada agora, mas me encontre no saguão no final do expediente, para que eu possa te recompensar. — o moreno nem esperou a resposta do outro e saiu rapidamente do elevador, assim que chegou ao seu andar, jogou o copo que ainda estava em sua mão na primeira lixeira que encontrou pelo caminho.
Bateu ponto e foi em direção a sua mesa, estava feliz por ter conseguido chegar na hora, afinal não queria criar uma impressão ruim em seu primeiro dia com o novo chefe, já que o outro tinha fama de ser cruel com funcionários fora da linha ou quando pagava antipatia de algum deles.
— Bom dia, Ming! — Forth, um de seus amigos de trabalho e superior o cumprimentou enquanto passava ao seu lado carregando alguns papéis.
— Bom dia! — Ming respondeu sorrindo.
— Animado para conhecer o novo chefe? — Ming questionou.
— Sim, ouvi dizer que ele é um ótimo engenheiro. — o garoto apenas balançou a cabeça em um aceno positivo e começou a fazer seu trabalho.
Já havia se passado das oito e meia quando o burburinho de que o novo chefe havia chegado. Ming se juntou aos funcionários, que já estavam de pé em frente suas mesas, só esperando o homem passar pela enorme porta de vidro.
Quando finalmente alguém apareceu na porta, ele sentiu um frio na espinha, esfregou os olhos para ter certeza do que via e quando a pessoa tão aguardada entrou na sala ele só quis se esconder embaixo de sua mesa e nunca mais sair de lá.
— Bom dia a todos, eu sou Kit o engenheiro chefe que será responsável por vocês, é um enorme prazer conhecê-los, espero que possamos nos dar muito bem.
Ming podia jurar pelos deuses que tinha visto um sorriso maldoso brotar nos lábios do outro assim que ele terminou de falar, e tinha a impressão de que aquilo tinha sido direcionado mais para si do que para qualquer outro ali.
Se ele achava que aquele dia não podia piorar, estava completamente enganado, quem estava ali na sua frente era o cara com quem tivera o pequeno probleminha na cafeteria e no elevador, a única diferença que ele não usava mais a mesma camisa molhada de horas atrás.
O coitado era muito azarado, chegou até a pensar que Kit não tinha ficado tão bravo consigo pelo ocorrido e que separaria o profissional do pessoal, e em certo ponto estava certo, o baixinho não era de mistura as coisas, mas por algum motivo Ming era exceção.
Naquele mesmo dia o jovem engenheiro ganhou uma pilha de trabalho extra, e quando questionou o novo chefe sobre aquilo ganhou como resposta um:
“Você disse que me recompensaria depois do expediente, e é trabalhando que vai fazer isso”.
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O tempo foi passando e mesmo com o chefe pegando em seu pé, Ming não se cansava de espiá-lo discretamente durante o trabalho, fosse a uma reunião ou quando ele estava falando consigo em particular sobre os planejamentos de construção de novos prédios.
Mas como tudo tem seus prós e contras, às vezes ser desastrado trazia certas recompensas.
Aquela tarde de terça feira estava uma verdadeira correria, todos do escritório estavam trabalhando com toda a energia que tinham, felizmente tinham conseguido mais três projetos, então serviço é o não estava faltando. Naquele mesmo dia eles tinham uma visita agendada para conhecer melhor o local onde uma das reformas seria feita, as pessoas que deveriam ir eram Forth e Kit. Entretanto era óbvio que se os dois mais experientes saíssem, há chance de tudo virar um caos era grande, então Forth mandou Ming acompanhar o poderoso chefinho.
Aquele tinha sido um dia incrível, mesmo ele tendo voltado para casa com o nariz cheio de algodão para conter certo sangramento.
Ming tentava conter sua euforia ao escutar de seu superior que seria ele a acompanhar Kit.
— Você entendeu né? — o mais velho perguntou enquanto lhe entregava uma pasta preta com todas as plantas do projeto.
— Relaxa cara, não é como se eu fosse causar algum tumulto lá. — disse confiante e viu seu superior levantar uma das sobrancelhas em desconfiança.
— Tá bom, tá bom! Reconheço que posso causar sim um acidente, mas prometo que vai da tudo certo. — Ming respondeu com um lindo sorriso nos lábios.
— Só não irrita muito o chefe tá? Você é um ótimo amigo e funcionário, seria uma pena te ver fora daqui.
— Pode deixar comigo. — Ming bateu continência de brincadeira para o amigo.
— Então, deixe-me avisar para o Kit que consegui alguém para ir em meu lugar, ele já está lá embaixo esperando. — Não houve sequer tempo para que o mais alto pegasse o celular e mandasse a tal mensagem, pois foi interrompido.
— Não precisa avisar, eu mesmo falo quando chegar lá. — O mais novo se pronunciou de forma simples. Ele não perderia a oportunidade de ver a carinha de espanto e de mau humor que Kit faria, quando o visse.
Pegou o elevador e foi direto para o saguão, chegando lá, de longe, avistou Kit do lado de fora do prédio mexendo no celular, diminuiu seus passos quando estava bem perto do baixinho, o chamou.
Tudo que ele menor queria era assustar Kit, mas não tinha dado certo, ao que parece o outro não tinha percebido que alguém se aproximava e quando escuto seu nome, se assustou, e deixou seu celular cair no chão.
Por sorte não tinha acontecido nada com o aparelho e eles foram o caminho inteiro com o silêncio constrangedor lhes perseguindo, novamente. Dentro do carro, claro que Ming queria falar algo, entretanto o medo de falar algo errado era maior do que a vontade de puxar assunto.
O moreno ficou encantado quando chegaram ao seu destino, aquele estádio de beisebol era enorme e lindo, ele não era muito fã do esporte, mas reconhecia a beleza do lugar, e com a reforma que estavam planejamento, aquele lugar ficar melhor ainda.
Junto a um representante do estádio, ele e Kit já tinham rodado quase todo o local, só faltavam as arquibancadas. Bem em frente, ali no campo, um grupo de jogadores estava treinando.
Lá estava ele, conversando com o representante, colhendo as últimas informações necessárias enquanto seu chefe fazia o mesmo, Ming preenchia distraidamente uma planilha quando escutou alguém gritar “olha a bola” e quando ele se virou para ver o que era nem teve tempo para desviar, só consegui enxergar uma bola de beisebol vindo em sua direção e logo depois sentir o impacto dela se chocando contra seu rosto. E depois disso, não sentiu ou percebeu nada, porque havia desmaiado e só acordou horas depois, já dentro do hospital.
— Tem certeza que não quer passar a noite aqui? — Kit perguntou enquanto observava o mais novo assinar os papéis da alta.
— Tenho, já estou bem melhor. — Ming respondeu. Ainda estava com dor de cabeça, mas nada que o fizesse precisar ficar ali, e felizmente seu nariz estava sangrando pouco.
— Não acho que seja uma boa ideia fazer isso, se quiser eu ligo para algum familiar ou amigo e digo que está aqui. — O baixinho demonstrou preocupação.
— Se eu você ligar para meus pais agora e dizer que estou em um hospital, eles irão surtar de preocupação e o Yo não está na cidade.
— Bom se for assim, — Kit coçou sua nuca em sinal de nervosismo — eu posso passar a noite com você, digo, no hospital. Eu posso passar a noite com você, aqui no hospital. — Ming abriu um lindo sorriso assim que escutou aquilo, ele queria muito aceitar aquela proposta, mas realmente não tinha necessidade.
— Está tudo bem, eu só quero sair desse lugar e comer muito, estou morrendo de fome.
— Você gostaria de jantar comigo, então? — o moreno teve duas vontades ao ouvir aquela frase: a primeira foi de desmaiar, afinal, ele estava tão caidinho por Kit que até um “bom dia” que o outro dissesse sorrindo, era motivo para ele ficar igual a um bocó apaixonado. E a segunda vontade, foi a de correr sem olhar para trás, afinal, quem estava lhe chamando para jantar, era seu chefe cruel que raramente era gentil com a sua pessoa, sabe se lá o que o baixinho planejava depois do jantar. Porém, ele logo tratou de afastar esses pensamentos bizarros e aceitar o convite com um grande sorriso.
E aceitar isto foi uma das melhores decisões que já tinha tomado, pois conseguiu fazer o mais velho deixar um pouquinho de lado sua marra, e passaram o jantar todo rindo. Foi aí que Ming percebeu que Kit se tornava mais lindo ainda quando sorria e se apaixonou por aquelas covinhas.
A seu ver, aquele dia havia sido incrível, ter tomado uma pancada no rosto e estar com o nariz sangrando tinham valido a pena. Pela primeira vez, ser azarado tinha lhe propiciando algo bom.
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Depois daquele dia, a convivência dos dois havia tomado um rumo melhor, a cada dia ele descobria algo sobre Kit, descobriu que ele tinha dois fiéis escudeiros e que um deles trabalhava no mesmo prédio que eles, o que explicava o seu aparecimento no escritório com uma blusa diferente da que usava no elevador. Descobriu também que o baixinho amava aquele chá verde horroroso, e que se não tomava aquilo de manhã ficava com a cara amarrada até a hora do almoço. Mas de todas as descobertas, saber que o Kit falava palavrão toda vez que estava envergonhado, foi a mais legal.
Com o passar dos dias, os dois iam se aproximando. Quem chegava primeiro comprava o que o outro mais gostava na cafeteria, almoçavam juntos e viviam arrumando motivos para visitar a mesa do outro com a desculpa de que era apenas trabalho.
No início Kit não admitiu gostar de Ming, na verdade, ele realmente não gostava dele no início. A seu ver, Ming não passava de um bobão atrapalhado. Mas com o passar do tempo ele tinha começado a reparar mais no moreno, percebeu que ele era um ótimo profissional e tinha um futuro ainda mais brilhante pela frente.
Não negava que o outro era azarado e às vezes um pouco desatento, mesmo assim era uma pessoa incrível, se esforçava em tudo e tentava sempre levar as coisas de forma leve. No começo pegava no pé do mais novo por pura pirraça, mas Ming começou a despertar algo dentro de si, e toda vez que se aproximavam seu coração disparava e suas mãos suavam.
Ming era um homem lindo e estava conseguindo mexer com ele da forma que ninguém havia conseguido, e quando se deu conta, ele já dominava boa parte de seus pensamentos.
Tinha ficado muito preocupado com o moreno no dia do acidente, Ming tinha simplesmente desmaiado e ele entrou em desespero, porém não havia sido nada grave.
Não foi fácil admitir a possibilidade de estar gostando de alguém, na verdade ele tinha decidido esquecer aqueles sentimentos alguns dias atrás, tinha medo de se machucar. Mas não teve coragem de fazer isso depois de passar horas conversando com Ming no dia de seu acidente, se encantou ainda mais por aquele sorriso e finalmente admitiu para si mesmo estar apaixonado.
Eles eram completamente opostos, e Ming era a pessoa mais desastrada e azarada que já tinha conhecido, até o primeiro beijo deles tinha sido em meio ao caos.
Os dois estavam na sala de arquivos revirando caixa e mais caixas de papel atrás da planta de um prédio que tinha sido feito por aquela empresa há muitos anos atrás. E era de suma importância os achar, já que teriam que fazer uma reforma naquele mesmo prédio.
— Achou alguma coisa Ming? — Kit perguntou, enquanto colocava mais uma pilha de papel velho a sua frente para analisar.
— Ainda não, mas achei essas caixas lá no fundo, quem sabe tem algo aqui. — O baixinho se virou em direção ao moreno e viu que o mesmo trazia várias caixas, uma empilhada sobre a outra.
— Nossa! Você pegou muitas, quer ajuda?
— Não, eu consigo. — E foi só Ming fechar a boca que segundos depois ele escorregou em uma folha de papel que estava no chão, Kit só viu as caixas voando e Ming prestes a cair de costas.
Em um reflexo rápido, saiu da onde estava e puxou o moreno pela mão, mas não estava preparado para suportar todo o peso do corpo outro e quem acabou caído de costas no chão foi ele. O que não foi de todo ruim, porque, ao mesmo tempo em que ele se chocou com o chão, seus lábios se chocaram com os de Ming em um beijinho totalmente acidental.
Depois daquilo Kit fugiu de Ming o resto do dia, e toda vez que se lembrava do acontecido sentia correntes elétricas percorrendo seu corpo e sentia as bochechas corarem ao lembrar-se de quão macios era os lábios do outro. Quando chegou pela noite, ele não pode continuar a o ignorar, já que tinham marcado de jantar juntos no dia anterior.
Entretanto toda aquela resistência não durou muito, Kit não conseguiu sequer desviar os olhos dos lábios do mais novo o jantar inteiro e quando eles estavam no estacionamento não pode mais se privar do desejo que estava sentindo e atacou a boca de Ming ali mesmo.
Meses depois, eles estavam namorando oficialmente, Ming tinha feito um lindo pedido e por incrível que pareça naquele dia os céus estavam cooperando a seu favor porque tudo tinha saído perfeito.
Foi uma verdadeira festa no escritório quando todos souberam do mais novo casal formado ali, e eles sabiam separar bem a vida profissional da privada, mesmo que às vezes trocassem gestos de carinhos de forma bem discreta, eles se amavam e não se importavam se entregar de corpo e alma ao outro.
Kit estava se sentando sobre a bancada de mármore da cozinha, enquanto suas mãos rodearam o pescoço do namorado, este que estava de pé entre suas pernas.
O beijo, que antes era um simples selinho, havia ganhado intensidade e agora as bocas se procuravam com mais intensidade, as línguas se tocavam com desejo e o único objetivo ali era apreciar o sabor do outro.
Ming levou suas mãos até às grossas coxas do namorado e as apertou, depois lentamente deixou suas mãos entrarem por de baixo da camisa que Kit usava. O baixinho até tentou ficar calado, mas era quase impossível conseguir conter o gemido ao sentir aqueles longos dedos tocarem seus mamilos.
O mais velho separou sua boca da do moreno e a levou em direção ao pescoço dele, passou a distribuir beijos molhados e a vontade de continuar aquilo só cresceu quando Ming passou a gemer seu nome baixinho.
As respirações estavam ficando cada vez mais pesadas e o calor entre os corpos só aumentava, o moreno ajudo Kit a tirar a blusa que usava e não conteve o sorriso malicioso ao ver aqueles mamilos rosados, durinhos. Sabia que aquele era uns dos pontos fracos do outro e resolveu dar uma atenção especial para aquela parte, onde alternava entre chupá-los de forma bruta ou simplesmente usar a ponta da língua para contorná-los de forma lenta e torturante.
Voltaram a se beijar e Ming aproveitou para pegar o namorado no colo, assim que Kit entrelaçou suas pernas em sua cintura ele sentiu seus membros se roçarem e percebeu que o outro estava tão excitado quando ele.
— Vamos para cama. — Kit disse com certa dificuldade ao sentir Ming morder seu lábio inferior.
E não foi necessário que o pedido fosse refeito, em questões de segundos eles já estavam nus sobre a cama, Ming tinha o corpo do mais velho de baixo do seu e usava tanto a boca quanto as mãos para marcar aquela pele leitosa.
Seus membros já eretos esfregavam um no outro arrancando gemidos de ambos. Ming levou sua mão até o falo do namorado e ouvir suspirar longamente apenas com seu toque, passou a beijar todo o corpo de Kit e só parou quando chegou em seu membro.
Envolveu sua mão em volta do falo ereto do outro e passou a fazer movimentos de vai e vem, começava lentamente da base e quando chegava à ponta do pênis onde contornou a glande com o polegar.
Deu um beijinho na cabeça do membro do namorado e passou a lamber o pré-gozo que escorria dali. Com a ponta da língua passou a envolver toda a ponta, antes de colocá-lo todo dentro de sua boca, quanto mais Ming movimentava sua cabeça, mais Kit gemia. Quando percebeu que o outro estava prestes a chegar à seu clímax se afastou.
— Vira de costas amor. — Ming pediu manhoso. Ao escutar isso Kit corou da cabeça aos pés, aquela não era a primeira vez que faziam isso, e ele se amaldiçoava por sempre terminar com as bochechas rosadas, mesmo assim se virou e ficou do jeito que Ming pediu.
Enquanto Kit achava ridículo sentir suas bochechas esquentarem, Ming achava aquilo adorável, tudo no outro lhe atraía, a forma como ele gemia, suas curvas, e era perfeito quando ele chegava a seu estágio máximo de prazer chamando seu nome.
Destruiu beijos por toda as costas do amado até chegar a sua bunda, de forma calma afastou suas nádegas e pode ver sua entrada, com a ponta da língua acariciou aquele buraquinho.
Ao sentir aquela parte de seu corpo ser tocada Kit involuntariamente arqueou suas costas, entretanto bastou Ming começar a penetrar sua língua ali para o baixinho sentir seu corpo todo entrar em êxtase. Não sabia ao certo quando tinha começado, mas estava adorando rebolar na boca do outro.
Ming passou a se masturbar enquanto ouvia os gemidos do namorado, seu membro estava tão duro que ele já estava começando a sentir dor.
— Amor — Ming se afastou e Kit se virou para olhar para ele.
Quando seus olhares se cruzaram, eles puderam ver o que um tinha capacidade de fazer com o outro.
— Eu preciso de você amor.
— Eu sou todo seu Ming.
Aquilo era tudo que o engenheiro mais novo precisa ouvir, esticou o braço em direção à gaveta e pegou o frasco de lubrificante e um preservativo, abriu a camisinha e a colocou em seu membro, depois, despejou um pouco de lubrificante em seu pênis e em seus dedos, espalhou o produto por toda a entrada de Kit e logo depois começou a prepará-lo.
Kit já não conseguia mais esperar, Ming já tinha colocado três dedos dentro de si, a sensação era boa, mas ele queria ser tomado por inteiro pelo namorado.
Quando Ming finalmente o penetrou ele sentiu um pouco de dor, mas logo a sensação foi substituída por prazer, os corpos se chocavam de forma mais intensa e o quarto estava preenchido por respirações ofegantes e murmúrios.
— Eu amo quando você fica de quatro para mim. — Ming disse no pé do ouvido do namorado e aquilo foi como um incentivo para o outro que passou rebolar ainda mais sobre seu membro.
O casal havia trocado de posição e agora Ming estava em cima de Kit entre suas pernas, os corpos se procuravam e se tocavam de uma forma incrível, queriam saciar aquele desejo ardente.
Aquilo era mais do que um ato carnal, o que movia aquele momento era o amor que sentiam e por isso se tornava uma ligação de alma.
Não demorou muito para eles chegarem ao clímax junto, Kit gozou entre sua a barriga e a de Ming, e o moreno se desfez dentro do namorado, esperam seus batimentos cardíacos voltarem ao normal e dormiram agarradinhos.
O tempo tinha passado, mas o azar de Ming continuava o mesmo, ele vivia se metendo em enrascadas e causando tumulto, o destino continuava a colocar pedras e pegadinhas em seu caminho. Basicamente, quatro anos tinham se passado e quase nada tinha mudado, entretanto ele não reclamava mais por ser a personificação do azar e do desastre.
Por que se ele não fosse assim, talvez nunca tivessem se envolvido da forma que se envolveram, talvez, se não tivesse derramado chá no outro, Kit nunca tivesse começado a pegar no seu pé e por consequência muita coisa do que tinha acontecido não existiria.
E por último, mas não menos importante, se ele não fosse daquele jeitinho, talvez nunca tivessem comemorado seu segundo aniversário de casamento comendo uma deliciosa pizza de calabresa.
Aquele não era seu plano inicial, mas o que ele podia fazer se tinha auto encarregado-se da comemoração naquele ano, tinha feito reserva em um dos melhores restaurantes da cidade, encomendado um lindo relógio para o amado e planejamento uma noite quente em um belo motel.
Entretanto, Ming sempre seria Ming.
Por isso, o restaurante onde tinha feito reserva teve um probleminha com os canos estourados e inundou, o pedido do relógio tinha atrasado e hotel para onde iriam, havia sido fechado sob a acusação de ser um ponto para a lavagem de dinheiro.
O detalhe é que tudo isso aconteceu no dia do tão esperado encontro, ele ficou chateado por isso, mas seu marido não se importou. Quando Kit aceitou se casar com Ming, sabia que todo tipo que coisa poderia acontecer.
Ming era azarado, mas era seu azarado e Kit não trocaria isso por nada, aquele aniversário de casamento tinha sido perfeito, porque, mais importante do que o local que estariam e o que comeriam, era o fato de estarem juntos.
Amavam-se e isso era o mais importante, tinham tudo que precisavam ali, e isso incluía a pizza como prato principal e KitKat, como sobremesa.
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