História Fencing - Tocando feridas

“Há feridas que nunca curam, apenas se esquecem de doer. – Fabricio Carpinejar”

EUA, Califórnia — San Diego — 2015, 08h00 AM

Point of View Justin Bieber 

Antes mesmo de abrir meus olhos, meu nariz inala um cheiro de perfume feminino, contendo também uma mistura de sexo. Oh claro. Roxie! Diga-me, como esquecer essa ruivinha? Começo a passar meu braço sobre a cama a sua procura, e não a encontro ao meu lado, meus olhos de imediato se abrem a sua procura, mas apenas vejo o edredom. Ótimo!

 A porta que ontem a noite estava fechada, agora se encontrava entreaberta. O cheiro forte de café passava pela sua fresta, me dando a certeza que ela estava na cozinha.

Me decido levantar, mesmo que quase caindo de sono, e começo a procurar por minha boxer pelo quarto, visto-a e logo em seguida coloco meu moletom que está dobrada ao lado de cama. Passo meus olhos no quarto á procura de meu celular e o acho em cima do criado-mudo. Aperto o botão de bloqueio mostrando-me uma foto de meus irmãos como plano de fundo, e logo a cima indicando o horário, 8h00 da manhã!

Escondo minhas mãos gélidas sobre o bolso da minha calça e vou caminhando pelo corredor assoviando uma musica qualquer em direção à cozinha. Sinto um cheiro de bacon e torradas invadir minhas narinas e junto com ela veio à rouquidão de meu estomago pedindo por comida.

Chego à cozinha me deparo com uma imagem maravilhosa, Roxie vestia minha camisa da noite passada e estava de costas para mim preparando o café. Deslizando meus olhos pelo balcão e vejo torradas e bacon em cima do mármore, mas antes mesmo de minhas mãos alcançarem a comida, sinto uma leve ardência sobre elas. Eu havia levado um tapa!

— Quer tomar café? — sua voz presunçosa ecoa pela cozinha — Então é melhor fazer o seu, porque esse que está aqui — direcionou sua cabeça levemente em direção ao prato — É meu!

— Bom dia para você também, doce Roxie — passo meu braço em sua cintura, e deixo um leve beijo no canto de seus lábios — Por que não pode dividir comigo?

— Acha mesmo que vou levantar cedo para preparar algo para você comer, Bieber? — arqueou suas sobrancelhas em forma de deboche para mim — O café está feito, agora apenas faça algo para comer — sorriu se desvencilhando dos meus braços.

Só que antes mesmo dela virar totalmente com seu prato em mãos, eu roubo uma torrada do seu prato e dou um pulo para trás tentando desviar do seu tapa.  

— Porra, Justin... — esbravejou batendo o pé contra o chão, parecendo uma criança birrenta.

— Ei estressadinha, me desculpe — mordo sua torrada lhe dando as costas.

Fui em direção ao armário pegando uma caneca qualquer a enchendo de café logo em seguida, a encosto no balcão ao meu lado, e abro a geladeira pegando dois ovos. A frigideira que ela havia fritado seus bacons continuava no fogão, então só me dando o trabalho de ligar o fogo. Esperei que o óleo esquentasse, para quebrar os ovos ali dentro.

— Vou cobrar de Deus um lugarzinho no céu pela minha boa ação feita hoje — me viro para ela confuso — Deixei algumas torradas e bacon para você — empurrou o prato que estava depositado a comida contendo apenas duas torradas e alguns bacons.

— Nossa, tem bastante torrada — desviei meu olhar do prato para si — Não acha?

— Verdade, não tinha pensado nisso — depositou seu prato sujo na pia e voltou para bancada — Pensando bem, acho que vou comê-las.

— Ei, ei... — me apressei para puxar o prato de suas mãos — Já que me deu não pode querer toma-las de volta — fui em direção aos meus ovos o depositando no mesmo prato.

Arrastei uma cadeira para me sentar em sua frente e coloquei o prato com torradas e meu café no balcão, assoprando o café para que esfriasse um pouco.

Point of View Athena Johnson — 11h30 AM

— Que merda você acha que está fazendo, Josh?

— Fica calma Athena — exclamou — Estou tentando!

Josh se mexia o mais rápido possível, enquanto eu buscava força de onde não tinha para não tombar. O cansaço estava estampado em seu rosto, mas não podíamos parar agora.

— Se não se mexer rápido, não irá dar certo — esbravejei — Por favor, ponha mais força nisso.

Já era para termos acabado, mas Josh não aguentava e acabava parando.

— Poxa, não tenho culpa se a batedeira decide parar de pegar justo hoje — soltou a colher da batedeira e eu a tigela no mesmo momento que ele.

— Mas eu não posso jogar essa massa fora!

— E eu que me ferro batendo? — foi em direção a pia para lavar as mãos.

— Você começou então você termina — dei ombros para buscar o pano de prato — Se não for assim, o bolo desanda.

— Me lembre de passar em alguma loja para comprar outra batedeira, por favor — massageava os braços enquanto eu despejava a massa de bolo na forma.

Vocês devem estar se perguntando se Josh mora comigo, a resposta é não! Ele não mora, mas é como se morasse, porque vive aqui no meu apartamento. E quando não está, ou está na faculdade, ou na casa dos pais.

Nunca cheguei a mencionar que ele é filhinho de papai, Josh não trabalha e seus pais acabam bancando toda sua mordomia. Ai vocês se perguntam, como irei casar com este cara? Não irei dizer que o amo, por que não sei ainda o significado do amor. Mas namoramos há cinco anos e iremos dar um passo a mais em nossa relação daqui a alguns meses.

Algumas pessoas dizem que eu sou jovem demais para me casar e que talvez ele não seja o cara certo para mim e blá blá blá. Não é como se eu estivesse sendo obrigada a casar com ele, porem eu me sinto segura e confiante o bastante para entregar minha alma a ele. Mesmo que talvez possa não ser pra sempre nosso casamento, igual à de alguns parentes meu, ou seus, mas o importante é que eu tentarei, mesmo que não de certo, eu não me arrependerei!

— O que houve? – escuto a voz de Josh – Está voando em pensamentos. Quer dividi-los? — seus olhos profundos vão de encontro aos meus.

— Não é nada de mais — me sentei na ponta do sofá e deitei minha cabeça em suas pernas.

Murmurou baixo voltando seu olhar para a televisão.

— Sabe, eu estava pensando — seus dedos passavam pelos meus fios do cabelo — Temos que pensar onde será nossa lua de mel, você não tem nenhum lugar que queira muito ir? — abaixou sua cabeça olhando-me.

— Não no momento, mas gostaria de ir a algum lugar paradisíaco!

— Temos muito para pensar então — sinto suas mãos suaves afagar meus cabelos e no mesmo momento fecho meus olhos.

— Sim — exclamo baixo e volto a olhar para TV.

Josh parou em um canal de noticias sobre famosos, onde mostrava North West gritando para não tirarem fotos dela. Aquela garotinha tinha todo o gênio do pai, provavelmente nasceu no clã errado. A família da mãe ama uma selfie, enquanto a garotinha detesta. Até o momento que surge uma imagem de Justin e uma ruiva que escondia o rosto sentado ao banco do passageiro. Impressão minha ou eu conheço aqueles cabelos!

— Não sei se já comentei com você, mas não vou com a cara desse Bieber — toda minha atenção dada a tv foi tirada pela voz de Josh.

— Já comentou diversas vezes! Aliás, ele também não vai com a minha.

— Não é o que me parece quando está dando aula para ele — me olhou.

— Você sempre diz a mesma coisa quando alguém do sexo oposto se aproxima de mim. Pode ficar tranquilo em relação ao Bieber, como eu disse, ele não vai com a minha cara.

— Eu espero realmente ficar, por que não irei me poupar de estourar aquele rostinho famoso — relaxou o corpo nas costas do sofá.

— Em vez de querer estourar a cara dele, deveria prestar mais atenção em suas aulas na faculdade — o olhei desafiador — Não acha?

— E você deveria me dar uns beijinhos — começou a beijar meu rosto – Hum, você acordou e nem um selinho me deu!

— Pare de ser chato, Josh — soltei uma risada fraca, e estava tentando fugir de seus selinhos molhados em meu rosto.

Levantei minha cabeça do seu colo passando a mão em meus cabelos desgrenhados, me virei em sua direção, sorri e balancei a cabeça em negação. Josh se inclinou para frente e me deu um selinho, que logo se tornou em um beijo.

É nesses momentos, que percebo que fiz a escolha certa para o resto de minha vida.

EUA, Califórnia – San Diego – 2015, 05h40 PM

— Athena — escutei uma voz através da mascara — Athena, merda — me viro lentamente para o dono da voz que esta tirando a mascara.

— Quantas vezes terei que falar que pra você é Jonhs... — suspiro desistindo  — Tá, o que foi agora Bieber?

— Não é nada, vamos esquecer — se vira para voltar de onde veio.

— Nada disso — puxei seu braço para voltar onde estava — Ah vamos, diga lá, o que foi?

— Está certo... Sabe alguma coisa da ruiva que usa tranças? — me perguntou.

— De batom vermelho e sardas que aparenta ter menos do que tem, porque parece achar bonito romantizar Lolita, mas adora mesmo é dar em cima do namorado das outras?

— Exatamente — afirmou — Quer dizer, é?

— Roxie... O que quer com ela?

— Nada demais.

— Sei... Também quer transar com ela? Porque é o que metade dos homens daqui querem fazer.

— Não... — não o deixei terminar.

— Ainda b...

— Na verdade, já transei.

O que? Está brincando, não faz nem semanas que ele anda treinando aqui e já transou com ela, então por que diabos desta pergunta?

— O que? Então por que está me enchendo com perguntas se já conheceu todos os buracos possíveis dela?

— Ei calma eu só... — o corto.

— Não quero saber. Volte a sua posição. Continua saindo do tablado mesmo sabendo que não pode — me virei voltando a colocar a mascara.

— Espera. É serio — tocou meu ombro — Eu só quero saber algo sobre ela.

Tiro a mascara rapidamente — Como assim, vocês transaram sem sequer se conhecerem?

— Sim, é...

— Isso é estranho — franzo o cenho — Não entendo como alguém pode transar com outra pessoa sem sequer saber algo sobre a vida dela.

— Eu sou o Justin Bieber. Esqueceu que todos sabem sobre mim?

— Uh, não. Por que você e seu ego inflado precisam me lembrar que estou diante do astro pop.

— E futuro rei se assim me permitirem — completa.

— Como ousa? Michael Jackson existiu sabia? Ninguém pode substitui-lo.

— Tem razão. Não podem. Estou apenas brincando.

— Não sei, mas do jeito que você é não duvido nada que queira ocupar o lugar dele — dou ombros, e saio andando tentando fugir do assunto.

— Ocupar o lugar dele? — corre até a mim — Achei que não se importasse com o que eu faço ou sou, Johnson — se vira com um sorriso sínico no rosto que eu tive vontade de arrancar nos tapas.

— Eu realmente não me importo. Mas é a sua cara querer se tornar o rei do pop — provoquei.

— Do jeito que fala eu pareço um tirano sanguinário querendo roubar o trono de alguém. Mas chega disso — cruzou seus braços a altura do tórax a minha frente — Quero saber da Roxie.

— E por que?

— Não sei. Eu só... — coça o queixo — Ah, qual é? Para de graça. Você deveria ser como ela.

— Como assim? Usar roupas curtas e parecer uma ninfeta endiabrada? Não, dispenso.

— Não — explicou-se — Apenas relaxar e sentir o momento. Você parece tão certinha. É como se tivesse se candidatando para ser mãe do filho de Jesus.

— Não seja idiota — reviro os olhos.

— Então não seja preconceituosa. Roupas não define ninguém.

— Certo, o que quer de mim então? Está me achando ruim? Se candidate as aulas de boxe da Roxie e vá aliviar suas tensões com ela — o deixo para trás.

— Ei calma, só estava curioso — vem atrás de mim — Boxe. Uau.

Começo a andar em direção ao vestiário.

— Ei, para onde está indo? — perguntou-me

— Embora, não é obvio?

— Mas o horário nem acabou.

— Acabou sim — apontei para o relógio que marcava 06h30 em ponto — Passamos meia uma hora falando da Roxie e não terminamos o treino — lhe dou uma advertência — Agora passe no ginásio dela, e pede para ela finalizar seu treino — dou algumas batidinhas em sua bochecha antes de sair dali.

— Está nervosinha demais, Johnson — solta um risada sínica — Isso é falta de sexo no seu relacionamento? O seu namorado/noivo broxa não está dando conta do recado?

Porra, eu estou vermelha e garanto que ele percebeu. Eu não costumo falar sobre minha vida sexual “se bem que ela não é ativa”, desde o inicio da minha adolescência prometi me casar virgem e vou cumprir essa promessa a mim mesma. Josh respeita minha decisão e isso que importa no momento.

— Uh, ela está vermelha — soltou uma risada alta.

Comecei a olhar para os lados para ver se alguém mais ouviu essa conversa desagradável e tendo a sorte de ninguém ter escutado. Caminhei para perto dele e apontei meu dedo indicador para seu rosto.

— A minha vida sexual não se diz a respeito a você — firmei minha voz.

— Está brava, Athena? — riu — Vai me dizer que é virgem e fez promessa para se casar pura? — riu mais ainda.

Arregalei meus olhos e fiquei vermelha de imediato, como uma criança quando é pega aprontando. Nessa hora eu queria um buraco para poder enfiar minha cabeça igual a um avestruz.

— Oh meu deus, você é virgem — começou a gargalhar — Como seu namorado aguentou tantos anos? Apenas na bronha?

Ele quer tocar na ferida? Então vamos tocar.

— Josh aguentou do mesmo jeito que Selena te aturou por anos no relacionamento de vocês — e as risadas sessaram.

Já dizia minha mãe. Quem muito ri, acaba chorando.