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História Fênix Azul - Reunião


Escrita por: PS_Jay

Notas do Autor


Desculpa pela demora pessoal! Mas com o início das aulas, trabalhos, e um monte de coisas chatas, não deu para postar mais cedo. Então, aqui estou eu, com mais um capítulo.
Boa leitura.

Capítulo 15 - Reunião


Capítulo 15

Reunião

   As classes sociais foram estabelecidas formalmente na virada do século XVIII para o início do século XIX, quando as cinco capitanias ganharam destaque. Tratados foram apresentados para a melhoria da vida na sociedade e a separação de pessoas por ordem cronológica. Papéis a serem desempenhados ganharam lugar no ringue, fazendo alguns subirem ao poder enquanto outros despencavam.
   Desde muito antes, antes mesmo dos seres humanos terem consciência do que acontecia, o mundo em si era tratado com desigualdade. Cultural, social e econômica. Corrupção, maldade, já estavam presente no coração dos impuros. Porém, a bondade e a gentileza também se mostrava, às vezes ganhando sobre as consequências da vida. Só se sabe uma coisa, a pessoa escolhe qual lado seguir.
   As classes apareceram como forma de organização, mas a crueldade ainda estava lá. E continua a estar.
   Eu não concordei com esse tipo de governo hereditário, não concordei com as classes, mas elas existiam. E continuar-me-iam a me atormentar.
   Natalie caminhava de mãos dadas com Davi, seu novo namorado. Não pareciam prestar nenhuma atenção em mim e nem na tigresa. Beatriz, por sua vez, estava nervosa desde a raiz dos cabelos até as pontas dos pés. Esfregava as mãos uma na outra freneticamente. Em contrapartida, nossos irmãos nem ligavam para o que acontecia ao redor, apenas no seu próprio mundo, que se subtraia somente nos dois.
   A bolsa pendia do ombro de Bia, sendo abraçado pelo seus braços compridos, protegendo-a.
   A sala era grande, com cadeiras arrumadas em meia lua, que adornavam uma simples mesa. Não era o mesmo cômodo que abrigava as antigas reuniões do Conselho, já que os jovens poderiam participar da assembléia também. Ele era maior, mais rústico, com as paredes cheias de desenhos e janelas pequenas, luzes iluminavam o local.
   Natalie tomaria a frente da reunião, então sentou-se próxima à mesa de madeira clara, em tom castanho. Parecia figueira. Davi acomodou-se ao seu lado, não desgrudando dela em nem um segundo. Olhei de soslaio para Bia, que erguia a sobrancelha para o unido casal. Na frente, só havia duas cadeiras, as mesmas ocupadas por eles. A tigresa deu de ombros, se dirigindo para um dos acentos atrás deles e jogando a bolsa no acento. Me sentei ao seu lado, apoiando as costas contra o encosto da cadeira e esperando a sala ficar cheia.
   O barulho das conversas dos adultos recheavam o ar do ambiente, a algazarra dos adolescentes me tirou do meu momento de divagação. Em poucos minutos, todas as cadeiras do salão já estava ocupadas pelos mais diversos rostos.
   Eu estava nervoso, não sabia como o resto das pessoas reagiriam quando Beatriz abrisse a boca. E se eles não acreditassem, o que eu faria? E se acreditassem? E se decidissem começar a rir?
   Eu iria morrer.
   Em um amontoado de cabeças, vi sentada no lado oposto da sala a figura graciosa da garota de cabelos vermelhos e olhos dourados. Ela me encarava fixamente, mesmo que não parecesse estar olhando para mim. Ao seu lado, um homem de cabelos pretos e olhos castanhos amarelados segurava a mão de uma bela mulher. Esta, possuía cabelos e olhos castanhos, busto firme e graça aparente. Ele comentou alguma coisa com a garota, que pareceu ser desperta de um tipo de transe. Ela respondeu, porém não desviou os olhos.
   Há umas seis cadeiras de distância, Juli se encolhia, abraçando os braços como se quisesse sumir. Pouco distante, Calton com seus amigos cabeças de bagre riam de alguma coisa. Dei um pequeno sorriso para a garota de óculos, que retribuiu tímida.
   O velho senhor de olhos bondosos estava sentado do outro lado da sala. Ao seu lado, o homem com um tufo de cabelo no topo da cabeça, parecia um amontoado de grama mal aparada. Se não me engano seu nome era Bernard Simons. Um advogado que encarava a tigresa com um olhar de ódio. Ela devolvia no mesmo fervor, trincando os dentes.
   Outros adultos enchiam o salão, conversando sérios em pequenos grupos, sentados ao lado dos filhos, irmãos, ou pais.
   O barulho cessou assim que Natalie pôs-se de pé.
   - Não vou me demorar cumprimentando a todos. Então dou boas vindas aos novos e velhos integrantes, e para quem não me conhece, meu nome é Natalie Ryan.
   Ela apoiou a cintura na quina da mesa, cruzando os braços e olhando para todos ali. Ela deixou o cabelo loiro cair sobre seus ombros, passando os olhos castanhos pelas paredes. Ela fixou a porta fechada.
   - Acho que todos sabem porque estamos aqui - disse ela, fitando os adolescentes que ocupavam algumas cadeiras. Seu tom era calmo em profissional, mas ao mesmo tempo autoritário.
   Ninguém disse nada, até aquela mulher de cabelos castanhos tomar a frente. Ela estendeu a voz em meio ao silêncio:
   - Vai existir uma nova guerra civil, não vai?
   Natalie assentiu sem mudar a expressão. Entretanto, a mulher segurou firmemente a mão do homem de cabelos pretos ao seu lado.
   - Como vamos vencer? - perguntou uma garota de cabelos loiros tingidos, com uma lixa de unha trabalhando velozmente no osso da mão. Não parecia estar nem prestando atenção na pergunta que fizera.
   Não se tratava de vencer, e sim de fazer a coisa certa. O mundo decaiu na maldade terrena.
   Natalie se ajustou, trocando o peso do corpo para o outro pé.
   - Esperamos que não chegue a isso.
   - Como? - questionou a mesma moça. Vi um vislumbre de indignação passar os olhos amanteigados de minha irmã.
   Ela suspirou.
   - Conseguimos alguns aliados com viagens internacionais. - Ela olhou para Lince, pedindo que a mesma viesse até a frente. Analice se levantou da cadeira cautelosa, algumas pessoas ainda tinham receio de deixá-la participar daquilo. Mesmo ela já ter se mostrado inocente de todas as acusações.
   Os olhares perturbadores a seguiram, como se fossem animais de olho em sua presa. Foi minha vez de me remexer no acento.
   - Deixei essa organização por alguns meses por... motivos pessoais - relatou, com voz firme e irrelevante a opinião dos outros. - Nesse meio tempo visitei outros pontos, em outros países. Minha ideia inicial era que tivéssemos muitas pessoas nos apoiando, para assim ter pelo menos uma chance de não entrar em guerra.
   - E como isso funciona? - perguntou Juli, ajeitando os óculos acima da curva do nariz. Jogou os cabelos curtos e escuros para trás.
   Foi Natalie quem respondeu:
   - Se tivéssemos apoios políticos e administrativos o suficiente, a maioria dos países acreditaria em nossa tese. E como todos somente buscam a verdade, nos ajudariam de conseguíssemos convencê-los. E com isso você espero juntar uma grande quantidade de metamorfos aliados...
   - Para assim minimizar o inimigo, e contê-lo aos poucos - completei seu pensamento em voz baixa, porém, alto o suficiente para todos ouvirem.
   Natalie confirmou com a cabeça, um sorriso de canto no rosto.
   - Que países nos apoiam? - perguntou o senhor com o olhar bondoso, sua expressão estava séria, e somente participava de reuniões de guerra por ser um ancião.
   Lince contou nos dedos.
   - O Alasca, toda a Índia, a Itália e estamos a um passo de conseguir aliança com o Canadá.
   Ao meu lado, a tigresa bufou e meneou a cabeça, descontente.
   - Não é o bastante - declarou. E ela possuia razão. Mesmo que a Índia e o Canadá por si só fossem muito grandes, não tínhamos pessoas suficientes no nosso lado. O fato de estarem somados a outros países ajudava e aumentava as expectativas, mas, comparado ao restante dos territórios, era minúsculo.
   Todos os rostos se voltaram para Bia, que apenas deu de ombros.
   - Deveríamos conseguir um contrato com a Nova Rússia - opinou um garoto magricela, de óculos e jaqueta grossa. - Tem bom armamento, e é grande.
   Neguei com a cabeça e não consegui me conter.
   - A Rússia pode ter conseguido conquistar alguns pequenos territórios que estabeleciam divisa com ela, e com certeza possui bons soldados. Fabrica armas e treina exércitos - Falei, emendando tudo como uma teia. - Mas como você mesmo disse, o território é muito grande comparado as pessoas que vivem lá. Seria mais prudente conversar com o Conselho da Espanha, que tem um povoamento muito maior do que um país quase completamente coberto por neve. Digo o mesmo do Alasca, que fica congelado a maior parte do ano.
   A tigresa encarou o resto do pessoal com um olhar provocativo, como se os desafiasse a se opor, ninguém falou nada por alguns segundos, ficando apenas com cara de perdidos. Até Calton quebrar o silêncio:
   - Você tem outra ideia? - perguntou, coçando a nuca e recebendo algumas risadas dos seus valentes amigos com caras de abutres.
   Beatriz abriu um sorriso sínico.
   - Na verdade, tenho.
   Todos no salão calaram a boca quando, por sua vez, a silhueta feminina da tigresa se levantou, ela caminhou até o centro da assembléia com toda a sua graça felina.
   Seus olhos verdes assumiram algo profissional, em tom sério, disse:
   - Há um tempo atrás, recebi uma mensagem direta de Lirah, o próprio oráculo - o salão em geral trancou a respiração. - E acho que ela deu informações bem específicas.
   - Que informações? - questionou o advogado. A tigresa lançou-lhe um olhar de aviso. Ela começou a caminhar lentamente, passando rente a mesa estendida e pensando de cabeça baixa.
   - Alguém de vocês sabe o que Kevin quer? - questionou, de sobrancelha erguida. Seus olhos inquisidores e seu sorriso brincalhão correram pelas pessoas presentes.
   Ninguém respondeu.
   A tigresa andou mais alguns passos, e conforme falava, indicava tanto a mim quanto a Lince.
   - Por que Kevin quer a cabeça deles a prêmio? - Ela nos indicou com o queixo. - Qual o motivo?
   Os jovens me encararam com descrédito, os adultos apenas continuaram a fixar a figura da tigresa branca.
   Lince tinha uma expressão impassível.
   - Porque eles furtaram seus planos? - palpitou o homem de cabelos pretos, os olhos castanhos amarelados se grudavam em Bia, e a mão segurava firmemente o braço da mulher ao seu lado.
   - Não somente isso - contra argumentou a tigresa, focando o homem de aparente trinta e poucos anos.
   - Então o quê? - perguntou Calton. Todos faziam silêncio.
   Beatriz suspirou, olhando diretamente para mim.
   - Nas histórias - começou, - é relatado um acontecimento raro, que se repete ao longo dos anos. Qual é o único animal, que dele só existe um?
   O gentil senhor me encarou do outro lado do recinto. Rugas se formavam nos cantos dos olhos, os cabelos grisalhos se encontravam cuidadosamente arrumados, e as órbes castanhas se enchiam de brilho.
   Ele entendeu.
   - A Fênix - disse.
   - Mas existem quatro - repreendeu uma mulher de trajes leves, cabelos castanhos claros, e nariz pequeno.
   Bia concordou com a cabeça, ainda dando sua palestra.
   - Existem quatro - repetiu. Uma das mãos na cintura. - Mas aqui falamos de uma específica.
   Juli aprumou a coluna, olhou séria para algo fixo, ficou apreensiva.
   - A fênix azul - sussurrou, recebendo inúmeras olhadelas. Foi tão baixo que a maioria não entendeu, porém Bia ouviu em alto e bom som.
   - Avalor - confirmou.
   - Espera - se anunciou um homem de estatura média, esguio e loiro. Olhos cinzentos. - Você está dizendo que as palavras de Lirah tem a ver com Avalor?
   - Tem tudo a ver com ele - disse ela, seus olhos azuis esverdeados ainda fixos em algum ponto além da multidão. - Lirah falou que precisamos encontrar a adaga de Avalor.
   Todos se mexeram, desconfortáveis.
   - Ficou louca? - argumentou um homem de cavanhaque e cabelos ruivos. - Nem sabemos se ela existe.
   - Existe - afirmou a tigresa branca, convicta. - Se não, por qual outro motivo Lirah nos mandaria buscá-la?
   Ah, ela sabia. Sabia perfeitamente a resposta para aquela pergunta, mas queria que eles também soubessem. Seu olhar mortal dizia-me que não era para eu abrir a boca, e sua postura relaxada fazia expressividade as palavras arrastadas.
   - O patrono voltou? - indagou o advogado, olhando para todos ali. A maioria fazia sinais de confusão, todavia, Natalie, Lince e eu mantínhamos os rostos voltados para Bia. - Vocês sabiam? - acusou ele, entre dentes.
   Em algo parecido com sincronizado, nós quatro olhamos para ele. Não tinha como negar.
   - O patrono voltou - afirmou Natalie, a expressão quase vazia comparada a tigresa. Uma ruga de preocupação formou-se entre suas sobrancelhas.
   - Quem é? - perguntou a mulher esbelta, confusa. Lince lançou-me um olhar de esguelha.
   Era difícil fugir de seu olhar inquisidor e furtivo, ainda maos quando todos te encaravam, esperando algo acontecer.
   No final daquela noite, eu não sabia por que tinha sido escolhido. Não sabia por onde começar e não sabia mais quem era meu patrono.
   Só sabia, que haja o que houver, tinha de ser feito.

Notas Finais


Bem, quero saber o que acharam. Tem alguma pergunta que queiram fazer?? Há algo que não respondi??
Comentários??


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