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História Fera? - Passeio noturno


Escrita por: Littlelayle

Capítulo 20 - Passeio noturno


Escuto o silêncio por trás do telefone e isso me incomoda.

 -Você não vai falar nada? - Pergunto desnorteada. 

-Eu... Eu acho ótimo Luisa, que bom que você acatou minha proposta, e quando pretende vir e trazer a Poliana?

 -Acredito que amanhã mesmo! 

-Ok, vou aguardar vocês, ou se quiser eu passo e pego a Poliana depois da escola e passo te buscar. 

-Por mim parece ótimo. Otto da um suspiro pelo telefone e pergunta:

-E o Marcelo? Reagiu bem a isso? 

-Não podia imaginar ele reagindo de forma melhor.

-Entendi. - Ele responde com ar de surpresa. - Vou desligar, pois agora tenho compromisso, mas se precisar de alguma coisa, pode me ligar.

-Ok, Otto. Até amanhã. 

-Até amanhã, se cuida, tá? 

-Você também meu.... Desligo o telefone antes de cometer uma besteira e decido tomar um banho para tirar aquele cheiro de hospital terrível.

 Fico refletindo a forma como ele falou comigo pelo telefone e acho estranha, mas decido não focar nisso. Saio do banho, deito na cama pois estou morta de sono.. como sempre.. De repente Marcelo entra e me traz um copo de suco de laranja e um sanduiche.

 -Oi, vim trazer algo para você comer. - Ele diz sentando na cama.

-Oi, obrigada, estou faminta! - Sento na cama e pego a bandeja. -Eu falei com Otto e amanhã vou para casa dele, com a Poliana. 

-Nossa! não deixou nem o defunto esfriar! - Ele diz já meio alterado.

-Poxa Marcelo, você me disse que eu poderia ir! - Eu digo e dou uma mordida no sanduiche. 

-Mas eu não achei que você aceitaria e iria tão rápido. 

-Só de eu falar com você, você já se altera, imagina eu passar minha gravidez aqui! Eu quero o boem estar do meu filho, Marcelo. E eu estou ficando cansada de sempre pisar em ovos com você.

 Ele se aproxima mais e pega no meu rosto com as duas mãos.

 -Eu tenho ciúmes de você com ele, e me preocupo com você e o bebê. Prometo que vou aproveitar sua ausência pra mudar. 

-Marcelo, a gente está tão distante... a gente precisa seguir em frente e...

-Luísa não se atreva a terminar comigo! - Ele grita, e relaxa o rosto dando um sorriso como se tivesse se arrependido do que disse.

 -Como assim? - Eu respondo após sentir um tremendo frio na barriga - Você não está bem Marcelo.. 

-Está tudo bem sim Luísa, me perdoa, foi uma reação involuntária, acho que estou meio estressado, e você está cansada. Vou deixar você dormir um pouco.

 Marcelo se aproxima, me dando uma beijo rápido e levanta, levando a bandeja com ele. Volto a deitar na cama, passando a mão na minha barriga e começo a pensar em como Marcelo está cada dias mais possessivo, acredito que ele nunca faria mal a mim, e nem ao meu filho, mesmo sendo do homem que ele odeia. 

-Ai Luísa D'Avila o que você tá fazendo? - Pergunto a mim mesma Parece que tenho as respostas para todos os meus questionamentos mas apenas não consigo colocá-los em prática. 

 Acabo caindo no sono e durmo por horas, acordo e são 21h, e estou faminta! Marcelo ainda não está na cama, então levanto vou ao banheiro pois estou com a bexiga estourando, e sigo para a cozinha. Passo pela sala e Marcelo está ainda sentado no sofá com seu notebook, e então eu tento passar sem que ele perceba e vou pra cozinha. Abro a geladeira e pego uma lasanha dessas congeladas no sabor de queijo e coloco dentro do microondas pra aquecer. 

Quando me viro novamente para sentar na mesa, levo um susto imenso com um Marcelo encostado no castilho da porta. 

-Nossa Marcelo, você quase me matou do coração! - Digo colocando a mão no peito.

-Tá assustada por que meu amor? - Ele pergunta se aproximando de mim. -Não é isso, Marcelo. É que você estava na sala, e eu tentei não fazer barulho para não atrapalhar você! E você aparece atrás de mim, do nada! 

 -Entendi. - Ele diz segurando o próprio queixo - Está com fome? Tem comida guardada... 

-Não precisa... Estava com muita vontade de comer uma lasanha dessas. Sabe como são esses desejos né... Ele concorda com a cabeça com um meio sorriso.

 -Eu vou dormir então. Qualquer coisa, me chama. - Ele me da um beijo -Amo você.

 -Ok. Também. 

 Marcelo vai pro quarto e eu fico sozinha, pego minha lasanha que está pronta e começo a comer, ele está me dando medo mas não vou dizer isso a ele, talvez seja sua vontade me assustar, pela forma como falou comigo mais cedo, não é normal. 

Termino de comer minha lasanha, estava FAMINTA, escovo meus dentes e sigo para o quarto. 

Marcelo já está deitado, dormindo sem camisa, o que me deixa impressionada, pois não vejo ele fazendo isso há tempos.

Deito na cama, mas não consigo dormir, fico rolando de um lado para o outro, até quase 23h então decido levantar e pego meu celular. 

 Vou para a sala, e deito no sofá enquanto mexo no celular. Abro a conversa com Otto e vejo que ele está online, e num movimento mais que involuntario envio:

 "Oi

 Ele leva alguns minutos mas logo responde: 

"Oi, ainda acordada?" 

 Eu respondo: 

 "Sem sono. Dormi até tarde hoje!" 

 Ele responde: 

 "Entendi. Estou com visita hoje, senão te buscava pra rondarmos a cidade."

 Sinto um frio na barriga, mas respndo de imediato:

 "Visita? Nem sabia que tinha amigos! Rs." 

 "Na verdade é uma pessoa que eu estou conhecendo. Uma mulher."

 Sinto minhas bochechas queimarem, e um frio na barriga mais intenso e respondo:

 "Fico feliz que esteja se permitindo, então pare de conversar comigo e dê atenção à ela!"  

 "Ela já está dormindo, quem não consegue dormir sou eu! Quer fazer alguma coisa?"

 Dou um sorriso e respondo:

 "Alguma coisa tipo?" 

 "Vou te buscar! Não durma." 

 "Preciso trocar minha roupa?" 

 "Não. Já chego aí!" 

 Olho para minha roupa e acho que não estou tão ruim usando uma bata rosa claro, uma saruel preta, na altura da canela, e um cardigã de lã na altura das coxas.

 Aproveito e calço um tênis esportivo que são mais largos e confortáveis, e faço um coque no topo da cabeça, e fico sentada esperando ele chegar. 

 Espero alguns minutos e a tela do telefonema dele sobrepõe o vídeo que eu estava vendo, e atendo sua ligação. 

-Oi Otto. 

-Oi, cheguei. Sai aqui fora. 

 Sigo em direção a porta e saio evitando qualquer barulho que desperte Marcelo e levo a cópia da chave que Marcelo me deu. 

Vejo o carro preto dele estacionando na frente da casa e vou em direção a ele entrando no carro. 

-Oi Luísa. - Ele diz me dando um beijo no rosto. 

 -O-Oi. - Eu respondo com um sorriso sem graça. - O que tem em mente?

 -Estava pensando em irmos no Starbucks 24 horas que tem aqui perto, gosto de sentar no mezanino que nos da uma vista privilegiada. - Ele diz dando partida no carro. 

-Gostei, faz tempo que não vou a um Starbucks. 

-Eu também. - Ele responde sorrindo sem tirar os olhos da direção. 

A gente não troca muitas palavras durante o trajeto e quando chegamos no Starbucks, ele estaciona o carro e entramos na cafeteria. 

Só havia passado na frente, nunca entrei lá e gostei bastante do ambiente, não éramos os únicos, havia um rapaz sozinho com um laptop aberto, um casal meio jovial, uma moça que aparentava seus 35 anos, e fora as pessoas que provavelmente estariam no mezanino.

 -Boa noite, o que desejam? 

 -Eu quero um frapuccino de baunilha. - Diz Otto, com os olhos no cardápio. - E um muffin salgado de parmesão. 

-Seu nome? 

 -César. - Ele diz enquanto ela escreve o nome no copo.

 Fico surpresa de não ter dito Otto. 

 -Ok! -E você? 

 -Eu quero um de doce de leite e um pedaço de red velvet. - Eu digo pra atendente que parece tão jovem e é bem atenciosa. 

-E seu nome? 

 -Luísa. Ela faz a soma e Otto acerta o valor, mesmo eu tendo trazido R$50,  ele insistiu em pagar pois ele me convidou. 

-Vamos sentar aqui, depois a gente sobe no mezanino quando o pedido estiver pronto. Finalmente a atendente nos chama e pegamos nossos lanches e subimos para o mezanino. 

-Vamos sentar perto do vidro. Que aí podemos apreciar a vista. 

-Vamos. 

 Eu sento de costas para a escada, e Otto senta de frente pra mim.

 -Então Luísa como estão as coisas com Marcelo? - Pergunta Otto tomando sua bebida. 

-Estamos bem até. Confesso que Marcelo tem estado muito possessivo ultimamente. 

-Mas ele continua com esse temperamento difícil de sempre? 

 Eu não respondo. Apenas aceno com a cabeça em forma positiva. 

-Vai ser até bom você passar sua gravidez comigo... Na minha casa, digo. - Ele diz colocando o canudo da bebida na boca. 

-Eu sei, quero muito o bem do meu filho. 

-Nosso filho. Aliás, ele já tem nome? 

-Otávio. - Eu respondo colocando uma garfada do bolo na boca. 

-Lindo nome. Lembra o nome fantasia, do pai. - Ele diz olhando pra mim com um sorriso malicioso. 

-Gosto desse nome! Mas o Marcelo ainda não sabe que você sabe. 

Ele olha para mim surpreso. 

-Mas não foi esse o motivo pelo qual deixou você passar sua gravidez comigo? 

-Não... na verdade foi outra coisa. - Digo colocando mais uma garfada do bolo na boca. 

-O que foi? - Ele para de comer e olha pra mim sério. 

-Hummmm esse bolo está delicioso. Quer provar? Me da um pedaço do seu muffin? 

-Não obrigada, pega. - Ele empurra a embalagem com o muffin. - Você está mudando de assunto. 

-Não estou não! -Respondo dando uma mordida generosa no muffin dele. - Que delícia, nossa muito bom esse muffin. 

-Luísa... - Ele me diz sério. 

-Foi porque eu queria terminar com ele.. 

 Ele solta o copo e olha pra mim. 

 -Mas por quê? 

 -Pra não ficar esse clima estranho de eu viver na casa de outro e essa história toda. 

 -E terminaram? 

 -Não. 

-Ah. Novidade. 

-O que você quis dizer com isso? - Eu pergunto jogando um guardanapo amassado nele. 

-Vocês dois são iguais dois polos positivos de um imã. Não se atraem nem um pouco, mas as pessoas insistem em tentar juntar vocês. 

 -É da sua conta isso? - Eu pergunto já meio brava - Não é você que está conhecendo uma mulherzinha aí. 

-Estou mesmo! Você acha que eu vou ficar te esperando eternamente? Eu já não sou tão jovem Luisa, preciso de alguém, de uma companheira, uma mãe pra minhas filhas. Sou frio mas não sou de ferro. 

-Sinto muito, te entendo. - Eu digo com meu coração doendo. 

 -Tudo bem. - Ele responde olhando pro seu copo. - A gente nao veio pra cá pra brigar! 

Olha que linda essa vista! Olho e fico impressionada com a vista lá da cidade, as luzes dos prédios acesas, já estamos no fim de novembro e fico admirando que já temos algumas luzes de Natal espalhadas pela cidade. 

-Uau. - Digo sorrindo para ele. - a vista está impressionante daqui mesmo! 

 -Vem cá. - Ele diz estendendo a mão e sorrindo pra mim - Daqui a gente consegue ter uma vista ainda mais privilegiada. 

 Ele diz me levando perto da escada. 

 -Daqui, em pé, a vista é linda. - Disse Otto soltando da minha mão e parando atrás de mim com as mãos nos meus ombros. 

-Uau! - Eu digo impressionada em admirar aquela vista, as luzes da cidade completas por um céu sem nuvens, e com várias constelações que eu não conheço, tornam um momento em que eu não gostaria de esquecer. - Jamais. - Digo em voz alta.

-O que? - Pergunta Otto atrás de mim.

-Nada, é que eu estava pensando em voz alta. - Respondo virando em sua direção, mas não contava que ele estivesse tão perto, acabo pisando no seu pé, me desequilibro, e ele me segura pelos cotovelos. 

Estamos tão próximos, e minha testa fica na altura de seu nariz. Trocamos olhares por um momento, mas eu me afasto e viro de costas novamente.

-Acho que está meio tarde, podemos voltar? 

-Claro. - Ele responde saindo do transe.

Entramos no carro, e fazemos novamente o trajeto em silêncio. Chegamos na frente da casa de Marcelo e eu desço do carro, Otto também. 

-Não vai se despedir? - Ele pergunta segurando a minha mão. 

-Sim, é claro! - Eu digo dando um abraço me mantendo meio afastada, mas ele me aproxima dele. 

E eu fico aproveitando aquele momento, que quando ele me solta parece que eu acordo de um sonho. 

 -Tchau Luísa. - Diz Otto arrumando uma mecha que soltou do meu coque. 

-Até amanhã. - Eu digo dando um sorriso constrangida. 

Entro na casa e guardo meu tênis para Marcelo não dar conta que eu sai. 

Decido não ir para o quarto e fico alí deitada no sofá. Caio no sono pensando em como queria que essa noite não tivesse terminado.              



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