No momento em que chego no meu atalho pela comunidade ben-te-vi já me arrependo, e penso como aquele lugar me da arrepio, a noite, as ruas estão meio esburacadas, então reduzo a marcha, e vou bem devagar. Começo a perceber um movimento estranho, e quando percebo aparece duas pessoas com capuz, e começam a cercar o carro, tento acelerar mas já é em vão pois eles já cercaram o carro, eu olho para Poliana desacordada no banco de trás e fico desesperada..
-Boa noite gatinha, já que você veio aqui de tão boa vontade, não nos da escolha, além de levar o seu carro gracinha.
Meu coração acelera, estou em choque! Meu Deus o que eu faço?? Luísa sua besta, por que decidiu fazer esse caminho logo hoje?? Me xingo em pensamentos. Quando percebo, vejo o mesmo rapaz que falou comigo sacando uma arma.
-Vai precisar de ajuda pra acelerar o processo??
-N-não moço, eu já vou descer, preciso só pegar minha sobrinha que está no banco de trás dormindo. - Digo gaguejando... estou apavorada, mas preciso entregar o carro!! Pra onde vou daqui?? Desço do carro, e abro a porta de trás e tento acordar Poliana.
-Tia? Onde nós estamos? -Diz abrindo os olhos lentamente?
-Calma Poli... Não se apavore...
Otto on
Estou quase chegando no local onde aparece a localização de Sarah... Que diabos Luísa pretendia nesse lugar? Já ouvi falar na fama dessa região.. E ela não é muito boa... Algo ruim aconteceu, pois elas estão parada ainda, vou andando daqui.
Otto off
No momento em que eu tiro a Poliana do carro algo começa a brilhar e piscar como uma sirene, então percebo que é a Sarah, e Poliana do meu lado assustada me pergunta:
-Tia que lugar é esse?? - Não consigo nem responder que logo o rapaz com a arma me pergunta:
-Que isso dona?? Tá chamando a polícia? Você vai ver... vou te ensinar a não subestimar a gangue dessa comunidade!!!
-No momento que ele engatilha a arma eu imploro pra ele não atirar:
-Por favor não faça isso, eu não sei o que é isso que tá brilhando!! Não atira minha sobrinha está apavorada, pode levar o carro...
-Ah gatinha, vocês já viram muita coisa... Nesse momento eu só fecho os olhos e abraço a Poli, e aquele barulho de tiro ensurdecedor.. mas nada aconteceu, não comigo, olho para Poliana que está nos meus braços, intacta. Quando percebo, o rapaz que estava armado está caído no chão sendo ajudado pelo amigo.
-Bora mano não vamos levar o carro não, já sujou aí pra nós, tu atirou nesse cara aí e ele é perigoso, elas não viram nosso rosto não. - Eles começam a correr e somem na escuridão. Quando percebo quem está caído com o braço ensanguentado, quase caio para trás...
-Poliana entra dentro do carro e não saia...
-Mas tia...
-Por favor Poliana, faz o que eu te pedi... - depois que a menina entra eu abaixo e tento ajudar quem está alí...
-Otto... Como você... - Não sei o que me deu para perguntar isso, não é isso que importa agora..
-Coloquei... Sarah para... vigiar vocês.
-Meu Deus, precisamos te levar para o hospital, você está sangrando muito...
-Quero... ir pra casa... Caramba... isso dói e.... muito.
-De jeito nenhum, nós vamos a um hospital agora.. - Ele aceita, então eu tento ajudar ele a levantar, mas ele é muito grande e pesado, mas logo consigo e o coloco no banco da frente e dirijo até o hospital. Chegamos no hospital, tento ao máximo evitar que a Poliana veja aquela situação, mas é em vão, pois ela presencia tudo, mas por incrível que pareça está sabendo lidar melhor com a situação que eu. Ajudando ele a caminhar, mesmo dizendo que está bem, conseguimos atendimento e logo ele foi atendido para extração da bala, não consigo evitar a preocupação, afinal, a culpa é toda minha, se eu não tivesse fugido...
-Calma tia, não fica nervosa, vai acabar tudo bem. O que a senhora estava fazendo naquele lugar tia?
-Tentando fugir.
-Mas tia, achei que tudo estava certo.
-Poliana agora não é um bom momento para conversar sobre isso.
-Mas tia....
Logo chega o médico em nossa direção.
-Acompanhantes do sr Monteiro?
-S-sim.- Respondo meio sem jeito.
-O seu marido está bem, a bala foi extraída do ombro dele e ele está estável, já poderia levar alta, mas vamos manter ele aqui, em observação, pelo menos até amanhã. E a polícia virá daqui a pouco para tomar depoimentos. Naquele momento nem pensei em corrigi-lo, pois o importante é que ele estava bem.
-Ele gostaria de falar com a senhora.
-Poliana você me espera aqui? - Pergunto pra minha sobrinha, olhando para ela.
-Claro tia, pode ir lá.
Entro na sala e olho para ele, ele está em uma cama, sem a camisa, e com um curativo que está em todo seu obro.
-Oi - única coisa que pensei em dizer..
-Luísa... Preciso de um favor seu... Já que você é a responsável por eu estar aqui! - Sabia que ele não perderia a oportunidade de me jogar isso na cara.
-A culpa é minha?
-Sim! Isso não teria acontecido de você não tivesse fugido!
-Mas eu não teria fugido se você não tivesse nos colocado nessa situação! -Digo alterada, nos trocamos olhares durante alguns segundos e ele diz em seguida:
-Ok, Luísa, vamos só evitar as discussões, pela Poliana.
-Certo, e o que você precisa de mim?
-Que você vá para minha casa e tome conta da minha afilhada.
Afinal eu deixei ela apenas com a Sarah, fiquei preocupada com vocês, não pensei em nada além de vocês! Achava que ele só se importava com ele mesmo, mas até que hoje ele provou que não é esse monstro que eu achava que fosse e disse a ele:
-Tudo bem Otto, eu vou. Vou só esperar a Poliana, que ela quer te ver.
-Essa menina é bem especial! - Disse me fitando. - Eu preciso que você busque o meu carro amanhã, ele está na mesma rua onde tudo aconteceu. Me deu um frio na barriga, só de lembrar dessa experiência ruim, e que ele protegeu a mim, e a minha sobrinha é claro.
-Vou sim, pode deixar.. - Digo sorrindo para ele. Ele me retribui o sorriso.. E aquele silêncio tenso toma conta do quarto, então única atitude que eu tenho para cortar é sair do quarto.
-É... Eu vou deixar a Poliana te dar um oi, melhoras Otto. - Digo tocando no braço dele. Ele olha para a minha mão e depois para o meu rosto.
-Obrigada, Luísa.
-Eu que agradeço. - Pego a chave do carro dele em cima da escrivaninha ao lado da cama. Saí do quarto e aguardo a Poliana que gostaria de ver o Otto.
Assim que Poliana voltou, entramos no carro, vi que Poliana estava com olhar triste, acredito que ela ainda não tenha conseguido digerir toda a informação que tivemos em um único dia. Para ser sincera, nem eu.
Chegamos na mansão, era aproximadamente 03:00 da manhã, nós estávamos exaustas, e eu não fazia ideia em que quarto poderíamos dormir. Subi as escadas, encontrei um quarto com duas camas, com cores totalmente opacas, essa mansão é tão sem vida, as vezes me pergunto se Otto não se castiga a viver dessa forma solitária, e por ter demorado tanto a ter reclamado a guarda de sua filha.
-Tia? Tia? A senhora tá bem?
-To sim Poliana, eu só estou cansada.
-A senhora tá tão pensativa.
-Muita informação para um único dia. Poliana o que você conversou com o Otto quando entrou no quarto?
-Nada demais, tia, ele só me disse para tomar conta de você!
-Tomar conta de mim?
-Sim, mas não sei o que ele quis dizer com isso. Vai ver ele percebeu que você ficou bem abalada. Tá vendo tia? Ele é tão bom que nos protegeu hoje.
-É mesmo..- Pobre da minha sobrinha, tão pura, que não vê maldade em alguém que tirou tudo de mim, aliás de nós.
-Agora vai tomar banho para dormirmos porque amanhã preciso buscar o carro dele na comunidade.
-Ok.
Assim que a Poliana saiu do banho eu tomei um banho tentando parar de pensar nessas coisas.. Mas só conseguia ver a imagem de Otto. Saí do banho, vesti uma roupa confortável, e logo que deitei, já caí no sono.
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