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História Fica Comigo - Passado Revirado


Escrita por: Flaah_aug

Notas do Autor


Só para não falar que não postei hoje!
Esse capítulo é relativamente importante para o desenvolvimento da história...
Obrigada por todos os comentários, beijos ;*

Capítulo 11 - Passado Revirado


No sábado, acordei com o quarto iluminado pelos raios de sol que conseguiam trespassar o fino tecido da cortina, observando as partículas de poeira dançando sob a luz solar. 
         Quando fiquei mais desperta reparei no calor que a mão da Fernanda emanava ao enlaçar a minha cintura me abraçando, em como nossas pernas estavam entrelaçadas e no modo que eu conseguia sentir sua respiração leve e ritmada no meu pescoço, me causando arrepios. 
          Ao me dar conta da nossa posição, senti que tinha alcançado meu nirvana particular - não havia nenhum outro lugar que eu preferisse estar, parecia que eu tinha exatamente o tamanho do abraço dela. 

Ficava realmente difícil seguir o conselho da Letícia de sair com outras pessoas para esquecer a Fernanda quando eu tinha certeza absoluta de que era assim que eu gostaria de acordar todos os dias - e ficava particularmente difícil lembrar do Roberto que agora estava não só longe fisicamente mas em lembrança também. 

Me convenço que o melhor a fazer pela minha sanidade seria sair dali e resolvo tentar me desvencilhar do abraço dela do modo mais sutil possível, para que eu não a acordasse. 

 

- Não sai, fica aqui... - ouvi sua voz rouca pelo sono enquanto ela me apertava contra seu corpo fazendo com que eu sentisse sua silhueta contra minhas costas - Tinha até esquecido como é bom... 

- Como o que é bom? - perguntei me esforçando para manter a minha repiração compassada.

- Dormir com alguém, ué... - suspirou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, só piorando minha situação.  

- Mas você é cara de pau, né? - revirei os olhos apesar dela não poder ver - Você vive dormindo com um monte de meninas diferentes! - falei brava, pois era exatamente esse tipo de coisa que ela fazia que me emputecia e me fazia jurar que ela sabia muito bem o efeito que tinha sobre mim. 

- Não, eu vou para a cama com elas. - falou com a maior naturalidade do mundo - Não durmo com elas, têm uma diferença - pelo tom da sua voz sabia que ela estava sorrindo e tudo que eu consegui fazer foi murmurar um "hm" soltando o ar pelo nariz. 

- Juro! Fazem anos já, a última vez foi com uma ex - namorada... 

- Não consigo te imaginar namorando - me virei e fiquei de frente para ela, nossos rostos numa distância menor do que eu consideraria ideal - Qual era o nome dela? 

- Camila... - me encarou apoiando a cabeça em um dos braços enquanto cismava em deixar a bendita mão na minha cintura. 

- E faz muito tempo? - não conseguia conter a minha curiosidade, era realmente difícil a Fernanda comentar algo sobre o seu passado. 

- Faz alguns anos já... Eu era mais nova e ainda acreditava nessa palhaçada de amor - deu um sorriso doído e deu de ombros.

- E por que não acredita mais nessa palhaçada de amor? 

- Bom, vamos dizer que ela meio que me traiu... - começou a mexer na ponta da fronha, deixando claro o desconforto que tinha com esse assunto. 

- E como alguém meio que trai outra pessoa? Ou trai ou não trai. - "Tinha que ser um tipo especial de idiota pra escolher trair e perder ela", pensei ao me ajeitar no travesseiro

- Não foi desse jeito que você tá pensando... Você não vai parar de me perguntar até eu te contar, né? 

- Você me conhece tão bem! - sorri e ela revirou os olhos em resposta. 

- Bom, nós namorávamos fazia um tempo e ela queria que assumíssemos para nossos pais e eu não queria, sabia que minha família não iria aceitar. - suspirou profundamente como se fosse literalmente doloroso falar sobre aquilo - Basicamente, nós assumimos, eu fui expulsa de casa e acabei indo morar com a minha tia... 

- Mas isso não foi culpa dela... 

- Eu sei, até esperava que algo desse tipo acontecesse... Mas eu sentia que podia enfrentar qualquer coisa enquanto tivesse ela do meu lado, sabe? - me olhava com uma intensa tristeza - Eu realmente era apaixonada por ela, como nunca tinha sido por outra pessoa e acho que nunca serei. 

- Nossa... E por que isso acabou? - perguntei sentindo um pouco de ciúmes dessa menina que foi amada com tamanha força por ela. 

- Bom, em resumo, meus pais eram praticamente "donos" da cidade e os pais dela trabalhavam em um dos negócios do meu pai, que ameaçou demiti-los se ela não terminasse comigo... 

- E ela terminou com você por causa disso? - perguntei mesmo já imaginando o desfecho daquela história. 

- Meu pai prometeu promover os pais dela caso ela terminasse... - suspirou  e desviou o olhar para a mão que ainda brincava com a fronha - E ela escolheu terminar e não suficiente voltou com a ex; foi aí que percebi que é só o dinheiro que importa. 

- E depois os seus pais morreram? - não conseguia conter a minha curiosidade. 

- É, morreram... - se levantou da cama e eu me arrependi pela segunda vez em menos de 24 horas.

 

 -- x -- 

 

A manhã pareceu se arrastar depois de eu ter revirado o passado da Fernanda - ela ficou calada durante a maior parte do café da manhã, o que era estranho uma vez que ela sempre falava pelos cotovelos, fazendo piadinhas idiotas sobre tudo... 
          Não conseguia me conformar como uma pessoa tem coragem de terminar com alguém como a Fernanda por causa de dinheiro ou da pressão dos pais - já comecei a odiar essa menina simplesmente pelo modo que tratou a Fê. 
         Afinal, dava para os pais dela trabalharem em outro lugar, ou pelo menos fingir que terminou e continuar namorando - mas terminar e ainda voltar com a ex é pisotear muito em cima de alguém que teria te dado tudo.

Depois de perceber que o humor da Fernanda não voltaria por vontade própria, tive a ideia de sugerir irmos à piscina para ver se ela melhorava um pouco e não sei se ajudou muito pra ela, mas meu humor ficou ótimo quando vi aquele corpo escultural de biquíni. 

 

- Que foi? - me perguntou sorrindo e me dei conta de que a encarava. 

- Nada, só gostei do seu biquini - tentei desconversar. 

- Seeei... - me encarou - Você também está gostosa! - deu uma risada e eu senti minha cara pegar fogo.

- Vem, entra logo! - pulou na piscina e me chamou.

- Não sei nadar muito bem, então você vai ter que se responsabilizar por mim - sentei na borda com as pernas dentro da água. 

- Então boia - revirou os olhos como se fosse a coisa mais simples do mundo e se apoiou na borda. 

- Eu também não sei boiar, idiota. O mais perto que cheguei de entrar numa piscina foi tomar banho de banheira. - brinquei exagerando um pouco. 

- Como assim você não sabe boiar? - me olhou surpresa - Então vem que eu te ensino a não se afogar, pelo menos - sorriu pegando as minhas mãos como se para me dar segurança de que não iria a nenhum lugar e me puxou devagar. 

 

Entrei na piscina me virando automaticamente procurando a borda para me apoiar, ela estava atrás de mim, com os braços do meu lado também apoiada na borda enquanto batia os pés para se manter estável. "Que porcaria de hotel inventa fazer uma piscina com 3 metros de profundidade?", me vi irritada com o idiota que tinha projetado aquela piscina. 

 

- Okay, agora se solta da borda e se apoia em mim - tirou as mãos da borda e as ofereceu para que eu me segurasse nelas. Indo contra todos os meus instintos, que gritavam para que eu saísse daquela piscina, eu me soltei do meu único apoio sólido e segurei nas mãos dela - praticamente um salto de fé. 

"Essa é uma boa metáfora do que está acontecendo com a minha vida ultimamente... Do que essa menina tá fazendo comigo mesmo sem saber; me faz sair da minha segurança e largar tudo que eu tinha como certo." pensei sorrindo da ironia que é a vida. 

- Agora vem jogando o corpo pra trás - disse apoiando uma das mãos no fim das minhas costas. 

- Não tô muito certa de que quero fazer isso, Fê. - tentei manter a calma mas estava desesperada pra sair daquela piscina. 

- Vem, eu tô aqui e você tá do lado da borda - disse rindo e pondo pressão onde tinha apoiado a mãos, para que eu jogasse o quadril para cima. 

Fiz o que ela tinha falado e antes que eu percebesse, estava boiando com ela do meu lado e me segurando com as duas mãos nas minhas costas. Abri os olhos e vi ela sorrindo para mim e consegui entender ela falar "Você conseguiu!" e sorrir ao ler seus lábios uma vez que eu não escutava nada por causa da água nos meus ouvidos. Me sentia flutuando inundada por uma paz e silêncio enormes, me concentrando apenas no calor dos nossos corpos; tinha a sensação de que enquanto tivesse ela do meu lado me apoiando nada pudesse dar errado  - "Será mesmo?"


Notas Finais


E aí, o que acharam?
Bom, +/-, ruim, horrível?


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