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História Fight like a Girl; Sing like a star - XI


Escrita por: CarolinaBulhoes

Notas do Autor


Gente, eu acordei hoje e FLG tava com mais de 900 Favs. Dá para acreditar??? Eu quase não acreditei!!

Capítulo 13 - XI


Fanfic / Fanfiction Fight like a Girl; Sing like a star - XI


LALISA MANOBAN; A duas-caras.

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Lalisa estava confusa e ofegante. Seu tórax magro subia e descia, buscando por ar. A cabine em sua volta parecia um pouco claustrofóbica, fazendo-a se sentir um cão encurralado, contudo, este era o único lugar em todos os prédios da escola no qual sabia que sua perseguidora multimilionária e psicopata não a buscaria.

Colocou a mão no peito para tentar acalmar a respiração. o pior era não ter certeza se aquela manobra de escape teria eficácia. O que faria todo o seu esforço ter valido de nada. Porque as coisas tinha de ser assim? Ela só queria estudar e conseguir uma bolsa porque coisas como aquela continuavam a acontecer?

Sua franja escarlate estava encharcada de suor até o ponto dos fios se juntarem em mechas isoladas. Seu pescoço também estava molhado, mas não muito, apesar de ter corrido desde a sua sala de aula até o banheiro do 2° andar — o que significava subir dois lances de escada e desviar das calouras que saiam 3 minutos mais cedo que os veteranos e lotavam os corredores igual formigas dentro de um formigueiro.

Precisava ser rápida para conseguir chegar às cabines do banheiro antes que alguém a visse se escondendo ali. Por isso, guardou os materiais exatamente 30s antes do alarme soar e quando ele finalmente tocou, disparou. Ninguém estranhou, todo mundo achava Lisa meio estranha mesmo. Mas havia um motivo e o nome dela era Roseanne Park. 

Desde que agora havia outra fantasma na escola, alguém que poderia falar com a ruiva abertamente sem sofrer retaliações, ficar sozinha para estudar era cada vez mais difícil.

Por algum motivo que não compreendia, Rosé havia grudado em Lisa igual chiclete em sola de sapato nos últimos dias. No começo, até gostou da ideia de ter alguém com quem conversar — apesar de ser uma versão bem mais convencida de Nayeon — no entanto, começava a se sentir sufocada.

Rosé começou a aparecer em todos os lugares que Lisa ia; surgiu magicamente em todas as turmas que frequentava e a usar a sala de ballet do 3° andar para almoçar, apesar de poder comer muito bem no refeitório. Sabia que as outras garotas não a evitavam como a Lisa, provavelmente por causa da sua doença. Havia a visto falando com algumas garotas nos corredores e pareciam bem amigáveis. No entanto, aparentemente Rosé apenas se interessava por a perseguir, como se não houvesse mais ninguém dentro da escola com quem pudesse conversar. O que não era verdade. Todo mundo queria ser legal com Rosé.

Antes de se trancar naquela cabine, a ruiva cumprimentou uma garota que penteava o cabelo em frente ao espelho apenas por educação, pois sabia que seria ignorada devido ao seu Status de fantasma.

Lisa estudava o dia inteiro, trabalhava durante a noite e os únicos momentos livres que poderia estudar para o vestibular era durante o horário de almoço. Cada segundo era precioso, mas Rosé o tomava falando sobre milhares de coisa com as quais ela não se importava nem um pouco.

— A Nayeon é tão idiota. Você notou que o tom da base dela é totalmente diferente da cor do rosto dela? Obviamente estava tentando clarear a pele, mas agora parece uma gueixa de um filme de baixo orçamento. Sorte minha que não preciso de cosméticos. Nasci linda. — Ela começou o seu longo monólogo sobre a escolha de base certa na quarta feira.

— Entendo — Era a única coisa que Lisa respondia sempre, apenas para fingir que prestava atenção.

— Que base você usa? — Rosé falou se aproximando de Lisa para verificar a sua face. Seu rosto estava muito perto, então precisou inclinar a coluna para trás a fim de conseguir algum espaço pessoal.

— Entendo — Lisa respondeu.

— Que base é essa? 

Rosé pareceu realmente confusa, então Lisa respondeu que não usava maquiagem, esquivando-se da análise de sua pele para tentar voltar aos livros. As únicas vezes que usava maquiagem era na boate e pegava emprestado com umas das dançarinas.

Mas então Rosé começou a falar sobre um dia ensinar Lisa a se maquiar e de levá-la ao Shopping. O que era duas coisas que odiava com todo o seu espírito. Lisa era meio mão de vaca e o princípio de fazer compras era exatamente gastar dinheiro.

Na quinta, Rosé faltou os primeiros horários da aula para ir a quimioterapia. Às vezes Lisa esquecia de sua doença, na verdade, aos poucos todos pareciam esquecer. Ela era muito boa em mudar o foco dos sentimentos em sua volta. Em alguns dias, quem sentia pena dela lentamente passou a sentir ódio. Era óbvio que a castanha fazia isso de propósito, Lisa gostaria muito de saber o porquê, mas obviamente não iria perguntar. Vai que ela começasse a falar e nunca mais parasse.

— A mulher da quimioterapia estava usando uns sapatos tão cafonas. Deveriam proibir as pessoas de usarem Crocs. Não acha? — Disso quando invadiu a sala de ballet sobre saltos altos.

— Entendo — Disse Lisa.

— O que você entende? — Rosé pareceu confusa, os cílios bateram e a sobrancelhas franzidas. A artimanha não havia dado certo desta vez, então Lisa se esforçou para tentar se lembrar de algumas palavras aleatórias do monólogo de Rosé.

— Crocs são horríveis. — Lisa disse.

— Toma.

Rosé esticou a mão com uma bisnaga pequena para Lisa.

— O que é isso?

— É uma... base? Dã — Indagou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo e então se ajoelhou para que ambas ficassem na mesma altura — Deixe eu passar em você.

— É proibido usar maquiagem na escola — Lisa rastejou para trás assim que Rosé se inclinou até ela, evitando a sua mão como se ela tivesse algum ácido.

Rosé piscou. Cílios cheios de rímel batendo como asas de borboleta.

— É? — Fez-se de sonsa, mordendo o canto da boca. Mas então começou a desenroscar a tampa da bisnaga — Ninguém dirá nada. Vai por mim, eu uso todo dia.

Ninguém nunca dizia, não para Rosé ao menos. Ela fazia o que bem entendesse dentro daquela escola. Seu fardamento era personalizado —saia mais curta, blusa com corte mais justo e saltos altos nos pés —ela usava maquiagem e as vezes não prendia o rabo de cavalo com a fita azul obrigatória. Na aula, pintava as unhas ao invés de prestar atenção, mas nunca levava sermão. Na verdade, certa vez Lisa viu um professor pedir desculpas por a incomodar.

Não era só o fato dela está morrendo, havia mais alguma coisa ali. Alguma coisa que deveria envolver dinheiro e poder.

Lisa aceitou o presente. Seria falta de educação rejeitar, e achava muito difícil conseguir quando Rosé parecia tão obstinada naquilo.

No fim, ela apenas decidiu que daria a sua mãe como um presente e quando chegou em casa após o trabalho, retirou a base da bolsa e deixou sobre a mesa junto com um recado, contudo, a primeira pessoa a achar foi a sua irmã que emitiu um grito tão alto no meio da madrugada que acordou todos os vizinhos.

— Porque você está gritando? — A Senhora Manoban disse. O padrasto havia ficado fora, então não houve maiores alardes.

— I-isso que está na minha mão é uma autêntica Yves Saint Laurent? — Sua irmã arregalou os olhos, soltando apenas um chocado. Sua cabeça então girou para Lisa que estava ofegante na porta do quarto devido ao susto. — Lisa, quando você ficou tão rica?

Lisa apertou as sobrancelhas: — Uma das meninas da minha escola me deu. É tão cara assim?

— C-cara? — Sonan gaguejou como se Lisa houvesse contado algo inacreditável — Uma dessas custa metade do salário do padrasto! Eu não sei quem é essa burguesa safada, mas, por favor, seja amiga dela.

— Você precisa devolver, Lisa. — Foi o ultimato de sua mãe.

No dia seguinte, foi o que ela tentou fazer, mas Rosé avidamente rejeitou com a mão.

— É um presente. — Disse. 

— É muito caro, não posso ficar — Lisa argumentou. 

Mas as sobrancelhas de Rosé se uniram parecendo confusa, um grande vinco surgindo entre elas.

— Caro? — Rosé indagou. Os dois brincos de diamantes em suas orelhas brilharam e Lisa entendeu tudo. 

Aquilo não era caro para Rosé. Nada era caro para as burguesas da Rolling Academy. 

Lisa se sentiu subitamente irritada por ter de trabalhar tanto enquanto alguns poderiam simplesmente oferecer bases como aquela de presente.

— Eu vou ficar com ela — Lisa disse mudando de opinião. Aquilo era o mínimo que ela merecia, mesmo que provavelmente nunca a usasse.

— Ótimo! — Rosé exclamou com um sorriso de orelha a orelha.

Rosé tinha um temperamento confuso. Em um instante, estava sorridente e, no outro, dizendo coisas grosseiras. Quase sempre falava até o ponto de Lisa praguejar o fato de ter ouvidos, em outros, era silenciosa como uma porta.

—Você notou algo de diferente no meu cabelo? — Rosé indagou na quinta feira enquanto se olhava na parede de espelho da sala de ballet. Havia tentado soar despreocupada, mas algo a entregou.

Lisa tirou os olhos do resumo que fazia naquela tarde e olhou para Rosé. Mesmo que ela tivesse pintado o cabelo de Rosa choque, provavelmente não perceberia. Ela era péssima em analisar aparências. Mas Rosé parecia preocupada e então ela disse:

—Não. Está normal, porque?

—Nada.

Aquela foi o único intervalo que ficou em silêncio.

Mas voltou ao normal no dia seguinte e no seguinte e todos que seguiram depois deles. Então Lisa resolveu que deveria se esconder durante o almoço para poder estudar em em paz. Ela não queria ser rude a mandando calar a boca e por isso preferia a evitar. Conquanto, Rosé estava seguindo e a encontrando em todos os esconderijos que Lisa se escondeu; as arquibancadas, em cima do Jumping da piscina e até mesmo ao lado da lata de lixo. Restava apenas às cabine do banheiro para se esconder e Lisa rezava para que, se a encontrasse, Rosé respeitasse ao menos a sua privacidade.

Precisava entregar uma redação junto a uma proposta de intervenção sobre Terrorismo Europeu amanhã e se não fizesse agora, sabia que não conseguiria em nenhum outro momento. O pior era que ela ainda não havia escrito uma única palavra e ainda havia uma lista gigantesca de Literatura.

Lisa tinha pouco tempo, então bateu novamente o lápis sobre a folha do caderno. Precisava bolar um plano para se livrar de Rosé, mas sabia tão pouco sobre ela. Por toda a manhã apenas havia conseguido juntar 4 fatos sobre ela que as interligavam.


1—Rosé era a antiga abelha rainha da Rolling Academy, mas adoeceu e saiu da escola; abrindo uma vaga para Lisa entrar.


2 —Lisa torna-se seguidora da antiga seguidora de Rosé, Nayeon, quem agora tomou o seu antigo posto no casulo.


3—Lisa foi banida, se tornou um fantasma, uma ninguém.


4 — Rosé retorna a escola, tem uma conversa super estranha com ela dentro da sala de ballet. Some por uma semana e quando retorna passa a seguir Lisa para todos os lugares.


Não fazia sentido aquilo. Porque Lisa entre tantas pessoas? Ela só queria estudar, Meu Deus.

Fechou os cadernos e pegou a garrafa térmica de dentro da bolsa e uma embalagem de lamen. Abriu a tampa e despejou a água para dentro da embalagem e então esperou os cinco minutos. Suspirando lentamente, apreciando o silêncio.

— Lalisa? —A voz de Rosé a chama do lado de fora, provavelmente no corredor. Lisa ficou rígida, deveria ter escolhido um lugar melhor. Ela não iria respeitar nem seu momento sobre o troninho.

— Não, não, não, não — Reclama baixo. Imediatamente levantou as pernas para cima do sanitário e juntou os livros para próximo do peito quando a porta principal do banheiro se abriu. Não havia como ela saber que estava ali dentro da cabine, apenas uma menina havia a visto entrar e por ser um fantasma a garota deveria ignorar a sua presença, assim como a de Rosé.

—Você viu a Lisa? Ruiva, magra e mais ou menos da minha altura? — Ouve Rosé perguntando perto dos espelhos, provavelmente à garota escovando o cabelo. Lisa cruza os dedos para que não seja dedurada pela desconhecida.

Houve um silêncio de três segundos que fizeram-na achar que a menina manteria o bico fechado e ignoraria Rosé. No entanto, a castanha tinha um argumento que fazia qualquer um dentro daquela escola falar e fazer o que ela quisesse:

—Você vai me ignorar? Você sabe quem é meu pai? —Disse inquisidora.

— 3° cabine.

Filha da puta! X9! Lisa gritou mentalmente.

Conteve uma vontade infantil de espernear igual um bebê quando viu os dois sapatos brancos de Rosé aparecerem por baixo da porta. Meu Deus, o que ela havia feito de errado para aquela penitência? Ela só queria estudar! Porque era tão difícil?

E, afinal, quem diabos era o pai da Rosé? Todo mundo parecia conhecer a identidade dele, exceto Lisa e ela a achava um pouco rude a perguntar.

Duas batidas na porta da cabine. 

—Lisa, você está aí? —Rosé chama.

A ruiva não respondeu, implorando mentalmente para que ela se fosse. Se tivesse de passar mais uma hora ouvindo sobre as cores da estação da Vogue, definitivamente iria enfiar aquele lápis no próprio olho.

Mais duas batidas e os Jimmy Chos dela somem da parte de baixo da porta. Lisa se permite soltar o ar que segurava, suplicando internamente para que Rosé tenha decidido que ela não estava ali e tenha ido procurar outra vítima para sua amizade.

Escutou alguém abrindo a porta da cabine ao lado e depois um barulho estranho enquanto alguém parecia subir sobre a tampa do sanitário. Rosé não estaria...?

—Eu sabia que estava aí. —Diz. A cabeça se erguendo por cima da divisória metálica e os olhos de ébano, impacientes. —Porque não respondeu? Lhe procurei na escola toda.

Lisa se conteve para não jogar a cabeça para trás ou espernear.

—Meu Deus, Rosé, e se fosse outra pessoa aqui dentro? —Indagou surpresa.

—Não poderia ser outra pessoa. Só você cheira a Junk food

Junk Food era o jeito descolado de Rosé chamar comida de baixo rendimento nutricional e alto valor calórico. Como biscoito recheado e lamen instantâneo. Junk significava lixo e food comida. Comida lixo. Lisa tentou não ficar ofendida com a comparação do seu cheiro, já estava surpresa demais com a audácia de Rosé em subir e a olhar dentro da cabine.

—Vamos, abra a porta. —Exigiu.

Sem chance. A porta era a única coisa que impedia que Rosé a levasse dali e começasse a falar e falar e falar....

—Eu estou com... com diarréia. —Mentiu.

—Urgh! Sério? — Rosé pareceu um pouco enojada. Estaria enojada o suficiente para ir embora? — Não seria melhor você ir para a enfermaria, então? Eu lhe ajudo.

—Não! — Lisa grasnou.

Se fosse a enfermeira, provavelmente descobriria que estava mentindo ou a mandaria ir para casa o que a faria perder as aulas da tarde. Sem chance. Pelo jeito não tinha saída.

—Passou. — Disse Lisa.

— Ótimo — Rosé sorriu — Agora sai daí.

Rosé saiu de cima da divisória e Lisa viu seus sapatos retornarem novamente a frente da porta. Inspirou.

—Seja forte, criança —Repetiu para si mesma.

Inspirou novamente, fechou os livros sobre suas coxas e o guardou dentro da mochila. Levantou-se ainda equilibrando o lamen não acabado em sua mão, soltou o ar e então finalmente abriu o trinco. A porta rangeu quando foi aberta.

Rosé estava de pé. Os braços cruzados, o rosto bem maquiado e o uniforme estilizado. 

— Oi? —Lisa disse tímida com um leve aceno.

—Você ingere outra coisa que não seja Lámen? —Rosé indagou olhando a embalagem vermelha escrita "Super apimentado" nas mãos de Lisa.

Não. Na verdade não comia não. Nada era tão barato, enchia e era tão gostoso. Mas essa não pareceu a resposta certa.

—Huuum, água? —Chutou.

Rosé revira os olhos em suas órbitas.

—Meu Deus, é por isso que você está com diarréia. Joga essa porcaria no lixo, minha mãe está trazendo comida de verdade.

— Hey, isso custou 954 wons e 54 Jeons! —Lisa reclama prestes a pegar o lámen do lixo, isso era exatamente 1 hora de trabalho na pizzaria que trabalha aos sábados.

Rosé põe o braço na frente da lixeira.

—Você não vai comer isso do lixo, vai?

— Não ? —Negou desconfiada. Óbvio que ela ia como aquilo, até parece que ela desperdiçava dinheiro assim e nem havia passado 5 segundos ainda. —estou apenas...hum... juntando as latas para um projeto.

—Projeto? De qual matéria?

—De artes ecológicas —Inventou qualquer nome que parecesse plausível —você não paga.

—Eu nunca ouvir falar dessa matéria. Vou pedir ao coordenador para me encaixar. Vai ser legal pagarmos outra matéria juntas, não acha?

—Siiim! —Abre um sorriso duro. Deveria se dar um tapa por ser tão descarada —Mas é uma matéria especial, acho que você não conseguirá entrar.

—Não se preocupe. O coordenador não vai me dizer não, esqueceu quem é meu pai?

—Claro. Seu pai.

Meu Deus, Lisa ia morrer se pagasse mais uma matéria com Rosé. Não aguentava mais aviãozinhos batendo em sua cabeça durante as aulas. Tinha certeza que teria enxaqueca durante a noite.

—Vamos, minha mãe comprou almoço para a gente. —Ela segurou no punho de Lisa e começa a puxar a garota pelo corredor

Rosé andava pelo corredor com agilidade, mas ainda sim com confiança. O que ela queria com Lisa afinal?

—Por que você estava almoçando no banheiro? Parece até que você estava me evitando. —Rosé perguntou quando já estavam quase nos portões da escola.

—Eu lhe evitando? não, nunca. Porque eu faria isso?

—Era o que estava me perguntando. Quer dizer, eu sou maravilhosa.

Agora era definitivo, Lisa ia se matar com aquele lápis.



A senhora Park era jovem.

Também era bonita e alta. Sua aparência era refrescante, do tipo que fazia as pessoas quererem se aproximar dela. Se não houvesse ouvido Rosé a chamar de mãe, teria a confundido com alguma estudante universitária passando pela rua em um carro de luxo.

Lisa ficou um pouco afastada, envergonhada de se aproximar enquanto as duas conversavam algo que parecia muito pessoal. A mãe de Rosé parecia um pouco ansiosa. Talvez preocupada. Colocava as mãos sobre a testa da filha como se para medir sua temperatura; depois mediu seu pulso. Em seguida puxou algo que Lisa poderia jurar que era um estetoscópio, mas não pode confirmar.

Rosé disse algo que a fez recuar.

Então os olhos da mãe pareceram procurar por algo atrás de Rosé e então pararam em Lisa e sorriram.

— Lisa! —Rosé chamou e ela se aproximou um pouco das duas.

—Eu trouxe isso aqui, mas não sabia do que você gostava então trouxe um pouco de cada. Eu pedi que fatiado fino e cortado em cubinhos —Ela falou entregando a embalagem para cada uma. —Mas seria melhor se na próxima vez vocês fossem pessoalmente ao restaurante. A comida estaria fresca e vocês poderiam escolher o que gostavam.

Lisa não pretendia comer com Rosé novamente.

—Eu vou se a Lisa for. —Rosé disse subitamente.

Lisa hesitou: Não queria dizer a mãe de Rosé que estava a rejeitando porque precisava de um espaço de sua filha, então procurou uma desculpa bem mais plausível.

—Desculpe, Sra. Park, não posso faltar aula.

—Você vem para a aula o ano todo. Porque não deixa esse aborrecimento de lado um dia e vem conosco?

Lisa franziu o cenho. Estava a pedindo para faltar aulas para ir almoçar? Mas tipo de mãe era aquela?

—Realmente não posso faltar.

—Tudo bem —Ela se voltou para Rosé —Venha, deixe eu lhe dar um abraço antes de ir.

—Não, mãe. Na frente dos outros não!

Mas os braços de sua mãe já estavam em volta dela, a apertando até quase a sufocar.

—Obrigada por me salvar da minha mãe lá atrás. —Rosé fala limpando a marca de batom em sua bochecha.

—Ela parece legal. —Lisa diz enquanto sobem os degraus para o terceiro andar.

—Ela é. —Abre a porta da sala de ballet —Apenas tem me sufocado esses dias com todo o seu amor maternal antes que eu morra.

—O seu caso é muito ruim?

—Meu terapeuta diz que tenho tendência ao drama. Mas tenho câncer então ninguém pode reclamar disso. Você quer molho?

Rosé também lidava com o seu problema, mas diferente de Lisa, ela apenas o ignorava e fingia que ele não existia ou tratando como se não fosse nada demais.

As duas se sentaram no chão e começaram a comer em silêncio, porém a paz sonora não demorou muito para ser quebrada por Rosé.

—Sabe, Lisa, nós deveríamos resolver essa situação dos fantasmas. —Disse colocando uma garfada para dentro da boca.

—Não, eu estou bem. —Lisa disse de modo brincalhão —Até gosto de não ter amigos, lobo solitário e tal.

Rosé soltou o garfo e a encarou. O cenho franzido.

—Não fala assim. Eu sou sua amiga agora. Então você faz parte de uma matilha de dois.

Lisa parou de passar a folha. Ela não se lembrava de ter cruzado com um gato preto, quebrado um espelho ou passado por baixo de uma escada nas últimas semanas. Será que pisar naquele formigueiro na 6° série agora havia retornado em forma de carma? Não acreditava nisso, mas não havia outra justificativa se não fosse algum tipo de azar cósmico.

—Não sei, o silêncio me dá tempo para estudar. —Diz Lisa tentando dá um toque para Rosé, mas para variar ela não entendeu.

—Se você não quer ajudar, basta dizer. Não inventa coisa, nunca vi você estudando na hora do almoço. —Rosé joga seu cabelo para trás.

Tá de sacanagem? Ela não estudava porque era impossibilitada por ela!

—Você fez a redação sobre o Terrorismo Europeu?? —Lisa tentar mudar de assunto.

—Não, eu não virei amanhã. Quimioterapia. —Diz pondo uma mecha do cabelo para trás das orelhas —Mas o que você fez para Nayeon te banir?

Lisa olhou para o prato e suas pernas. As lembranças ruins vindo em sua cabeça.

—Eu.. eu andava com ela há algum tempo, mas acabei a ultrapassando no ranking e ela não lidou muito bem com isso.

—Sério? Você é a número dois? Como vc faz isso se você nunca estuda? Eu nunca consegui passar do 15! O que é você a nova Jisoo?

—Você conhece a Jisoo?

—Quem nessa escola não conhece a Garota de Ouro? —Rosé tinha desgosto na fala —Além disso, Eu, ela e Nayeon fazíamos aulas de piano juntas no fundamental.

—Você toca piano?


— E violão. Também canto. Cantava, no caso. O professor sempre disse que minha voz era única.


Lisa tinha certeza que "voz única" era o que se dizia quando se canta mal, mas a pessoa não quer admitir.


— Eu não gosto muito de me gabar, sabe? Mas minha extensão vocal é muito grande. Tipo Mariah Carey ou Tina Turner. A Nayeon ficava atacada quando o professor dizia isso e a mãe de Jisoo surtou quando soube que eu seria a cantora principal do coral de Natal.


— Se você era tão talentosa porque você parou? —Disse cética.


—Perdi o interesse. Percebi que torcida influência bem mais na popularidade do que participar do coral da escola e, além disso, me deixa sarada.


—Olha, eu era bem sarada antes de... —Rosé parou por um momento —antes de ficar doente. Então, como eu estava falando, precisamos solucionar esse caso dos fantasmas e para isso preciso de um time para combater o da Nayeon. Eu estava pensando em um trio, ou um quarteto como em Meninas malvadas, sendo que obviamente eu seria a Regina...


E assim Rosé começou a falar e Lisa a fingir que estava prestando atenção.


— Então, o que você acha? — Rosé indagou por fim na frente do laboratório de química. 


Sim, ela havia falado sem parar por todo o intervalo. 


— Eu acho bem legal — Lisa disse, mesmos sem tem a menor ideia sobre o que se tratava.


— Sabia que você iria gostar, é um plano infalível!


Lisa então piscou, plano?


Rosé era a dupla de Lisa do laboratório, então a tortura continuou até as aulas de álgebra, pois Rosé sentava na última cadeira — a que pertencia a Jennie, quem corria um boato de ter sido expulsa. Lisa não acreditava muito nisso porque Jennie sempre tinha boatos em sua volta: levou um tiro,foi presa, engravidou, abortou, roubou o banco central e nenhum deles era verdade. Além disso, se essa fosse a verdade, Jisoo deveria a odiar muito, pois ela parecia até um pouco feliz nos últimos 2 dias. Sem ombros caídos ou a expressão apática de sempre.


— Muito bem, turma —Disse a Senhora Cho, a professora de álgebra entregando um bloco de folha para a primeira pessoa da fila perto a porta que começou a ser repassada para os demais — Como é sexta, irei entregar uma lista de função exponencial para vocês se divertirem durante o final de semana.


A sala toda reclamou, e a Senhora Cho fez cara de desentendida. Faltava exatamente quinze minutos para a aula acaba e todos já achavam que tinham um passe livre de dever de casa.


— Tudo bem, tudo bem. —Disse acalmando a sala com as mãos — Como me sinto caridosa hoje, deixarei que formem duplas.


Lisa ligeiramente virou-se para a carteira ao seu lado. Nem que a pagassem faria com Rosé e sendo ela uma fantasma, qualquer outra menina a ignoraria, exceto uma.


— Jisoo, você está livre?


— Estou sim. —Ela falou em seu tom de voz tipicamente baixo, então as duas uniram às carteiras e escreveram o nome rapidamente em um post It da Hello Kitty que Jisoo tirou da bolsa.


— Aqui a minha dupla. —Lisa falou erguendo o papel para a professora, que o pegou sem muita cerimônia.


Lisa voltou para a sua carteira sentindo-se realizada. Jisoo era uma boa companhia, apesar de falar pouco — algo que estava valorizando nos últimos dias. 


O alarme soou.

— Podem ir, estão liberados.

Rosé levantou seu braço fino, o relógio dourado escorregando pelo pulso.

—Professora, eu fiquei sem dupla —Rosé fala em voz alta.

—Então você pode ficar com... Jennie Kim — Falou verificando o nome na lista de chamada.

Droga, droga. Pensava Lisa enquanto tentava socar seus livros para dentro da mochila com agilidade, mas eles emperravam.

—Ela saiu da escola.

—Então escolha uma dupla para você se juntar.

Para o desprazer de Lisa, via Rosé se aproximando de sua carteira antes que conseguisse disparar pela porta. No fundo, tocava a música tema de um ataque de tubarões.

— Oi, Jisoo. — Rosé comprimentou pondo-se da carteira de Jisoo, a bolsa já nas costas pois nem havia tirado os livros de dentro dela — Posso ficar com vocês?

Não! Lisa gritou mentalmente.

— Claro — Jisoo respondeu complacente, organizando os livros lentamente dentro da sua bolsa. 

Lisa quase caiu sobre a cadeira.

— Lisa? — Jisoo pareceu um pouco nervosa, a Manoban estava pálida como um fantasma — Você está bem? 

— Sim? — O choramingo parecia mais uma pergunta que resposta.

— Não se preocupe, Jisoo, ela está apenas emocionada de ter conseguido ficar comigo. — Disse Rosé muito convicta arrumando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Jisoo correu os olhos pelas duas tendo quase certeza que não era aquele o caso, mas não disse nada.

— Quer ir a enfermaria? — Jisoo perguntou.

— Não, eu estou bem. — Disse Lisa se levantando com um sorriso duro. Era só uma atividade e Jisoo estava ali para dividir o falatório de Rosé, não poderia ser tão difícil.

— Você tem certeza? Você perdeu mais da metade do horário do almoço presa no banheiro por causa da diarre...

Lisa saltou da cadeira e tampou a boca de Rosé. Meu Deus, ela realmente iria falar sobre aquilo tão livremente? 

Lisa deu um sorrisinho duro para Jisoo quem era educada demais para reagir, mas que obviamente não estava entendendo nada. Depois, olhou bem nos olhos de Rosé: — Não fale sobre aquilo para ninguém.

Ter alguém falando sobre uma diarreia já era ruim, agora falar sobre uma diarreia que se quer existiu... Rosé levantou os dedos cruzados em figas, prometendo.

Jisoo começou a rir, o que chamou a atenção das duas.

— Vocês são engraçadas. — Disse a Kim.

Lisa então tirou as mãos da boca de Rosé e olhou para Jisoo que parecia realmente graciosa enquanto sorria. Sua boca formava um coração e seus olhos pequenas luas.  As duas pareciam paralisadas enquanto a garota simplesmente sorria. 

Ela era tão bonita.

— Garotas, vou precisar fechar a sala — A professora avisou e o encanto então foi quebrado. 

— Estamos saindo. — Jisoo avisou. 

— Quantas páginas há aqui? — Indaga Rosé pegando as páginas da atividade sobre a carteira. 

— Oito. — Jisoo responde fechando o zíper da bolsa — Mas é uma lista simples. O número de questões são altas, mas acho que conseguimos resolver até segunda.

— Deveríamos dividir o que cada uma irá fazer, juntar e depois entregar — Sugeriu Lisa pegando as folhas e as olhando por cima enquanto saiam da sala uma ao lado da outra.

— Fazer e depois unir nunca dá certo. —Jisoo afirma desviando de uma garota do 2° ano que passa por ela correndo —Seria melhor se as três fazem a lista e depois apenas conferissem as respostas no final.

—Mas tem de haver uma versão final para entregar a professora.

—Eu posso fazê-la...

— Licença —Rosé diz se intrometendo entre as duas e as empurrando para os lados para que pudesse ficar no meio — Corrijam-me se estiver errada, mas se era para dividir ou apenas conferir as respostas no final, porque a professora nos dividiu em trios, Hum?

Rosé então anda para a frente das duas e com um sorriso solta o verdadeiro motivo para ter escolhido aquela dupla em especial:

—Devemos resolver isso juntas. Hoje a noite, na minha casa.

—Uma noite não é o suficiente para resolver tudo isso —Jisoo diz pensativa, batendo a falho na mão.

—Então venha amanhã e fiquem o dia inteiro. Podemos tomar banho de piscina depois.

—Eu não posso. Estarei trabalhando. —Lisa se justifica.

—Também não posso. Há alguns, hum, hóspedes na minha casa, alguns parentes de Busan. Não posso deixá-los sozinhos em casa. — Disse Jisoo desconfiada.

— Então tudo resolvido. Vamos até a casa da Jisoo no domingo. Você não trabalha no domingo, certo? —Indaga a Lisa, mas mal a deixa abrir a boca para continuar —Ótimo, agora tenho que ir. Envie-me a sua localização depois. Beijos.

Jisoo olhou para Lisa ao seu lado enquanto Rosé desfilou pelo corredor. O cabelo balançando em suas costas. Seu volume havia diminuído?

— Ela acabou de lhe convidar para a sua própria casa? —Lisa diz virando-se um pouco incrédula.

—Acho que sim. — Jisoo disse com um sorrisinho. — Tudo bem para você no domingo?

—Posso pedir folga. Tudo bem para o seus convidados?

—Vou dá um jeito de tirá-las de casa.

— Hum.

— Acho que eu tenho que ir.

— Eu também tenho que ir.

Então as duas se dividiram nos corredores e seguiram para caminhos diferentes. Jisoo imaginando como esconderia Jennie e Lisa imaginando como faria para convencer o chefe a dispensa-la. Ambas estavam ferradas ao seu modo.




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