História Filematofobia - Minha garota

Rosey High School

Miami, Flórida 

— Qual é o time?

— Será que se eu gritar Wildcats eu sou linchada? – gargalhei de Meghan – Péssima hora para o nosso time rival se chamar Wildcat, eu queria me sentir no High School Musical, poxa, Kings of the Field? Sério? – continuei rindo enquanto via os garotos do time erguerem Justin, que havia feito o último lance do jogo, e gritarem o tão famoso bordão.

— Mas era basquete.

— Não acaba com a minha onda Line.

Saímos do campo, seguindo o caminho iluminado por algumas luzes até o estacionamento. Alguns olhares se desviavam para mim e Meghan, o que me fazia apertar o braço dela, mas eu entendia, afinal, não se vê duas garotas extremamente arrumadas para um encontro, em um jogo de futebol americano. Eu ainda tentei disfarçar, jogando um casacão por cima do vestido, que eu prometi para Meghan que deixaria no carro, porém Meghan mostrava a todos que quisessem ver, o vestido vermelho que Moore usou em uma campanha para a Guess e deu de presente para ela.

— Será que eles vão demorar? Juro que se eles demorarem por causa de um rabo de saia, eu chuto o-

— Já entendi – a interrompi. Me encostei no carro de Meghan, no qual nós tínhamos vindo. – Eles só vão tomar um banho. – Meghan deu de ombros.

— Achei estranho os irmãos de Justin não terem vindo, pelo que aquela garota tinha falado, eles vão em todos os jogos.

— Jennie. Não sei, talvez tenha acontecido algo?

— Se tivesse, Justin não estaria no jogo, certo? Se bem que pelo o que eu ouvi, a relação dele com os pais não é muito boa...Por que estou sequer me preocupando com o Justin?

— Por que você tem um bom coração – passei um de meus braços no ombro de Meghan e encostei minha cabeça no mesmo – Um coração do tamanho de sua bunda. – Meghan riu.

— O dia ontem foi bom é? Nunca te vi tão solta assim, não reclamou nem quando eu lhe pedi para vestir esse vestido. – bufei me afastando.

— Foi...legal.

— Legal? – Meghan virou-se para mim, encostando o ombro na porta do carro – Não sabe o quanto eu quero te socar por não me contar nadinha.

— Não tem nada a contar. – me justifiquei e Meghan riu.

— Nada? Você está perdendo a virgindade, em vários sentidos, e eu não posso estar presente em nada.

— Você está aqui, em meu primeiro encontro. – expliquei com o rosto quente.

— E isso me lembra, que, você tomou o remédio que te dei né?

— Tomei – revirei os olhos e olhei para a frente, vendo algum dos garotos do time saírem para o estacionamento cheio de torcedores – Eu só não sei porque.

— Porque é um encontro, e quem sabe não role um beijinho no fim da noite? Não quero que você fique conhecida como a garota que vomitou na boca do Bieber. – copiei sua cara de nojo.

— Tem algum remédio para me impedir de desmaiar?

— Alcóol? Se bem que não é legal você misturar remédio com bebida, experiência própria.

— Que remédio você misturou? – Meghan deu um passo para trás e olhou para a saída do campo.

— Olha, eles chegaram.

Desviei o olhar, tentando ignorar o fato de Meghan ter desviado do assunto, e olhei na direção em que ela disse. Justin e Ryan se aproximavam sorrindo enquanto conversavam com duas lideres de torcida, o que fez Meghan bufar.  Ryan foi o primeiro a nos ver, ignorando as garotas e correndo em nossa direção, Justin continuou conversando, o que me fez murchar um  pouco.

— Babacas – Meghan murmurou antes de Ryan chegar – Em vinte minutos, no Space Gun, se vocês se atrasarem por causa de dois rabos de saia – Meghan abriu a porta do carro – a gente vai embora. – Meghan fechou a porta do carro.

— Desculpe-me por ela – pedi a um Ryan de boca aberta – Mas não se atrase, por favor. – entrei no carro, deixando o colégio para trás.

(...)

Space Gum

— Por que estamos aqui, estacionadas á dez minutos?

— Porque Ryan e Justin tem exatamente um minuto para chegar, se não, a gente vai embora.

— Você estava falando sério? – Meghan olhou para mim como quem diz “óbvio”. Bufei tirando o casaco por causa do tremendo calor que fazia dentro do carro.

— Trinta segundos. – Meghan cantarolou.

Virei-me para pegar a bolsa do banco de trás e deixar o casaco, e foi ai que eu vi e ouvi, um  tesla cinza chumbo derrapar no asfalto, em frente a pizzaria, bem atrás de nosso carro, e uma ducatti preta parar atrás do mesmo. Dei risada ao ver Justin e Ryan correndo totalmente estabanados em direção a porta da pizzaria e Ryan tropeçar caindo no chão. Meghan gargalhou.

— Cara, isso já valeu toda a noite. – Meghan desligou o carro e pegou a bolsa. Fui abrir a porta do carro mas Meghan me impediu – Deixe eles esperarem um pouquinho. – bufei.

— Por favor, não arranje confusão com os meninos, principalmente com Ryan.

— Ei, eu nunca arranjo confusão – abriu a porta - Elas que vem atrás de mim.

Revirei os olhos antes de sair do carro. Corri atrás de Meghan que já adentrava a pizzaria. Aquilo ali era incrível, a pizzaria era em um estilo anos cinquenta misturado com coisas espaciais e relacionado a galáxias. O ambiente era dividido, de um lado uma pizzaria, de outro uma mini sorveteria e mais ao fundo, um espaço cheio de maquinas de vídeo games, agradeci por não ter vindo com o vestido longo e todo “cheguei” que Moore me ofereceu. Olhei ao redor tentando localizar os garotos e Meghan, que havia sumido de minha vista enquanto eu olhava o ambiente, e a encontrei perto da mesa dos garotos, senti meu corpo começar a suar frio ao ver Justin tão bonito. Contrastando com o estilo anos cinqüenta, Justin estava vestido com uma camisa branca, uma jaqueta jeans e um óculos escuro, mesmo que estivéssemos em um ambiente fechado.

— Vocês estão atrasadas. – ouvi Justin dizer quando me aproximei.

— Beleza leva tempo querido. – Meghan puxou a cadeira na frente de Ryan e se sentou. Puxei a cadeira na frente de Justin, e seu olhar veio em minha direção pela primeira vez na noite. Corei, mesmo sem poder ver, ao sentir seu olhar por todo meu ser.

— Uou, você está...linda. – abaixei a cabeça envergonhada e sentei em sua frente.

— Vocês duas estão. – sorri para Ryan em agradecimento enquanto Meghan pegava o cardápio e revirava os olhos.

— Eu sempre estou maravilhosa Butler. – belisquei sua perna, Meghan arregalou os olhos para mim, mas entendeu – Quer dizer, obrigada. – um silêncio se instalou na mesa.

— Então... – puxei assunto – Parabéns pela vitória.

— Valeu – Ryan sorriu empolgado – Vocês viram aquele meu último passe para o Justin?

— Sim, foi incrível. – sorri tentando passar a mesma empolgação que ele. Olhei para Meghan esperando alguma reação da mesma, mas ela apenas continuou a olhar o cardápio. Bufei estressada. – Vocês já pediram?

— Ainda não – olhei para Justin que já parecia me encarar – Estávamos esperando vocês.

— É, Justin estava esperando vocês me fazerem desistir de pedir uma pizza de sushi.

— Tá brincando que isso existe? – perguntei empolgada – Vamos pedir, por favor.

— Isso é nojento. – Meghan murmurou.

— Isso é delicioso, está decidido, meia sushi, meia quatro queijos e a outra vocês podem decidir. – Ryan me apoiou.

— Como funciona aqueles vídeo games? – perguntei.

— Você só precisa pedir as fixas na recepção. – Justin explicou olhando o cardápio.

— Vou lá então e aproveitar e pegar um Milk shake. – afastei minha mesa.

— Milk shake e vídeo game? Eu vou com você – Ryan levantou-se. Olhei para Justin e Meghan que continuavam com o olhar fixo no cardápio. Revirei os olhos, e segui Ryan em direção a recepção.

(...)

— Você roubou.

— Eu roubei? Aceite que perdeu Reed. – soquei o ombro de Ryan com a mão que não segurava o Milk Shake mas Ryan apenas riu. – A pizza já chegou, vamos? – assenti e fomos em direção a mesa.

— Esse lugar é incrível, se onde eu morava tivesse um lugar como esse seria mais suportável morar lá.

— Space Gums é mais antigo que o meu pai – gargalhei – Eu to falando sério, ele vinha aqui quando era criança, acho que até meu avô já veio aqui.

— Então o estilo anos cinqüenta é porque ele é literalmente dos anos cinqüenta?

— Bingo. – chegamos a mesa, encontrando a pizza recém chegada, intacta e Meghan e Justin mexendo em seus celulares. – Eu to morto de fome. – Ryan pegou um dos pedaços da pizza com as mãos levando-a a boca.

— Não se entupiu o bastante de Milk Shake? – Justin perguntou, bloqueando o celular. Ryan largou a pizza no prato.

— Na moral, o que que ta pegando? Viemos aqui para conversar ou para ficar com essa cara de bunda que vocês estão? – Meghan bufou e bloqueou o celular.

— Estou tentando ignorar o quão insuportável você é.

— Insuportável? – Ryan riu – Me desculpe docinho, mas quem me convidou para um encontro duplo? – agora Meghan quem riu.

— E foi a idéia mais idiota que já tive. Tudo culpa de Angeline?

— Minha culpa? – perguntei indignada.

— Você me fez me sentir culpada.

— Meghan você está se ouvindo? Ou esqueceu tudo o que disse aquele dia em minha casa?

— Ela que fez você se sentir culpada? Você é tão hipócrita que não consegue sentir culpa por conta própria? Isso significa o que? Que você não da a mínima para a forma como me usou aquele dia? – Meghan aproximou-se da mesa.

— Você não me conhece Butler.

— A, na verdade eu te conheço sim. Eu te conheço desde os meus seis anos de idade, e acho incrível a forma como você só se importa consigo mesma.

— Cale a boca. – disse entre dentes.

— Por quê? Por dizer a verdade? Por que é que você está aqui mesmo?

— Foda-se. – Justin falou e jogou o guardanapo de pano que estava em cima de seu colo, em cima da mesa, afastando a cadeira e se levantando – Eu sabia que era uma idéia de merda ficar junto no mesmo lugar que vocês dois, quer saber? Sempre foi insuportável estar junto com vocês, resolvam essa merda logo, fodendo ou se matando, eu não me importo, só deixem de estragar a porra da minha noite. – e virou-se, saindo rapidamente da pizzaria deixando nós três chocados para trás.

— Eu...vou falar com ele. – me prontifiquei após alguns minutos, pegando meu casaco e minha bolsa. Meghan e Ryan continuaram em silêncio encarando o próprio prato.

Sai pela porta vestindo o casaco após sentir um vento cortante. Desviei de algumas pessoas que encaminhavam-se para a entrada do Space e encaminhei-me em direção a onde a moto de Justin estava estacionada.

Justin fumava um cigarro encostado em sua moto quando me aproximei. Eu sempre detestei cigarros ou qualquer outro tipo de droga, e embora ele ficasse realmente...bonito? Enquanto fumava, eu arranquei o cigarro de suas mãos e joguei no chão, quando parei a sua frente.

— Ei.

— Você sabia que isso mata?

— Um dia todos vamos morrer fofinha, basta escolher o meio. – engoli em seco e cruzei os braços – O que você quer?

— Você saiu meio exasperado de lá, está tudo bem? – Justin bufou e riu amargo.

— Sabe por que eu detesto sua priminha? – sua pergunta foi retórica – Porque sempre que ela está por perto, Ryan se torna um insuportável. Desde crianças, Ryan sempre teve uma quedinha por ela, mas adivinhe? Sua prima nunca ligou ou sequer reparou nele, então, a forma que ele encontrou de ser notado foi enchendo a porra do saco dela, ele só não esperava que a Meghan fosse tão insuportável e ao em vez de lhe dar a atenção que ele queria, retrucou todas as ofensas. Eu aturo essa merda a doze anos Angeline, doze anos – apontou para a pizzaria atrás de nós com o rosto vermelho de raiva – Eu já perdi um jogo porque a Meghan resolveu trancar o meu melhor Halfback no laboratório só porque ele não lhe passou cola na prova de química. – Justin respirou fundo – Agora nem posso ter a merda de um encontro descente sem eles atrapalharem tudo. – Essa era uma boa hora para dizer que ele estava sendo um chato desde o inicio?

— Quantos anos você tem? – Justin olhou para mim em choque.

— O que?

— Você disse que conhece eles desde os seus seis anos e atura a doze, você tem dezoito anos? – Justin riu.

— Faço dezenove em sete meses.

— Abril?

— Março, estamos em Setembro Angeline. – me assustei ao perceber que já havia passado quase um mês desde o inicio do ano letivo.

— Oh – fiz as contas – Entrou atrasado? – perguntei visto que nós teríamos que terminar o ensino médio com dezoito anos.

— Repeti.

— Notas ruins?

— Não quero falar sobre isso. – engoli em seco, Justin estava mostrando o seu lado rebelde, e eu não sabia o que achar sobre ele.

— Certo. – fiquei em silêncio esperando a pergunta de Justin que nunca veio – Eu tenho dezesseis, na verdade eu faço dezessete este mês.

— Que ótimo para você – bufei desistindo de aturar seu mal humor e virando as costas. Justin suspirou e segurou meu braço – Foi mal, hoje só não está sendo um bom dia.

— Tem haver com seus irmãos não terem ido ao jogo. – Justin acenou receoso. – Quer desabafar?

— Sinceramente? Não – acenei compreensiva – Mas – Justin olhou pela rua escura – Tá’ afim de fazer uma das coisas de sua lista agora?

— Aquele que eu não deveria rezar para não ser presa? – Justin sorriu.

— Exatamente. – ele afastou-se da moto e pegou o capacete pendurado no guidão, esticando-me – Me da á honra de ter-te em minha moto? – peguei o capacete.

— Eu nunca andei de moto.

— Para alguém que nunca foi a praia, eu não estou surpreso. – Justin pegou o capacete de minhas mãos e o colocou em minha cabeça, prendendo-o e então subindo na moto – É só sentar-se aqui e segurar-se em mim.

— Certo. – engoli em seco mas fechei o casaco e subi atrás do mesmo, atrapalhando-me um pouco por causa dos saltos.

— Segure logo em mim anjo, temos que chegar antes que acabe. – Justin pegou as minhas mãos e passou-as por seu corpo. Senti os músculos de seu abdomen na palma de minhas mãos e senti meu rosto corar.

— A-a aonde vamos? – perguntei após ouvir a moto ser ligada.

— Descobrirá quando chegarmos, agora segure firme.

(...)

— Você me trouxe a um racha? – perguntei chocada enquanto tirava o capacete após descer da moto.

A viagem até ali havia sido emocionante. Apesar to medo ao sentir a moto ser inclinada em curvas bruscas e o fato de Justin dirigir muito rápido, a sensação de estar voando e o vento em meu rosto foi incrível. Eu só não esperava que o longo caminho por entre ruas escuras fosse nos levar a um racha. Eu já havia ouvido falar e visto alguns filmes com estes locais proibidos, mas não havia sequer chegado perto, mesmo que, provavelmente, em Nova York deveria ter vários.

— Meu primeiro item da lista, o que achou? – perguntou começando a caminhar em direção a multidão em volta dos carros.

— Eu deveria realmente ter rezado. – Justin riu.

— Não se afaste de mim. – pediu e passou o braço por meus ombros.

— Você não faz parte de uma gangue e nem trafica drogas né? – Justin me ignorou passando a cumprimentar algumas pessoas dali.

— Grande Bieber. – um homem careca e barrigudo se aproximou de nós com os braços abertos – Você sumiu cara – Justin e ele fizeram um típico cumprimento masculino – Não me diga que veio competir?

— Hoje não cara, vim apenas e apostar. – o cara esfregou as mãos.

— Apostar? Roger está correndo hoje.

— Roger? Foi mal cara mas não aposto em inimigos. – o cara riu e olhou para o lado, finalmente me percebendo ali.

— E quem é a gracinha loira? – sorriu me fazendo ficar tensa. Justin parece ter percebido já que afagou meu ombro.

— Angeline, minha garota. – quase vomitei.

— Sua garota? Tudo bem eu entendi. – ergueu as mãos em rendição – As apostas fecham em cinco minutos – saiu sem se despedir.

— S-sua garota? – perguntei nervosa. Justin sorriu cumprimentando um garoto com o cabelo verde.

— Assim ninguém se aproxima. – piscou um olho e senti meu rosto esquentar. Nos aproximamos do grupo de pessoas ficando perto da pista improvisada. – Sabe como funciona? – assenti – Sabe mesmo? – revirei os olhos.

— Não vivi em uma caverna Bieber.

— Uou, beleza. – tirou o braço dos meus ombros – Em quem quer apostar? – encarei os carros, um vermelho e outro preto.

— Vermelho?

— Não mesmo, vou apostar no preto, eu já volto, não saia daqui. – abri a boca tentando pedir para não ficar sozinha ou porque ele sequer pediu minha opinião sendo que não levou em conta, mas ele saiu antes. Bufei, respirando fundo e abrindo a bolsa, deixando o spray de pimenta em mãos.

— Tá perdida? – uma voz atrás de mim perguntou e eu me virei, pronta para espirrar o spray de pimenta. O cara levantou as mãos assustado – Uou, foi mal pelo susto gatinha. – ergui a sobrancelha tentando ignorar o nervosismo.

— O que você quer?

— Agressiva é? Gosto disso. – riu mas seu sorriso morreu ao notar meu rosto  – Certo, é sério, está perdida? Quer ajuda?

— Estou esperando o meu amigo.

— Seu amigo hum? E quem seria?

— Eu – Justin surgiu ao meu lado agarrando a minha cintura – Roger – acenou com a cabeça.

— Bieber, deveria ter adivinhado, uma garota tão linda assim não poderia ter vindo com qualquer outro cara daqui. – Justin revirou os olhos.

— Você não tem uma corrida para competir?

— Você quis dizer para ganhar? Sim eu tenho – o olhar de Roger voltou para mim – Até mais docinho, espero que torça para o carro vermelho.

— Nem em seus sonhos. – Justin praticamente rugiu. Roger lançou-me um último sorriso antes de se virar e ir embora. – Por que você estava falando com esse cara?

— Ele veio perguntar se eu estava perdida, só isso.

— Acredite, não era só isso. – Justin abaixou a minha mão que estava ainda erguida segurando o spray – Spray de pimenta? Sério? – deu risada – Devo me sentir honrado por nunca ter sido ameaçado com isso?

— Talvez. – dei de ombros guardando o spray novamente na bolsa. – Sua moto é bem legal. – comentei enquanto esperávamos o inicio da corrida.

— Um dia eu te deixo dirigir. – sorri.

— Eu não sei dirigir.

— Está brincando? – Justin afastou-se chocado – Isso não estava na lista, estava? – neguei – Beleza, nosso próximo item é te ensinar a dirigir.

— Não precisa...

— Sem discussões – interrompeu – E sinta-se honrada, o melhor piloto da cidade irá te ensinar a dirigir.

— Quem te disse que você é o melhor piloto?

— Meu histórico de rachas ganhos? – perguntou óbvio.

— Posso te ver competir um dia desses? – Justin sorriu.

— Quem sabe... Não quero te envolver neste mundo, ele não é legal.

— Então por que você está nele?

Mais uma pergunta que não foi respondida naquela noite.

(...)

— Não fique assim, não dá para se ganhar todas. – pedi a um Justin emburrado, por ter perdido a aposta.

— Mas justo o Roger? – desci da moto. Justin também desceu e se encostou na mesma, me ajudando com o capacete.

— O que você tem contra ele?

— Além dele ter dado em cima de você? Muitas outras coisas. – ri fraco abraçando o meu próprio corpo. Era agora que deveríamos nos beijar? E eu queria beijar ele? – Escuta – pegou minha mãe esquerda, fazendo um carinho com o polegar nas costas – Me desculpe por meu mau humor hoje na pizzaria, está acontecendo algumas coisas em casa e...

— Está tudo bem – interrompi, passando minha mão livre por seu rosto – Eu entendo, família é complicado.

— Até demais. – encarei seus olhos, sem os óculos escuros, esperando alguma reação sua. – Me empresta seu celular? – pisquei artodoada.

— Meu celular?

— Para gravar o meu número.

— Oh, claro. – peguei-o da bolsa e o entreguei. Justin anotou seu número, mandou uma mensagem e me devolveu.

— Te mando mensagem para marcar o dia da aula.

— Ok. – continuei o encarando e murchei por dentro ao não o ver sequer se mexer. Eu estava decepcionada? – Então, tchau.

— Tchau.

Virei-me  e caminhei em direção a porta de entrada de minha casa, esperando ser interrompida no meio do caminho e sendo pega de surpresa por um beijo como nos filmes. Mas ao pegar a chave da porta de dentro da bolsa, olhei para trás e Justin continuava parado. Eu não havia feito um “tratamento” mental para esta noite, tomado remédio e me arriscado a toa, não mesmo. Virei-me e caminhei de volta.

— Você esqueceu algo? – parei a sua frente. Eu não iria vomitar e nem sair correndo como em meu primeiro beijo, se é que pode se chamar aquilo de beijo.

— Você que esqueceu.

— Esqueci? – perguntou confuso. Assenti. – O quê?

— Isso.

Com certeza o remédio para prevenir o vomito que Meghan me deu, não era realmente isso. Nunca, em mil anos, eu pensaria que seria eu a tomar atitude, mas eu nunca pensei que conseguiria ficar novamente tão próxima e tão a vontade, de um cara como eu ficava de Justin, então, eu poderia relevar. Justin ofegou antes de levar suas mãos a minha cintura me puxando para perto e pedindo passagem com a língua. Afastei meus lábios sentindo a língua de Justin percorrer por toda a minha boca e fazer contato com a minha, começando a seguir seu ritmo. Eu não senti uma explosão de sentimentos me invadir, muito menos vi estrelas ou fogos de artifício. Meu corpo se arrepiou e soltei um suspiro me afastando de Justin que sorria. Tentei sorrir de volta.

— Boa noite Justin. – me virei e corri para dentro de casa não esperando uma resposta sua.

Todos os nossos beijos seriam assim? Eu rezava para que não.