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História Filhos de Ninguém - Quinto


Escrita por: YangMinHee

Capítulo 5 - Quinto


-Quando ele tirar o gesso vocês não lhe vão continuar a por fraldas!! Ele já é bem crescido, pode usar a casa de banho.

Comentei vendo o Hoseok a mudar a fralda ao miúdo novo.

-Nós sabemos – disse o Hoseok olhando na minha direção – é só que é difícil ter de lhe andar sempre a perguntar se ele quer fazer xixi ou não!

-Difícil perguntar? Como é que isso é difícil de perguntar?

-Claro que é Jin, já que ele ainda não diz nada! – retorquiu o Hoseok

O Yoongi que estava do lado dele começou a rir. Afinal o Hoseok tinha razão. O miúdo continuava mudo. Ainda ninguém o conseguiu fazer abrir a boca.

Quando o Hoseok terminou de o trocar eu olhei o Yoongi

-Porque é que eu sempre vejo o Hoseok a tratar dele?

-Porque ele tem mais jeito – disse o Yoongi rapidamente – e além disso eu agora tenho de ir trabalhar.

Olhei o Yoongi e quase me ri.

-Tens de trabalhar e ajudar o Hoseok a cuidar do miúdo. Faz favor de arranjar o seu horário.

O Hoseok começou a rir e disse um “bem-feita”.

-Comportem-se!

Peguei no miúdo ao colo e segui até à sala onde estavam os mais novos. Desde que chegou que não disse nem uma palavra e isso deixa-me um pouco triste. Eu não sabia pelo que era, mas ele talvez não se sentisse protegido. Deixei-o sentado num dos pequenos sofás azuis e fui buscar alguns brinquedos para perto dele. Fiquei de cócoras e brinquei um pouco com ele.

-Jin afinal qual é o nome dele?! – perguntou o Namjoon assustando-me fazendo-me dar um grito 

-Yah!! – gritei – não me assustes assim!

Quando demos por nós o miúdo estava a rir. Nós não podíamos estar mais do que confusos. O riso daquela criança era tão natural.

-O nome.. – voltou a dizer

-Eu ouvi!

O NamJoon estava parado a olhar para mim à espera que eu dissesse alguma coisa. Abri a boca como se fosse dizer e voltei a fechá-la. Tinha sido talvez a primeira vez que o tinha visto sorrir assim. Secalhar ele até se sentia protegido aqui.

-Yah Jin – bateu-me no braço

-JungKook

-Que?

-É o nome dele JungKook

-Hmm, mas Jin…agora não tens tempo para ficares aí do lado dele. Tens de resolver umas coisas…

Olhei para o Jungkook depois de ouvir o NamJoon. Eu planeei brincar com o Jungkook para esquecer um pouco os problemas e afinal …

-Tens razão.

Olhei em redor e avistei o Jimin.

-Jimin, - chamei-o fazendo-o tirar os olhos do desenho que estava quase completo – podes ficar atento ao Jungkook enquanto eu chamo pelo Hoseok ou pelo Yoongi? – apontei para o pequeno

O Jimin apenas acenou que sim com a cabeça e levantou da cadeira onde estava para vir sentar do lado do Jungkook.

-Vamos lá!

 

Hoseok Pov On

 

A vida é tão injusta. Não pedimos para nascer mas depois disso acontecer não há nada que se possa fazer, temos de viver. Viver não como sonhamos mas como podemos ou nos dão a oportunidade de viver. A todos nós aqui no orfanato não nós foi dada essa oportunidade então sobra apenas vivermos como podemos.

Eu nunca gostei de fazer anos, até porque quanto mais os anos passavam mais eu percebia que não seria fácil, que a vida não era um mar de rosas e para alguém como eu, seria ainda mais como um mar de espinhos.

Se me perguntarem como eu vim aqui parar eu não vou responder até porque eu não faço a mínima ideia, e de todas as vezes que fui até ao Jin e lhe pedi para ele me contar ele responde que não sabe também porque era novo. Tenho quase a certeza que é desculpa dele para não me magoar, para não me deixar mais triste mas há acontecimentos que nunca se esquecem e ele com certeza sabe.

Eu vivo no orfanato desde que me lembro como gente. Vi rapazes a chegar e rapazes sair, vi alguns a serem adotados, mas sem dúvida que a parte mais triste é quando somos obrigados a ir embora porque já passamos da idade limite para estar aqui.

Apesar do azar tive sorte, acho que não podia ter vivido num sítio melhor do que este. O Namjoon e o Jin, principalmente o Jin, sempre nos trataram como irmãos mais novos, pessoas das quais é preciso cuidar, proteger e dar amor. Posso não ter tido amor de pai e amor de mãe, mas tive sem dúvida amor. Vou ficar para sempre agradecido por me terem ensinado a ser eu, me terem ensinado a ser um homem, me terem ensinado que se queremos alguma coisa temos de lutar por ela, mas sem dúvida agradece-lhos por me terem ensinado que podemos encontrar o amor em qualquer lugar.

Eu sei que o Jin não será capaz de me dizer para ir embora, mas eu sei que chegou a hora e tenho de me preparar para isso.

Há algum tempo atrás decidi começar a procurar emprego, é sem dúvida difícil, mas eu tenho a certeza que vou conseguir. Quanto mais o meu aniversário se aproxima, mais triste eu fico ao imaginar que tenho de deixar aqueles de quem eu mais gosto.

Caminhei até ao baloiço e sentei-me no que estava livre.

-Porque é que estás assim? – olhei para o outro baloiço – está tudo bem?

Ele não me respondeu. Manteve o silêncio que eu levei anos a tentar fazer com que desaparecesse entre nós.

-Não me vais responder? – voltei a questionar

O olhar dele mantinha-se no chão como se quisesse evitar olhar-me, e eu odiava isso. Demorei tanto tempo a fazer com que ele me falasse e agora volta o silêncio, talvez culpa minha, mas como ele não diz nada, como vou saber?

-Taehyung… - falei baixo – olha para mim. Eu queria falar com alguém!

Voltei a olhar para a frente e balancei. Por muito que eu quisesse, se ele não quisesse não ia falar.

O Taehyung levantou do baloiço e caminhou alargando a distância entre nós e desapareceu ao virar da esquina. Parei o baloiço e encostei a cabeça nas correntes.

“Eu precisava de desabafar com alguém”

Eu não ia chorar, pelo menos eu não era o tipo de pessoa que chorava.



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