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História Filhos do Sol e da Lua - Lua Nova: O inicio


Escrita por: pyromanic

Notas do Autor


Olá meus amores, demorou mas chegou. Acho que não é surpresa para ninguém esse extra porque todos conseguiram captar minha empolgação com essa fanfic e com esse plot, mas estamos aqui com mais um extra!
Desde que eu postei essa fanfic, diversas pessoas me dizeram surpresas ao notar que os dois já se conheciam e isso me deixou hum.... e se eu contar para vocês como foi que o Chanyeol e o Baekhyun se conheceram? Eu matutei de ideia um pouquinho e ela está aqui. Então esse extra alem de contar como foi o começo e o envolvimento dos dois, também vem para você conheceu outras fases do personagem, principalmente do nosso lobinho.
Gente me empolguei tanto que kkkkkk o extra extrapolou do 30K para vocês verem meu nível de animação e conversando com a minha beta ela sugeriu para eu dividir o capítulo em três e aqui estamos, para a primeira parte.

De todo meu coração eu espero que vocês gostem desse extrinha e digam por favor sempre o que acharam ok?
Obrigada etha por beta como sempre e obrigada bia por aturar meus surtos.
Boa leitura.

Capítulo 2 - Lua Nova: O inicio


Filhos do Sol e da Lua.

Lua Nova: O início.

escrito por pyromanic
betado por ethealismo

Com fios dourados

O nosso universo foi vestido de luz

Puxando as costuras

Nosso mundo, um dia estéril, agora transborda vida

Com o qual podemos nos apaixonar

 

Anos atrás.

As nuvens dançavam sobre o céu e mesmo com a coloração escura já tomando sua forma, ainda era possível ver uma camada branca os cobrindo. Todavia, a Lua no topo da cidade, grande e reluzente, iluminava as vidas abaixo de si. O vento corria forte pelos corpos, fazendo as pessoas se abrigarem com seus casacos grossos ou em lugares com temperaturas mais quentes. As árvores e plantas possuíam uma coloração alaranjada e amarronzada, por suas pontas ou por toda a superfície; o que indicava claramente qual estação a Terra enfrentava naquele momento.

Era outubro mais uma vez. Com ele, vinham alegrias, tristezas, desafios, conquistas e emoções como as que qualquer mês do ano trazia. Sua temperatura amena era querida e desprezada por muitos. Os seres humanos tinham o poder de odiar ou amar aquele mês, por qualquer motivo pessoal que possuíam: por trazer lembranças boas ou ruins, por deixar seus dias mais felizes (com o outono gritando pelas ruas) ou por deixar mais tristes - por não poderem aproveitar momentos ao ar livre; como alguns gostariam.

Mas era o mês da alegria para qualquer ser sobrenatural. Era o mês mais aguardado, no qual estava a data mais desejada. 31 de outubro, era o dia que todos ansiavam, cada espécie por seu motivo especial, mas todos compartilhavam do mesmo desejo: a liberdade.

Liberdade para serem quem eram, obrigados a esconder no dia a dia. Liberdade para as piores magias negras, para o melhor gosto de sangue, para sentir o vento correndo em seus corpos transformados; seja sobre quatro patas, um par de pernas ou pela asas que ficavam escondidas. Cada um possuía seu motivo especial, mas todo ser sobrenatural amava aquele dia. E com Chanyeol, sendo um lobisomem, não poderia ser diferente.

O rapaz estava sentado sobre uma pedra, observando a Lua cheia gritante à cima de si, observando o céu torna-se trevas. Girava em sua mão o anel que o inibia de se transformar em noites como aquela.  Por isso deixava sua mania sobressair enquanto aguardava o momento em que poderia viver realmente como gostaria.

Nunca fora um lobo comum. Tinha sonhos e vontades que a maioria da matilha achava um absurdo e o condenaria. Seus amigos não entendem seus motivos e nem seus anseios; os mais velhos, com a mente ultrapassada e vivendo reclusos de dentro da floresta, o considerariam insano.

Por esta razão, aprendeu a apreciar a própria companhia e compartilhar seus desejos apenas consigo mesmo. Escolheu um lugar na floresta, onde normalmente outros lobos não iam, por ser visitado por muito outros sobrenaturais. Mas aquilo que assustava a sua espécie, lhe admirava. Infelizmente, Chanyeol sempre fora um menino deveras curioso e seu interesse o levou a observar como os outros daquele meio viviam.

Tudo começou no dia em que estava em um viagem com a família pela praia, durante sua pré-adolescência - quando aquela característica de sua personalidade estava tomando uma forma grande demais; o que preocupava seus pais. Durante a madrugada, enquanto caminhava pela areia a sentir a textura gostosa e fria sobre seus pés, enquanto o vento corria forte sobre seu corpo; foi que Chanyeol viu: uma mulher de longos cabelos loiros ondulados saíra da água, completamente despida.

Seu olhar estava assustado, ao mesmo tempo em que nele havia um brilho curioso. Os seus braços, inutilmente, tentavam cobrir a parte superior de seu corpo e era possível ver o quanto ela tremia. Mas assim que seus pés pararam de tocar a água, a expressão de medo foi substituída por uma de felicidade. Ela encarava o chão, observando seus dedos inferiores brincarem com aquela textura nova descoberta. A mulher abaixou-se, pegando um punhado de areia e jogando sobre as próprias pernas, enquanto as tateava sem parar, até jogar-se sobre o manto, rolando sobre aquela partículas pequenas que incomodavam tanto os humanos, mas que estavam a enchendo de alegria.

Passaram-se longos minutos, que se tornaram horas. Enquanto a mulher descobria aquela nova sensação , Chanyeol a observava, até que os olhos se encontraram. Em um primeiro, momento os dois se assustaram; a mulher desejou correr para a água e o menino para casa. Mas nenhum o fez. Não quebraram o contato, até ela sorrir para ele e ter o gesto devolvido. Após aquilo, ela levantou-se e sumiu pela escuridão da praia.

No dia seguinte, enquanto tomava banho mais ao fundo no mar, Chanyeol encontrou a mesma moça que o pegou de surpresa a lhe conduzir até as profundezas. Ela sabia que conseguiriam resistir mais à pressão da água do que qualquer outra pessoa, ela havia entendido que ele também era diferente. Então deixou o menino curioso tocar sua cauda, suas escamas e lhe contou brevemente a emoção que sentiu ao poder ter pernas por um dia. Chanyeol era muito novo para entender no primeiro instante, mas depois a compreendeu. O momento não durou muito, porque seus pais nadaram até encontrá-lo e o tiraram de perto da mulher desconhecida.

Quando mais novo, sempre escutou coisas horríveis sobre a moral das sereias. Escutava que elas eram criaturas ardilosas e sádicas, que seu prazer máximo era matar os humanos afogados nas profundezas. Mas ao ver aquela moça em uma felicidade pura, brincando na areia da praia, deixou tudo o que escutou durante a vida guardado e aquela nova imagem sobressaiu. Ela não parecia com nada do que haviam lhe contado.

Nunca teve oportunidade de encontrá-la novamente, pois queria conversar e agradecer. Depois daquele dia, nunca mais conseguiu ser o mesmo Chanyeol. Algo dentro de si foi mudado e não voltaria a sua forma original. Sua mente, suas convicções, seus princípios e sua curiosidade alavancaram e ele não conseguiria mudar novamente.

Escutou coisas tenebrosas das criaturas marinhas e, quando teve a oportunidade de conhecer uma, ela não assemelhava em nada com o que haviam lhe contado. Poderiam ser todas as criaturas assim? Tudo que haviam lhe dito eram mitos para ele não se aproximar de outro ser místico que não fossem os lobisomens? Perguntas daquele padrão começaram a invadir sua mente e começou a buscar sozinho pelas respostas.

Porém, as regras de seu mundo eram bastante severas. E precisava as obedecer, pois não queria ser o causador de brigas entre as espécies. Aprendeu a estabelecer um limite a si próprio, respeitando tanto os seus comuns quanto as outras criaturas. E dessa maneira, começou a ser respeitado não só pelos lobos, mas por outros sobrenaturais - até tornou-se querido por alguns deles.

Por isso, quando a noite finalmente chegara, não pensou antes de dirigir até sua casa, tomar um banho demorado e colocar uma roupa confortável para desbravar o mundo como gostaria de fazer. Deixou um beijo na testa de sua mãe, que sempre se preocupou com as atitudes do filhos, mas também admirando a sua coragem, que poucos possuíam. E deu um abraço em seu pai, mesmo sabendo que ele odiava o que fazia e que considerava suas atitudes rebeldes. Não conseguia deixar seu lar, sem seus gesto de carinho, mas também não seria a reprovação de seus pais que o impediria de conhecer o mundo.

Sentindo a adrenalina correr por sua veias, caminhou entre as grandes árvores e o gramado verde que tanto conhecia. Começou a ouvir gritos, risadas, conversas altas e aquilo enchia suas veias de maneira peculiar.

Como havia sido dito anteriormente, Chanyeol gostava de estar entre os outros imortais. Por isso, dispensava a companhia dos lobos durante todo o dia trinta e um. Quando era mais novo, adorava ficar com eles, correndo de forma transformada, a se divertir da maneira como os lobos aproveitavam. Mas aquilo mudou quando cresceu.

Em um dia, na parte da floresta que escolheu para ser sua, encontrou uma menina de longos cabelos escuros ondulados e de olhos esverdeados. Suas expressões eram nervosas e suas atitudes transpassavam pura raiva. No primeiro contato que tiveram, ela não pensou duas vezes antes de atacá-lo, quase explodindo sua cabeça com um feitiço. Chanyeol, porém, era deveras forte, e foi obrigado a arremessá-la contra uma árvore, o que quebrou o tronco, e quase o corpo da menina junto. Foi assim que conseguiu ter a primeira conversa com ela.

Descobriu que a mesma era rejeitada por aqueles que deveriam acolhê-la. Conheceu uma menina de cabeça quente, língua afiada e bastante forte, mas também descobriu, através daqueles orbes verdes, uma menina doce e amorosa, que possuía medo de tudo e de todos, com um coração aberto para amar. Foi ali que conheceu sua melhor amiga.

A caminhada para a construção daquela amizade fora longa. Ela era difícil e não parecia disposta a dar condições para o Park adentrar sua vida. Mas o lobo sorridente e carismático a convenceu e, desde então, os dias dos dois haviam se tornado mais belos. E foi graças a ela que pode inteirar-se mais sobre o mundo dos bruxos e conhecer mais sobre o mesmo. Tomou tanto gosto sobre seu estilo de vida que começou a visitá-los em todos os dias trinta e um pois, para eles, com certeza era dia de celebração.

E como de costume, lá estava Chanyeol aproximando-se sorrateiramente da festa que acontecia ao redor de uma enorme fogueira. Os bruxos cantavam, tocavam e dançavam, vendo o fogo se alastrar cada vez mais devido aos feitiços que utilizavam. Alguns eram lançados na direção do céu, mudando sua coloração; alguns uns contra os outros, enquanto eles brincavam entre si. Uma bebida já havia sido oferecida e Chanyeol a apreciava com gosto, enquanto observava tudo o que acontecia ao seu redor.

Olhava com encanto o quanto a amiga ficava feliz naquele dia. Ela estava rodando sozinha, enquanto a música soava alto ao fundo e um sorriso bonito estampava seu rosto com os olhos fechados, parecendo absorver tudo o que estava ao seu redor. Quando parou seus movimentos e abriu seus olhos, os primeiros que encontrou foram os orbes mel do lobo que a admirava de longe. Seu sorriso alargou-se e ela correu em sua direção, puxou o menino pela mão e fez com que ele dançasse consigo.

Chanyeol não era muito bom na arte da dança, mas os bruxos fizeram questão de lhe ensinar cantigas e passos clássicos de sua espécie e, em toda oportunidade que possuía, Joohyun o puxava para que ele dançasse consigo, na tentativa de aproveitar o amigo de todas as maneira que podia. Por isso, estavam os dois, batendo palmas e pés, ao som da música que uma bruxa de voz melodiosa cantava ao fundo.

Foram diversas rodadas de bebidas alcoólicas, dos mais variados tipos, e danças de todos os clãs possíveis que eles compartilharam naquela noite, até o lobo pedir por um descanso. Os dois sentaram em um tronco de árvore para poder dar um tempo ao corpo. Ficaram em silêncio por uns instantes, apenas se encarando ou admirando a Lua que pairava sobre eles. Ela com certeza também sorria; afinal, praticamente toda aquela festa era dedicada a ela.

— Em dias como esses, eu me sinto tão viva. — Joohyun comentou, fazendo diversos pontos de luz pairarem sobre si. — Eu sinto a magia correndo por cada veia do meu corpo. Me sinto uma verdadeira bruxa.

— Aposto que sim. Seus poderes ficam mais intensos... é bom sentir-se bem consigo. Mesmo sendo apenas por um único dia. — Respondeu, olhando para a amiga que permanecia com os olhos fechados a atrair mais vagalumes, agora deixando-os aos arredores do lobo também.

— Não deveria ser assim. É injusto.

— Talvez seja. Mas não é como se também fosse justo para os humanos, toda essa história. Pelo menos não somos a parte ignorante, temos a consciência do que está acontecendo verdadeiramente no mundo enquanto eles só fingem.

— Não queria ter o poder da ignorância às vezes? — Abriu seus olhos para perguntar diretamente para o amigo, mesmo já sabendo a resposta.

— Com certeza não. Você sabe que eu sou apaixonado por tudo isso, Joo. Eu não trocaria por nada.

— Mas adora ir olhar a vida deles, não é? — Outra pergunta a qual já sabia resposta veio, mas dessa vez, em tom de brincadeira.

— Não pode me julgar, Joo. Eu queria poder viver um pouquinho de tudo sabe? — Finalmente devolveu o olhar que a amiga lhe lançava. — Ser um lobo por um dia, ser bruxo em outro, ter experiências humanas…

— Infelizmente as coisas não funcionam assim, amigo.

— Infelizmente não. Mas, o mais torturante é saber que há tantas coisas por esse mundo e não poder conhecê-las. Odeio essa sensação de me sentir preso, por regras tolas que só servem para nos dividir. — Sua expressão mudou. Joohyun conseguia sentir as palavras do amigo, porque compartilhava da mesma indignação.

— Não queria que nada fosse assim. Mas não é possível mudar algumas regras.

— Mas podemos quebrá-las. — Chanyeol sorriu para si, atraindo um sorriso da garota. — É para isso que elas servem.

— Você é o melhor amigo que eu poderia ter. Não conseguiria ser tão próxima de outro alguém. Não alguém que não tivesse esses pensamentos teus. — Segurou sua mão, para o assegurar de suas palavras.

— Eu digo a mesma coisa sobre a minha bruxinha favorita. — Apertou o contato.

— Vamos voltar a dançar. Vai começar a minha música favorita, quero que dance comigo. — Pediu, fazendo um biquinho para o amigo. Porém, ao puxá-lo, ele não se movimentou, o que deixou suas intenções evidentes para a bruxa. — Você não vem, não é?

— Está ficando tarde. Preciso fazer outras coisas. — Explicou para a amiga, vendo sua feição mudar automaticamente.

— Ir ao mundo dos mortais, Chanyeol? Lá está um caos. — Expressou-se, deixando clara a sua reprovação —  Não pode arriscar-se dessa maneira.

— Mas eu gosto, Joo. Eu gosto daquele caos, dos imortais tendo sua liberdade, da confusão, de tudo… Faz com que eu me sinta vivo.

— Eu sei. — Suspirou profundamente, segurando com mais força a mão grande do amigo. — Eu entendo seus motivos, só me dá um sinal se qualquer coisa sair fora dos eixos, por favor?

— Eu com certeza darei, Joo. — Levantou, se pondo ao lado da amiga, deixando um selo sobre sua testa. — Não precisa se preocupar.

— Dizer isso não adianta, você sabe. — Sorriu novamente, observando o amigo, agora próximo. — Só cuide, está bem? Os imortais não são nada gentis no dia de hoje. Não torne-se a presa Chanyeol. Lembre-se de que é você o predador.

— Pode deixar. — Deu um último sorriso para amiga, selando a promessa de cuidar de si mesmo antes de caminhar para o fim da floresta.

A menina observava o amigo partir dali e seu coração enchia de preocupação. Um traço seu que fora descoberto quando Chanyeol entrou em sua vida fora o de proteção. Joohyun começou a amar tanto aquele menino, que buscava cuidar dele da maneira que podia. Mas o lobo possuía uma alma de passarinho, e ela não poderia aprisioná-lo quando seu maior sonho era voar pela imensidão do mundo. Então, à sua maneira, Joohyun cuidava do melhor amigo que tanto amava.

O moreno usou o seu Jeep para poder chegar ao centro da cidade. Deixou o veículo estacionado nas proximidades, enquanto saía para poder curtir sua noite.

Percorreu o caminho contemplando a simplicidade da vida humana. Assim como a sereia com a qual esbarrou - que encontrava felicidade ao sentir seus pés na areia; ele aprendeu a valorizar as coisas mais banais que os humanos possuíam e que ele, como lobo, não poderia ter.

Gostava de como as crianças ficavam alegres com fantasias e cestas cheias de doces. Por ser algo muito simples, era bonito de ser ver, simplesmente por não ter em seu mundo - pois os filhotes da matilha, a esse momento, estavam correndo por aí, na busca de qualquer tipo de diversão que não era aquela.

Continuou seus passos até deparar-se com uma balada proporcional para aquele dia: os jovens, à espera na porta, estavam fantasiados (alguns assustadores e outros quase sem panos sobre o corpo). E querendo conhecer mais da vida mundana, Chanyeol começou a acompanhá-los naquela espera. Queria descobrir como era uma festa de halloween e, caso alguém perguntasse, estava fantasiado de lenhador - mesmo aquelas sendo suas vestimentas normais.

Quando o homem alto e forte permitiu finalmente sua entrada no lugar, sentiu como se entrasse em um portal para um mundo novo e desconhecido; porque, de fato, era para si.

Festejos não eram um problema no mundo sobrenatural, porque havia bastante para cada espécie e até alguns onde o transitar dessas era permitido. Mas sempre eram banhados por muita magia ou artefatos o que, no mundo mundano, não acontecia. Ali eram apenas pessoas em busca de dança, bebidas alcoólicas e do prazer da carne. Nada a mais.

Como lobisomem, seu corpo era mais resistente ao álcool que o corpo dos humanos. Por esta razão, mesmo tendo bebido bastante na festa das bruxas — e suas bebidas terem um teor maior que as dos mortais — ainda estava longe de ficar bêbado. Mas sentia que precisava da bebida porque necessitava de um gás adicional para aquele momento.

Foi ao bar, pedindo doses e mais doses de álcool puro, surpreendendo o barman do outro lado da bancada por ver o moreno ingerir tanto líquido forte como se fosse água. Mas, em um momento, a bebida bateu, o que deixou sua mente tensa e o corpo com energia que precisava, urgentemente, gastar. Não pensou antes de ir até a pista e dançar com outros corpos que possuíam mais maestria que o seu, mas, por um tempo, Chanyeol não estava preocupado com aquilo.

Deixou-se levar por tudo que o ambiente proporcionava, o álcool conduzindo sua mente e seu corpo, para assim soltar-se das amarras que o prendiam o ano inteiro. Dançou, permitindo até passos mais ousados, olhares tanto de homens quanto de mulheres atraídos para si. Até uma menina bastante ousada aproximar-se de si e sem qualquer palavra trocada, a moça o puxou para um beijo, o qual não fora recusado, porque com um instante vivido naquele lugar, sentia-se como um humano.

Conversou um pouco com a moça, permitiu-se levar por mais alguns beijos, porque ela possuía maestria nessa ação e, mesmo sendo tentador passar a noite acompanhado daquela mulher, a deixou escapar entre seus dedos, dando liberdade para qualquer outra pessoa que quisesse sua companhia enquanto ele voltava a dançar sozinho no meio da pista.

O álcool já saía de seu corpo. As pessoas partiam do ambiente, acompanhados ou não, e a madrugada estava prestes a se apartar - foi quando decidiu que estava na hora de voltar ao lar. Despediu-se do barman, o qual acompanhou sua bebedeira desenfreada, além de servir como amigo que deixou sua noite mais gostosa e deu tchau para o lugar que fez sua noite ser memorável, com a promessa interna de que voltaria.

Ao sair, sentia-se preenchido por completo. Tinha feito tudo aquilo que desejava e ainda, se possível, repetiria a dose na próxima oportunidade. Ele transbordava de felicidade e continuaria assim até os próximos dias da semana.

No caminho do retorno ao seu carro, em uma estrada deserta enquanto o céu ainda estava banhado pela escuridão, Chanyeol assustou-se por encontrar um lobo grande e cinzento a andar tranquilamente. Era do feitio dos lobisomens andarem daquela maneira por aquele dia. Mas nenhum membro de sua matilha permitiria ser tão exposto assim, quando tantos humanos voltavam a suas residências, após festas ou quando alguns eram obrigados a saírem devido aos trabalhos… algo na situação não era usual.

Aproximou-se o suficiente para o odor do lobo chegar em suas narinas - o qual não reconheceu como um dos seus. Era de uma outra matilha, fora da cidade; ele não era das redondezas. Chanyeol não o reconhecia e aquilo era, com certeza, perigoso. Ao notar sua aproximação, o lobo o olhou e correu na direção oposta do moreno. Poderia até segui-lo e o interrogar sobre o porquê de sua mente estar invadida por dúvidas, porém a boca daquele lobo pingava sangue e aquilo, certamente, não poderia significar algo bom.

Por isso, deixou o lobo seguir seu caminho enquanto corria para a direção da qual o observou vir, usando seu olfato aguçado para tentar captar algo pelo ar. Demorou um pouco para Chanyeol encontrar o que buscava mas, quando encontrou, não poderia se surpreender mais.

Em um beco isolado, fechado e com iluminação precária, encontrou um corpo estirado, com a pele pálida ainda mais descorada, chegando a estar esverdeada. O sangue escorrendo pelo ferimento, os olhos fechados, a boca espumando e a expressão quase falecida: Chanyeol encontrou um vampiro prestes a morrer.

Reconhecia a espécie pelo cheiro e, ao se aproximar, não restou dúvida do que se trava. Aqueles cabelos platinados eram marca registrada de um vampiro antigo e famoso que circulava pelas redondezas. Chanyeol não o conhecia, mas seu nome o era famoso. A mordida de lobo envenena um vampiro e ali podia ver que o lobo, o qual havia esbarrado pela estrada, deixou um trabalho para trás.

Os olhos do vampiro não se abriram por nenhum segundo. Sua respiração estava bastante pesada e os seus batimentos eram vagarosos, evidências de que o veneno já corria por suas artérias desfalecendo seu corpo, o que lhe deixava com pouco energia vital.

A maioria das tribos sobrenaturais não se davam bem entre si, mas a rivalidade entre lobos e vampiros era milenar. Nenhuma outra espécie se odiavam como eles. Vampiros ao longo da história perseguiram os lobos, matando e banhando-se do seu sangue sem dó nem piedade, pois aproveitavam-se das vantagens que a imortalidade lhes proporcionam. Mas houve um momento onde os lobos aprenderam a revidar: juntaram-se em grandes matilhas, descobrindo que juntos eram mais fortes além de sua mordida ser fatal à um “sanguessuga”.

E ali Chanyeol encontrava-se em um dilema. Não havia sido ele quem mordera aquele vampiro e nenhum outro lobo de sua matilha. Não tinha obrigações com aquele ser e poderia deixá-lo para a morte, caso quisesse. No tribunal da magia, conseguiria ter argumentos e provas o suficiente para proteger seu povo. 

Porém a sua consciência e seu senso de justiça o impediam de deixar aquele homem à própria sorte. Chanyeol tinha ciência de que caso fosse ao contrário, o imortal não pensaria duas vezes antes de deixá-lo morrer ou acelerar sua morte, bebendo de seu sangue. Mas sua mente o condenaria eternamente se não o ajudasse.

Não gostava de ser o mocinho da história, o papel de herói era complicado e seus requisitos mais ainda; desejava ser o vilão na maioria das vezes. Mas era de sua natureza ser bondoso: aquilo nascia com os lobos e os traços adquiridos com o decorrer dos anos só alavancaram em sua personalidade.

Mesmo sabendo que poderia se arrepender amargamente, aproximou-se daquele corpo e ergueu o desfalecido do chão aos seus braços e por nenhum momento ele movimentou-se. Chanyeol andou pela estrada novamente, agora carregando aquele vampiro que, estranhamente, se pegou observando. O rapaz em seus braços possuía uma aparência peculiar. Tinha quase certeza que aqueles cabelos eram estranhamente naturais e seus traços eram tão delicados... não dava para notar que era um assassino em potencial. Se não soubesse de quem se tratava, Chanyeol teria encantado-se por sua beleza.

Colocou-o delicadamente sobre o banco de trás de seu Jeep e dirigiu novamente para onde os sobrenaturais se abrigavam, longe dos humanos. Desviou do seu caminho usual, indo diretamente para onde prédios altos se encontravam, considerado a parte mais rica da cidade.

Mesmo o elfo porteiro tentando impedi-lo de entrar, o lobo chegou ao enorme prédio escuro e nobre que sabia que era o lugar que os vampiros faziam de lar, sem cerimônias entrou no grande salão, que era mais bonito e menos sombrio do que imaginara. Sem pensar nas suas ações seguintes, começou a chamar pelo nome de Taemin.

A audição dos vampiros era tão avançada quanto a sua; em questão de segundos, o ancião apareceu pela escada do prédio, demonstrando que usou sua velocidade sobrenatural para ir rapidamente até ali. Mas a chegada brusca e desesperada de Chanyeol atraiu outros vampiros e logo o salão lotou-se de diversos daquela espécie, deixando-o acuado como nunca havia se sentido na vida.

Quando os vampiros chegaram ao saguão, todos pararam no mesmo lugar. Nenhum queria se aproximar, mas suas expressões não eram das mais amigáveis. O nome de Chanyeol era conhecido no meio sobrenatural e ele sabia que lhe reconheceram de imediato. Mas todos estavam ainda mais assustados ao observar o que o lobo trazia em seus braços e da maneira a qual um de seus irmãos se encontrava. Toda a cena era estranha o suficiente, ninguém sabia o que fazer. Nem mesmo Taemin, com toda sua sabedoria, ousou dar um passo mais próximo.

Mas havia um vampiro que não compartilhava das desconfianças de seus iguais e, ao ver seu melhor amigo nos braços de um lobo, quase morrendo por envenenamento, avançou na direção de Chanyeol em pura fúria - quase atacando o mesmo, sendo impedido apenas pelo pouco de consciência que lhe restara:

— O que você fez?! — Gritou com o lobo e lançou a pergunta que todos queriam fazer. — O que você fez com o Baekhyun?!

— Eu não fiz nada! — Chanyeol respondeu no mesmo tom, para mostrar que, mesmo em desvantagem, não possuía medo. — Eu estava na parte habitada por humanos, voltando para casa, quando me deparei com um lobo que não era de minha matilha. Fiz seu caminho até que o encontrei atirado no chão, quase morto.

— Não acredito em você! — O vampiro de cabelos escuros e olhos claros voltou a gritar e avançou ainda mais na direção do lobo, sendo barrado por Taemin, que ficou no meio dos dois corpos.

— Ele não está mentindo, Sehun. — O ancião disse, numa tentativa de acalmar os nervos do mais novo. — O lobo não tem motivos para mentir para a gente, eu acredito em sua palavra. Caso fosse a mordida dele, nós já teríamos reconhecido o cheiro e ele é um dos alfas da matilha que vive aqui perto. O Park é um dos que mais lutam pelas paz entre os povos. Então, por favor, mantenha a calma. Iremos pegar quem fez isso.

Mesmo à contragosto, Sehun recuou. Sua mente estava uma bagunça porque seu melhor amigo estava quase morto, nas mãos da espécie que era sua maior inimiga. Mas a palavra de Taemin sempre era a última entre eles e, se o mais velho confiava no lobo, era obrigado a confiar também.

— Tudo bem. — Suspirou, vendo os vampiros assistirem toda a cena e feliz por Sehun ter lhe obedecido. — Sinceramente, foi uma atitude muito nobre de sua parte, Chanyeol. Eu fico agradecido por ter salvo um dos nossos, sendo que sua morte era quase certa se não fosse cruzado com seu caminho. — Fez um gesto com as mãos e deu liberdade aos vampiros. Dois foram na direção de Chanyeol e pegaram o vampiro de cabelos claros de seus braços, dividindo o peso entre eles. — É uma dívida que, sinceramente, não sei ainda como irei pagar. Porém, sinta-se à vontade para cobrar quando achar necessário. Estamos lhe devendo um favor. Eu agradeço bastante o que você fez e por me chamar de imediato antes de qualquer outra coisa, mas está tudo bem. Nós sabemos o que fazer com ele e iremos cuidar para que fique bem. Você pode voltar para a sua casa, está seguro também.

Chanyeol concordou com a cabeça e deu uma última olhada para o salão infestado de vampiros, sorrindo com toda a cena que acontecia ao seu redor com o medo dando uma insanidade a mais. Também olhou uma última vez para o vampiro que salvara, agora nos braços de seus iguais, e notava como ainda não conseguia vê-lo da maneira como via os outros. Infelizmente, conseguia compará-lo mais facilmente com um anjo do que com um demônio.

Taemin curvou-se em sua direção em demonstração de respeito, assustando os vampiros mais novos. E Chanyeol devolveu o gesto, porque também o respeitava e aquela não era a primeira conversa que tiveram.

Após isso, direcionou-se a saída do edifício, temeroso pelos próximos acontecimentos. Entrou para dentro de seu carro e dirigiu para a sua casa, que ficava apenas a alguns minutos dali.

Aquela noite era para se aproveitar de maneira rebelde. Queria ter a sensação de ser um humano apenas por um dia: foi às suas festas, tomou de sua bebida e beijou uma de suas garotas. Sentiu-se verdadeiramente realizado ao sair daquela balada, mas seus deveres sobrenaturais pareciam que nunca iriam o abandonar. O destino nunca o deixaria esquecer de quem verdadeiramente era, por isso colocou aquele lobo desconhecido em seu caminho e, de brinde, o vampiro antigo. O colocou em uma encruzilhada, a qual teve que fazer uma difícil escolha e pensar com a razão - que também nunca o abandonara e era o único motivo para não acabar fazendo coisas piores.

Não se arrependia de salvá-lo, mas sentia que algo dentro de si iria mudar a partir daquela ação. Notou algo crescer em seu peito, a sensação de que logo mudanças decisivas iriam tornar a aparecer e Chanyeol ainda não sabia se estava preparado para lidar com novas situações.

(...)

A forte luz do Sol que atravessava a janela fez-se presente no quarto no qual acordou sentindo seus olhos arderem com a luminosidade, assim como sua pele, que não estavam mais acostumados com os raios fortes. Ao se habituar com a claridade, olhou atentamente o ambiente no qual havia despertado e não o reconhecia.

O lugar assemelhava-se à um quarto, com sua particularidades. Era totalmente revestido de madeira, vidros e mais vidros de variados tamanhos e líquidos coloridos estavam espalhados pelo lugar, assim como havia bastante papel desgastado e livros jogados. Também haviam instrumentos os quais nunca havia se deparado e caixas lotadas de artefatos terminavam de preencher o ambiente. Mesmo com tantas coisas, a organização era algo admirável, pois tudo estava em perfeita ordem.

Mas Baekhyun ainda sentia o desespero por não saber onde se encontrava. Estava prestes a entrar em pânico por estar em um ambiente que nem sabia como havia chegado, quando uma risada familiar se fez presente, assim como seu corpo e olhar de deboche sobre si:

— Bom dia, bela adormecida! — Sehun disse em seu tom particular, aproximando-se do tipo de cama no qual Baekhyun custava a levantar-se. — Opa, opa, para onde já vai com tanta pressa?

— Quer que eu fique deitado em uma cama que eu nem sei onde fica? — Perguntou, massageando suas têmporas, pois ainda sentia sua cabeça latejar.

— Estamos no covil do Minseok. — Explicou, sentando-se em uma cadeira ao lado de onde estava.

— O que? — Perguntou, assustado. — O que estamos fazendo aqui?

— Sabe que esse maluco é um dos bruxos mais poderosos que existem… Ele sabia fazer um antídoto para mordida de lobo.

— Como assim? — Novamente, o tom de interrogação veio de maneira assustada. Automaticamente sua mão passeou por seu corpo, notando, próximo ao seu ombro, um relevo que não deveria estar ali. Cicatriz de mordida de lobo não curava-se rápido. — O que aconteceu comigo?

— A gente não sabe direito. — Respondeu, mudando sua expressão ao compactuar com o desespero do amigo.

Baekhyun não lembrava-se da noite anterior mas, aos poucos, flashes surgiam em sua mente, dando uma vaga ideia do que poderia ter acontecido. Conseguia se lembrar do momento em que estava preenchido de felicidade, por estar em um festa mundana, curtindo o dia de Halloween como os humanos costumam fazer. Também recordava-se de uma menina de cabelos curtos roxos e de sorriso ladino, sensual. Lembrava-se de ter ido com a moça para um beco no meio da estrada, bem como dos beijos e das carícias trocadas.

Até um homem de estatura mediana aparecer, acabando com o momento íntimo dos dois. E desde então, tudo não passava de borrões em sua mente.

— Eu fui atacado pela merda de um lobo. — Disse com raiva, socando a cama de madeira em que repousava.

— E foi salvo por um também. — Sehun comentou, ganhando sua atenção. — O filho dos Park o salvou.

— Como assim, Sehun? — Se antes Baekhyun estava irritado, agora ele transbordava raiva.

— Eu não sei o que aconteceu, ok? Eu só sei que ontem de madrugada, quando o Sol estava preste a surgir, o lobo apareceu de uma maneira muito estranha no nosso edifício. Ele gritou pelo Taemin e não demorou para praticamente todos os vampiros descerem e se depararem com você quase morto nos braços dele. — Contou toda a história que fora obrigado a presenciar. — Eu ia matá-lo, Baekhyun; se não fosse pelo Taemin. Mas eu também não acho que foi ele quem fez isso consigo.

— Infelizmente eu também acho. — Confessou, cansado. — Não seria do feitio dos Park e eu não me recordo de ter esbarrado com ele na noite anterior. Era outro homem, com certeza, um que eu nunca vi na vida. — A raiva voltou a correr fortemente em suas veias. — Mas isso ainda não tem explicação… porque aquele maldito lobo me salvou?

— Ninguém sabe. Talvez ele só goste mesmo do lance de herói.

— Burrice. Salvar um vampiro...

— A burrice dele o salvou. — Taemin disse, surgindo através da enorme porta de madeira escura. — E eu sou muito grato por ele. Salvou a minha jóia rara e você pode odiá-lo por isso, mas se não fosse por ele, estaria sendo comido por urubus a essa hora.

— E você acha que eu devo ficar agradecido? Ele continua sendo um lobo.

— Eu odeio essa história e você está ciente disso. — Novamente, o ancião voltou a falar. — Eu já havia conversado com Chanyeol outras vezes. Ele é divertido, sorridente. Ele gosta de ir ao nosso bar e transitar por todas as vilas e eu admiro isso. Minha admiração pelo garoto só aumentou depois de ontem.

— Você está dizendo isso mesmo? — Incrédulo, Baekhyun perguntou. — Ele é estranho.

— A estranheza dele o torna interessante, Baek. — Sorriu para o rapaz, abaixando para deixar toques carinhosos por seu rosto. — Eu estou muito feliz por você estar bem e vivo.

Taemin deixou um selo em sua testa e um abraço em Sehun antes de retirar-se do quarto novamente, e logo foi a vez dos dois amigos fazerem o mesmo. Nenhum deles estava disposto a ficar e ter uma conversa com Minseok. Ninguém suportava o bruxo milenar.

Ao saírem, foram direto para uma casa que haviam comprado nas proximidades da floresta, para quando os dois quisessem se livrar de qualquer outro vampiro e da irmandade que Taemin havia os colocado. Amavam seus irmãos, mas os dois, por muito tempo, aprenderam que precisavam do espaço pessoal e o amor do ancião poderia sufocar um pouco.

— Pelo menos o lobo é bonito. Nossa, até parecia um príncipe te carregando nos braços. É uma bela cena de filme.

Baekhyun o olhou incrédulo, não estava acreditando nas palavras do amigo. Sehun era uma pessoa insana mas, devido a gravidade da situação, pensou que ele levaria o assunto a sério. Porém, estava enganado.

— Sehun. Por favor, fique quieto.

— Vai dizer que eu estou mentindo? Ele é bem gostoso e naquela pose toda de salvador, com você quase morto…

Estava prestes a responder, mas avistou o assunto de ambos caminhando calmamente entre as árvores altas da floresta. De modo automático, sua mente nublou e ele esqueceu totalmente das palavras do amigo, indo em direção ao lobo parando a sua frente, assustando-o. Após o choque, o alfa o olhou de cima abaixo, reconhecendo seus traços e não demonstrando medo em nenhum momento. Sua coragem estava começando a incomodar Baekhyun.

— Por que você fez isso?! — Perguntou alterando seu tom de voz logo de início, algo que não era de seu costume fazer. — Por que me salvou?!

— Maneira estranha de agradecer, sanguessuga. — Ele respondeu usando o deboche, uma coisa que também não condizia com sua personalidade.

— Eu deveria agradecer você?

— Queria estar morto?

— Antes isso do que ser salvo por um cachorro.

 — Baekhyun, cala essa boca. — Finalmente Sehun juntou-se a eles, colocando a mão na frente do mais velho para impedir que, a qualquer momento, avançasse. — Tenha modos, lembra do que Taemin disse?

— Eu não ligo para o que ele disse. Eu quero entender a merda da situação em que eu estou.

— Nenhum de nós sabe e não é gritando comigo que irá descobrir. — Acalmou-se, agora respondendo o vampiro de sua maneira. — Não estão comigo as respostas, Byun. Eu apenas o encontrei na estrada quase morto, nada mais que isso.

— Inferno. — Esbravejou, mostrando como encontrava-se frustrado com a situação. — Preciso voltar lá à noite e tentar entender isso e você vai comigo. — Ordenou a Sehun, que não quis se opor ao amigo - ainda mais entendo como este se sentia. O orgulho estava ferido, por diversos motivos.

— Irei também. — Chanyeol expressou, assustando os dois vampiros à sua frente. — Eu preciso entender essa situação. É o meu povo que estaremos colocando em risco caso alguma coisa dê errado, ou a gente não descubra a fundo essa história. — Explicou, após ver a expressão no rosto de ambos.

— Nem pensar! — Baekhyun se opôs a ideia do lobo, claramente indignado. — Não precisamos mais de você se intrometendo nós nosso assuntos.

— Você já um pé no saco e devido ao acontecimento de ontem, só ficou mais ainda. — Seu amigo entrou novamente na conversa, irritando-se junto consigo. — Tudo bem Chanyeol, nos encontramos aqui para ir. — Sorriu de maneira sugestiva ao lobo, arrancado um bufar de Baekhyun.

O de olhos azuis não compactuava com a situação e saiu de maneira abrupta do local, deixando o outro vampiro a sós com o lobo. Ainda com um sorriso no rosto, Sehun decidiu continuar ali. Não queria ter que lidar com Baekhyun no estado em que se encontrava e, também não estava disposto a se encontrar com qualquer outro vampiro.

Mas estava muito interessado no lobo a sua frente, então fez o convite para que ele o acompanhasse em uma conversa amigável que foi aceita, pois Chanyeol também tinha curiosidades a matar.

(...)

Quando a noite caiu novamente, Sehun continuava mantendo a conversa com o lobo enquanto eles andavam por entre o bosque. Como Taemin tinha dito, havia peculiaridades em Chanyeol que realmente eram interessantes e que conseguiam atrair qualquer um. Seu nome era famoso pelas bocas dos imortais, mas Sehun descobriu que ele conseguia ser mais do que falavam de si, caindo em seus encantos facilmente.

Os dois voltaram ao ponto onde se encontraram, para novamente poderem se reunir com Baekhyun - que demonstrou clara irritação ao encontrá-los juntos e mais íntimos do que deveriam, fato evidenciado por não se separarem no momento em que deviam.

Todos entraram no Jeep de Chanyeol, que dirigiu para outros lugares da cidade não tão pequena quanto aparentava ser. A noite já havia caído; por isso, havia muita coisa inadequada acontecendo pelas ruas. Mas nenhum dos três rapazes pareciam se importar. Chanyeol estava distraído em seus próprios pensamentos, concentrado na estrada à frente. Sehun estava sorrindo como sempre sorria, pensando em suas descobertas sobre o lobo e Baekhyun estava irritado, incomodado no banco de trás, sem dizer uma palavra.

O lobo estacionou, onde sempre costumava deixar seu carro, e seguiram o resto do caminho. Chanyeol e Sehun engataram em uma conversa com um assunto simples, que apenas deixava a cabeça de Baekhyun quente. Ele andava à frente dos dois, mas possuía a audição elevada e mesmo sabendo que não conversavam sobre nada demais, a aproximação dos dois o deixava incomodado.

Era seu melhor amigo ‘amigando’ com um lobo e conhecendo-o como o conhecia. Sabia que Sehun tinha interesse a mais naquele homem e aquilo lhe deixava fora dos eixos. Afinal, era um lobo, a espécie inimiga da sua, além de ser o homem que se achava bom o suficiente para estar acima de todas as regras e limites impostos sobre os imortais. Baekhyun não ligaria se fosse outra pessoa ou até mesmo outro lobo. Mas havia algo em Chanyeol que o deixava em fúria.

— Vocês viraram amiguinhos agora? — Baekhyun perguntou, virando-se de maneira brusca, assustando ambos.

— Ciúmes? — Chanyeol perguntou, arrancando um riso de Sehun. Estava verdadeiramente se afeiçoando a ele.

— Eu substituiria por nojo. — Respondeu de maneira hostil, o que fez os dois riem novamente. — Qual o problema de vocês?

— Qual é o seu problema? — Novamente fora Chanyeol quem o respondeu. — Está assim por que eu sou um lobo? Não deveria ligar para banalidades.

— Você realmente não tem noção alguma, não é? Deveria saber como as coisas funcionam.

— E eu sei, Baekhyun. Eu sou um dos alfas da minha matilha, é minha obrigação saber. A diferença é que... eu não me importo.

Sua fala calou Baekhyun. Talvez ali estivesse o motivo para ter tomado tanta aversão contra sua pessoa. Chanyeol era corajoso o suficiente para seguir as ações que desejava, deixando algumas leis de lado e apenas seguindo sua consciência, aquilo era tudo que Baekhyun mais sonhava.

Pensou por longos minutos enquanto olhava diretamente naqueles olhos tão claros quanto os seus e, quando a resposta veio, alguém se pronunciou antes:

— Ora, ora. Você ainda está vivo. — Um homem de estrutura mediana apareceu das sombras, juntando-se ao trio.

Logo Baekhyun o reconheceu. Era o mesmo homem que havia surgido quando estava beijando a menina nas proximidades da balada em que esteve antes. Seu sangue subiu no exato momento e, se não fosse Sehun e sua agilidade a surgir na frente de seu corpo, teria avançado na direção daquele lobo.

— Então você é um lobo? — Sehun quem perguntou, olhando tão irritado para o homem quanto seu amigo.

— Descobriu isso sozinho? — Perguntou em deboche, fazendo agora o vampiro moreno quase avançar, mas sendo  impedido por Chanyeol.

— Você acha engraçada essa situação? — O alfa perguntou, ganhando a atenção do homem. — Sabe em que complicação você colocou tantas pessoas?

— E você? — Levantou a cabeça, como se buscasse por algo. — Um lobo no meio dos vampiros... quase pensei que fosse um deles. Não sente vergonha?

— Vergonha eu teria se tivesse a mente pequena igual a sua.

— Você é uma vergonha para nossa espécie e sabe o que sua matilha irá dizer quando souber o que você fez?

— Pode deixar que do meu bando cuido eu. — Respondeu de maneira simplista, sem levantar seu tom de voz ou querendo avançar no homem, fazendo Sehun e Baekhyun se admirarem. — Eu quero entender seus motivos.

— Meus motivos? Ora, pois eu lhe digo. Esse vagabundo beijou minha namorada, ok? Eles estavam quase transando, porra. Minha namorada e um… um vampiro.

— Bom. Quando eu a conheci, ela me deixou bem claro que estava solteira. — Baekhyun entrou na conversa. — E, bom, dava para ver claramente que era uma humana, jamais imaginaria que ela estava se envolvendo com uma espécie tão podre.

— Está vendo? Me diz se um infeliz desse não merece a morte.

— Eu ainda quero entender a situação. — Chanyeol novamente disse, tentando controlar ambas as partes.

— A gente terminou. Mas não terminamos, entende? Ela é o amor da minha vida e não sabia o que estava fazendo. Uma briga não termina um relacionamento.

— Não termina. Mas, a julgar pelo seu carácter e pelos poucos minutos que tivemos de conversa, não me parece ser um homem muito gentil. Duvido que tenha sido a primeira briga e você deveria respeitar a decisão dela. Ainda não acredito que quase matou uma pessoa só porque ele estava beijando a sua ex.

— Ele é um vampiro! Acorda, lobo traidor! Vampiros beijam e quando transam, sugam o sangue das vítimas e as matam! Ele iria matá-la de qualquer maneira. Eu a salvei. — Esbravejou, segurando sua força que gritava dentro de si para não atacar o lobo à sua frente.

— Isso é o que você diz. Mas aposto que sua namorada tem uma opinião contrária.

— Pouco importa o que ela pensa. — Novamente, alterou-se. — E vocês voltaram aqui por quê? Estão atrás dela? De mim? Tentem a sorte, não conseguirão me deter. Eu irei matar esse verme e não terá nenhum super herói idiota para salvá-lo dessa vez.

— Cara, por favor, me dê essa sua coragem, porque está lidando com um lobo e dois vampiros e ainda continua com esse ar de superioridade. — Sehun voltou a dizer, brincando com a situação.

— Isso é algo que nasce com a gente, nunca irá entender. — Alinhou-se melhorando sua postura. Ele estava pronto para se transformar. — E agora, lobo? Continuará defendendo alguém que não é do seu bando? Que nem seu amigo ou conhecido é? Ou me deixará fazer o melhor serviço?

Os vampiros também preparam-se para o que estava por vir. Já possuíam vantagens em questão de velocidade e força; e estavam em maior número, garantiriam aquela luta. Mas Chanyeol não saiu de seu lugar. Até que começou a andar calmamente em direção ao outro lobo, surpreendendo todos os presentes.

— Desculpa meninos. Não quero nenhum de vocês envolvido. Isso é briga entre lobisomens.

— Irá brigar comigo? — Perguntou, ironicamente. — Para defender essas pestes? Não merece a matilha que tem. Mas tudo bem. Será bom. Agora eles terão um verdadeiro líder.

— Eu estou sendo um verdadeiro líder e, vendo como você não consegue enxergar isso, só mostra o quanto você seria péssimo no comando.

O sorriso no rosto do homem alargou-se e logo suas pernas aumentaram de tamanho, assim como seus braços, que começaram a ganhar penugem. Seus olhos reviraram e seu corpo parecia entrar em combustão enquanto dobrava de tamanho. Em questão de segundos, um grande lobo cinza surgiu.

Baekhyun e Sehun jamais admitiriam, mas estavam muito impressionados. Como viviam cada um em seu limite, nunca haviam visto um homem transformar-se em lobo e era, de fato, um momento interessante.

Mas eles ainda iam se impressionar mais.

O corpo de Chanyeol logo ficou da mesma maneira, mas ao contrário do desconhecido, havia uma certa graça em sua transformação. Seu corpo parecia expandir totalmente confortável com aquilo. Era tão diferente e perfeito que chegava a ser belo, não assustador. O lobo de Chanyeol era maior, possuía pelagem castanha clara - quase chegando a ser amarela de tão vibrante; e seus olhos não mudavam de cor, o que fez seus pelos se misturarem às suas orbes e mostrar o quanto era lindo.

Chanyeol era lindo, em todas as suas formas.

O lobo cinza não pensou antes de atacar. Avançou contra o pescoço do outro, lhe arrancando um gemido alto de dor. O lobo menor também conseguiu derrubá-lo com facilidade, ficando por cima para continuar o estrago que fazia pela sua jugular, escorrendo sangue no pelo de ambos. Chanyeol usou suas patas traseiras pontapeando o animal de cima de si, mas a força que usou não fora tão grande e ele conseguiu cair perfeitamente em pé. O cinza estava imaginava sua vitória garantida ao notar o quanto havia sido fácil o atingir. Mas o castanho não lhe deu tempo para outro movimento e correu pela estrada. Sem delongas, o lobo cinza correu atrás de si.

Baekhyun e Sehun olharam entre si e os dois, em um mútuo acordo, seguiram os lobos. Não era permitido que vampiros acompanhassem batalhas dos lobos daquela maneira, mesmo que, em alguns casos, acabasse acontecendo; mas naquele momento, as regras não importavam mais. Aliás, os dois se pegaram preocupados com o colega recém feito. Chanyeol estava machucado e o lobo cinza parecia disposto a matá-lo.

Encontraram os dois e esconderam-se em um galho alto de uma árvore, no meio da floresta. Haviam corrido até o vilarejo onde os lobos moravam e diversos haviam saído de suas casas e parado seus afazeres, para acompanharem a luta que acontecia.

Novamente posicionados, o cinza prosseguiu com seus movimentos, tentando novamente atingir a área já machucada de Chanyeol, o que não aconteceu, pois o castanho havia conseguido desviar. Rodearam um ao outro, até novamente o desconhecido ir em sua direção, agora na tentativa de morder sua barriga - porém, sem sucesso algum, porque Chanyeol se mostrava cada vez mais veloz que antes.

Agora, usando a brutalidade da ação, aproveitou para mordê-lo em seu pescoço, jogando todo seu corpo para cima do lobo cinza, que não antecedeu o ataque e fora atingido em cheio: foi mordido e arremessado contra o chão, aos urros de dor. Chanyeol não soltou sua mordida até começar a sangrar e ele conseguir desviar, usando sua boca para tentar devolver a mordida; que, para sair, Chanyeol teve que soltar seu corpo.

O desconhecido se recompôs e avançou contra si novamente, mas o alfa sabia usar a velocidade a seu favor e desviou com sucesso de mais um movimento, o que fez o lobo cair contra a própria pata traseira. Mesmo machucado, havia lutado com o lobo anteriormente e notado que ele não era tão forte. Por esta razão, tentou atingir novamente seu pescoço ferido. Mas o lobo castanho era rápido e mordeu agora uma de suas patas dianteiras, novamente o levando ao chão. O cinza notou que o lobo a sua frente era terrivelmente mais forte que qualquer lobo que já esbarrou consigo.

Ele estava conseguindo o arrastar apenas por uma pata e com tanta força que estava quase a arrancando de seu corpo. O ferimento escorria sangue, assim como a boca de Chanyeol, e lobo cinza já estava sem forças para continuar lutando. Com o pescoço e uma pata machucados (e a outra quase lhe sendo tirada), seu corpo encontrava-se em exaustão. O sangue escorria e o deixava fraco. Estava debilitado; agora, se o castanho quisesse, conseguiria matá-lo facilmente. E Chanyeol iria, se não fosse impedido por um homem mais velho surgir na briga, erguendo as mão em um pedido para que parasse.

Mesmo contra sua vontade, ele parou.

Afastou-se do lobo, mostrando sua onipotência. Seu ferimento estava cicatrizado e nem parecia que havia acontecido; não estava cansado e sim, reluzente. Não parecia ter acabado de sair de uma batalha. A única coisa que evidenciava isso era o sangue de seu inimigo escorrendo por sua boca. Por isso, todos da vila agora o olhavam em admiração e alguns até aplaudiam, enquanto o homem à sua frente o encarava com orgulho. Chanyeol fingia olhar para o horizonte para aproveitar o deslumbramento de sua tribo, mas, na verdade, ele estava olhando para o fascínio com que dois vampiros o observavam do alto da árvore. Aquilo o deixava satisfeito.

Olhou para baixo, pois o homem havia voltado a sua figura humana, totalmente debilitado e sem condição alguma de se manter em pé. Por isso, permitiu-se voltar a sua forma original também. Isso fez duas pessoas surgirem para tampar sua nudez, com roupas que os lobos usavam justamente para aquele tipo de ocasião.

— Meu povo! — Chamou de maneira alta, garantindo todas as atenções para si. — Esse homem a minha frente me desafiou por defender o nosso maior inimigo: os vampiros. — Os sussurros começaram e expressões de espantos surgiram. Chanyeol já estava pronto para aquilo. — Ele, em toda sua audácia, estava tentando tomar o poder dessa matilha. Simplesmente por não concordar com o que eu acho melhor para vocês. Esse delinquente é um ciumento, que não aceitou que um vampiro ficasse com sua ex.

“Eu até concordaria com suas ações de protegê-la, pois sabemos o que vampiros fazem com humanos. Mas caso as intenções fossem certas, e claramente não eram. Aposto que essa menina agora corria risco de vida, com esse homem a sua procura além de ser dia trinta e um e vocês sabem: tudo é permitido nesse dia.”

“Então os vampiros teriam o aval para começar uma guerra, porque esse maluco resolveu atacar Byun Baekhyun. O vampiro de cabelos cinzas e olhos do mar. Vocês tem o conhecimento do quanto ele é protegido e querido por seus iguais. Caso acontecesse alguma coisa com aquele vampiro, a guerra seria instantânea e por isso eu o salvei. Taemin me pareceu bastante grato e eu acho que ninguém aqui quer uma guerra. A paz entre os lobos e os vampiros tem sido uma dádiva para ambos conseguirem viver de uma maneira tranquila.”

— E eu não quero acabar com isso. — Urros e aplausos novamente foram acionados, todos o admiravam. Chanyeol havia feito o que nenhum outro lobo faria e, por isso, era mais aclamado ainda; porque sua bravura não se comparava a de nenhum outro.

— Por isso eu peço que levem esse estrume para o lixo de onde veio e deixem uma mensagem clara ao líder dele: caso acidentes como esse voltem a ocorrer, todos os seus lobos voltarão da mesma maneira. Eu exijo respeito a mim e à minha família. — Concluiu, sendo novamente recebido de maneira calorosa pelos habitantes da vila.

Os lobos fizeram o que ele pediu e tiraram o corpo dali. Já os vampiros, esses continuavam olhando a cena com uma sensação nova instalada no peito. Sehun, estava admirado e eufórico. Nunca havia visto nada como antes em sua vida e a posição de Chanyeol o fazia desejá-lo ainda mais.

Já Baekhyun, junto com o fascínio com toda a cena vista, estava assustado e curioso. Chanyeol realmente era surpreende e suas peculiaridades, infelizmente, lhe atraíam porque aquela sensação nova o chamava para descobrir mais. Tanto sobre os lobos, quanto sobre ele.

E Chanyeol, mesmo ao longe, conseguia notar as expressões no rosto dos vampiros. Não podia dizer o que pensavam, mas deduziu que estavam surpresos e curiosos; e a sensação de satisfação preenchia seu peito.

(...)

No dia seguinte., novamente Chanyeol dirigiu-se ao mesmo lugar que já estava lhe tornando cansativo e detalhista, por ter ido lá diversos dias seguidos. Mas a discussão do dia anterior, e após a batalha com aquele lobo arrogante, lhe deixou preocupado com a sua ex namorada e sabia que ela corria perigo. Homens humanos, por si só já era ciumentos e violentos quando se tratavam do que eles consideravam sua posse. Com poderes de um lobisomem, aquela sensação poderia se agravar, ainda mais com estilo rústico com que os lobos costumam viver, sendo preciso evoluir bastante socialmente.

Não conversou com mais ninguém da sua tribo, pois tinha certeza que eles concordariam com suas ações e até o iriam ajudar. Mas Chanyeol gostava de fazer algumas coisas sozinho e as resolver de sua maneira, sem prestar satisfações.

A noite já havia caído e, devido a esse motivo, Chanyeol se sentia ainda mais vivo e nostálgico, andando entre os mortais pela rua deveras movimentada.

Conversou com alguns, perguntou e pediu informações até chegar a um edifício pequeno, perto de onde encontrou Baekhyun desmaiado. O local não era um dos mais bonitos e apresentáveis, mas também não era tão ruim quanto imaginou. Estava prestes a pedir autorização do porteiro para adentrar quando avistou uma figura conhecida saindo pelo portão do mesmo. Não tardou para ir a passos rápidos ao seu encontro, o que assustou o outro homem pela maneira bruta com a qual foi abordado:

— O que está fazendo aqui? — Os dois perguntaram no mesmo instante. E se olharam quando notaram que suas bocas tinham dito de forma sincronizada as palavras.

— Bom. Eu gostaria de saber como está a menina a qual aquele homem namorou. — Chanyeol explicou, sendo direto. — Com certeza ele deve ter feito algo contra ela e eu vim para averiguar.

— Tarde demais, já fiz o serviço. — Respondeu de maneira hostil, como se dirigia ao lobo desde a primeira vez. — Ele tentou assassiná-la. Eu dei meu sangue para ela, está se recuperando. Não há mais nada para você fazer aqui.

— E você fez isso por que? — Chanyeol perguntou, não deixando o vampiro voltar a andar. — O que ganha com isso?

— Nada. Mas não queria que ela corresse risco de vida. É uma menina legal. — Disse, irritado com a curiosidade que Chanyeol demonstrava. — E você não me viu aqui.

— Por que? — As dúvidas voltaram ao seu vocabulário. — Não podem saber que você teve uma ato gentil? Por que não podem saber que há dentro de si bondade?

— Porque eu não quero que as pessoas esperem bondade de mim. — Disparou as palavras, assustando o lobo com a determinação delas. — Não quero criar expectativas para ninguém.

— Você já fez isso. — Expressou. — Sinto muito, mas não consigo mais vê-lo da maneira como você se vende.

— Você me conhece a dias e já está se colocando dessa maneira. — Passou pelo corpo, esbarrando pelo seu ombro. — Eu não me importo com o que você pensa.

Voltou ao seu caminho, na ilusão de que o lobo avermelhado ficaria para trás. Mas Chanyeol deixou um sorriso surgir em seu rosto e direcionou seu corpo para a mesma direção que o vampiro. Estava a alguns passos atrás de Baekhyun, porém um podia sentir o outro e sensação de perseguição irritava o platinado.

— Vai continuar me acompanhando assim? — Perguntou, deixando ele ir até onde seu corpo estava. Assim, os dois começaram a caminhar, lado a lado.

— Estou indo até meu carro. Não tenho culpa se é a mesma direção que a sua.

— Tudo bem. Eu vou para outra. — Tentou desviar, mas Chanyeol era rápido e surgiu em sua frente, pela segunda vez no dia. — Qual o seu problema?

— Qual o seu? — Devolveu a pergunta. — Por que me odeia tanto? E não me diga que é porque estamos destinados a isso como lobo e vampiro. Você parece ter motivos específicos.

— Acha-se especial? — Sorriu, de maneira irônica. — Eu não gosto de você, porque eu não gosto. Não preciso de motivos específicos.

— Eu sei que eles existem. Mas tudo bem, não precisa me contar.

Liberou a passagem para Baekhyun seguir a longa rua à sua frente, dessa vez iria deixá-lo sem sua companhia. Porém, este olhou nos olhos mel antes de seguir em sua direção e, por algum motivo, não quis deixá-lo se afastar.

— Sei que não me deixará em paz tão cedo. — Comentou, continuando a caminhar; sabia que ele escutaria. — Então eu sugiro que vá a minha casa, a minha segunda casa. O Sehun está animado, ele está dando uma festa e abriu nosso bar reserva. Ele quer comemorar hoje.

— Você não gosta de mim, mas me convida para a sua casa? — Perguntou, com a confusão estampada em suas feições.

— Você vem, Park?

O vampiro continuava andando e Chanyeol sentiu-se obrigado a segui-lo. Era a primeira vez que Baekhyun dirigia as palavras direcionadas totalmente a si, com seu nome estampado na última palavra da frase. Poderia ser seu sobrenome, as conversas poderiam continuar com tons ácidos. Mas considerou um avanço rápido para aquele vampiro que não parecia dos mais gentis, e deixou-se levar por aquela ilusão.

Os dois foram dentro do Jeep para a casa que Baekhyun chamava de sua. Era uma casa gigante, afastada da parte mais nobre da cidade - onde o edifício gigante dos vampiros se encontrava. Mas ela, de maneira rústica, não perdia a classe. Comparava-se às grandes moradias de madeira antiga, com alguns toques de contemporaneidade. Era grande e majestosa. Chanyeol pode observar que não faltava bom gosto para os dois amigos.

Deixou seu carro na garagem e, ao longe, já era possível ouvir a música eletrônica alta, que conseguia balançar o chão até fora da residência. Percorreram juntos até a entrada, onde as feições de Baekhyun não foram as melhores ao se depararem com o espetáculo que ocorria em sua moradia: Adolescente espalhados pelo cantos, suas garrafas de whisky e vinho importados jogados pelo chão de madeira e sua sala em pleno caos.

— Seu amigo sabe dar uma festa. — Chanyeol comentou, olhando Sehun afundado no pescoço de uma menina enquanto dançava acompanhado da mesma. — Deu para ver que ele não brinca em serviço.

— E eu odeio isso nele. — Respondeu, entrando na casa junto ao lobo, misturando-se na multidão.

— Meu vampiro e meu lobo favorito. — Sehun gritou ao avistar os dois. Era evidente que o álcool em seu organismo já começara a fazer efeito. — Hoje é dia de comemorar. Ontem foi uma vitória para os vampiros… e para os lobos também. Quando na história esse fenômeno é possível? Quase nunca! Agora, nós somos a história.

— Tenho que concordar. — Chanyeol decidiu juntar-se a bagunça daquela festa, puxando uma garrafa de whisky das mãos de uma pessoa que passara por eles. — Um brinde a nós. — Levantou a garrafa para brindar com o copo que Sehun segurava.

O vampiro de cabelos claros olhou indignado para ambos, mas não poderia fazer nada para impedir; então rendeu-se a festa também. Puxou a garrafa da mão de Chanyeol e foi dançando até o meio de sua sala de estar. Precisava extravasar tudo o que os últimos acontecimentos de sua vida pediam.

A música eclodia das caixas altas, a batida fervorosa combinada com o álcool forte, correndo em suas veias, agitavam seu corpo e o deixava com vontade de se mexer. Tudo girava ao seu redor e a energia que seu corpo estava transmitia, sem dúvidas, era incomparável.

Com certeza aquele não era seu lugar. Não deveria estar em um local que era moradia de vampiro, onde uma festa acontecia com humanos hipnotizados que serviam drinks para mentes como a de Sehun. Mas, Chanyeol não conseguia se importar. Ele sabia que não aconteceria um banho de sangue ali, então se fosse para beberem com moderação, ele não se incomodava. Estava deslumbrado de como uma festa repentina e desastrosa poderia ser tão divertida. Realmente, os vampiros levavam a sério o estilo de viver a vida intensamente, aproveitando cada segundo.

Chanyeol queria ser dessa maneira.

— Como não está com medo? — Baekhyun perguntou, aproximando-se do lobo voluntariamente pela primeira vez naquela noite. Carregava em seus braços o corpo de um homem desmaiado, do qual drenava o seu sangue. — Sente repugnância, pelo menos?

— Sinto. — Responde direto e sincero. — Mas eu não me importo o suficiente para fazer algo.

— Você é estranho, Park. — Voltou a beber diretamente do pescoço do homem desconhecido em seus braços.

— Não é o primeiro e nem será o último a dizer isso. — Respondeu, olhando a cena que ocorria à sua frente. — Se soubesse o que se passa em minha cabeça me acharia muito pior.

— Então conte-me. O que está martelado aí?

— No exato momento, estou me castigando por achá-lo atraente.

— Como assim? — A surpresa era evidente em sua voz mas, mesmo assim, não tomou coragem para levantar o rosto e olhá-lo novamente.

— Eu o acho bonito Byun. Acho que sou maluco por isso. Mas suas peculiaridades me atraem…

— Você é maluco, Park! — Deixou o homem cair diretamente no chão, agora olhando diretamente nos olhos de Chanyeol. — Você não pode dizer uma coisa dessa para mim.

— Não estou orgulhoso de mim por isso, mas não irei me reprimir também.

— Eu não sei qual é seu problema. Talvez precise olhar mais de perto. — Aproximou-se do lobo, ficando frente a frente com o próprio. — Olha para mim. Eu sou um monstro e eu não me importo com isso. Eu sou diferente entre os bizarros, Chanyeol. Olhe meu cabelo, meus olhos, meu dentes, minha pele. Absolutamente nada disso vem de maneira natural.

— E você não é menos bonito devido a isso. — Devolveu de maneira simples, o que fez aquele estresse visível em Baekhyun voltar a surgir.

— Eu não sei o que acontece contigo mas, sinceramente, eu te acho louco e eu espero que nunca mais nos esbarremos como aconteceu, diversas vezes, nessa semana.

— Não iremos. — Respondeu, ao se aproximar ainda mais de si. — Mas eu sei que está tão intrigado quanto eu. Um vampiro que salvou uma humana de uma noite e um lobo que conseguiu a capacidade de ver beleza em um sanguessuga. Quem é mais quebrado? Você é igual a mim.

— Você se compara a um vampiro. — Baekhyun sorriu sem humor pela segunda vez naquela noite. — Com certeza, não bate bem.

— E você também não. Deve ser por isso que estamos aqui agora.

Os argumentos de Baekhyun não eram mais válidos, então decidiu calar-se por um momento, puxando outro rapaz para poder chupar seu sangue. Nunca, em toda a sua longa vida, havia esbarrado com uma pessoa tão alternativa quanto Chanyeol.

Ele era diferente de tudo do que deveria ser. Sua bondade deveria ser sua maior característica, mas sua bravura se sobressaia sobre qualquer coisa. A curiosidade transbordava por suas íris e o sorriso alegre era uma marca e, mesmo assim, não poderia se dizer que ele era de todo bondoso. Não havia o visto cometer qualquer ato ilícito, mas sabia que, caso necessário, Chanyeol faria e não hesitaria - ainda mais dependendo da situação.

Os elogios que Chanyeol o havia lançado ainda estavam em sua mente, pois não estava acostumado à isso. Ele era direto e sincero em suas palavras e aquilo começava a deixar Baekhyun atraído da mesma maneira; porque adoraria ouvir mais palavras como aquelas pela voz rouca de Chanyeol novamente.

Antes que fizesse alguma coisa de que se arrependeria, afastou-se sem deixar o sorriso morrer. Voltou a dançar no meio de sua sala de estar, transformada em pista. Precisava focar na bebida, na música, no sangue e deixar os pensamentos sobre o lobo esvair de de sua mente.

(...)

Semanas se passaram e, desde a festa na residência amadeirada, o lobo e o vampiro não trocaram mais palavras. Continuavam se esbarrando, seja pelas ruas, pelos bares, pela floresta e por qualquer lugar que os dois habitavam, mas palavras não eram enunciadas. Apenas os olhares se encontravam e na íris de ambos havia tanta coisa a ser transmitida. A curiosidade era uma das mais evidentes, estava estampado o quanto um queria descobrir sobre o outro, saber seus gostos, suas ambições, seus atos e seus segredos.

Eles estavam afundados nas deduções que faziam, a vontade de poder fazê-las era grande para ambos. Mas os dois possuíam receio de se aproximar, de conversar, algo maior os impedia. E esse algo maior poderia até destruí-los. Porque após diversos olhares de longas durações trocados, os dois conseguiam perceber que havia mais do que curiosidade ali, havia um sentimento maior que os dominava e os deixavam receiosos um com o outro: O desejo.

Através do encontro de seus olhos, após os olhares intensos um pelo corpo do outro, pela fixação em partes específicas, dos sorrisos trocados, ficara evidente o quanto um desejava o outro.

Chanyeol havia deixado claro que achava Baekhyun bonito, mas aquilo não explicava o quanto seu corpo mudava apenas por avistar o vampiro. Tudo dentro de si parecia gritar para agarrá-lo. E o vampiro não encontrava-se em uma situação melhor, porque achava o lobo um rapaz atraente e sabia que sua biologia era, basicamente, voltada para anseios carnais - mas nunca sentiu algo comparado com que vinha sentindo naquelas últimas semanas.

E por esta razão, os dois permaneciam afastados, como se fossem radioativos, mantendo os limites e tentando impedir os corpos de tomarem decisões pela sua mente.

Mas isso não quer dizer que Sehun estava nas mesmas condições que os dois. Aliás, ao contrário de Baekhyun, o vampiro moreno se aproximava cada vez mais do lobo e criava algum tipo de amizade esquisita com ele - e aquilo incomodava o platinado de maneira avassaladora. Via os dois conversando pelos cantos, os sorrisos (até brincadeiras internas surgiram) e Baekhyun se incomodava ao ver aquela amizade sem fundamento crescer.

Porém, Baekhyun sempre fora de disfarçar muito bem, e o amigo não percebia suas expressões quando saía de casa para encontrar Chanyeol.

Porém, a noite sempre era tomada pelos desejos que vampiros tinham e aquela não poderia ser diferente. Baekhyun viu o moreno descer as escadas, usando um cropped vermelho e calças apertadas, já sabendo qual seria seu destino, e parou em sua frente, sorrindo. Também estava vestido para aproveitar sua noite, com uma calça de couro apertada, uma blusa de manga comprida e gola longa, cobrindo seu corpo e a maquiagem bastante carregada sobre os olhos.

— Baekhyun? Vai comigo à boate? — Perguntou, sorridente. Estava sentindo falta do amigo, pois sabia que Baekhyun resolvera aproveitar as noites sem sua presença.

— Irei. Hoje eu quero aproveitar da maneira como aproveitamos sempre.

Sehun sorriu para si e os dois foram juntos à boate que os vampiros dominaram e chamaram de sua. Era um local para as festas dos morcegos inicialmente porém, com o passar do tempo, diversas criaturas sobrenaturais começaram a surgir e apoderar do local, o que lhe tornou uma das maiores baladas para imortais e um dos lugares mais divertidos que a cidade possuía.

Ao entrar no local, a batida alta invadiu seus ouvidos e a energia emitida ali preencheu-o por inteiro. Baekhyun adorava lugares como aquele. Adorava a música, a bebida, o sangue, o poder que podia sentir correr através de suas veias e era por isso que ele e Sehun eram melhores amigos.

Estava bebendo, divertindo-se com outros vampiros, quando viu uma nova criatura mágica se aproximar do bar. Diversas haviam passado por ali, mas essa era diferente e conseguia atrair a atenção das pessoas. Vestido da maneira como vestia-se sempre, Chanyeol pediu uma garrafa de cerveja e estava bebendo o líquido amargo tranquilamente enquanto observava as pessoas a dançar, até que avistou dois olhos azuis - que o encaravam.

Alguns minutos se passaram e eles não quebraram o contato, os olhos atraiam-se como imãs e eles não conseguiam mais lutar contra. Baekhyun decidiu se aproximar de Chanyeol, sentando na bancada, de seu lado, agora com a atenção total do lobo sobre si, no qual o sorriso alargou:

— A que devo a honra dessa companhia? — Chanyeol perguntou, tomando a iniciativa da conversa.

— Você não ia parar de me encarar, Park, então vim aqui conversar. Agora tem tudo o que mais deseja: minha atenção.

— Não sabia que a arrogância fazia parte do pacote de sua personalidade.

— Deve ser porque você não sabe nada sobre mim.

— Você também não me deixaria descobrir.

— E você iria querer saber por quê? Qual seu interesse em me conhecer?

— Sinceramente? Eu não faço ideia. Eu só queria conhecê-lo, porque eu sei que quase ninguém sabe nada sobre você.

— E tem um motivo para isso. Eu não quero que ninguém saiba nada sobre mim.

— Por que você é arrisco dessa maneira?

— Porque eu quero, Park. Eu gosto de ser assim e eu não irei mudar só porque um lobo enxerido resolveu esbarrar na minha vida da maneira mais inconveniente possível.

— Eu adoro como você finge não gostar disso. — Comentou, o que fez Baekhyun mudar de maneira automática as expressões. — O que foi, Byun? Acha que eu não sei que anda por isso seguindo eu e o Sehun? Eu sei que você está fervendo de raiva porque estamos próximos. Você não suporta a ideia, não é? Mas, pelo menos, já desistiu de fingir que me odeia.

— Eu deveria aplaudir você só por essas deduções sem fundamentos... e sim, eu não gosto do meu melhor amigo com a companhia de um lobo, mas o que eu posso fazer? E eu não finjo que odeio você. É porque eu realmente odeio.

— E sabe por que você odeia? Porque você tem tanta curiosidade sobre mim quanto eu tenho por você. E isso te mata. Você odeia se sentir tão fascinado por um lobo e quer demonstrar isso através da raiva que finge sentir; e eu sei que não é como verdadeiramente se sente.

— De onde você tira tantas convicções, Park? Não faz ideia de como eu me sinto, do repúdio que eu tenho por você! — Esbravejou, deixando sua raiva sobressair em sua fala.

— Aí está. — O lobo expressou. — Está aí minha prova de que errado eu não estou.

— Faça-me um favor! — Novamente, sua fala veio carregada de ira. — E você sabe que o Sehun só está atrás de você todos os dias porque ele quer transar contigo, não é? — Jogou, sem pensar muito no que dizia.

— E ele não é o único, não é? — Chanyeol devolveu a pergunta, ainda com aquele sorriso estampado no rosto.

— O que está querendo dizer com isso?

— Estou dizendo que você quer me levar para a cama tanto quanto seu amigo. —  Aproximou-se ainda mais de Baekhyun, o que fez com que as respirações misturassem. — Irá negar também que está me desejando por todos esses dias?

— Você é um louco de auto-estima alta. — Não se moveu, não queria deixar Chanyeol achar que estava ganhando aquele jogo.

— Dizem que os lobos têm o poder de ler os sentimentos das pessoas. — Voltou a falar, ainda deveras próximo. — Eu não sei dizer se isso é verdade, mas seus olhos, que são tão famosos, Baekhyun, são bastante expressivos. Eles dizem tudo o que você tenta esconder.

— Eu cansei de você, Park. — Disse, por fim. — Estou cansado das suas insinuações e das merdas que está dizendo. Então pode me deixar sozinho e voltar à sua vida.

— Foi você quem se aproximou de mim, Baekhyun. — Passou o dedo em sua bochecha, mostrando quem estava no controle daquela discussão. — E você nem consegue negar mais.

— E se for verdade? O que irá fazer com essa informação?

— Nada. — Finalmente se afastou, o que fez o vento gelado passar pelo corpo que antes estava era coberto pelo outro. — Eu sou insano o suficiente para salvar um vampiro da morte, mas não o bastante para transar com ele.

— Aí está a moral do lobisomem. Ela demorou a aparecer, mas veio.

— Eu me sinto lisonjeado por estar conseguindo fazer os dois me desejarem dessa maneira, ainda mais um sendo totalmente recíproco. Mas, dependendo do nosso envolvimento, isso não teria perdão para nenhum de nós.

— Você é fraco. — Respondeu, retomando as rédeas da situação. — Sexo é só sexo. Não seria o primeiro vampiro a transar com um lobo, não somos adivinhos para saber o que as pessoas andam fazendo. Você adora dizer que segue suas próprias convicções, mas não consegue quebrar algumas regras mesmo com o tentação correndo por dentro de si.

O vampiro deixou o lobo para trás com suas palavras e seguiu para a pista de dança, porque não queria continuar no bar e voltar a conversar com ele outra vez.

A maneira como Chanyeol dizia as coisas, como se não fossem nada, o irritava. Ele conseguia adivinhar as coisas de maneira certeira e aquilo assustava Baekhyun, pois o vampiro estava começando a se sentir vulnerável com a presença e as falas que o lobo dizia de maneira tão direta e simplista.

Precisava colocá-lo no fundo de seus pensamentos; e foi o que fez. Dançou ao som ritmado da música indie que tocava ao fundo, até encontrar um homem bastante atraente para si. Já o conhecia: era um vampiro que morava em uma cidade próxima. Nem precisou de conversa para beijar o homem, pois o próprio conseguiu ler em seus olhos sua real intenção.

Passou o restante da noite nos braços do vampiro moreno, porque não queria desviar o olhar, não queria esbarrar com Chanyeol novamente. Queria apenas continuar sua vida e fazer coisas que planejava fazer quando foi àquela boate.

Quando a madrugada chegou, Baekhyun levou o vampiro para seu apartamento. Chegaram aos beijos e tropeçava nos próprios pés. Entrando no ambiente, em questão de segundos o homem jogou Baekhyun sobre o sofá. Estava prestes a subir em cima de si, mas algo aconteceu.

O homem de estrutura mediana e de pele pálida foi substituído por um homem alto e de pele morena. Aquilo assustou Baekhyun, mas, estranhamente, não de uma maneira ruim:

— Pensei que tivesse desistido. — Comentou, tocando no rosto alheio para ter a certeza da imagem seus olhos captavam.

— Por que eu desistiria? Eu sempre quis, Baekhyun. — O vampiro voltou a aparecer, o que fez desaparecer totalmente a visão de Chanyeol, anteriormente, tida por Baekhyun. O platinado o olhava confuso. Não conseguia entender o que sua mente estava tramando.

— Baekhyun? — A pessoa à sua frente voltou a se distorcer, voltando à imagem do lobo sobre seu estofado. — O que foi? Não era isso que você queria? Como irá negar agora, Byun?

A raiva correu por suas veias com a provocação e não pensou antes de empurrar o homem de cima de seu corpo - o que fez o mesmo bater contra a parede. Baekhyun levantou-se e a imagem de Chanyeol já havia desaparecido. Agora, apenas restava um vampiro confuso e cheio de indagações que só serviam para deixá-lo com mais raiva. Por isso, empurrou novamente o corpo masculino, só que porta à fora, e trancou seu apartamento. Voltou ao seu sofá, passando a mão pelo rosto, bagunçando toda a maquiagem que havia feito.

Aquilo nunca havia acontecido consigo. O tesão e o desejo eram algo natural para si, pois faziam parte da natureza dos vampiros. Mas notou que fugiam de controle e poderiam tornar-se perigoso. Não sabia se lobisomens possuíam controle de mente ou se era apenas toda a alternatividade de Chanyeol que estava conseguindo conquistar sua cabeça, tomar conta de seus pensamentos de uma maneira que nunca acontecera antes…

Não tinha ideia do que aconteceu naquela noite, mas cuidaria para não ocorrer novamente.


Notas Finais


Espero que vocês tenham gostado de coração meus anjinhos, qualquer coisa me falem por aqui ou no meu twitter. Até a proxima ♥


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