História Filter - Park Jimin - O verde!

O verde!

- Eu estou sendo o mais romântico que eu posso, para você me dizer que está com saudade da cerveja que estava bebendo?! - Jimin falou, indignado. - Eu vou embora. 

Nós estávamos voltando para a festa tranquilamente, conversando sobre coisas felizes, e de mãos dadas. Como se não tivéssemos acabado de transar dentro de uma van. Enfim, o amor entre dois cínicos.

- Mas, é sério! Eu só não estava aproveitando porque não tinha te beijado aind- 

Quando eu ia finalmente lançar uma cantada no garoto, fui interrompida por um homem bêbado saindo da festa. Ele veio em nossa direção, cantarolando o nome de uma pessoa conhecida…

- Lou... Louise, Louise, vamos casar…! - Ele parou de cantar, quando nos viu. Então se aproximou mais, e pude reconhecer quem era. - Algum de vocês viu a Louise? ‘Tô procurando ela tem uma hora…!

Pierre.

Nojento e acabado, abraçando uma garrafa de whisky. Aquilo foi deplorável de ver, e eu sinceramente não queria ver a minha tia com ele de novo. 

Quando a Louise estava com Pierre, ele andava sempre arrumado, de terno caro e sapatos chiques. Seus cabelos, em um topete impecável, deixavam até meu eu infantil com um crush nele. Mas hoje, mesmo continuando rico como antes, Pierre está acabado. Ele vestia um casaco feio, escuro; uma calça simples, que arrastava no chão quando andava, e em seus pés um tênis velho. Seus cabelos me chocaram: o que antes era um topete lindo, agora era um corte mal feito, meio de lado. Como pode?

- Não, ela não está aqui. - Menti, eu não queria que a Louise encontrasse ele.

De repente, Pierre começou a me olhar de um jeito diferente, parecendo analisar meu corpo. Aquilo me deixou constrangida, e Jimin percebeu.

- Vamos, Du? - Ele disse, tentando nos tirar dali.

- Mas, quem precisa de uma velha feita a Louise quando se tem uma belezinha dessas? - Ele falou, fazendo minha cara ir ao chão. Que nojento! - Eu acho que já te vi em algum lugar... Você parece com a Leblanc. Não, espera aí... Dubois! É você mesmo?

- Olha, eu já vou indo... - Tentei puxar Jimin, mas foi inútil.

- Não, não vai mesmo. - Pierre tentou me agarrar, mas Jimin entrou na minha frente.

- Não percebeu ainda que ela está desconfortável? - Ele falou, com um sorriso amigável.

Acho que era o filtro.

Eu não sabia o que fazer, não tinha ideia de como sair dessa situação. Até que o pessoal aparece, cantarolando. E quando Louise vê Pierre ali, tentando a todo custo encostar em mim, ela grita.

- NÃO ENCOSTA NELA! - Ela tentou se aproximar, mas Ryder agarrou sua cintura, com a ajuda dos outros. E eu fico cada vez mais surpresa em como a “brisa” do Ryder passa rápido, quando algo ruim está rolando.

E eu ali, encurralada e sem saber como me livrar dessa, com o pessoal novamente me vendo passar vergonha, comecei a olhar para os lados, a procura de um milagre. E o milagre me chamou.

- Dubois! - Ryder gritou, e eu o olhei. 

A cena era deplorável: enquanto Mason e Ryder tentavam segurar a Louise, ela gritava para que o ex marido não me tocasse. Seus sapatos de salto já estavam em suas mãos, prontos para arremessar na cabeça do Pierre.

- Dubois, O VERDE!

Assim que Ryder deu seu último grito de desespero, eu entendi o que ele quis dizer. Então saquei o controle de filtros do meu bolso, e bem discretamente, mesmo sendo apertada pelos braços protetores do Park, eu cliquei no botão verde. Intitulado “GROSSEIRO”.

Eu me assustei quando Jimin largou meu corpo para empurrar Pierre com força. E enquanto o homem ia cambaleando para trás, o garoto foi atrás dele, parecendo muito zangado. E na mesma hora, Lilian agarrou meu braço para que eu saísse de perto, me levando para junto dos outros.

- O que o Jimin vai fazer…? - Rosé perguntou, aflita.

A pergunta dela foi respondida bem rápido: o Park puxou o homem pela blusa, tomando impulso com a outra mão, dando um enorme soco em seu rosto. Pierre ficou desnorteado, e acabou caindo no chão ainda acordado.

- Não, Jimin! - Beverly gritou.

- Ele é um ninja por acaso?! - Ryder sorriu meio assustado, ainda segurando a minha tia.

- ACABA COM ELE, JIMIN! - Chris pronunciou-se, erguendo os braços no ar.

Eu não tinha reação.

Claro que não iria brigar com ninguém por estarem apoiando. Estavam bêbados. Porém não me impediria de tentar parar aquilo. Apesar de estar percebendo que o garoto tinha fogo nos olhos, e que nada que eu dissesse ia fazer ele parar.

Foi quando Jimin abaixou junto do Pierre no chão, sentando em sua barriga, desferindo mais socos em seu rosto. Aquilo era apavorante, e o homem não tinha como se defender dos socos. Quando começou a sair sangue do nariz do Pierre, vi que aquilo já tinha passado dos limites.

- Ele vai matar o cara! - Quando Mason gritou isso, tomei uma atitude.

- JÁ CHEGA! PRONTO, ELE APRENDEU A LIÇÃO! - Corri para perto do garoto, tentei segurar seu braço, mas era inútil. Jimin parecia bem mais forte.

E então o pessoal veio me ajudar.

Cada um dando seu máximo para tirar o Park de cima do homem, até finalmente conseguirmos. E quando erguemos Jimin do chão, ele ainda desferiu chutes fortes nas costas dele, como o de quem poderia ficar ali, brigando a noite toda.

E quando eu pensei que não poderia ficar pior, Jimin soltou seus braços das mãos dos garotos que os seguravam brutalmente, voltando sua atenção para Pierre. Ele segurou o homem pelos cabelos, fazendo com que ficasse de pé. Mesmo desnorteado, e quase desmaiando, Pierre ainda o olhou nos olhos, enquanto Jimin dizia:

- Seja homem, não quero ter que te ensinar a virar um.

Todos ali escutamos as palavras que Jimin falava a ele com atenção. Ninguém tinha coragem de encostar um dedo sequer no garoto.

- Não encoste na minha namorada, nunca mais.

Com essa última fala, Jimin largou os cabelos do Pierre, esse que caiu no chão imediatamente. Os garotos chegaram perto dele de novo, meio receosos mas puxaram seu braço, enquanto íamos para dentro da van. No caminho, o Park passou a limpar o sangue alheio de suas mãos, na própria blusa. Ele parecia frio, e eu não ousei falar nada, assim como os outros também não.

Quando sentamos nos bancos da van, ele estava ao lado da janela, e eu ao seu lado.

- Eu não vou perguntar isso, ‘tá doido? Pergunta você! - Escutei Chris sussurrar atrás de nós, então ele e Mason levantaram de seus bancos, pendurando-se nos nossos.

- E aí, Jimin... O Chris quer saber se você faz Jiu Jitsu. - Mason pergunta, receoso.

- Imbecil! - Chris bateu no braço do amigo. - Cara, você foi demais.

Eu sabia que o Park seria curto e grosso com eles, e eu não queria isso, iria piorar muito as coisas. Então, discretamente, peguei o controle do meu bolso, mudando para o filtro amarelo, o “FELIZ”, enquanto escondia o mesmo nas minhas costas.

Jimin lentamente abriu um simples sorriso amigável, virando para os rapazes.

- Quer uma demonstração?

Jimin respondeu, fazendo todos dentro da van voltarem a se sentir confortáveis ao lado dele, enquanto riam. O pessoal logo foi chegando mais perto, todos queriam falar sobre, e então eu vi uma brecha para poder falar com a minha tia.

- Tudo bem aí? - Me sentei ao lado da mesma.

- O Pierre deu em cima da minha sobrinha, o Jimin arrebentou ele, e eu estou aqui. Bêbada e sem ninguém. - Ela disse, ainda abraçando seu sapato.

- Você tem a todos nós aqui. E aquele homem é um idiota, você merece alguém melhor! - Ela pareceu pensar por uns segundos, até que exibiu um sorriso torto.

- Eu me divorciei dele porque uma vez vi ele dando em cima de uma menor. Aquilo foi a gota d’água pra mim.

Ouvir essas confissões da minha tia não era fácil. Toda a minha infância eu pensava que o divórcio era por motivos de desentendimentos, ou outra coisa boba qualquer. Apesar do clima ruim que a Louise passava, o pessoal atrás de nós pareciam felizes da vida conversando com o recém lutador. Sem contar que passavam das três da manhã, e Ryder ainda segurava uma garrafa de whisky.

No caminho, passamos por diversos pontos turísticos famosos, como a Torre Eiffel. E a Raquelle acabou descobrindo que a van tinha teto solar, subindo nos bancos e ficando em pé ali, gritando palavras em Francês. Mas a pior e mais desgostosa das cenas daquela noite, foi quando Ryder subiu no teto solar, agarrando Raquelle para um beijo.

- Caralho, eu ‘tô com um sono que não ‘tá escrito. - Chris comentou, já subindo para o seu quarto.

- Me conta aí o que vocês fizeram na van, danada. - Ryder me cutucou, enquanto eu esperava Jimin terminar de conversar com Mason.

- Quem faz esse tipo de pergunta, seu esquisito?! - Perguntei indignada.

- Eu, Ryder Jones. - Ele riu. - Anda, eu já sei o que fizeram!

- Então porque pergunta?

- EU SABIA! NÃO ACREDITO, EU NÃO ‘TÔ BEM! - Ele gritou, e eu me adiantei a colocar a mão em sua boca. - Se bem que já estava bem óbvio que ele não ia beijar outra, ele foi feito para te amar, sua burr-

- Ah é?! E eu não acredito que você beijou aquela cobra! - Disse, um tanto alto, atraindo olhares para nós, inclusive o da Raquelle, que veio ao nosso encontro no mesmo instante.

Eu não queria falar com ela, não queria respirar o mesmo ar que o dela, e muito menos que ela viesse tirar satisfações ridículas comigo.

Porque eu falei tão alto mesmo? Exatamente, porque sou BURRA.

- Está falando sobre mim de novo, Dubois? Ainda não superou a rasteira que eu te dei? - Ela comentou, colocando seus braços em volta do pescoço do Ryder.

- Vocês duas podem parar com isso? - Ryder pergunta, mas foi meramente ignorado.

- Sabe o que eu não acredito? Que o Jimin voltou com você! - Raquelle comenta, fazendo meu sangue ferver na mesma hora.

- O que?! Você é um monstro! Nem tem motivos para fazer as pessoas sofrerem, mas faz assim mesmo! - Eu disse, e ela deu um sorrisinho, soltando o pescoço do Jones.

- Tive que fazer isso, Jimin nunca será feliz com você, uma pessoa que tem um garoto como ele e não faz nada, só esnoba! - Essa doeu. - Quase não pude acreditar quando você deixou que ele ficasse comigo o dia inteiro naquele tour chato com o Hector!

Apesar da raiva grande que eu sentia dela, Raquelle só falou a mais pura verdade. Todo o tempo em que o Jimin esteve comigo, eu só soube tratar ele mal, esnobar o seu carinho. E me sentia muito arrependida disso.

- M-mas... A mensagem, como você-

- Eu sabia que você ia ver, sua burra. É muito a sua cara meter o nariz onde não deve. - Ela deu um peteleco na minha testa, eu me assustei. Mas me sentia tão indefesa e magoada que nem pensei em surtar. - E eu sinceramente não sei porque me criticam tanto, eu só pensei no bem dele, o tempo todo!

- E-eu... 

- Tchau, Dubois. Eu tenho mais o que fazer.

Ela puxou o braço do Ryder, que virou um pouco o rosto, sussurrando um “Desculpa”. Eu não sentia raiva dele, apenas queria distância de todo mundo. Só queria falar com ele, saber o que ele acha disso tudo, e tentar ser uma pessoa melhor. Então, na melhor oportunidade que tive, segurei a mão do Jimin, puxando ele para o nosso quarto.
 

- Tudo bem? - Ele pergunta, enquanto eu me deitava na cama, ao seu lado.

A essa altura, eu já tinha tomado banho, trocado de roupa, e penteado meu cabelo sem nem ter percebido o tempo passar. Provavelmente, agora já passava das quatro da manhã.

- Não, mas... Fica quietinho, ‘tá? - No mesmo instante, abracei o tronco do garoto.

- Você pode me falar tudo o que quiser, fazer o que quiser... Eu sou seu.

Eu sorri que nem boba com aquilo, e não pude evitar de olhar em seus olhos. Eram tão lindos, eu me perdia em simples ações dele.

- Não precisa se preocupar, ‘tá? Eu só... Quero ficar aqui, com você.

Me ajeitei na cama, para que pudesse olhar para o rosto impecável dele. Eu me sentia até sem jeito por estar tão moribunda.

- Linda... Me dá um beijinho? - Jimin fez um biquinho fofo, fechando os olhos.

Quinhentas borboletas invadiram meu estômago na mesma hora, mas isso não me impediu de juntar nossos lábios. Suas mãozinhas faziam carinhos no meu rosto, enquanto as minhas pousaram em suas costas nuas. Era tão bom saber que tenho um gostoso desses sem camisa na minha cama.

O nosso beijo continuou lento, e terminou com um selinho carinhoso. Quando sua íris voltou para os meus olhos, ele sorriu. Eu não entendi muito bem, mas seu sorriso era contagiante.

- Aconteceu tanta coisa hoje... - Ele falou.

- Eu nem acredito que transei em uma van. - Comentei, mas Jimin me olhou incrédulo, ficando bravo. - O que?

- Nós não transamos, fizemos amor. - Eu sorri, e confirmei.

- Tudo bem, foi amorzinho.

Depois de uns minutos rindo, o garoto voltou a me fitar.

- Sabe qual foi o contra de ter feito amor na van? - Ele pergunta, passando a mão no meu cabelo.

- E teve um contra?

- Sim - Meu Deus, será que o moleque não gostou?! -, é que eu fiquei com uma dor nas costas... - Fez um biquinho.

Fiquei aliviada, mas na mesma hora me foquei em sua dor. O que eu podia fazer?

- Hum...

Aquilo que a Raquelle disse no andar de baixo me fez pensar sobre ser esnobe com o Jimin, então decidi acabar com aquilo, e criar mais coragem. SIM! É isso que falta.

- Fica de barriga pra baixo, então.

Mesmo me olhando com uma careta engraçada, o garoto me obedeceu. Eu, no mesmo instante, subi em suas costas, sentando ali. E comecei a fazer uma massagem em toda a área. Ouvir os suspiros satisfeitos dele, ganhou toda a minha noite.

Ou, pelo menos, o resto dela.
 

∞

Amanheci com Chris gritando meu nome, e batendo na porta.

- Dá para os pombinhos levantarem? Peguem suas coisas, é dia de ir embora!

Meu coração deu um salto na mesma hora. Finalmente eu iria ver a minha casa, voltar a rotina, mesmo que cansativa. Ver meus pais e os vizinhos insuportáveis que vem de brinde.

Olhei para o lado, Jimin estava todo esticado na cama, e eu em uma pequena parte dela.

- Jimin... Levanta! - Sacudi o corpo do mesmo, que abriu os olhos assustado. - Vamos para casa, amor.