Efeito da ressaca.
E, quanto mais Park Jimin se aproximava, mais minha vontade de beijar a boca dele aumentava. Aquela vozinha na minha cabeça dizendo “apenas faça”, quase soou mais alto que o barulho da porta batendo.
Me assustei, já que não estava esperando por ninguém.
- Jimin, vai para o meu quarto - Mas não deu tempo; quem queria entrar, tinha uma chave.
- Oi, filha! A gente veio porque… - Minha mãe parou de falar imediatamente, quando viu Jimin sentado do meu lado.
- M-mãe…
- O que ele está fazendo aqui, de novo? E… porque vocês ainda estão de pijama?! São quase uma da tarde! - Minha mãe, reclamando como sempre, nos olha de cima a baixo.
∞
- Então quer dizer que você foi a uma festa, voltou às quatro da manhã e está hospedando este… Este rapaz na sua casa?! Que tipo de liberdade é essa?!
- Mãe! Eu moro sozinha, entendeu? Sozinha! Não precisa controlar tudo na minha vida, eu só fui à uma festa! E, quando você fez uma chave?! - Disse, com certa raiva. Nesse momento, eu já estava na cozinha com a minha mãe, trocada de roupa, enquanto meu pai esperava com Jimin na sala.
Enquanto minha mãe falava sem parar, pude ouvir umas coisas na sala: “Nos encontramos de novo, Jimin”, “Você sempre vem aqui?”, “Estão namorando?” e “Onde estão seus pais?”. Fiquei com medo do garoto falar algo errado, então tive que aparecer na sala, dando uma desculpa para a minha mãe.
- Lembre-se que ele é mais forte que você e podem acontecer coisas que você não queira e-
- Mãe, vamos para a sala, aqui é pequeno.
- A mãe do Jimin está… Viajando - Inventei, sem pensar muito.
- Viajando? Hum… O que ela faz? E o pai? - Meu pai pergunta.
- Ela vende flores - Jimin falou, sorrindo.
Flores, Park Jimin?! Sério?, pensei, querendo amassar aquele rosto sonhador.
- Sim, ela tem uma floricultura aqui na cidade; mas o pai do Jimin... Faleceu - E mais um absurdo saindo da minha boca. Minha mãe pareceu tocada.
- E porque você ficou aqui hoje, Jimin? - A voz feminina mais desconfiada do mundo pergunta. E quando eu ia responder, minha mãe me cortou. Agora tudo estava na mão de um garoto bobo e estranhamente feliz.
- Porque eu não queria ficar sozinho em casa. E a Dubois é muito legal.
Depois de uns minutos torturadores, eles chegam a uma conclusão.
- Queremos conhecer a mãe do Jimin, já que estão namorando - Meu pai olha sério para mim.
- T-tá bom, vamos marcar um dia então, né Jimin? - Ele assente.
- Ela é muito legal e amorosa - Jimin fala, e eu mordi os lábios, para não aparentar desespero absoluto. Como ele sabe disso?! Ela não existe!
- Na semana que vem, sábado. Está marcado.
E depois de um “Até mais, não se esqueçam do nosso encontro", falsamente gentil, vindo da minha mãe, eles foram embora. Então, comecei a andar de um lado para o outro, analisando as possíveis punições por ter mentido para eles; por ter um garoto metade robô dentro de casa e... Beijar ele.
- Ok, Jimin? - Disse, tentando me acalmar.
- Oi? - Ele faz seu sorrisinho fofo.
- Jimin, Jimin… - Respirei fundo e olhei para ele - COMO VOCÊ ME FALA QUE SUA MÃE TRABALHA EM UMA FLORICULTURA?! ELA NÃO EXISTE! - Isso pareceu ofender o garoto, que ergueu as sobrancelhas.
- Eu gosto de flores, e a minha mãe existe no meu coração. - Querendo explodir, grudei as mãos no rosto do garoto.
- E daí que você ama flores? E a sua mãe?! O que a gente faz?! Vamos morrer!
Tirando minha mão do seu rosto, ele olhou para a porta e disse com a maior serenidade:
- Você precisa se acalmar, vamos dar uma volta na praça?
Mesmo querendo esganar o garoto, eu realmente precisava sair um pouco e pensar no que fazer. Só que, ao invés de tranquilidade, ganhei mais dor de cabeça.
- Olha a senhora maldita ali - Jimin sussurra para mim, então eu o olho.
- Não fala assim Park Jimin, ela vai matar a gente.
Então, ele deu de ombros e vi a senhora Lily nos observando com ódio.
- Avise ao seu amiguinho que não queremos mais festas como aquela aqui na rua! - Ela gritou, me dando mais dor de cabeça pela ressaca, então fiz apenas um joinha para ela, tentando amenizar nossa relação, mas ela virou a cara e entrou. Com o silêncio, comecei a pensar sobre o que meu pai havia falado, então me lembrei dele dizendo que eu e Jimin estávamos namorando.
- Porque será que meu pai disse que nós namorávamos? Estranho.
- Ah, isso foi eu.
- Você disse para ele que a gente tinha alguma coisa?! Jimin! - Parei na rua e soltei sua mão.
- Achei que a gente era namorados. Você me beijou e está caidinha por mim. - Jimin parece ter o dom de falar as coisas com naturalidade, como pode?! - Mas, não se preocupe, também estou caidinho por você.
- Não senhor!
- Então, porque você me beijou? - Fiquei uns segundos sem dizer nada, tentando formular algo que ele entendesse.
- P-porque você… Porque eu estava bêbada.
- Isso não conta, você fez porque quis. - Ele dá de ombros, sorrindo - Também acho engraçado você continuar segurando minha mão enquanto a gente anda, eu já conheço essa rua.
- Jimin, para de falar.
Quando chegamos na praça, pareceu que tudo ficou mais leve, com as árvores balançando junto da brisa do vento, deixando o ar mais purificado. Então decidi não ficar mais tão estressada e ser mais calma com o garoto.
- Sabe o que eu lembrei? De quando eu vim aqui, bem triste, e uma moça legal me acalmou. Ou tentou fazer isso - As lembranças daquele dia me deixam com um peso enorme nas costas, então tentei mudar de assunto.
- Mas agora você está bem e feliz.
- Olha! - Quando pensei que tudo sobre esse assunto havia acabado, Jimin aponta sorridente para uma mulher em um dos bancos, sozinha - Maya!
Ele foi correndo até a mulher que o abraçou sorridente.
- Ah, Jimin! Pensei que nunca te veria de novo.
E ele com seu carinhoso e alegre “também não!”, olha para mim, apresentando-me para a moça:
- Essa aqui é a Dubois, e Dubois essa aqui é a Maya. A moça que me ajudou aqui na praça.
- Então você é a “dona do sobrenome bonito” que fez esse pobre garoto chorar tanto? Foi difícil fazer ele parar, haha... - Ela aperta minha mão; quem faz isso? - Apesar da tristeza dele, foi muito bom desabafar com alguém que está na mesma que eu.
Durante a conversa, Jimin me contou sobre a vida da moça, dizendo que ela é sozinha, sem filhos e… Viúva.
- Depois da morte do meu marido, há dois anos, nem a família dele e nem a minha nunca mais entraram em contato comigo. Eu fiquei muito deprimida, então decidi fazer algo que me distraísse; juntei muito dinheiro e abri uma floricultura.
Esquece todo o xingamento, eu amo Park Jimin, um gênio!, pensei feliz da vida, querendo gritar para todos ouvirem que eu não ia morrer em um churrasco!
Então interrompendo a moça, de um jeito não muito educado, disse:
- Desculpe interromper mas, gostaria de participar de um churrasco em família? - Com essa pergunta, tanto Jimin quanto Maya me olharam confusos.
- Foi mal, deve ser efeito da ressaca - Jimin fala para ela, rindo.
- Não, estou falando sério, ela poderia ser sua mãe falsa Jimin! - Sorrindo, ele apoiou a ideia, mas a moça continuou sem entender nada.
Depois de explicar tudo para ela, menos a parte que estou hospedando um garoto metade robô, ela pareceu pensar sobre aceitar ou não.
- Se isso pareceu louco de mais, não precisa aceitar… - Disse, mas ela sorriu.
- Está brincando? Nunca acontece nada na minha vida, estou dentro! - Não sei porque, mas Jimin deu um gritinho de alegria, nos fazendo rir.
Quando eu e Jimin terminamos de explicar o plano para Maya, fomos embora. E quando estávamos quase em casa, Jimin viu um filhote de gatinho preto na rua.
- Coitado! A gente tem que cuidar dele! - Pegou o gato no colo e o fez carinho.
- “A gente” quem? - Suspiro - Jimin deixa esse gato aí e vamos logo.
E como sempre, ele começa suas birras e fofuras para levar o gato, mas eu fui forte.
- Você pode dar comida para ele, mas ele não vai morar em casa, ouviu? - O garoto assentiu sorrindo.
- Sabe que eu te amo né? - Eu sabia que Jimin estava brincando quando disse isso, mas me arrepiei mesmo assim, logo depois dele ter beijado minha bochecha como agradecimento.
- N-não faz isso de novo.
- Sabemos que você gosta, não é gatinho? Ela não gosta? - De um jeito esquisito, Jimin começa a conversar com o gato enquanto entramos em casa.
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