Emma corrigia suas últimas provas quando o telefone tocou. Era Carol Aird.
- Oi, Emma. Estava me perguntando se Henry gostaria de passar uma tarde com a Summer. Eu levaria os dois para o parque tomar um sorvete, se você concordar.
- Oh. – Swan pensou um pouco. Como já estava anoitecendo, assumiu que seria no fim de semana. – Claro. Que dia?
- Domingo.
- Combinado então. Eu deixo ele na sua casa às 13h?
- Sim, combinado. Até mais, Emma.
- Até, Carol. – Assim que desligou o telefone, Swan viu seu filho se aproximar.
- Quem era, mãe?
- A mãe de Summer. O que acha de passar o domingo com elas? – O garoto logo se animou e pulou no colo da mãe, comemorando e agradecendo.
Swan acalmou o filho, terminou de corrigir suas provas e aproveitou para fazer algo que desejava há algum tempo.
E: Regina? Pode falar agora?
Apertou enviar e sorriu ao ver que, em alguns momentos, a morena já estava digitando.
R: O que você quer, Swan?
O sorriso desapareceu e ela revirou os olhos. Grossa como sempre.
E: Que rude.
R: Fale logo.
E: Nós vamos sair domingo, o local é surpresa, mas sugiro que use roupas leves. Passo para te pegar às 13h30.
E: Não está aberto para discussão, você vai querendo ou não.
Alguns momentos se passaram e Emma começara a se arrepender do jeito que havia falado com Regina. E se ela ficasse brava e a ignorasse pelo resto da semana?
R: Tá.
A professora abriu um grande sorriso ao ler aquela palavra, sabia que Mills não seria educada em sua resposta. Na verdade, estava surpresa que sequer conseguiu uma resposta.
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- Swan, por favor me diga onde estamos indo. – As mulheres atravessavam uma pequena floresta. Emma havia buscado a amante e as duas estavam andando por uma trilha deserta já faziam alguns minutos.
- Estamos quase lá, eu prometo. – Disse, não dando muito bola para as reclamações.
- Acho bom, porque se eu tiver que andar por mais cinco minutos sequer eu me viro e...
- Chegamos! – A loira comemorou e afastou uma cortina de cipós, revelando uma clareira.
Era enorme, a grama verde purificada o campo cercado de árvores e flores. Um pequeno riacho corria por lá e, ao lado dele, havia um belo carvalho. Debaixo dele, Swan havia arrumado um piquenique: uma toalha na sombra e uma cesta cheia de comida.
As duas se aproximaram do local, Regina olhando para todos os lados, encantada.
- Como achou esse lugar? - Virou-se para Swan, mas logo se distraiu novamente com a paisagem. - Em todos os meus anos morando em Nova York, nunca encontrei nada assim.
- Estava em uma das minhas caminhadas pela cidade quando um senhor me contou sobre esse lugar, disse que era deserto e que estava tomado pela natureza há muito tempo. É um dos meus lugares favoritos da cidade. Você gostou? – Olhou para a morena, que só então despertou de seus pensamentos. A mesma observou a loira, seus olhos pidões iluminados pelo sol lhe deixavam ainda mais bonita. Poderia usar de uma de suas diversas respostas sarcásticas, mas, depois ver o brilho nos olhos de Swan, sentiria-se um monstro se o apagasse.
- É encantador.
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Riley estava lendo seu caderno quando ouviu um barulho em sua janela. Havia tirado o dia para estudar para sua última prova do mês e, como estava sozinha, decidiu ignorar.
Logo, ouviu as batidas novamente e se virou, pulando ao ver os cachos loiros do lado de fora de sua janela.
- Maya! Que susto! Como chegou aqui? – Abriu a janela, deixando a amiga entrar.
- Escada de incêndio. – A morena revirou os olhos. – O que faz de bom?
- Estudando. Tenho uma prova importante amanhã e uma revisão a mais sempre é boa, sabe?
- Você é realmente dedicada, hu? Não são todos que se esforçam tanto na faculdade. Você vai longe, morena. – A jovem corou com o elogio.
- Então, o que a trás à minha humilde residência? – Pegou seus livros e foi até seu guarda roupa para guarda-los.
- Estava entediada e decidi ver se você queria fazer algo. Alguma novidade? – Deitou-se na cama e Riley se sentou ao seu lado.
- Bom, uma... – Sorriu, animada, e a loira arqueou uma sobrancelha. – Acho que minha mãe está saindo com alguém.
- Quem?
- Uma colega de trabalho, professora da Fordham. – Maya franziu a testa.
- Mas não é essa a universidade que proibi relacionamentos entre funcionários?
- Bom, eu não tenho certeza de nada, então é melhor isso ficar entre a gente. Mas você sabe que não dá pra colocar regras no coração.
- Que clichê. – Revirou os olhos e Riley se deitou ao seu lado.
- É a verdade! E, mesmo que seja perigoso para elas, eu estou feliz, é a primeira vez que minha mãe demonstra interesse em alguém depois que o pai do meu irmão morreu.
- Você quase nunca fala dele.
- Neal era legal, só... não era muito paternal. Não o via como família, sabe? - Virou-se para a amiga e apoiou a cabeça na mão.
- Se tem algo que eu aprendi, - Repetiu o gesto da morena. – é que a gente escolhe nossa família, sangue e casamento não significam nada.
- É, você tem razão. – A jovem sorriu com a fala da amiga. Emma e Henry, mesmo sem laços de sangue, eram a melhor família que poderia pedir.
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- Eu vim aqui um pouco antes e preparei tudo, já podemos comer. – Swan se sentou na toalha e começou a tirar a comida da cesta.
- Certeza que não têm formigas na comida? – A morena juntou-se a ela, relutante. Swan gargalhou.
- Que fresca, Mills. – Tirou uma maça e a entregou. – A comida está ótima. – Regina mordeu a fruta e fechou os olhos, saboreando.
- Amo maçãs vermelhas.
- São as melhores.
A morena olhou dentro da cesta para ver o que mais comeriam e encontrou um envelope.
- O que é isso? – Tirou-o de lá e mostrou à Emma.
- Oh, já ia me esquecer. O Henry que fez, ele pediu pra te entregar. – A professora não demorou para tirar de lá um papel e se emocionou com o que viu.
Era uma desenho dela, Henry, Emma e Riley, todos juntos em um campo ensolarado. Não era uma obra prima, claro, mas, aos olhos de Mills, era a coisa mais bela que já lhe deram.
- É lindo. – Subiu a cabeça para encarar Swan, o sorriso preso em seu rosto. – Henry é adorável.
- Ele te adora. – Sorriu para a morena.
- Não exagere. – Guardou o desenho no bolso de seu vestido e mordeu a maçã.
- É sério! Henry só fala de você lá em casa, inclusive está morrendo de saudade.
- Precisamos marcar um dia para eu brincar com ele. – Falou por impulso e se arrependeu na hora. Não queria se meter na família de Emma, já estava perto demais. Porém, ao ver o sorriso dela, as preocupações pareceram desaparecer.
- Seria ótimo. – Ficaram em silêncio por um tempo, apenas se olhando, hipnotizadas uma pela outra e sem saber o que falar.
- E Riley, como anda? – Regina mordeu a maçã e desviou o olhar.
- Estudando. Muito. – As duas riram de leve. – Acho que nunca a vi se esforçar tanto na vida, mas parece estar adorando. Às vezes a pego triste, com saudade de Boston, mas logo ela está sorridente de novo, falando sobre como ama a Fordham e está animada para sua próxima aula.
- Como era a vida de vocês em Boston? – Colocou os restos de sua fruta na grama e tomou um gole de água, ainda encarando a amante.
- Bem menos movimentada, com certeza. – Swan riu, lembrando-se de tudo que havia acontecido nos últimos meses. – Era ótimo, mas acho que no final todos nós precisávamos de uma mudança. – Fez uma pausa e olhou para Regina. – E no final tudo deu certo, no dia 20 de Agosto Riley se despediu de seus amigos com uma festa de aniversário surpresa e uma semana depois viemos para cá. – Regina franziu a testa.
- Que dia ela faz aniversário? – Perguntou, se perguntando se havia ouvido direito, e Emma estranhou sua indignação.
- 20 de Agosto. – Respondeu como se fosse óbvio.
O mesmo dia em que minha filha nasceu, que curioso.
– Por quê? – A morena balançou a cabeça para afastar os pensamentos.
- Nada não. – Ficaram em silêncio um tempo, Swan a analisando, tentando descobrir o porquê do choque.
Olhou para grama e sorriu ao ver uma tulipa amarela. A arrancou e entregou para Regina, que sorriu.
- Que galanteadora, Swan. – Abriu um sorriso e cheirou a flor. Logo, o assunto voltou ao normal, e nenhuma das duas falaram mais naquela data.
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Henry e Summer andavam pelo parque tomando seus sorvetes e conversando. O Swan contava animado sobre sua nova vida.
- Você tem que conhecer a Regina. Ela é incrível! É minha adulta favorita.
- Mas e sua mãe, Henry? – Carol, que andava com Therese atrás deles, perguntou.
- O que tem ela?
- Ela não é sua adulta favorita? – Henry riu, parecia achar a pergunta absurda.
- Mamãe não é adulta. – Aird franziu o cenho com a afirmação. – Ela é minha mãe. – As duas mulheres riram do comentário do pequeno.
- Pois é claro, você está certo, querido.
As crianças correram pelo parque até se cansarem. Decidiram sentar em um banco próximo. Quando recuperou o fôlego, Summer se virou para Henry.
- Vamos fazer uma promessa. – O garoto a encarou, sem entender.
- Que promessa? – A garota estufou o peito e estendeu o dedo mindinho.
- Eu, Summer Aird Bellivet, prometo ser sua melhor amiga para sempre. – O garoto sorriu e também estendeu seu dedo.
- Eu, Henry Swan, prometo ser meu melhor amigo para sempre. – Juntou seu mindinho ao dela e os dois sorriram, felizes com seu juramento.
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Depois que Emma e Regina acabaram de comer, começaram a conversar sobre coisas aleatórias, o assunto estava descontraído e leve.
- Eu não sou muito de usar vestidos, mas acho eles lindos. – Swan comentou, seguindo a conversa. – Inclusive, você está deslumbrante nesse que está usando. – A morena corou e abaixou a cabeça.
- Nem comece, Swan.
- O que? Eu não fiz nada.
- Essa atitude de galã pra tentar me conquistar não vai funcionar.
A loira mexeu no celular e quando o largou a morena ouviu uma melodia tocar. Quando a reconheceu, preparou-se para se levantar.
- Não! – Emma se aproximou dela, fazendo a pior feição de flerte que tinha.
Take A Chance On Me – ABBA (versão de Mamma Mia)
- If you chance your mind (Se você mudar de ideia) – Cantou e Regina riu. – I’m the first in line. (eu sou a primeira da fila) - Aproximou-se, pronta para abraçá-la, mas a morena se levantou e saiu correndo, fazendo-a cair no chão onde a mulher antes estava. Swan se levantou rápido e foi atrás dela. – Honey, I’m still free! (Querida, eu ainda estou disponível!) – Gritou, correndo de braços abertos e rindo. Não demorou muito para conseguir alcançar Mills, mas acabou escorregando e caiu em cima dela, dentro da parte rasa do riozinho. Ia pedir desculpas, mas o que ouviu a surpreendeu. Risadas. Regina estava gargalhando como nunca, se remexendo embaixo dela sem se importar em estar totalmente encharcada. Quando se acalmou, observou a loira; estavam há centímetros de distância e uma tensão havia de instaurado entre elas. – Take a chance on me. (Me dê uma chance) – Murmurou a loira. Regina, sem se importar mais com sua pose de difícil, colocou as duas mãos em volta da cabeça de Emma e a beijou.
Ao fim do contato, as duas roçaram seus narizes e sorriram.
- Você é linda. – Foi a única coisa que a loira conseguiu dizer.
Regina revirou os olhos e mordeu um sorriso.
- Você não cansa de dizer isso, hu? – Arqueou uma sobrancelha.
- É a mais pura verdade. Você é uma das mulheres mais bonitas que eu já vi. – A mulher corou ao ouvir aquelas palavras e tentou sair de baixo dela para que a mesma não visse. – Está com medo de mim agora? Prometo que não sou nenhuma maluca que vai aparecer na sua casa de madrugada para declarar meu amor. – Regina revirou os olhos.
- É bem a sua cara, viu. – A loira arqueou uma sobrancelha.
- Que rabugenta. – Beijou a bochecha da morena, que segurou um sorriso. – Deveria ser mais grata por ter uma deusa como eu ao seu lado. – Mills riu de deboche e Swan continuou os beijos em seu rosto.
- Está mais para em cima de mim. – Rebateu e a loira a ignorou. Parou os beijos para roçar seus narizes. Regina colocou a mão em sua nuca e colou seus lábios para conter um sorriso, se deixando contaminar com pensamentos que a mesma havia repreendido o dia inteiro.
É, Emma Swan é mesmo uma deusa.
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Emma havia acabado de voltar para casa depois de seu encontro com Regina e estava radiante.
Pegou Henry na casa dos Aird e voltou para seu apartamento. Colocou a criança exausta na cama e foi até o quarto de Riley, mas, quando ia bater na porta, ouviu vozes.
- Quem está aí, Riley? – A jovem abriu a porta e sorriu para a mãe.
- Mãe, que bom que você chegou. – Abriu espaço e a loira notou uma jovem sentada na cama de sua filha. – Essa é minha amiga Maya.
- Oi, senhora Swan. – A jovem acenou para a mais velha, que forçou um sorriso, ainda que desconfiada. – Acho que está na hora de eu ir, está ficando tarde. – A mesma se levantou e abraçou Riley antes de se dirigir à Emma e apertar sua mão. – Foi um prazer conhecê-la.
- O prazer é todo meu. – Tentou ao máximo ser simpática e esconder a pitada de ciúmes que estava sentindo.
Riley sozinha em seu quarto? Com uma garota?
Não parecia coisa boa...
A jovem foi embora e Swan decidiu tomar um banho enquanto pensava em tudo que havia acontecido naquele dia. O dia com Regina foi perfeito, mas não conseguia parar de pensar em Maya. O que será que a jovem queria com sua filha?
Independente do que fosse, não estava gostando nem um pouco.
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