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História Find You - Especial Três


Escrita por: BluelionS e pandinne

Capítulo 35 - Especial Três


"Gostaria de dançar com as estrelas para obter a resposta?"

Aquela pergunta, sem dúvidas, mexeu com o coração fraco de Athanasia. A princesa não sabia dizer o porquê, mas teve a vontade de chorar quando Lucas se levantou e estendeu a mão em sua direção, esperançoso de que ela lhe desse uma resposta rápida, para que pudesse levá-la para onde seria mais semelhante à dançar no céu.

Ela então abriu a boca para falar, mas logo negou com a cabeça lentamente, sorrindo amavelmente quando ele murchou e olhou para baixo, com certeza pensando que a resposta era para a sugestão dele, o que obviamente não era. E, quando ele ia abaixar a mão, Athanasia levantou a sua, surpreendendo-se em como elas se encaixavam perfeitamente.

Lucas já esperava por um não, mas não pensou que ela acabaria aceitando sua proposta com aquele belo sorriso, junto daquelas orbes safiras brilhando mais do que qualquer outra jóia semelhante.

"Leve-me para dançar com as estrelas, Mago Lucas." Athanasia disse gentilmente, causando uma tempestade apaixonada no estômago do mago. Ele olhou para baixo por alguns segundos, envergonhado demais por ter sido pego desprevenido, mas logo tornou a encará-la.

"...Lucas."

"O quê?" Ela tombou a cabeça em confusão.

"Me chame apenas de Lucas, quando estivermos sozinhos, ou próximo de um amigo." Ele coçou a nuca com a mão livre, fazendo um biquinho suave.

Athanasia riu baixinho e acenou várias vezes, levantando-se então com a ajuda dele.

"Certo, Lu-cas~" Ela cantarolou o nome do mago pausadamente, rindo ainda mais quando notou o tensionar de ombros dele. Logo percebeu a audácia em sua voz e olhou desesperadamente para a barra de seu vestido, apertando os lábios para tentar afastar a vergonha que aos poucos coloria suas bochechas. "O-onde você irá me levar, Lucas?"

"Para um lugar que você irá adorar." Lucas se aproximou e estalou os dedos, antes que posicionasse a mão livre na cintura de Athanasia.

O que ela não esperava, era que uma orquestra desconhecida começasse a tocar no meio do nada, ao mesmo tempo em que o mago iniciava suaves passos de dança para conduzi-la.

Com um respiro fundo, Athanasia fechou os olhos e sorriu, aos poucos esquecendo-se de tudo ao redor, exceto por Lucas, que a conduzia. Não podia negar que ele era esplêndido na dança, coisa que nem havia reparado direito quando os jovens dançavam ao mesmo tempo mais cedo.

"Você dança muito bem..." Ela elogiou timidamente, abrindo os olhos para encarar os carmesins brilhantes dele.

Tudo ao redor pareciam vagalumes, de tão brilhantes que eram. Impossíveis de tocar, mesmo se ela quisesse, mas não deixavam de ser perfeitos de se ver. Simplesmente eram as estrelas daquela noite estrelada e iluminada pela lua acima de ambos.

"Eu não gosto de dançar, mas eu me esforcei para surpreender alguém." Ele respondeu com um sorriso mínimo nos lábios.

Athanasia não pôde impedir o ciúmes acabar alcançando-lhe o peito, mesmo que ela na verdade não tivesse algo com Lucas. Era algo que veio de uma portinha trancada bem no fundo de seu coração.

"É Jennette?" Ela indagou, curiosa e ciumenta.

A pergunta enciumada de Athanasia normalmente faria Lucas rir, mas ao escutar o nome daquela garota o mago fez uma enorme careta para respondê-la: "Jamais."

"Humm… Então eu a conheço?" As bochechas de Athanasia incharam de ar quando Lucas gargalhou de jogar a cabeça para trás.

"Sim! Acredito que Vossa Alteza conheça essa pessoa." Lucas respondeu risonho, rodopiando-a naquele lugar encantado.

...Bem...

Era encantado, até ela olhar para baixo.

Sabe a sensação de estar caindo e acabar acordando repentinamente? Então, era essa a sensação que Athanasia agora tinha. Ela gritou fino e fechou os olhos, desesperada ao afundar o rosto no pescoço de Lucas.

"P-por favor, por favor! D-diga-me quando é para abrir os olhos!" Ela implorou chorosa, apertando ainda mais os olhos de medo enquanto o abraçava fortemente.

Lucas acabou sentindo um pouco de culpa por acabar assustando Athanasia, pois sabia que ela poderia acabar obtendo algum medo por altura. Mas ele então lembrou-se que aquelas palavras e até mesmo a situação eram semelhantes ao que já ocorreu no passado, na noite do Debute, quando a levou para dançar no céu. E aquilo acabou fazendo ele dar uma risadinha nasalada, apertando a cintura dela com cuidado para puxá-la para mais perto de si.

"Abra os olhos." Lucas sussurrou no ouvido de Athanasia, sorrindo apaixonado quando percebeu o estremecer suave que ela obteve em resposta à sua ação.

Aquela princesa, mesmo agora, ainda o encantava intensamente.

Athanasia sentiu-se segura diante das palavras de Lucas, e obedeceu o pedido ao abrir os olhos quando ele — mesmo com um pouco de dificuldade — estalou os dedos mais uma vez.

Agora, foi apenas para que ela perdesse o fôlego quando bolas de cristais, das mais mais variadas cores, os envolviam.

"O que é... Isso?" A princesa indagou em um sussurro maravilhado, olhando para todos os lados.

"Isso são pedras mágicas. Eu as criei em meu tempo livre. Não são sólidas, pois se transformam em animais cristalinos." Lucas explicou, não desviando o olhar dos olhos arregalados de admiração de Athanasia.

"Aquele ali... É uma pedra de gravação, não é?" Ela apontou para um orbe que flutuava com uma luz carmesim exalando de si, emitindo um pequeno som em confirmação de que funcionava perfeitamente, e gravava a bela cena.

"Sim."

"...Por quê?"

"Acho que... É bom gravar um momento importante como esse." Com a frase do mago, os cristais se tornaram bichinhos frágeis que começavam a pular animadamente envolta do casal. "Essa gravação será apenas minha, caso tenha essa preocupação."

"Eu não tenho..." A princesa murmurou pela última vez, antes que se virasse e o encarasse, entregando-lhe a mão de condução para que pudessem continuar a dança.

Eles então voltaram a dançar.

Lucas a conduzia gentilmente, nunca retirando suas orbes carmesins das brilhantes safiras que ela possuía. O sorriso não saía de seus lábios ao perceber que aos poucos, na mínima distância que eles tinham do rosto um do outro, criava-se um suave brilho púrpura, de tão intenso o poder mágico que eles exalavam, graças aos corações agitados e ansiosos dentro de seus peitos.

Qualquer momento anterior do medo de altura que Athanasia poderia ter havia desaparecido com tais sentimentos, que aos poucos afloravam dentro de si, trazendo um calor repleto de paixão que ela nunca pensou em sentir. Ela era incapaz de desviar seu foco de Lucas; Aquele que há pouco tempo atrás causava-lhe tremores de pavor.

Essa situação era até mesmo engraçada, pois ninguém que os visse assim agora, em meio ao céu e em um momento tão magnífico como aquele, acharia que a Princesa alguma vez sentiu algo negativo por aquele mago.

Entretanto, isso não era necessário pensar. Não quando ela aos poucos se derretia nos braços de Lucas, apaixonada por aquele rapaz de cabelos curtos.

Sim... Ela estava se apaixonando, como se fosse a primeira vez sentindo isso por ele. E quando notou que isso realmente acontecia, fazendo seu coração palpitar escandalosamente, desejou chorar de felicidade, pois o mago parecia sentir o mesmo por si.

Não. Ele não parecia. Era óbvio o que ele sentia!

Céus, como Athanasia nunca havia prestado atenção antes?! Lucas sempre fazia de tudo para que ela se sentisse bem, assim como agora.

Uma risadinha escapou dos lábios dela quando percebeu aquilo, apaixonando-se ainda mais só de imaginar tendo um romance com ele.

Foi então que ela tomou a atitude de ficar nas pontinhas dos pés — apoiada em um chão invisível criado pela magia de Lucas —, para beijar os lábios que agora tanto desejava.

Por mais que ansiasse por dois longos anos, Lucas não esperava que isso acontecesse tão repentinamente. E com isso acabou se perdendo nesse contato suave, somente porque estava surpreso por ser Athanasia a fazer aquilo por conta própria, pois nem mesmo ele utilizava a magia que arrancou de Cabel para se beneficiar — coisa que nunca faria, mesmo se quisesse. Havia sido ela quem teve a atitude, coisa que ele tinha receio em ao menos tentar, por temer que ela se afastasse uma outra vez.

Mas agora, finalmente, Lucas podia desfrutar daquele sabor adocicado que continha nos lábios de sua amada Athanasia. E, ao se dar conta de que ela aos poucos voltava a retribuir seus sentimentos, tomando atitude de beijá-lo, ele acabou sendo incapaz de controlar sua própria magia.

Por conta disso, o feitiço que Lucas utilizava em seus cabelos esvaiu-se, trazendo de volta aos poucos as longas mechas negras que ele tinha, espalhando-se por cima de seus ombros como um manto negro, que brilhava aos poucos, com os radiantes dourados de Athanasia.

Com o toque tão suave de apenas um selar, eles começaram a mesclar ambas as manas, sem conseguir se controlar. E por conta disso, Lucas resolveu afastá-la gentilmente, para que não ocorresse o mesmo que em seu primeiro beijo. As testas estavam coladas, ambos os olhos fechados enquanto respiravam desregulados pelo sentimento que apertavam-lhe o peito, mas não deixaram de dar um sorriso apaixonado pelo feito.

Athanasia então percebeu que ele estava de cabelos longos novamente, e afastou um pouco o rosto para observá-lo. Os olhos dela cintilavam em realização, como se recordasse de já ter visto essa cena no passado.

"Os seus cabelos…" Athanasia foi movida pelo encanto de tocar a lateral da cabeça de Lucas, até que sua mão deslizasse por uma mecha, sentindo o toque sedoso e tão macio daqueles fios tão lisos entre seus dedos.

"Você não gostou?" Ele perguntou com hesitação, ao perceber que ela parecia perdida observando a mecha deslizar pelos dedos.

"Você ficou lindo de cabelo curto." Ela então o encarou com um doce sorriso. "Mas fica perfeito de cabelos longos."

Escutando esse elogio vindo da princesa, o mago não podia esconder sua vergonha, não importa para onde olhasse. Suas bochechas estavam incrivelmente vermelhas — coisa que Athanasia nunca imaginaria ver em um mago tão ranzinza quanto Lucas.

Era até mesmo fofo ter aquela visão, onde ele praticamente escondia seu rosto em um de seus braços.

"Está com vergonha!" Ela exclamou o óbvio, rindo de um jeito gostoso quando ele se encolheu ainda mais por aquele sentimento. "Isso é fofo, Lucas!"

"V-vamos para o solo." O mago tossiu fraquinho para aclarar a garganta, voltando a segurá-la em seus braços para que assim pudessem descer lentamente daquele lugar único e especial.

A pedra de gravação já estava guardada no bolso de seu terno, e ele faria questão de assistir milhares de vezes possíveis, até que se sentisse enjoado – coisa que nunca vai acontecer.

"Uma das coisas que mais me fazem ter saudades de Obelia são os jardins." Athanasia comentou, assim que seus pés tocaram o solo do pátio externo e ela pôde dar alguns passos apressados, como se rodopiasse num jardim imaginário. Mas as únicas flores que tinham por ali eram as de vasos de plantas e algumas nos extremos das trilhas de pedrinhas. "Eu adorava ver minhas ro-" Ela não conseguiu terminar sua frase, pois assim que se virou na direção de Lucas, seus olhos arregalaram-se em realização; tudo porque o mago estava com seus braços estendidos ao lado do corpo e, conforme andava, de suas palmas saíam faíscas carmesins fazendo com que várias flores crescessem do solo como roseiras que nunca cresceriam nessa época do ano em Arlanta.

Ao perceber que tudo havia ficado quieto demais, Lucas olhou na direção de Athanasia e sorriu, percebendo que ela estava chocada por como usava a magia para criar para ela um jardim em Arlanta.

Ele então colheu uma das rosas que criou excepcionalmente para e somente para ela.

Uma rosa roxa.

Assim que os olhos da princesa escorreram para aquela rosa, o coração dela retumbou tão forte, que ela perdeu o ar nos pulmões. Diante de seus olhos o dejavu de um sonho veio forte. Parecia um sonho que ela teve num passado esquecido, em que Lucas mostrava a ela uma rosa roxa. E ter noção disso enquanto o via se aproximar com a flor em sua mão quase a fez chorar. Mas ela logo o encarou diretamente nos olhos, desejando que ele falasse aquela frase brincalhona que o rapaz do sonho lhe disse, apenas para confirmar que era realmente ele.

Mas...

"Você gostou?" Assim como aconteceu no telhado, em que Lucas ficou um pouco frustrado por Athanasia não ter seguido o roteiro de sua imaginação apaixonada, também acontecia agora com ela.

Inconscientemente, um suspiro frustrado saiu dos lábios dela, e ela acabou desviando o olhar novamente para a rosa na mão dele. Mas, querendo ou não, o rubor em suas bochechas parecia arder o suficiente para que ela não conseguisse deixar de sorrir envergonhada, assentindo lentamente.

Os sentimentos confusos e tão dignos de uma paixão adolescente floresciam no peito dela, fazendo com o que seu coração batesse tão forte, mas tão forte, que começava a lhe dar falta de ar.

"Não está se sentindo bem?" Lucas perguntou preocupado quando parou diante dela.

Athanasia observou os sapatos sociais dele, sem conseguir levantar o rosto. Mas ele então tocou o queixo dela, fazendo com que ela fizesse isso. E quando fez, acabou hipnotizando-a com seu sorriso enquanto arrumava o cabelo dela para o lado e colocava atrás da orelha dela a rosa roxa.

"Algo me diz que você gosta de rosas roxas." Ele disse num timbre baixo e sedutor, descendo os dedos pela bochecha dela com um carinho até que a puxasse pelo queixo como se fosse beijá-la.

Nesse instante, Athanasia suspirou extasiada, sentindo sua barriga doer de tão gostoso o sentimento arrepiante que fazia todo seu corpo tremer, mas ela desviou o olhar envergonhada e deu um passo para trás.

Lucas manteve a mão no ar, mordendo o lábio inferior com um sorrisinho sapeca, adorando aquele joguinho de provocação que estavam fazendo um com o outro. Mas jurava que não saberia dizer até quando iria conseguir se manter firme dessa forma até que realmente sucumbisse ao desejo de beijá-la com toda paixão que tinha.

"Isso é tão lindo!" Athanasia então correu pelas flores, rodopiando e tocando uma por uma, assim como fazia quando visitava seu roseiral em Obelia. "Você é mesmo muito poderoso para fazer aquilo no céu, e agora até mesmo criar flores lindas assim!" Ela o elogiou, fazendo-o enrubescer.

Como havia aprendido com Lilian, Athanasia então colheu algumas rosas vermelhas e começou a entrelaçar uma a uma, tomando o devido cuidado para não se machucar com os espinhos quando os retirava. E ela fazia tão rápido e tão bem, que quando Lucas se aproximou novamente, o que fazia já estava quase pronto.

"O que está fazendo?" Ele perguntou, curioso ao vê-la fazer um nozinho no caule verde da flor.

"Isso." Ela o respondeu com um sorriso, terminando de prender uma rosa na outra.

"E o que é i-" Lucas sequer conseguiu terminar de concluir sua pergunta, já que Athanasia se colocou na ponta dos pés e estendeu os braços para cima, na direção da cabeça dele. Ele ficou hipnotizado com o rosto dela tão próximo, acabando por colocar as mãos na cintura dela.

"Uma coroa de flores." A princesa respondeu baixinho olhando dentro dos olhos do mago com um sorriso encantador. "Ficou lindo." Ela olhou para cima, para o topo da cabeça dele, observando a arte manual que fizera. Havia ali uma coroa de rosas vermelhas, combinando com os olhos dele.

"...Fiquei?" Lucas perguntou, embriagado pelo desejo de beijá-la. Seus olhos já estavam amolecendo na direção dos lábios dela, e o rosto se aproximando lentamente.

"Você fica bem com uma coroa, Lucas. Já pensou se fosse um príncipe?" Essa frase risonha de Athanasia fez o mago olhar nos olhos dela com uma careta. "Com certeza seria o de Sycansia!"

"Sycansia? Por quê?" Ele riu sem entender a suposição.

"Porque ninguém sabe nada de Sycansia. É um Império misterioso, assim como você."

Lucas quase riu em confirmação àquilo, pois para Athanasia, ele era realmente um desconhecido, já que ela não conhecia sua verdadeira história. Apenas sabia que ele era um mago real que tinha, de certa forma, a confiança do impiedoso Imperador Claude.

Mas nunca pensou que, em algum dia, iria ser relacionado à Sycansia, um Império perdido.

"Lucas, olhe!"

O mago foi tirado de seus pensamentos quando Athanasia apontou para algo não muito longe deles. Era um cervo andando lentamente pelas extremidades do castelo.

A princesa nunca sequer tinha visto um animal tão lindo como aquele, especialmente por ele conter uma coloração um pouco mais... exótica. Ele era levemente esverdeado, e agora andava na direção do casal, parecendo curioso por vê-los sozinhos ali.

"Venha aqui, fofinho!" A princesa o chamou animada, sorrindo gentil quando ele a obedeceu, deixando-a fazer um carinho gostoso em suas orelhas. "Qual é o seu nome, lindinho?!"

"Eu sou Arwin, o cavaleiro do Imperador Eros." O cervo respondeu calmo, rindo nasalado quando Athanasia jogou o corpo para trás, olhando de olhos arregalados e assustada pelo animal repentinamente ter falado como um humano normal.

Ela olhou desesperada para Lucas, que nem achava estranho aquela situação.

Um animal falante e você está calmo?! O que mais há de pior neste mundo mágico?!

"V-vo-você fala? HaHa... Isso é tão..." Estranho... — Athanasia concluiu em seus pensamentos, sem graça.

"É normal entre os hualanos se transformarem em seus animais sagrados. Acredito que Vossa Alteza tenha conhecido o animal da Princesa Eris." Arwin se curvou ainda em sua forma animal, para saudar Athanasia. "Creio que no momento esteja atrapalhando os dois. Irei me retirar, pois devo retornar para minha patrulha."

"Bom... Tudo bem. Obrigada pelo tempo, senhor Arwin cervo." Ela acenou envergonhada para o Hualano, que agora se afastava para retornar ao trabalho. "Você não esboçou reação alguma!" Athanasia exclamou chocada, apenas para ouvir uma risadinha sapeca de Lucas.

"Eu já sabia que era um Hualano." Ele respondeu convencido, cruzando seus braços.

"Você é o quê?! Um vidente ou algo do tipo?"

"Sou um mago, Alteza."

 

Enquanto isso numa certa varanda externa...

"O que é? Quero ver também." Tiger empurrou Flora para fora quando ouviu ela e Eris exclamando excitadas pelo o que provavelmente estavam testemunhando ali. "Ijekiel sendo dominado pelo príncipe?! Pfft-" O cavaleiro conteve a risada que iria deixar escapar, já que recebeu uma cotovelada de repreensão da princesa Hualana no mesmo instante.

As costas de Cabel estavam grudadas na parede desde que ouviu a primeira frase de Eris. Ele estava tão envergonhado, que não conseguia nem olhar para Ijekiel ao seu lado, concentrando-se apenas a olhar para seus sapatos sociais enquanto respirava fundo para reabastecer seus pulmões que queimavam após aquele beijo delicioso que acabou de ter.

Ijekiel, no caso, estava completamente extasiado. Ele mal conseguia acreditar que Cabel teria tanta atitude como a que tivera minutos antes de serem atrapalhados – pela segunda vez.

"O que vocês querem aqui?!" Ijekiel exclamou irritado, rosnando ao se colocar à frente do príncipe envergonhado.

Eris agarrou o braço de Flora e cochichou algo no ouvido dela, para em seguida ambas começarem a rir, seus olhos focados no meio das pernas do lorde.

"Tava bom o negócio, ein." Tiger comentou com um sorriso de lado, apontando a ereção marcada que Ijekiel parecia não ter percebido.

Mas lógico que ele havia notado, só que pensou que já teria desaparecido após o susto de serem pegos no flagra. Só que isso não aconteceu, e ter consciência disso o fez colocar as mãos ali para esconder – o que só o frustrou ainda mais, pois seu corpo queimava no desejo de se satisfazer com Cabel.

"Com certeza estava delicioso!" Flora aproximou-se de Ijekiel e puxou a blusa social dele que estava para fora da calça. "Está com a roupa toda amassada e descabelado."

"Sai!" Ijekiel se afastou irritado, tirando as mãos da sereia de si.

"Flora, está deixando o príncipe envergonhado!" Eris tentou parar de rir, mas não conseguiu.

"Mas ele não parecia envergonhado quando praticamente devorava Ijekiel..."

Cabel se encolhia ainda mais, envergonhado o suficiente para não conseguir nem dialogar em sua própria defesa.

"Ué, cadê Lucas e Athanasia?" Tiger perguntou então, notando o sumiço do mago e da princesa.

"Eles... Eles foram para outro lugar." Cabel enfim se pronunciou, quando por fim notou que a ereção no meio de suas pernas havia sumido. E então concluiu, um tanto irritado: "...Para nos deixar a sós!"

"Ih, eu não sabia que era esquentadinho assim." Eris fez um beicinho ao se aproximar de Cabel, analisando-o da cabeça aos pés. "Sério... Eu nunca pensei que você-"

"Alteza, para!" Ijekiel tirou Eris de perto de Cabel, jogando-a nos braços de Tiger. "Estão constrangendo o meu..." Ao notar o que iria dizer, o lorde acabou engasgando.

Eris e Flora estreitaram o cenho, ecoando um "awwn" em coro, enquanto Tiger não se conteve e soltou uma risada discreta que logo a mascarou com uma pequena tosse forçada.

No entanto, Cabel parecia entender o que Ijekiel iria dizer, e com isso não conteve o sorriso apaixonado que deu. Só que ele logo se lembrou que Eris era noiva de Dice, seu irmão mais velho. O medo súbito o atingiu, e ele logo se aproximou da Princesa Hualana para agarrar as mãos dela, demonstrando desespero em seus olhos.

"Por favor, Alteza Eris... Não diga ao meu irmão o que acabou de ver, eu lhe imploro!"

"Cabel..." Ijekiel o puxou pelo pulso, tomando a atenção dele para si. "Está tudo bem... Princesa Eris está nos ajudando."

"A-Ajudando?" Cabel então voltou a encarar Eris, que agora lhe sorria fazendo um sinal de jóia com o dedão enquanto balançava a cabeça várias vezes com um sim. "Verdade?"

"Verdade verdadinha!" Eris riu das reações fofinhas que o Cabel com um biquinho manhoso voltava a demonstrar. "Eu odeio seu irmão, jamais contaria algo assim para ele. E eu sei muito bem que esse lobinho aí está caído de quatro por você-"

Tiger então agarrou Eris pela cintura e colocou a mão sobre a boca dela, impedindo que ela continuasse falando igual uma maritaca e revelasse o segredo de Ijekiel, assim como os sentimentos que o lorde deixou claro a seus amigos que não tinha a certeza que os tinha.

"Ela disse lobinho?" Cabel olhou Ijekiel sem entender.

"Ela disse?" Ijekiel riu daquilo, fingindo confusão enquanto terminava de arrumar suas vestes adequadamente para retornarem.

Cabel simplesmente fez uma cara de desconfiado, voltando a olhar para Eris que se debatia nos braços musculosos de Tiger, protestando o fato de estar sendo obrigada a ficar calada.

"Largue minha passarinha, seu tigre possessivo!" Flora batia fraquinho no braço de Tiger, recebendo rosnados em troca.

"Precisamos entrar..." Ijekiel disse baixinho para Cabel, suspirando pelo fim do que acabaram de finalmente ter.

"Uhum..." Cabel desviou o olhar, envergonhado. Toda a tontura que anteriormente sentia agora parecia ter sumido, já que em poucos minutos havia sofrido tantas emoções. "Mas não podemos sem Athy e Lucas."

"Alteza Eris." Ijekiel tomou a atenção do trio hualano bagunceiro. "Poderia se transformar e ir procurar a princesa Athanasia e o mago Lucas?"

Eris então apenas assentiu com um sorriso, rapidamente se transformando em um belo passarinho para sair das garras de Tiger e sair voando dali, em busca do casal apaixonado que parecia perdido pelo novo Jardim de Arlanta.

E quando Eris os encontrou, não entendia muito bem o que estava acontecendo. Ela olhou curiosamente quando Athanasia chorava ao lado do mago, parecendo se desculpar com ele sobre algo que ela não conseguia escutar.

E, nem adiantaria tentar ser cautelosa ao sondar eles em seu vôo, pois suas longas asas faziam um barulho alto, sendo esse o motivo que Lucas olhou para cima, quando ouviu pela primeira vez.

"Oi, oi! Vocês estão sozinhos chorando por aí, mas- Nossa, que lindo!" Eris começou a falar animadamente ao pousar no chão, distraindo-se do assunto principal ao olhar as roseiras. "E-enfim! Vocês precisam voltar, pois podem começar a notar o sumiço dos pombinhos!"

A Princesa Hualana se aproximou um pouquinho mais, bicando uma rosa para levá-la consigo. Inclusive acabou gargalhando quando o mago a olhou irritado por ter mexido no jardim de Athanasia.

"Apenas vamos logo." Lucas bufou, magoado pela Hualana ter acabado com o momento dele com Athanasia.

Athanasia fungava baixinho enquanto limpava suas lágrimas após ter se desculpado diversas vezes com Lucas, quando lembrou que o humilhou e lhe disse tantas maldades, desde que acordou e o queria longe. Mas ela se lamentava ainda mais por ter se esquecido que estava de maquiagem e manchado tudo. Mas isso não era um problema para Lucas, pois ele só precisou estalar os dedos para colocá-la linda mais uma vez.

"Não há necessidade de se preocupar com sua aparência quando está comigo." O mago constatou, sorrindo amorosamente para Athanasia, quando criou um espelho em uma de suas mãos e entregou a ela.

"Awnnnn! Que palavras lindas! Quem dera um mago gostoso e poderoso desse perto de mim também, ai..." Eris exclamou enquanto batia uma de suas asas para abanar seu rosto, quase desmaiando com a interação daqueles dois.

Lucas simplesmente ignorou a presença desbocada daquela princesa, revirando os olhos por como Eris, de certa forma, acabava os apressando ao lembrá-los de que estava ali com suas ações histéricas.

Quando Lucas esperou Athanasia terminar de se encarar no espelho, admirada com sua própria aparência, ela devolveu o espelho para ele e sorriu lindamente.

"Falta apenas uma coisa." Ele falou, estalando os dedos para pôr outra vez o penteado que ela tinha antes de chegarem ali. "Perfeita." E então elogiou, suspirando encantado.

"O-obrigada..." Athanasia agradeceu envergonhada, mexendo em sua orelha ao tentar esconder sua vergonha. A presença de Eris, que soltava risadinhas contidas e gemidos de excitação, só piorava sua situação.

Logo, Lucas estalou os dedos para que os três fossem teleportados para a varanda onde os outros estavam, olhando curiosamente para todos.

"Athy, Mes- digo... Lucas..." Cabel tossiu fraquinho para disfarçar, olhando para os lados para conferir se alguém havia prestado atenção em seu quase erro. Felizmente, ninguém havia nem mesmo ouvido direito. Apenas Lucas, que parecia querer matá-lo com o olhar.

"Caramba, você está cabeludo de novo!" Flora disse então, fazendo todos focarem em Lucas. “E está com uma coroa de flores linda na cabeça! Ui, ui, viu!”

O mago ficou constrangido, ao se lembrar que seus cabelos só haviam crescido pois havia perdido o controle de sua magia após ter ganhado um selinho da princesa. Ele se encolheu suavemente ao lado da Obeliana, que não havia percebido sua ação constrangedora.

"Eita! Eu não tinha reparado." Eris forçou os olhos, chegando perto de Lucas para olhar bem de perto, observando os cabelos negros e soltos dele ao redor dos ombros. "Woah, definitivamente, meu tipo são homens de cabelos longos! E essa coroa, ein?! Deu um charme bem mais sexy, rawwr!"

"P-Princesa Eris!" Athanasia ficou com vergonha pela forma tão despreocupada que a Hualana dialogava na frente dos garotos, sem se importar nem por um segundo com as etiquetas por ser uma Princesa.

Tiger murchou no mesmo instante, abrindo e fechando a boca para tentar dizer algo quanto aquilo, mas tudo que saiu foi um grunhido choroso de seu animal. Tudo porque ele pensou que Eris havia adorado o corte novo que Lucas o ajudou a ter naquela noite. Mas pelo o que ela falou ao mago, deu a entender que não.

“Então olhe para lá, porque seu tipo é ele.” Lucas apontou para Tiger, estalando seus dedos para que as madeixas esverdeadas do cavaleiro crescessem no mesmo instante, cobrindo-lhe os ombros largos. O hualano tinha sua boca escancarada de surpresa ao ver como seus cabelos haviam crescido com apenas uma ordem do mago, sorrindo em agradecimento para ele.

“QUE DELÍCIA! AI SE EU NÃO FOSSE ALFA TAMBÉM, EIN!” Flora gritou excitada, assobiando euforicamente para Tiger, aprovando a forma que via os cabelos longos dele de volta, mas dessa vez soltos – já que todos em Huale praticamente só o via de coque.

Logo então olhou para Eris, esperançoso de que ela finalmente olhasse em sua direção. E ela olhou, soltando uma risadinha gostosa, rapidamente se aproximando para entregar a ele a rosa que trouxe do jardim.

O Hualano a segurou de forma hesitante, mas cuidadoso para que não pudesse acabar estragando o presente que ela havia lhe dado. Ele olhava encantado para a rosa em suas mãos, sorrindo apaixonado por ser semelhante ao que a Princesa usava em suas roupas simples no Império Neutro. Sabia que Eris gostava de rosas, mas acabava se sentindo especial por receber algo como aquilo dela.

"Eu quero também, Eris~!" Flora exclamou manhosa, fungando chorosa por ter sido esquecida pelos dois, principalmente pela ômega.

Entretanto, nenhum dos dois se importou com o reclamar da sereia, apenas continuaram a se encarar intensamente.

Tiger retirou os espinhos do caule com um sorriso no rosto, só para então estender sua mão e encaixá-la na dobradura da orelha pontuda da Princesa. Depois ele acariciou levemente o rosto suave dela.

"É melhor que Vossa Alteza fique com a rosa, pois combina mais com ela do que comigo." O cavaleiro falou, suspirando ao vê-la se inclinar mais ao seu toque.

“AH!” Flora berrou e apontou para Eris e Lucas, antes que começasse a rir como uma idiota dos dois. Ninguém entendeu o motivo das risadas da sereia, até que ela explicou no momento seguinte: “O Lucas e a Eris estão combinando!”

Foi então que todos encararam analíticos os dois, curiosos ao prestarem atenção que a rosa na orelha de Eris era a mesma que montava a coroa de Lucas. Tiger no mesmo instante arrancou a flor da Princesa Hualana, resmungando irritado ao ser o primeiro a se dar conta daquilo.

“...É melhor que eu fique com isto mesmo. É um presente da Alteza Eris para mim, afinal.” O cavaleiro resmungou emburrado, fazendo com que todos rissem dele por aquela atitude infantil e ciumenta.

“Awnnn, eu ainda quero uma rosa para mim também, Eris~!” A sereia exclamou manhosa, se jogando nos braços da amiga.

Lucas simplesmente estalou os dedos e sumiu com a coroa de sua cabeça, igualmente irritado ao ter sido comparado com aquela Princesa louca e desbocada. Ele olhou para Athanasia ao seu lado e sorriu reconfortante, quando a mesma soltou um pequeno muxoxo amuado por ele ter desaparecido com seu presente.

“Não há necessidade de ficar triste, Princesa. Eu simplesmente a guardei, já que nunca iria me desfazer de um presente que a Alteza Athanasia fez para mim.” Ele murmurou carinhoso, entrelaçando por alguns segundos seus dedos nos dela.

“Hum. Acho bom mesmo.” A loira resmungou envergonhada, desviando seu olhar para o chão.

Ijekiel e Cabel estavam rindo ao canto daquela interação. Lucas e Athanasia logo se juntaram a eles.

"Nós deveríamos retornar ao baile, ou eles irão questionar nosso sumiço." Ijekiel então disse.

"Eu não quero voltar e todos ficarem pedindo para eu beijar Athanasia de novo." Cabel resmungou, mas ao perceber a encarada de Lucas logo se arrependeu de ter feito tal comentário. "Foi sem querer aquilo, Lucas, não me mate."

"Matar por quê?" Athanasia agarrou o braço de Cabel com uma risadinha envergonhada, olhando dentro dos olhos de Lucas para provocá-lo com seu comentário brincalhão: "Somos noivos, Bel, podemos nos beijar sempre que quisermos."

"O que?!" Cabel arregalou os olhos e tentou tirar Athanasia de seu braço, mas ela parecia um carrapato grudado. "Pare com issoooo~."

"Nããão, me dê um beijinho~" Athanasia brincava com Cabel, apenas por adorar ver o ciúmes estampado no rosto de Lucas e Ijekiel.

"Vamos voltar!" Lucas e Ijekiel disseram em coro, sincronizados, puxando os pulsos de suas respectivas paixões.

Cabel e Athanasia gargalharam, ambos indo em direção de quem os puxava.

 

Minutos antes, no salão...

Dentro do salão de festas os nobres sorriam e conversavam animados, sequer percebendo que um certo grupo de jovens arruaceiros não estava ali presente. Quer dizer, lógico que algumas pessoas perceberam.

Uma dessas pessoas era Claude, que chegava a revirar os olhos a cada frase que Roger tentava usar como diálogo para se enturmar entre os Imperadores. Mas seu foco era observar o caminho que Athanasia anteriormente fez com Cabel, do qual ela ainda não retornou. Isso o deixou bastante irritado, sem saber o que estava acontecendo – uma vez que foi para Arlanta apenas para vê-la e estar um pouco com ela, e agora ela havia sumido com o noivo.

A outra pessoa que deixava claro o quão irritada estava era Jennette. Ela respirava entre bufos, sentindo-se excluída do grupo que a abandonou e também por seu próprio pai, que sequer se importou de chamá-la para dançar depois que o fez com Athanasia.

"Consigo sentir sua ira de longe, Alteza. Mas, se quiser, posso deixá-la muito relaxada." Então escutou essa frase vinda de trás, acabando por fazê-la girar lentamente com um sorriso de canto por já saber quem era o dono daquele timbre safado.

"Oh, é mesmo?" Jennette tapou os lábios com uma das mãos, sorrindo com uma falsa inocência que incrivelmente fazia suas bochechas tomarem cor. "E como Vossa Alteza Dice faria isso?"

"Bom, se me acompanhar, eu com certeza irei lhe mostrar." Dice sorriu de lado, safado e sugestivo. Ele tinha em suas mãos duas taças de vinho tinto, que logo ofereceu uma à princesa à sua frente. O olhar dele rapidamente passou sobre todos para constatar que ninguém se preocupava em prestar atenção em Jennette. "Ninguém irá sentir sua falta mesmo."

Jennette ficou ainda mais irritada com esse comentário, mas neste momento não podia negar que adorou escutá-lo, já que tudo o que ela queria agora era ir com Dice para onde ele quisesse levá-la.

"Então me tire logo daqui." Ela o respondeu com certa raiva, aproximando a taça dos lábios para tomar uma golada. "Não aguento ter que forçar sorrisos para esse bando de inú-" E não foi capaz de terminar o insulto aos nobres, já que só de sentir o teor alcoólico da bebida um bolor subiu com força por sua garganta.

Jennette então devolveu a taça a Dice com pressa, quase derrubando o líquido vermelho no traje de príncipe dele. E rapidamente tapou a boca, impedindo que todo o jantar que comeu no banquete mais cedo escapasse com o enjôo que sentiu.

"Jennette?" Dice arregalou os olhos ao vê-la cambalear um pouco, e logo colocou as taças sobre a bandeja de um servo que passou na hora, para em seguida sustentar a Obeliana entre seus braços.

"Eu não me sinto bem-" Jennette tentou murmurar, seu tom meio grogue, mas acabou desmaiando no colo de Dice.

Um dos nobres começou um alvoroço quando percebeu a cena, fofocando para um e outro até que todo o salão começasse a prestar atenção nos dois.

Os Imperadores logo se aproximaram, assim como Roger, que praticamente correu até a sobrinha, preocupado demais ao vê-la daquele jeito.

"O que aconteceu?!" Roger indagava nervoso, com receio e hesitação de tocar Jennette.

"Não se preocupem, ela teve um mal estar." Dice tentou encenar frente aos nobres e principalmente a Roger. Depois olhou para o Imperador de Obelia. "Vossa Majestade Claude, se me permite, irei levá-la para sala dos curandeiros."

"Certo." Foi a única coisa que Claude disse, indiferente quanto aquela garota desmaiada. Ele não estava nem um pouco preocupado, pelo contrário, fingia apenas estar interessado, quando na verdade só queria esperar sua amada filha retornar.

"Eu irei junto!" Roger logo se prontificou.

"Acredito que não seja necessário, tio." Dice forçou um sorriso. "O senhor sabe que Arlanta tem ótimos curandeiros. Irei levá-la e eu mesmo me certificarei da melhora dela. Se me derem licença... Continuem aproveitando o baile de aniversário de meu irmão."

 

 

E agora, passado minutos do ocorrido com Jennette, o grupo voltava para dentro, sorrindo como se nem mesmo tivessem desaparecido.

Os nobres sorriam encantados como o Príncipe e as Princesas de Impérios distintos eram amigos, da forma que eles estavam juntos. Eles conversavam animadamente uns com os outros, exceto por Lucas e Tiger, que estavam quietos o tempo todo, mas desfrutando da animação alheia.

Logo, o sino ecoou por toda Arlanta, dando aos nobres presentes no baile que já era a hora de despedir-se dos Imperadores, agradecendo pela ótima festa. E foi isso que fizeram, quando pouco a pouco desapareciam lentamente pela porta de entrada do salão.

Calvin, por estar cansado, foi o primeiro a sair do local, dizendo estar com muita dor de cabeça para terminar de dar adeus aos convidados. E, por isso, apenas Melissa ficou, acenando e conversando com cada um gentilmente.

Foi então que lá dentro só restou os Imperadores dos três Impérios e seus respectivos filhos. Cada um num canto da sala, olhando analiticamente para a cara um do outro, antes que se aproximassem à contragosto e despedissem de Melissa.

"Papai, papai!" Athanasia exclamou ao correr até Claude, abraçando-o em um tropeçar leve. Ela sorriu envergonhada, pedindo desculpas, e logo se ajeitou em frente ao Obeliano. "Onde está Jenny?" E indagou curiosa, olhando para todos os lados, em busca de sua irmã mais velha.

"Ela está com um mal estar, e por conta disso foi levada para a sala dos curandeiros."

"Céus! É muito grave?" Ela então olhou para Melissa. "Por favor, Vossa Majestade, permita que minha querida irmã fique aqui! Por esta noite!" E clamou chorosa, olhando esperançosa para que a Imperatriz Arlantina lhe ajudasse a convencer Claude.

"Bem... Não há problema algum que ela fique por aqui. Melhor, o que acham das crianças ficarem esta noite em Arlanta? Logo, assim que amanhecer e tirarem o jejum, poderão retornar para seus Impérios." Melissa sugeriu sorridente, olhando para Athanasia por alguns segundos, dando-lhe uma piscadinha cúmplice pela festa surpresa que a princesa já preparava para seu noivo.

"Hm... Não acho que seria o certo." Eros logo interviu naquela conversa, dando uma encarada em Eris para que ela não viesse lhe implorando como um filhotinho manhoso para que a deixasse. Ele ainda não conseguia acreditar que havia retirado a filha do castigo após o que ela fez. E só retirou porque Ijekiel lhe implorou para que todos fossem, senão seria uma desfeita ao trono de Arlanta.

"Papai, mamãe, por favor!" Eris fazia manha, esboçando um beicinho e forçando olhinhos de filhotinho pidão.

"Own, Eros, olhe isso!" Jade nunca conseguia se conter quando sua garotinha fazia aquilo. "Deixe nossa filha se divertir. Ela fez amizades."

E o Imperador Hualano sabia que não havia outra alternativa além de deixar Eris se divertir com seus novos amigos.

"Tiger, você sabe o que fazer. Resguarde a segurança de Eris. Qualquer coisa é só usarem a fenda mágica." Por fim Eros aceitou o desejo de sua filha em continuar em Arlanta por mais uma noite, sabendo que o cavaleiro pessoal dela não iria deixar nada de ruim acontecer.

Enquanto isso, Ijekiel tentava também convencer Roger de deixá-lo ficar, com o intuito de que iria cuidar da saúde de Jennette até que ela pudesse retornar à Obelia. Apenas por isso o Duque achou necessária a estadia de seu filho em Arlanta, pois ele sabia que Calvin não gostava do Lorde.

Já Claude, não se importava se Jennette ficaria ou não ali. O que ele se importava era em como estava tendo uma boa conversa com sua amada filha agora. E como ela sempre o apertava num abraço carinhoso a cada risada maravilhosa de se ouvir.

"(...)e aí Lily disse que está esperando um bebê!" Athanasia terminou a explicação da pedra memorial que Cabel recebeu.

"Sim! Irei ter um irmãozinho!" Cabel completou.

Eles estavam tão felizes com essa notícia, que nem perceberam que poderiam ter dito em voz alta.

Irmão? – Melissa, que estava ao lado da Imperatriz Jade, acabou escutando a euforia dos noivos. Ela não conseguiu esconder seu ciúmes por Cabel estar tão feliz daquela forma ao saber que teria um irmão do bebê de Lilian. Desde que soube por Athanasia que aquela concubina estava viva, a Imperatriz não podia negar que ficava com medo de seu amado filho de coração a abandonasse – mesmo que o príncipe não desse mais nenhum tipo de carinho a ela, após ter descoberto a verdade.

"Eu já sabia." Claude respondeu com um sorriso preguiçoso.

"Sabia? Mas mamãe disse na pedra que eu era o primeiro a saber." Cabel olhou Athanasia que também não parecia entender.

"Eles não precisam me informar com palavras para que eu saiba." Claude deu uma encarada raivosa em Cabel, deixando claro que ele estava interrompendo um momento de pai e filha. O príncipe se encolheu no mesmo instante, mas Athanasia segurou a mão dele para que não saísse dali.

"Papai é muito inteligente, com certeza notou os enjôos de Lily!" Athanasia sorriu para o pai, tentando amolecê-lo com seu jeito doce.

E deu certo.

"Exato. Inclusive eu já havia parabenizado Félix antes mesmo de Lilian confirmar que estava grávida."

Lucas, que estava um pouco mais afastado, ficava apenas observando a interação de pais e filhos. Mas logo seus olhos foram atraídos por um gesto que Claude fazia, chamando-o para mais perto.

"Lucas, irei retornar a Obelia. Você ficará aqui para voltar com Jennette quando ela estiver melhor."

"Como quiser, Vossa Majestade." Lucas fez uma breve reverência, precisando se conter para esconder um sorriso de alívio por poder ficar um pouco mais em Arlanta com Athanasia. "Irei enviá-lo diretamente aos seus aposentos, em Obelia, assim que desejar."

"Apenas... Espere um pouco mais." Claude disse em um suspiro, sorrindo minimamente ao apertar Athanasia em seus braços e ouvi-la resmungar em afirmação, manhosa e já com saudades daquele que ainda estava ali. "Trate de comer bem, e não esqueça de continuar indo ter o acompanhamento dos curandeiros. Se precisar, tome os remédios direito, porque-"

"Porque eu não gosto de remédio, só dos docinhos!" Athanasia o cortou, rindo docemente. "Eu irei tomar cuidado, papai. Obrigada por se preocupar comigo."

"Eu não me preocupo."

"E obrigada por me amar também."

"Eu não..." O Imperador Obeliano bufou, mas parou quando encarou as safiras enormes de Athanasia, amolecendo qualquer barreira que ele tentava criar. "Eu amo você, Athanasia." Claude, por fim, admitiu, empurrando a cabeça dela de volta contra seu peito, reforçando aquele abraço caloroso que ambos ainda trocavam.

"Eu o amo muito, mas muito mesmo, papai!"

Momentos depois, Claude finalmente foi teleportado por Lucas de volta à Obelia, enquanto a Princesa Obeliana choramingava pela saudade que já crescia em seu peito pela falta que seu pai fazia.

Eros e Jade também haviam aproveitado a deixa e aberto a fenda, para que então pudessem retornar para Huale, aguardando ansiosamente a chegada de Eris e os outros no fim do dia de amanhã.

"Então... Acredito que seja a hora de irmos embora. Irei pedir para que os empregados limpem rapidamente os quartos para que vocês durmam, enquanto os outros irão limpar o salão até o fim de amanhã." Melissa decretou, agarrando a saia de seu vestido graciosamente para uma reverência rápida para todos aqueles que haviam sobrado ali.

Logo, ela também se despediu, ordenando que alguns empregados guiassem o príncipe e as princesas para onde seriam seus aposentos de uma noite no Império de outono.

"Não podemos... Esperar aqui um pouco?" Eris indagou, quase que babando ao olhar para a mesa cheia de vinho tinto.

Era até mesmo um desperdício abandonar aquela mesa cheia de comida e bebida.

"Sua Majestade nos ordenou a levá-los para seus respectivos aposentos. Por favor, nos siga."

"Não, não! Andar é chato, eu prefiro voar! Então só me indicar onde é o meu quarto que eu irei!" A princesa Hualana choramingou, agarrando-se em Tiger para que ele fizesse alguma coisa para impedi-la de seguir os servos.

Cabel sorriu com exaustão devido às atitudes de Eris, mas então pensou que essa seria uma ótima oportunidade para poder ficar um pouco mais com Ijekiel, assim como ajudar Lucas a estar um pouco mais próximo de Athanasia. Ele então olhou para o servo, fazendo apenas um gesto.

"Irei ficar no salão com meus amigos mais um pouco. Assim que nos cansarmos, pedirei que alguém os guie aos seus respectivos quartos. Por agora, pode ir, por favor."

O servo apenas se curvou numa reverência, hesitante de estar desrespeitando a ordem da Imperatriz. Mas todos em Arlanta sabiam que toda vez que o segundo príncipe ditava algo, Melissa não se importaria se fosse errado ou certo, apenas aceitava por desejar agradá-lo de todas as formas.

"Como desejar, Vossa Alteza. Estaremos saindo então."

"Eba!" Eris deu alguns pulinhos eufóricos quando conseguiu o que queria, observando todos os empregados saindo do salão para deixá-los se divertirem um pouco mais. "Vamos beber~!" E praticamente gritou, escutando o eco de sua voz abranger todo o espaço vazio que os engolia agora.

"Ela é muito agitada, né?" Athanasia riu daquilo, mas aos poucos se acostumava com a forma espalhafatosa da Hualana. Na verdade, estava adorando o fato de tudo estar sendo tão diferente dos dias monótonos que deixavam seu noivo entristecido pelos cantos. Por isso ela logo o encarou, observando como ele agora parecia sorrir de orelha a orelha. "Bel está feliz?"

"Eu estou, e muito!" Cabel cantarolou envergonhado, coçando a nuca por estar um tanto sem graça.

Athanasia então o encarou com um pouco mais cuidado e curiosidade, abrindo um sorriso confuso quando teve a coragem de perguntar: "Bel, sua boca está vermelha e inchada... Algum inseto lhe mordeu?"

Foi esse o momento em que todos, exceto por Athanasia, Cabel e Ijekiel, precisaram tapar suas bocas em uma risada contida. Eles observavam aquilo da forma mais silenciosa possível, os olhos repletos de lágrimas pela vontade de chorar de rir que tinham com aquela indagação inocente da Obeliana.

"Eu...Er... Bom, é que..." O Príncipe se embolou todo, enroscando seus próprios dedos uns nos outros em nervosismo. Ele encarou Ijekiel com um pedido silencioso no olhar, desejando receber alguma ajuda para tirá-los daquela situação constrangedora. Mas o Lorde estava igualmente chocado e envergonhado com aquela pergunta de Athanasia.

Na verdade, se Ijekiel abrisse a boca para dizer algo nesse momento, ele não saberia falar algo diferente que não fosse constrangedor do que seus pensamentos agora vibravam.

Ah, Cabel acabou me prendendo na parede e me beijou. Acabou me deixando com um puta tesão!

Não... Não... Isso não era algo para se dizer para Athanasia.

"Ele foi mordido por um cachorro muito malvado." Lucas falou pelos dois rapazes envergonhados, fazendo com que todos virassem em sua direção. Seu ar sério e braços cruzados diziam que aquilo era verdade, mas era óbvio que era a mais pura mentira — exceto para Athanasia, que parecia estar assustada por achar ser verdade.

"Eu vou passar mal..." Flora foi a primeira a explodir em risadas, curvando-se para bater em seus joelhos. As gargalhadas dela foram o suficiente para que Eris a acompanhasse também, e Tiger tossisse várias vezes para afastar qualquer resquício de humor presente em seus músculos faciais.

O príncipe desejava muito uma cova para poder se enfiar nesse exato momento. Agora, até mesmo Ijekiel ria das gargalhadas de porca de Flora, pois parecia ser contagioso demais. Até mesmo para ele, porém estava envergonhado demais para conseguir dar uma risadinha.

"Isso é muita maldade..." Cabel murmurou, abandonando os outros para trás enquanto ia até a mesa do banquete para derramar o líquido alcoólico na garrafa, bebendo tudo em um único gole.

"Espera aí! Vai com calma! Eu quero participar também!" A princesa Hualana berrou e correu até o lado de Cabel, agarrando uma taça limpa para poder derramar o vinho tinto no recipiente também, sentindo a bebida queimar sua garganta ao descer seca por ali.

Athanasia se aproximou junto dos outros, mas sendo a única a demonstrar curiosidade para o álcool.

"Eu posso... Beber?" Ela indagou, engolindo seco quando Flora se aproximou como um pequeno demônio, lhe dizendo coisas para incentivar a experimentar o vinho, enquanto Cabel era o anjinho dizendo que não podia. "Mas eu quero!" E bateu os pés no chão, emburrada.

"Athy, não!" Cabel exclamou, desesperado.

"Athy, sim, sim, sim!" E dessa vez era Flora, estendendo à Athanasia uma taça cheia.

O príncipe olhou agoniado para Lucas como sua única esperança, porém o mago simplesmente sorria divertido, como se esperasse que Athanasia provasse daquela bebida.

"Lucas?!" Cabel abriu a boca chocado. Nunca nem mesmo pensaria que o mago aprovaria tal ação daquela Hualana sedenta.

"Bom... Eu estou aqui. Qualquer coisa, é só eu estalar os dedos e farei ela voltar ao normal." Lucas se gabou, soltando uma risada convencida.

Cabel por fim aceitou em pura desistência, visto que ninguém estava ao lado dele na questão de impedir Athanasia de tomar seu primeiro gole alcoólico, nem mesmo Ijekiel.

Eu irei acreditar nas suas palavras, Lucas... — o Príncipe pensou, ansioso.

Cabel não devia ter confiado já que, minutos depois, o Lucas hiperconfiante que havia dito resguardar a sobriedade de Athanasia agora gargalhava junto dos garotos após ter bebido algumas taças. O mago sequer conseguia contar os dedos que tinha nas mãos, quando lhe foi feito o teste de embriaguez.

"Vou provar que não estou! Bêbado!" Lucas então tentou se gabar, mas suas palavras saíam cada vez mais emboladas.

"Até parece!" Ijekiel zombou dele, rindo enquanto puxava Cabel para mais perto, abraçando-o pelo pescoço.

"Quer ver?! Vou provar!"

"Ele está mesmo bêbado, isso é engraçado!" Cabel riu ao testemunhar isso pela primeira vez. E quem sabe a única, pois após ter ciência do que estava fazendo, era certeza que Lucas jamais iria tocar álcool novamente.

Lucas então pegou um guardanapo de pano que estava jogado por ali e se agachou no chão. Depois olhou o cavaleiro hualano e o chamou: "Tiger!"

"Sim?"

"PssPssPss" O mago então sacudiu o paninho no chão como se brincasse com um gatinho, observando com um sorriso debochado as pupilas de Tiger dilatando com aquilo.

"Eu não sou um gato!" Tiger retrucou irritado, mas Eris podia jurar que se ele estivesse com a cauda de tigre para fora, era certeza que estaria abandonando-a.

E o que mais entregou o Hualano foi quando ele praticamente deu um pulo para frente, querendo pegar o pano.

"Viu só!" Lucas gargalhou com os garotos. Mas seu semblante logo estancou quando procurou Athanasia com o olhar e viu ela subindo em cima da mesa com ajuda de Flora.

"Esperem por mim!" Eris saiu correndo de perto dos garotos e subiu na mesa junto das garotas.

A essa altura, Flora já estava fazendo Athanasia virar o restinho do vinho na garrafa. E a princesa Obeliana ria à toa, sentindo-se cada vez mais confiante de qualquer atitude que pudesse tomar.

"Lu-cas~" Athanasia cantarolou pausadamente o nome do mago, sorrindo sapeca para ele com um tchauzinho.

"Athanasia, desce daí!" Lucas exclamou nervoso, perdendo qualquer embriaguez que o álcool anteriormente trazia ao seu corpo. Felizmente, seu organismo reagiu mais rápido que os dos outros, sendo assim expulsando o efeito com muito mais rapidez. E esse era o motivo dele agora estar lúcido. Mas duraria pouco tempo, até agarrar uma nova garrafa nas caixas.

"Não quero~!" Athanasia sorriu, completamente sem sentidos. Ela logo voltou a encarar Flora, que estava agarrada ao seu pescoço.

"É melhor você tirar a Athy de perto da Flora." Ijekiel avisou, sorrindo divertido ao ver a expressão angustiada de Lucas ao ouvir aquilo.

"Por quê?!"

"Porque Flora vai querer agarrá-la." O albino apontou em direção às duas garotas sobre a mesa, vendo que a sereia já parecia sondar Athanasia com seu faro.

"Vamos, vamos, Athyzinha, eu irei lhe mostrar o canto da sereia..." A Hualana cantarolou sensualmente no ouvido da Obeliana, rindo quando viu a pele dela se arrepiar com aquilo.

O alerta cresceu no corpo do mago e ele correu até a mesa, abrindo os braços para que Athanasia prestasse atenção em si.

"Athanasia, saia de perto desse ser desesperado!" Lucas berrou, chamando a atenção da loira e de Flora.

"Ei! Eu não sou desesperada!" Flora contestou com um beicinho.

"É sim." Eris desmascarou a amiga, reclamando de dor quando a sereia acabou inserindo um tapinha fraco no ombro dela. "Eu vou te reportar para o Arwin!"

"Ui, reporta, vai!" Flora se aproximou de Eris e puxou o pulso dela para si para que em seguida saísse correndo pela mesa grande, enquanto empurrava os pratos para o chão. O barulho era estrondoso, mas nenhum dos presentes ali se importavam, bêbados demais para se preocuparem com aquilo.

"Athanasia!" Lucas exclamou uma vez mais, segurando a mão dela com a sua estendida. "Vem comigo, vem." E então a puxou com cuidado para si.

Athanasia logo caiu no colo de Lucas, deixando-o completamente envergonhado ao enlaçar-lhe firmemente o pescoço com os braços, murmurando ali como o cheirinho dele era gostoso e nostálgico.

"Que Cheirinho bom... Cheirinho de saudade..." Athanasia sussurrava enquanto aspirava o perfume no pescoço de Lucas, sequer percebendo como o mago perdia as forças nos braços, completamente arrepiado e de pernas bambas com a ação dela.

"P-Princesa..."

"... Athy." Ela afastou o rosto do pescoço dele e o encarou de pertinho. "Me chame de Athy, Lucas."

E isso foi o ápice para Lucas realmente perder a força nos músculos, estremecendo completamente. Precisou inclusive descê-la pelo medo de deixá-la acabar caindo. Ele logo se lembrou de quando ela fez a mesma coisa, querendo que a chamasse pelo apelido.

"Athy." Lucas então disse o apelido dela, sorrindo quando ela fez o mesmo.

"Muito bem, Luquinha." Athanasia fez um carinho na bochecha dele como se o parabenizando por algo inédito. Mas achou a coisa mais linda ver a coloração vermelha não só nos olhos dele – que vibravam com o que escutou – como também nas bochechas.

Lucas então se perdeu no olhar e no toque dela, e aos poucos sentiu ímpetos espontâneos de se aproximar e beijá-la na frente de todos ali para provar o quanto era irremediavelmente apaixonado. Mas quando tomou a iniciativa, segurando-a pela cintura e puxando o rosto dela na direção do seu, infelizmente não foi o que aconteceu...

O mago beijou a palma de um Príncipe travesso, que retirou a Princesa Obeliana de suas mãos quase num passe de mágica.

E para dar um toque de diversão em sua ação, Cabel estalou os dedos na frente do rosto de Lucas para fingir que fez mágica para teleportar Athanasia dali.

"Estamos quites!" Cabel então riu escandalosamente na cara do perigo, pois Lucas o fulminava com seus olhos num risco.

"Quites? Como assim?" Athanasia indagou embolado, olhando para os dois rapazes à sua frente. Aos poucos, um biquinho foi crescendo em seus lábios, ao realizar-se de forma lenta que quase beijou Lucas, mas por culpa de Cabel isso não aconteceu. "Poxa, Belzinho! Poxa!" Resmungou magoada, até mesmo se soltando do Príncipe para cruzar seus braços.

Flora desceu junto de Eris de cima da mesa, apenas para agarrar os pulsos daqueles que estavam sóbrios embaixo, enquanto os mais bêbados apenas as seguiram de bom grado.

"Venham!" As Hualanas exclamaram juntas, subindo de volta para o lugar que anteriormente estavam.

E os outros não puderam fazer nada além de acompanhar, jogando no chão as últimas porcelanas intactas.

"Lucas, coloque uma música animada!" A princesa Hualana exclamou, aguardando ansiosa para que o mago seguisse sua ordem, o que ele logo fez ao estalar os dedos. "É isso aí! Agora, troque nossos vestidos para uns mais leves!"

"Espera! Eu virei seu servo agora?" Lucas estalou a língua irritado, mas obedeceu mesmo assim. Os vestidos delas se tornaram simples e sem peso algum, exatamente o que Eris queria. Não era nada tão extravagante, mas perfeito para que elas pudessem se mover.

Mas, ao olhar para Athanasia, o peito de Lucas queimou em um desejo único, que ele não foi capaz de segurar ao estalar mais uma vez os dedos. O vestido que havia colocado na Obeliana era um simples branco, mas repleto de bordados avermelhadas de cerejas. Quando percebeu o que havia feito, ele , acabou por desviar o olhar envergonhado.

Athanasia olhou para baixo e rodou com cuidado seu vestido, pois poderia acabar caindo de tão bêbada que estava, caso fizesse algum movimento brusco. Ela encarava os desenhos de cereja por toda parte, não importa onde olhasse. E então encarou curiosamente Lucas, que agora estava de costas para si.

"Lucas~! Como você sabia que eu gostava de cerejas?!" Ela indagou risonha, aproximando-se para tentar ver o rosto dele.

"Eu... Isso foi intuição." Ele murmurou envergonhado, finalmente encarando Athanasia ao seu lado.

Athanasia até mesmo iria zombar da intuição de Lucas estar certa, quando Flora agarrou seu pulso e a puxou contra si, rindo escandalosa.

"Vamos dançar, princesinha!" A sereia exclamou animada, começando a mexer o corpo junto de Athanasia, batendo seus pés com força contra a mesa de madeira pura. E os outros não ficaram para trás, começando a acompanhar aquilo em passos sincronizados e treinados.

"Isso é tão legal!" Athanasia exclamou enquanto rodopiava sozinha, quase que desequilibrando pela tontura da bebida, mas acabou sendo segurada por Cabel, que ria sem motivo algum. "Dance comigo, Bel!"

"Acredito que os pares estejam errados aqui." Lucas estalou o dedo impaciente, fazendo a loira aparecer em sua frente, enquanto Ijekiel aparece na frente de Cabel. "Agora está certo."

"Flora, Tiger, venham aqui!" Eris ordenou, abrindo os braços para que eles viessem como ordenado, passando-os por seus pescoços quando chegaram. "Vocês são os meus amores~!"

Os Hualanos dançavam como se estivessem ao redor de uma fogueira, literalmente com seus passos despojados e aleatórios, porém animados e divertidos. Athanasia vira e mexe olhava para as garotas tentando fazer o mesmo. Inclusive todas elas já haviam jogado seus saltos longe, assim como os garotos que agora só estavam de meias.

"Segure minha mão, Lucas!" Athanasia pediu animada, cruzando os pulsos para segurar as mãos dele transpassadas nas suas.

Lucas não pensou duas vezes em fazer o que ela pediu, mas não esperava que ela começasse a tentar girar, impulsionando o corpo para fazê-lo a segui-la.

Ele tentou pedir que ela não fizesse isso, pois poderiam acabar caindo dali de cima, mas quando começou a escutar as gargalhadas gostosas e contagiosas que ela dava, não conseguiu brecá-la. Logo começou a rir junto dela, girando sobre aquela mesa como se fossem duas crianças brincando.

Os outros viram aquilo e acharam magnífico, logo fizeram o mesmo. Porém, como Cabel não havia comido nada no banquete e apenas bebeu, logo sentiu o efeito reverso de seu estômago querendo colocar todo o álcool para fora.

"Já engravidou?!" Flora gargalhou ao apontar para Cabel, vendo como ele forçava vômito e tapava a boca para que isso não acontecesse.

"Para, Flora!" Eris deu um tapa bruto na amiga, quase a fazendo cair ali de cima.

"Ele não é Hualano." Tiger disse.

"E se fosse não seria ômega, do jeito que tava devorando o alfa." Eris gargalhou junto de Flora, safando-se das mãos de Tiger que novamente tentava fazê-la ficar calada.

Ijekiel deu apenas uma encarada em Flora e Eris, deixando claro que não gostou nem um pouco do comentário brincalhão delas, mas qualquer reação sua foi focada em Cabel, que realmente não parecia bem.

"Ele não comeu nada, apenas bebeu." Ijekiel explicou, tentando amparar Cabel, que agora parecia estar com a cara verde de tanto que se controlava para não vomitar.

"É melhor pararmos por hoje." Lucas disse, recebendo diversos 'não' das garotas.

Mas o mago não ouviu nenhum dessa vez. Rapidamente estalou seus dedos e resolveu a situação precária do salão de festas, deixando-o impecável. E em seguida se teleportou para os aposentos do príncipe com todos junto de si, já que não sabia onde cada um ficaria naquela noite.

"Vamos todos para a caminha agora~!" Eris exclamou, se jogando da enorme cama de casal do quarto de Cabel. "Que cheiroso! De quem é esse quarto?" Ela olhou curiosa para eles.

"Meu…" Cabel respondeu num fiasco, sentindo-se um pouco melhor após Lucas tê-lo ajudado com o enjôo do vinho. "...e da Athy."

"Vocês dormem juntos?!" Eris fez uma cara de sapeca risonha.

"Sim! Bel é meu ursinho!"

"Awn, mas depois do que vi hoje ele está mais para um felino selvagem!" Eris declarou, recebendo uma encarada afiada de Ijekiel. "Qual lado Cabel dorme?"

"Esse mesmo que você está." Athanasia respondeu sorridente, se jogando ao lado de Eris. Flora fez o mesmo, mas atrás da Hualana para ficar de conchinha com ela.

"Sério?! Tem um cheirinho tão doce esse travesseiro aqui..." Ela respirou fundo, sentindo o cheirinho adocicado de Cabel entrando diretamente em suas narinas. "Acho que entendi o motivo do Ijekiel ser sedento pelo Príncipe.

"Ei! Para com isso!" O lorde exclamou irritado, rosnando ao se aproximar e tentar puxar o travesseiro de Cabel para si, mas Eris agarrou do outro lado e puxou de volta. "Solta!" Ele ordenou irritado.

Como ela pode ser tão forte assim?! — Ijekiel estava chocado por como seus músculos chegavam a doer para tentar vencer a Princesa Hualana, o que parecia ser completamente impossível, visto que nem uma expressão forçada ela fazia. — É um monstro? Um monstro! Como Tiger aguenta as porradas dela?!

Flora observou aquilo com um bico nos lábios, pegando o travesseiro que estava no meio da cama e usando toda sua força para investi-lo contra o rosto de Ijekiel. O Alpheus deu alguns passos para trás, desnorteado e tonto pelo impacto.

Pense bem... Não havia doído, mas ainda era um choque por ter sido repentinamente atacado por alguém estando desprevenido!

"Isso... Eu acabei agindo sem pensar..." A sereia tentou arranjar uma desculpa esfarrapada para se safar do olhar fulminante de Ijekiel, que parecia querer matá-la por aquilo.

Eris estava tão chocada com os atos de sua amiga, que nem teve forças para manter o travesseiro em suas mãos quando o albino puxou, investindo-o também, em pura vingança, contra Flora.

"Ai! Isso doeu, seu idiota canalha!" A sereia exclamou raivosa, levantando-se para bater em Ijekiel com o travesseiro fofinho novamente.

Lucas observou aquilo com um sorriso sapeca no rosto, não podendo mentir que aquela cena, de certa forma, era engraçada. Aleatoriamente, eles começaram a ter uma guerra de travesseiros e não pareciam estar satisfeitos até que um desistisse. Foi então que o mago teve a ideia de estalar os dedos e fazer com que mais quatro travesseiros caíssem sobre a cabeça dos outros que só observavam aquilo, desejando participar também.

"Me agradeçam por ser poderoso, porque-" Lucas fechou os olhos para falar, convencido sobre sua magia ser impecável ao ponto de criar réplicas perfeitas, mas aquilo foi até ser interrompido por um travesseiro batendo certeiro em seu rosto. Ele abriu os olhos, chocado, e procurou o atacante, só para então ver Athanasia rindo escandalosa, dizendo que havia acertado o grande mago poderoso.

"Ora, vai ver só..." O mago resmungou com um sorriso no rosto, pegando o travesseiro no chão para ir até a princesa e atacá-la, mas foi interrompido de novo quando Cabel lhe jogou outro travesseiro. "O que é isso?! Virou complô contra mim agora?!" Ele indagou irritado, atraindo a atenção de todos.

Tudo ficou silencioso, até que eles sorrissem maliciosos para se levantarem de onde estavam e irem lentamente até Lucas. Tiger veio por trás, como um animal prestes a dar o bote, e agarrou as mãos do mago, para que ele não fosse capaz de fugir usando sua magia.

Aquilo foi a deixa perfeita para que Lucas fosse atacado por todos eles de uma vez só, esperneando para tentar fugir das garras daquele grupo assassino.

"Isso não é justo!" Lucas finalmente foi capaz de estalar os dedos, indo o mais longe possível deles, no outro canto do quarto. Ele estalou seus dedos, completamente irritado, fazendo com que vários travesseiros aparecessem ao seu lado, flutuando de forma ameaçadora. "Agora vocês terão o que merecem!"

Foi a única coisa que ele falou, antes de ordenar que os objetos fossem rapidamente em direção ao grupo, atacando-os sem dó.

Eles gritavam de desespero e diversão, tentando fugir do ataque fulminante do mago vingativo, mas nunca tendo sucesso com aquilo.

Aquela guerra durou por muito tempo, até que aos poucos eles ficaram cansados e resolveram finalmente dormir, já que aos poucos o sol dava boas vindas à Arlanta.

Mas, de uma coisa era certeza...

Lucas foi o único vencedor daquela brincadeira de jovens, e os travesseiros por toda parte eram a prova disso.

 



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